Márcio Doti
Quem disser que sabe para onde estamos
indo deve ser visto com muita reserva porque é maluco ou exageradamente
pretensioso. Têm chegado algumas mensagens provocando o assunto e mais que
isto, gente aflita querendo saber onde vamos parar. Não há quem saiba. Ainda
agora, o Ministro Levy passou belo aperto porque havia acabado de proferir
palestra na Fundação Getúlio Vargas, defendendo a implantação do imposto do
cheque e demonstrando muita confiança nos resultados da economia no próximo
ano. Nessa quarta, o FMI liberou relatório em que eleva para 3% a projeção de
queda de nossa economia até o final do ano, o que é o dobro de sua própria
previsão anterior, adiantando também que sua expectativa para 2016 é de no
mínimo 1% negativo. Vem, em seguida, a Agência de Riscos Moody’s e anuncia seus
temores de uma economia muito negativa até 2018, atribuindo tudo aos escândalos
levantados pela Operação Lava Jato, pelo quadro político complicado e de
difícil entendimento quanto a encaminhamentos e resultados.
O que dificulta a compreensão do
cenário e a construção de projeções da nossa realidade futura é justamente a
conjunção de fatores. A política vive momentos singulares e difíceis em que se
juntam acusações graves contra o governo. A presidente Dilma enfrenta agora uma
investigação minuciosa de seus atos em relação à eleição do ano passado e
também está às voltas com o julgamento das pedaladas que será feito pelo
Tribunal de Contas da União. Além de tudo isto, não se pode esquecer que mesmo
fragmentada em alguns aspectos, a Operação Lava Jato segue em frente assim como
a Operação Acrônimo, ambas às voltas com os milionários desvios de dinheiro da
Petrobrás ou em torno dela e os financiamentos do BNDES a empreiteiras brasileiras
para executar obras no exterior, havendo até suspeita de envolvimento do
ex-presidente Lula na prática de lobby em favor das construtoras brasileiras.
Isso bastaria, mas ainda é preciso
acrescentar a proximidade das eleições do ano que vem e daí, uma inevitável
busca de recursos por parte de parlamentares que são candidatos ou se envolvem
nas disputas para sedimentar o terreno em que vão se processar em seguida as
suas próprias eleições estaduais e federais. Em função disso, não vamos
esquecer que o governo da presidente Dilma se encontra entre dois fogos de uma
mesma guerra, a guerra contra a inflação e os descontroles da economia. De um
lado estão os que defendem a austeridade pregada e perseguida pelo ministro
Levy que ainda de sobra defende a implantação do imposto do cheque, rejeitada
com grande ênfase pela população brasileira que cobra do governo ações de
enxugamento para reduzir os gastos e evitar o déficit público. Do outro lado
estão os economistas do PT e a ala do partido que ainda acredita na prática
demagógica do paternalismo, ainda que tais práticas do passado recente tenham
sido responsáveis pelos graves descontroles da economia. É impossível
repetir a política de favores porque se já estamos às voltas com inflação teimosa, desaquecimento e carestia, pior ainda se seguirmos nessa direção.
repetir a política de favores porque se já estamos às voltas com inflação teimosa, desaquecimento e carestia, pior ainda se seguirmos nessa direção.
Saber exatamente ou de modo abrangente
o que acontecerá com o Brasil dos próximos 3 anos é algo impossível. Uma coisa
está clara: será um tempo de sacrifícios e dificuldades que podem potencializar
eleições e resultados. A única verdade há muito repetida aos quatro cantos é
que quanto mais o brasileiro abre os olhos, quanto mais abre sua boca e faz
valer a sua presença, mais perto estaremos de um desfecho que ponha de fato em
primeiro plano o interesse público até aqui espezinhado, ignorado,
desrespeitado por conta de ser fácil enganar com demagogias, mentiras e
encenações.
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