Márcio Doti
O Brasil é o país do “por acaso”. Não
fosse um irmão ferido, terrivelmente ferido, Pedro Color, e suas duas
entrevistas contando coisas e mais coisas, a Casa da Dinda teria vivido muitas
outras festas, inúmeras outras fantasias e farras com o dinheiro público. Foram
necessárias duas entrevistas em revista de grande circulação nacional.
A primeira provocou um pequeno
mal-estar no Congresso, mas não passou disso. A segunda mexeu com os
parlamentares, caiu na mídia, puxou outras constatações. Mas, convenhamos, não
fosse o fato absolutamente particular, os “caras pintadas” nem sonhariam!
Não fosse um político ferido por
discriminações, Roberto Jefferson, e o mensalão seria apenas uma prática no
meio de poucos e privilegiados brasileiros. E o que mais não estará escondido
por aí à espera de um “acaso” ou, aí vem a parte boa, um trabalho sério,
dedicado, completo, tocado a poder de cobranças da sociedade brasileira para
enxugar o país, e digamos, de novo, passar o Brasil a limpo.
A justiça cumprindo o seu papel, o
Ministério Público, a Polícia Federal, os inúmeros outros mecanismos nas
diferentes esferas da administração pública, federal, estadual e municipal, a
transformar esse jogo de cartas marcadas, acabar com as licitações combinadas,
as concorrências carimbadas, o desvio de dinheiro público. E tudo isso se torna
possível a partir de uma força constituída pela vigilância, pela cobrança do
povo.
É muito difícil dizer quando ficaremos
livres dessa sucessão de mensalão, petrolão e quantos mais “ãos” existentes por
aí. O máximo que se pode ter certeza é que não existe outro caminho, sempre
haverá tentativas de desvios, rombos, corrupção.
A realidade que buscamos somente será
vivida depois que a casa for arrumada, depois que esse vendaval passar e o país
caminhar pela via do amadurecimento para um cotidiano em que cada setor cumpra
o seu papel, os executivos da União, dos estados e das prefeituras, os
legislativos desses três níveis de poder e mais o Judiciário e o Ministério
Público, as polícias, tudo funcionando nas decisões, no caminho a seguir a
partir da vontade popular.
As correções, punições, a
identificação de erros, tudo isso tem que acontecer pelos mecanismos de
vigilância e controle. Não se pode admitir que viva bem uma sociedade onde as
descobertas se dão por acaso, como a história está nos mostrando em sucessivos
casos de diferentes épocas.
O país do “por acaso” tem que ser
substituído por esse outro onde não há lugar para jeitinhos e nem jeitões e
nenhuma dessas formas de “ão” que prejudicam tanto a nação brasileira. Para
chegar a isso basta que a gente queira. E a gente quer. A grande prova foi o
domingo em que enormes espaços Brasil afora foram amarelados e esverdeados pela
presença maciça de cidadãos. Temos que ser capazes de vigiar o que é nosso e
punir quem nos desrespeita.
É difícil dizer quando ficaremos
livres dessa sucessão de mensalão, petrolão e quantos mais “ãos” existentes por
aí

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