Márcio Doti
A Petrobras contratou escritórios
internacionais de advocacia para cuidar dos casos surgidos a partir da Operação
“Lava Jato” e os tenebrosos prejuízos causados aos cofres da empresa e aos
bolsos de todos nós. Sem licitação nenhuma porque, segundo a empresa, as
contratações se enquadram nos casos de especialização. As operações vão custar
R$200 milhões. A Petrobras está também fazendo mágica formidável ao alugar
prédio de 22 andares em Salvador, da Petros, que é o fundo de aposentadoria de
seus empregados e, apesar disso, vai continuar pagando aluguéis em diversos
prédios que mantém com seus escritórios e que se esperava serem dispensados
agora, com o novo espaço alugado da Petros. O fundo de pensão, por sua vez,
está construindo esse prédio com OAS e Odebrecht. Mas, voltando aos contratos
de investigação, eles vão cuidar do levantamento dos prejuízos, dos impactos no
mercado norte-americano e das formas de minimizar os danos.
Ou seja, além dos bilhões de prejuízos
causados, seja com aquela desastrada compra e igual venda da refinaria de
Pasadena e dos milhões que ficaram ao longo do caminho ou foram parar lá na
Suíça, conforme levantamentos da Operação “Lava Jato”, ainda temos que pagar
essas duas centenas de milhões de reais, sabe-se lá para que! Isto mesmo:
sabe-se lá para que, pois a empresa está se negando a informar detalhes dos
contratos e das operações alegando que pode haver prejuízo para as
investigações. Não sei se seria o caso de apelar para o Supremo como fez o
Tribunal de Contas da União naquela situação em que o BNDES não queria revelar
detalhes dos financiamentos alegando a necessidade de preservar as empresas
financiadas. Depois que o Supremo mandou abrir os processos ficou fácil
descobrir o que de fato se queria preservar: aqueles fantásticos financiamentos
a empreiteiras para tocar obras em países amigos, muito amigos.
Agora é a Petrobras que pretende
preservar as investigações e para isto se nega a dar detalhes de transações
desse vulto. Mas só num país chamado Brasil é que uma empresa pública se acha
no direito de contratar escritórios por R$ 200 milhões sem fazer licitação e
sem prestar contas bem no claro para seus acionistas que somos todos nós. Nem
empresas particulares de grande porte conseguem dispender tanto dinheiro sem
explicar ao menos ao seu Conselho de Administração.
E, provavelmente, vai ficar por isto
mesmo, nem vamos entender direito essa estória complicada e estranha do aluguel
de prédio de 22 andares da Petros para beneficiar o fundo dos funcionários e
nem vamos saber com todas as letras a que estão vindo esses escritórios de
advocacia, por que custam esse preço e com que direito se pode gastar tanto sem
prestar satisfação a ninguém. É por esses caminhos e atos que se imagina termos
chegado a prejuízos tão elevados. Muita liberdade, a gente sabe, termina
virando libertinagem.
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