Márcio Doti
Mouco = ouve pouco ou mal, surdo.
Na contramão do jornalismo fui buscar
em palavra pouco utilizada a força que pretendo dar à surdez da política
nacional. O país está surdo. Ou, quando nada, está surda aquela parte que vai
bem obrigado. Há um pedaço do Brasil que não quer mudar nada porque do jeito em
que está vai muito bem, o que é uma terrível ilusão. Isto se relaciona com o
fato de que no Brasil, quem tem poder de decisão sobre o dinheiro público se
acha no direito de ficar com um pouco. A corrupção está enraizada e também o
corporativismo. Sobre esse último, tem a ver com categorias do serviço público,
no Executivo, Legislativo, Judiciário, nos planos federal, estadual e
municipal, e em determinados níveis de funcionalismo, para os quais não existe
crise, nem miséria na aposentadoria e muito menos o risco de uma demissão. Eles
ganham demais? Não. São os outros níveis do próprio serviço público e o
trabalhador da iniciativa privada que ganham mal e são submetidos a regimes de
trabalho e aposentadoria muito diferentes daqueles praticados no serviço
público.
Há exageros obtidos por algumas categorias do serviço público que não cabem nos orçamentos públicos, pelo menos neste momento que estamos vivendo. Foram conquistados por força do corporativismo, sobretudo num clima em que sabedores de tantos erros cometidos, governantes se dobram na esperança de obter complacência quando apanhados em erro. Muitas vezes dá certo, mas de um modo geral, a estratégia falha porque esbarra na consciência profissional de ocupantes de cargos que pleitearam vantagens, mas não pelo preço de um desvio, uma omissão ou mesmo uma cumplicidade. Reivindicaram porque trabalham e acham legítimo como legítimo é que busquem melhores condições de vida. Cabe, como caberia ao governante, conceder ou negar, na medida em que os pleitos se encaixem ou não nos orçamentos públicos. Se isto não é feito é porque tem faltado aos nossos líderes governistas a força política ou a visão pública do que é possível e o que não é.
A SOLUÇÃO É CONHECIDA
Há, portanto, dois países chamados Brasil coexistindo no conflito entre o Brasil que cabe nos bolsos nacionais e o que não cabe. O que vive o ambiente ideal de remuneração e condição de trabalho e o que amarga as agruras do salário baixo, da aposentadoria miserável e de uma dependência cruel dos serviços públicos de educação e saúde. Houve um tempo em que pouco era dispensado ao social. Em outro, o exagero e grandes escândalos nos trouxeram aqui e enfatizaram ainda mais o desequilíbrio. Mas o que pode mudar isto? A já sugerida pauta agregadora de partidos capaz de sustentar as mudanças que vão doer aqui e ali, mas produzirão um ambiente para que se instale o desenvolvimento, o aquecimento da economia, a justiça acima de tudo e a igualdade social buscada a todo custo.
Aí, então, estaremos vivendo todos num mesmo país, gastaremos só o que tivermos e o faremos com a consciência de saber que o dinheiro é público, pertence a todos e por isso deve ser tratado com mais respeito do que aquele que é de cada um de nós. Este parece ser o único caminho já pregado por muitas mentes sensatas deste país. Do contrário, continuaremos surdos, ouvidos moucos, a bater cabeça e deixar que continuem vivendo juntos, separados e em conflito esses dois países chamados Brasil.
Há exageros obtidos por algumas categorias do serviço público que não cabem nos orçamentos públicos, pelo menos neste momento que estamos vivendo. Foram conquistados por força do corporativismo, sobretudo num clima em que sabedores de tantos erros cometidos, governantes se dobram na esperança de obter complacência quando apanhados em erro. Muitas vezes dá certo, mas de um modo geral, a estratégia falha porque esbarra na consciência profissional de ocupantes de cargos que pleitearam vantagens, mas não pelo preço de um desvio, uma omissão ou mesmo uma cumplicidade. Reivindicaram porque trabalham e acham legítimo como legítimo é que busquem melhores condições de vida. Cabe, como caberia ao governante, conceder ou negar, na medida em que os pleitos se encaixem ou não nos orçamentos públicos. Se isto não é feito é porque tem faltado aos nossos líderes governistas a força política ou a visão pública do que é possível e o que não é.
A SOLUÇÃO É CONHECIDA
Há, portanto, dois países chamados Brasil coexistindo no conflito entre o Brasil que cabe nos bolsos nacionais e o que não cabe. O que vive o ambiente ideal de remuneração e condição de trabalho e o que amarga as agruras do salário baixo, da aposentadoria miserável e de uma dependência cruel dos serviços públicos de educação e saúde. Houve um tempo em que pouco era dispensado ao social. Em outro, o exagero e grandes escândalos nos trouxeram aqui e enfatizaram ainda mais o desequilíbrio. Mas o que pode mudar isto? A já sugerida pauta agregadora de partidos capaz de sustentar as mudanças que vão doer aqui e ali, mas produzirão um ambiente para que se instale o desenvolvimento, o aquecimento da economia, a justiça acima de tudo e a igualdade social buscada a todo custo.
Aí, então, estaremos vivendo todos num mesmo país, gastaremos só o que tivermos e o faremos com a consciência de saber que o dinheiro é público, pertence a todos e por isso deve ser tratado com mais respeito do que aquele que é de cada um de nós. Este parece ser o único caminho já pregado por muitas mentes sensatas deste país. Do contrário, continuaremos surdos, ouvidos moucos, a bater cabeça e deixar que continuem vivendo juntos, separados e em conflito esses dois países chamados Brasil.

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