sexta-feira, 30 de outubro de 2015

NÃO HÁ BRUXAS, MAS QUE ELAS EXISTEM, EXISTEM!



  

Eduardo Costa



Com o nosso incomparável prazer de copiar palavras e tradições americanas, estamos, cada vez mais, incorporando a data de 31 de outubro, quando acontece a famosa noite do Halloween – também conhecida como o Dia das Bruxas –, em que as crianças batem às portas da vizinhança atrás de “doces ou travessuras”. A diversão parece agradar a todos, um pouco menos aqueles que se preocupam com a saúde bucal das crianças devido ao consumo excessivo de doces. Para os dentes, passo dicas adiante, mas, em primeiro plano queria mesmo é destacar como este sábado está propício para as comemorações, especialmente entre os adultos.
Afinal, há muito não temos tantas crises juntas – econômica, política, de confiança, de credibilidade, de vergonha na cara. Impressionante como as mais altas figuras da República têm se comportado. No Executivo, temos uma presidente absolutamente perdida, rodeada por ministros que representam partidos, interesses pessoais e outras plataformas sem saber direito do que estão tratando. No Judiciário, vale o recesso que começa nesta sexta e só termina terça, troca da frota de veículos, compra de salmão para o lanche e muitos auxílios, para mudança, moradia, livros e muito mais. E, pior ainda, no caso do Legislativo, comandado por um lobo em pele de cordeiro que atende pelo nome de Renan e um inacreditável Eduardo Cunha que insiste em nos convencer de que é gente boa, não tem conta no exterior nem negócios escusos. É lá na Câmara, sob as bênçãos de Cunha e religiosos, que estão aprovando os piores projetos da história recente, mas, como o Brasil vive um “halloween” demorado, contam com apoio para manter a família de papai e mamãe, imaginar armas nas mãos de todos e mais, muito mais.
Cá entre nós, pagadores de impostos, os crimes impossíveis se repetem, a maldade toma conta das praças, a impunidade dá sinais de epidemia e o poder do dinheiro faz questão de se impor. O julgamento dos irmãos Mânica é exemplo gritante, entre mil outros: quatro funcionários públicos federais, encarregados de fiscalizar a ocorrência de trabalho escravo, foram vítimas de um crime de mando, premeditado, com direito a tocaia e ordens para atirar na cabeça, matar sem dó, ou melhor, executar. Doze anos depois, os que atiraram já cumprem penas gigantescas, um intermediário fez delação premiada assegurando que a chacina custou R$ 39 mil, que os irmãos depois o procuraram para matar mais gente... No entanto, os dois acusados de mandantes só agora chegam ao banco dos réus, protegidos dos holofotes e escoltados por advogado famoso, que custa uma fortuna e se irrita quando testemunhas não se recordam de detalhes registrados 12 anos atrás. Espantoso. Melhor, digno de Dia das Bruxas.
Quanto ao Brasil, só votando melhor, decretando tolerância zero e tomando vergonha na cara. Para as crianças, pensando em alternativas para tornar a diversão menos prejudicial aos dentes, José Henrique de Oliveira, cirurgião-dentista, dá algumas dicas e conselhos, como substituir doces por frutas, fatias de bolo, pipocas, barras de cereais e, se não tiver jeito, optar por chocolates mais amargos, com menos doce. De qualquer forma, deixar as crianças brincarem é preciso. Afinal, o que as esperam no mundo adulto é uma bruxa em cada esquina, uma encrenca depois da outra e um ladrão tomando a cadeira do outro. Cruz credo!

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