Simone Demolinari
Esta semana, a mídia noticiou a
história de um britânico que inovou no quesito “vingança amorosa”. Depois que
descobriu que sua namorada, com quem morava junto, o traiu, ele mandou fotos
nuas da moça para a mãe, a irmã e a sobrinha dela. Uma atitude irracional, no
intuito de constranger quem o prejudicou. Muitas pessoas, quando não lidam bem
com frustrações, como término de relacionamento ou mesmo traição, protagonizam
escândalos e eternizam máculas por vezes irreparáveis.
Outro relato espantoso foi o de uma
jovem que, após flagrar seu marido a traindo, aguardou que ele chegasse em
casa, colocou sonífero em sua bebida e, quando ele caiu em sono profundo,
tatuou a testa do parceiro com os dizeres: “esta é minha vingança”.
Já uma esposa que foi traída nos EUA
resolveu buscar restituição financeira. E conseguiu. A moça ganhou uma ação de
US$ 9 milhões ao levar, para a Justiça, a amante de seu ex-marido. Segundo o
site G1, a americana alegou que teve seus sentimentos – e seu homem – roubados
pela “outra”. Ela usou, como argumento, uma lei do estado que diz que toda
mulher é propriedade de seu marido e deve ser zelada por ele, e vice-versa. O
caso foi parar nos tribunais e a esposa venceu a ação, num julgamento que durou
dois dias e que a rendeu essa pequena fortuna.
Muitas pessoas, quando não lidam bem
com frustrações, como término de relacionamento ou mesmo traição, protagonizam
escândalos e eternizam máculas por vezes irreparáveis. Inúmeras são as
histórias de escândalos, prisões, órgãos sexuais mutilados, vídeos vazados
deliberadamente, entre outros. A vingança é, muitas vezes, uma tentativa de
justiça, um reparo, uma compensação. É como se fosse um dano e um acerto de
contas. Uma busca pela equidade que pode atingir níveis catastróficos.
Em torno de 1780 a.C, no reino da
Babilônia, foi criado a Lei de Talião, por meio da qual era permitido fazer
justiça, desde que proporcional ao crime. O “olho por olho, dente por dente”
visava impedir que a justiça fosse feita de forma desproporcional. Tal crime,
tal pena.
Há estudiosos que defendem que o
sentimento de vingança é tão natural quanto o de amor e ódio. Mas, pelo fato
dele ser condenado social e religiosamente, tende a ser mais reprimido do que
realizado. É o caso de Thomas Hobbes, filósofo inglês e autor da obra
“Leviatã”, de 1651, onde ele aponta que o estado natural do homem é a guerra,
só podendo adquirir a paz por meio de um contrato social. De acordo com Hobbes,
todos os membros da sociedade devem render o suficiente da sua liberdade
natural. Veio dele a expressão “O homem é o lobo do homem”.
É sabido que o ser humano nasce com
instinto de atacar quem o agrediu. Isso está presente até em uma criança, que,
ao ser lesada, revida imediatamente, sem culpa e sem medo.
Da mesma forma que uns protagonizam
escândalos, outros descarregam a energia acumulada através da sublimação, um
mecanismo que busca meios socialmente aceitos sem que haja prejuízo a outros nem
a si próprio.
A forma de lidar com as frustrações da
vida varia de acordo com cada pessoa tendo em vista sua personalidade,
característica e freios morais.
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