quarta-feira, 19 de agosto de 2015

O ROUBO NÃO ACONTECE POR ACASO



  

Márcio Doti



O Brasil é o país do “por acaso”. Não fosse um irmão ferido, terrivelmente ferido, Pedro Color, e suas duas entrevistas contando coisas e mais coisas, a Casa da Dinda teria vivido muitas outras festas, inúmeras outras fantasias e farras com o dinheiro público. Foram necessárias duas entrevistas em revista de grande circulação nacional.

A primeira provocou um pequeno mal-estar no Congresso, mas não passou disso. A segunda mexeu com os parlamentares, caiu na mídia, puxou outras constatações. Mas, convenhamos, não fosse o fato absolutamente particular, os “caras pintadas” nem sonhariam!

Não fosse um político ferido por discriminações, Roberto Jefferson, e o mensalão seria apenas uma prática no meio de poucos e privilegiados brasileiros. E o que mais não estará escondido por aí à espera de um “acaso” ou, aí vem a parte boa, um trabalho sério, dedicado, completo, tocado a poder de cobranças da sociedade brasileira para enxugar o país, e digamos, de novo, passar o Brasil a limpo.

A justiça cumprindo o seu papel, o Ministério Público, a Polícia Federal, os inúmeros outros mecanismos nas diferentes esferas da administração pública, federal, estadual e municipal, a transformar esse jogo de cartas marcadas, acabar com as licitações combinadas, as concorrências carimbadas, o desvio de dinheiro público. E tudo isso se torna possível a partir de uma força constituída pela vigilância, pela cobrança do povo.

É muito difícil dizer quando ficaremos livres dessa sucessão de mensalão, petrolão e quantos mais “ãos” existentes por aí. O máximo que se pode ter certeza é que não existe outro caminho, sempre haverá tentativas de desvios, rombos, corrupção.

A realidade que buscamos somente será vivida depois que a casa for arrumada, depois que esse vendaval passar e o país caminhar pela via do amadurecimento para um cotidiano em que cada setor cumpra o seu papel, os executivos da União, dos estados e das prefeituras, os legislativos desses três níveis de poder e mais o Judiciário e o Ministério Público, as polícias, tudo funcionando nas decisões, no caminho a seguir a partir da vontade popular.

As correções, punições, a identificação de erros, tudo isso tem que acontecer pelos mecanismos de vigilância e controle. Não se pode admitir que viva bem uma sociedade onde as descobertas se dão por acaso, como a história está nos mostrando em sucessivos casos de diferentes épocas.

O país do “por acaso” tem que ser substituído por esse outro onde não há lugar para jeitinhos e nem jeitões e nenhuma dessas formas de “ão” que prejudicam tanto a nação brasileira. Para chegar a isso basta que a gente queira. E a gente quer. A grande prova foi o domingo em que enormes espaços Brasil afora foram amarelados e esverdeados pela presença maciça de cidadãos. Temos que ser capazes de vigiar o que é nosso e punir quem nos desrespeita.

É difícil dizer quando ficaremos livres dessa sucessão de mensalão, petrolão e quantos mais “ãos” existentes por aí

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