Membro da Lava Jato
comemora proibição de doação por empresa
O coordenador da força-tarefa da
Operação Lava Jato, Deltan Dallagnol disse, nesta sexta-feira, ver com bons
olhos a decisão do Supremo Tribunal Federal de vetar a doação de empresas a
campanhas eleitorais. Para ele, a restrição às doações empresariais “é uma
condição necessária, mas não suficiente para se reformular o sistema político
brasileiro”. É preciso, também, diminuir o custo das eleições, diz.
Deltan Dallagnol,
coordenador da força-tarefa da Operação Lava Jato.
Foto: Divulgação
“Não tenho dúvida de que o sistema precisa mudar. O sistema não é sadio.
Poucos são responsáveis pela maior parte do financiamento das campanhas
políticas, fazendo com que os eleitos tenham uma função principal durante seu
mandato: deixar felizes seus financiadores. Assim, eles passam a atuar em
interesse desses poucos financiadores, deixando em segundo plano o interesse
público”, declarou o procurador.
Para ele, a evidência de que o financiamento de grandes empresas não é
exercício de cidadania é o fato de que as mesmas empresas financiam todos os
concorrentes. “Não há opção política, mas uma estratégia de negócios da
empresa, que quer ser beneficiada independente de quem esteja no poder”,
declarou.
O procurador lembrou que o financiamento de campanhas está diretamente
ligado a praticamente todas as denúncias já feitas pelo Ministério Público
Federal no âmbito da Operação Lava Jato. “Já denunciamos corrupção na Petrobras,
na Eletronuclear, na Caixa Econômica Federal e estamos investigando o
Ministério do Planejamento. Em todos os casos, há duas situações comuns: as
indicações políticas para os cargos a e relação com as despesas de campanha”,
disse.
Lembrando de casos como o que levou o ex-governador do Mato Grosso
Silval Barbosa à prisão e as investigações de corrupção na Receita Estadual do
Paraná, ambos também com ligação a doações de campanha, o procurador disse que,
se o sistema penal brasileiro for reformulado conforme pede o projeto de
iniciativa popular de 10 Medidas contra a Corrupção, encabeçado pelo MPF,
“teremos Lava Jatos em todos os estados da federação”.
“O que as pesquisas sobre corrupção no Brasil nos mostram é que a
corrupção é endêmica, sistemática. Não existe só em um governo ou um partido. O
que vemos agora demonstrado na área federal, provavelmente existe em vários
estados e na maior parte dos municípios”, diz. “A Lava Jato conseguiu evoluir
em largos passos em razão das colaborações premiadas. Elas não são jamais ponto
de chegadas, mas são um ótimo ponto de partida para as investigações. Mas a
pessoa só faz acordo de colaboração premiada, quando não tem a opção da
impunidade. O problema é que vivemos em um sistema de Justiça penal
disfuncional em que a alternativa do réu é a impunidade. A partir do momento
que tivermos um sistema funcional, vários réus vão procurar a colaboração.
Hoje, nós vivemos na Disneylândia para os criminosos do colarinho branco”,
concluiu.

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