quarta-feira, 19 de agosto de 2015

BRASIL - PAÍS COM OS JUROS MAIS ALTOS DO MUNDO



  

José Antônio Bicalho


Na minha coluna sobre o ajuste fiscal, publicada em 12/08 (pode ser lida pelo portal do Hoje em Dia), defendi que o Brasil, com uma dívida bruta equivalente a 58,9% do PIB, ainda teria espaço para a tomada de crédito para financiar o setor público nesse momento de desaceleração da economia. Disse que nunca houve necessidade do ajuste fiscal, que é intrinsecamente recessivo. Gastos públicos são fundamentais para não deixar a economia afundar, e o governo ainda teria fôlego para se financiar no mercado.

Balizei meu argumento na comparação do nível de endividamento do Brasil com o de outros países, como o Japão (dívida bruta equivalente a 230% do PIB), os Estados Unidos (101,5%), a Zona do Euro (91,9%), a Inglaterra (84,9%) ou a Alemanha (74,7%). No ranking mundial de relação entre dívida e PIB, o Brasil ocuparia uma humilde 50ª posição.

O leitor Bruno L. (não pedi autorização para publicar seu sobrenome) discordou de mim, dizendo que não levei em conta o juro brasileiro, atualmente o maior do mundo. Diz ele: “Fazendo uma conta simples, aplicando a todo o estoque os juros atuais para termos uma aproximação da escala do custo da dívida, os 0,39% de juros japoneses incidindo sobre 230% do PIB de dívida representam 0,9% do PIB em pagamento de juros por ano. Já os 13,65% (pagos no Brasil) sobre a dívida, de 58,9% do PIB, são 8,0% do PIB de juros pagos por ano”. Ou seja, embora com uma relação entre dívida e PIB muito menor, a situação brasileira seria muito pior que a japonesa.

Concordo. Mas discordo da necessidade de pagarmos tal juro. O Brasil convive há anos com uma taxa de juro irreal e injustificável. Praticamos uma taxa de juro que é três ou quatro vezes maior que a de países com economia e risco equivalentes. O que estamos dizendo ao mundo, ao praticarmos tais taxas, é que não somos viáveis.

E o resultado disso é que o aumento do custo da dívida é maior que a economia que é feita com o incrível sacrifício por meio do ajuste fiscal. Se nada mudar, caminharemos para uma situação de dívida inadministrável.

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