quarta-feira, 16 de setembro de 2015

SACO DE MALDADES




Editorial Jornal Hoje em Dia

Após uma reação otimista em relação ao pacote de medidas do governo federal para tentar superar sua crise financeira, os analistas do mercado voltaram a ficar céticos nesta terça-feira (15), em função das dificuldades que o Executivo certamente enfrentará para aprová-las no Congresso Nacional. O real teve a maior perda frente ao dólar em comparação com as 32 principais moedas do mundo. No dia anterior, o real havia se valorizado.

Em meio à persistente crise política e a aproximação das eleições municipais do ano que vem, provavelmente tudo que os parlamentares vão querer é aprovar medidas impopulares, sobretudo aquelas que implicam mais impostos para os contribuintes. Somente com a Contribuição Provisória sobre Movimentação Financeira, a CPMF, o Planalto espera arrecadar a fantástica quantia de R$ 32 bilhões.

Esse valor representa a metade do volume total de recursos que o pacote abarca, de R$ 64 bilhões, entre cortes nos gastos e maior arrecadação. Ou seja, o fardo maior será custeado pelos trabalhadores e empresários. Em uma economia em crise, com redução das atividades no comércio e na indústria, isso deverá agravar o quadro recessivo.

Por isso parece fazer sentido que a única associação mais expressiva da iniciativa privada que manifestou otimismo com as medidas tenha sido a Federação Brasileira de Bancos (Febraban). As instituições financeiras serão as responsáveis por movimentar os bilhões de recursos arrecadados com a CPMF.

Ainda ontem, em plena discussão sobre as medidas econômicas, um grupo de deputados de seis partidos ligados ao governo, capitaneados pelo PT, lançaram um manifesto em defesa da presidente da República e de repúdio ao seu impeachment, arquitetado pela oposição. Para eles, o principal entrave ao reequilíbrio das contas públicas é o clima político deteriorado. Ou seja, jogaram nas costas do Parlamento a culpa por tudo.

Mas, fazendo uma contabilidade básica, se forem contados os parlamentares que compõem essa bancada, chega-se ao número de 228 votos. Para que a emenda constitucional restaurando a CPMF seja aprovada na Casa, o governo precisará de, no mínimo, 308 votos.

Por aí vê-se que não a empreitada não será nada fácil para o Palácio do Planalto.

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