sexta-feira, 2 de outubro de 2015

CRISE FORJADA PELOS DOIS PARA DESVIAR A ATENÇÃO DA OPERAÇÃO LAVAJATO



  

Márcio Doti




Para quem de fato estiver preocupado com o encaminhamento da vida nacional, o mais importante não é essa discussão em torno do impeachment, embora este seja o temor do PT e da própria presidente Dilma. Perder o poder é algo que nenhum governante quer, principalmente se estiver às voltas com investigações sobre corrupção. Até aqui, Ministério Público, Justiça e Polícia Federal já chegaram a pontos onde jamais chegaram investigações desse tipo na vida nacional. Se no poder já ficou difícil controlar e conter esse trabalho exemplar praticado a partir do Paraná com o juiz Sérgio Moro à frente, imagina onde não se chegará longe de tentativas de influência dos que exercem o poder. Cada vez se descobrem mais indícios e dados ligando o ex-presidente Lula a lobbies praticados em favor da empreiteira Odebrecht, sendo mais recente o e-mail descoberto pela Polícia Federal em que o ministro de Desenvolvimento do próprio ex-presidente Lula informa a diretor da construtora que “o PR trabalhou em favor da construtora...” quando da visita do presidente da Namíbia, em 2009.

O impeachment deve ser visto como um recurso inevitável diante de circunstâncias em que culpa comprovada e incapacidade de governar venham complicar ainda mais o quadro nacional que, diga-se de passagem, já está bastante confuso e difícil. Os mais sensatos já perceberam que o importante neste momento é encontrar solução para que o país possa andar. Não é exagero dizer que estamos parados. A máquina pública federal dita o ritmo das outras esferas e níveis de poder. Não apenas por se encontrar no topo de uma pirâmide mas porque construímos uma estrutura em que tudo depende da União, que além de viver as incertezas nos ministérios com sucessivos anúncios de reformas, vem se aguentando assim há muitos meses, desde que começou esse segundo mandato da presidente Dilma.

O país não anda desse jeito. Têm complicadores como a crise econômica, a falta de dinheiro para as ações essenciais, o atraso em repasses importantes aí se incluindo os da saúde. Se já estamos parados porque falta recurso, pior ainda com a presidente às voltas apenas com a sua sustentação no cargo, algo a cada dia mais difícil, mesmo com os conselhos de seu mestre, o ex-presidente Lula. A próxima semana será marcada pelo julgamento das pedaladas presidenciais no orçamento, algo que ocorrerá no TCU (Tribunal de Contas da União) depois de várias protelações pedidas pela própria presidente sob a alegação de tempo para formular a sua defesa. Sabemos que esse resultado não é conclusivo, ele é apenas uma referência para o Congresso Nacional que fará seu próprio julgamento, caso as contas de Dilma Rousseff sejam rejeitadas.

Seja o que for, o país precisa ter encaminhamento da sua vida há muito atrasada por fatores que estão paralisando a máquina federal e impedindo até mesmo as ações de correção de rumo da economia e endireitamento da vida política. Cada um desses pontos é difícil por si, imagina quando juntamos todos eles para apresentar como desafio a um conjunto de autoridades, quase todas às voltas com graves acusações de envolvimento com corrupção.

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