Orion Teixeira
Alguns eleitores e leitores, como
Mauro Lopes, se manifestam, com toda a razão, questionando a confusão sobre as
futuras regras para as eleições de 2016. Os pré-candidatos, ao contrário, estão
se apresentando como tal sem saber em que condições irão disputar. Falar disso
é mexer em um grande vespeiro, que, hoje, está no centro da crise política que
levou à prisão, para citar alguns, a cúpula das maiores empresas do país
(Andrade Gutierrez e Odebrecht), boa parte da diretoria da mais alta empresa
estatal, o ex-tesoureiro do PT (o segundo) e até um ex-ministro petista: o
chamado financiamento de campanha.
Historicamente, a doação empresarial é
verdadeira porta, permanentemente, escancarada à corrupção, e nenhum partido,
de A a Z, teve a coragem política e moral de enfrentá-la. O PT, por exemplo,
que sempre se diz contrário, em vez de praticar o que pensa, lidera o tal
financiamento privado e acabou se metendo numa grande enrascada. Responsável ou
não, o assunto está sub judice e em boas mãos. Aguardemos os julgamentos.
Ainda assim, todo mundo reclama, até o
cidadão vai para as ruas, mas nossos representantes, que não nos representam,
se dizem empenhados em mudar alguma coisa para ficar tudo como dantes. Na
quarta-feira (2), o Senado aprovou mudanças saneadoras, entre elas, a suspensão
do financiamento privado. Não vale a pena nem citar as outras, porque, como
essa, ainda não existem. Após a votação, o conjunto de propostas terá que
voltar para a Câmara dos Deputados para ser confirmado ou não. Não há consenso
entre eles, ou usam a falta dele para nada mudar.
O que pode e o que não pode
Tudo somado, o que teremos ao final? O
Judiciário, por meio do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), que tem que lidar
com as mazelas das contas eleitorais, deverá fazer o que tem feito nos últimos
anos, baixar resolução apontando o que pode e o que não pode na campanha. Em
síntese, é o mesmo que fazer a reforma que o Congresso Nacional (Câmara dos
Deputados e Senado) não dá conta de fazer, a não ser reclamar depois de
ingerência do Judiciário e da judicialização da política.
Antes de o presidente da Câmara,
Eduardo Cunha (PMDB), rasgar o regimento da Casa para votar duas vezes o mesmo
projeto até que o resultado lhe atendesse, o TSE havia barrado o financiamento
privado, que só não virou regra porque um dos ministros, Gilmar Mendes, pediu
vistas e não devolveu. Sem o protagonismo do Congresso, o Tribunal, com certeza,
não ficará de braços cruzados desta vez.
Levy continua no telhado
Coube ao ministro da Casa Civil,
Aloizio Mercadante, informar nessa quinta-feira (3) que o ministro da Fazenda,
Joaquim Levy, permanece no cargo. O objetivo da declaração era “acalmar” o
nervoso mercado, que ficou assim ante a possível saída de Levy, que, na
quarta-feira (2), reclamou de isolamento político e colocou em dúvida sua
permanência. Sensível, o mercado pode se acalmar como também acordar agitado
hoje, como biruta de aeroporto. De concreto mesmo, temos dois ministros da área
– o outro é Nelson Barbosa (Planejamento) – que batem cabeça sobre como
resolver a crise econômica.
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