quinta-feira, 29 de outubro de 2015

O HOMEM É O LOBO DO HOMEM



  

Simone Demolinari


Esta semana, a mídia noticiou a história de um britânico que inovou no quesito “vingança amorosa”. Depois que descobriu que sua namorada, com quem morava junto, o traiu, ele mandou fotos nuas da moça para a mãe, a irmã e a sobrinha dela. Uma atitude irracional, no intuito de constranger quem o prejudicou. Muitas pessoas, quando não lidam bem com frustrações, como término de relacionamento ou mesmo traição, protagonizam escândalos e eternizam máculas por vezes irreparáveis.
Outro relato espantoso foi o de uma jovem que, após flagrar seu marido a traindo, aguardou que ele chegasse em casa, colocou sonífero em sua bebida e, quando ele caiu em sono profundo, tatuou a testa do parceiro com os dizeres: “esta é minha vingança”.
Já uma esposa que foi traída nos EUA resolveu buscar restituição financeira. E conseguiu. A moça ganhou uma ação de US$ 9 milhões ao levar, para a Justiça, a amante de seu ex-marido. Segundo o site G1, a americana alegou que teve seus sentimentos – e seu homem – roubados pela “outra”. Ela usou, como argumento, uma lei do estado que diz que toda mulher é propriedade de seu marido e deve ser zelada por ele, e vice-versa. O caso foi parar nos tribunais e a esposa venceu a ação, num julgamento que durou dois dias e que a rendeu essa pequena fortuna.
Muitas pessoas, quando não lidam bem com frustrações, como término de relacionamento ou mesmo traição, protagonizam escândalos e eternizam máculas por vezes irreparáveis. Inúmeras são as histórias de escândalos, prisões, órgãos sexuais mutilados, vídeos vazados deliberadamente, entre outros. A vingança é, muitas vezes, uma tentativa de justiça, um reparo, uma compensação. É como se fosse um dano e um acerto de contas. Uma busca pela equidade que pode atingir níveis catastróficos.
Em torno de 1780 a.C, no reino da Babilônia, foi criado a Lei de Talião, por meio da qual era permitido fazer justiça, desde que proporcional ao crime. O “olho por olho, dente por dente” visava impedir que a justiça fosse feita de forma desproporcional. Tal crime, tal pena.
Há estudiosos que defendem que o sentimento de vingança é tão natural quanto o de amor e ódio. Mas, pelo fato dele ser condenado social e religiosamente, tende a ser mais reprimido do que realizado. É o caso de Thomas Hobbes, filósofo inglês e autor da obra “Leviatã”, de 1651, onde ele aponta que o estado natural do homem é a guerra, só podendo adquirir a paz por meio de um contrato social. De acordo com Hobbes, todos os membros da sociedade devem render o suficiente da sua liberdade natural. Veio dele a expressão “O homem é o lobo do homem”.
É sabido que o ser humano nasce com instinto de atacar quem o agrediu. Isso está presente até em uma criança, que, ao ser lesada, revida imediatamente, sem culpa e sem medo.
Da mesma forma que uns protagonizam escândalos, outros descarregam a energia acumulada através da sublimação, um mecanismo que busca meios socialmente aceitos sem que haja prejuízo a outros nem a si próprio.
A forma de lidar com as frustrações da vida varia de acordo com cada pessoa tendo em vista sua personalidade, característica e freios morais.

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