Márcio Doti
Ao assistir sessão da Câmara dos
Deputados, na noite de quarta e madrugada de quinta-feira, ao mesmo tempo em
que percebi crescimento, ainda que empurrado por um presidente magoado, vi
parlamentares irem além da orientação de suas bases para cumprir compromisso
maior com o mandato e com os cidadãos, mas também, tive que escutar um velho
discurso que não cabe mais. Acho incontestável o crescimento do número de
escolas técnicas no país, ninguém tem o direito de ignorar o período dourado em
que milhões de brasileiros foram tirados da pobreza absoluta e trazidos para a
classe média. Sei de avanços, todos sabemos. Mas, a pergunta que cabe agora é:
onde estão esses avanços? De que adiantou tudo isso se foi apenas por um tempo?
Se hoje o ambiente é de desemprego, de preços altos distanciando brasileiros de
produtos indispensáveis à sobrevivência? Gastar sem planejamento, distribuir
favores, apostar em grandes projetos sem medir a água e o fubá dá exatamente
nisso que deu, isso que aí está. Um país às voltas com uma
crise econômica pintada com cores muito feias.
Gastou-se mais do que o país podia
Quando se tem a chave do cofre e o cofre tem muito dinheiro, como havia, produto de um plano que deu certo, o Plano Real, quando se dispõe de tantos recursos e não se pratica o comedimento de ir só até onde a vista alcança, o resultado é este que aí está. Ouvi alguns discursos em defesa do governo e dos governantes que mais pareciam de gente chegada naquele instante de outra galáxia e pousando naquele plenário sem conhecer um centímetro da quilométrica crise que já nos atormenta e, dizem os entendidos, crise que está apenas no começo. Até outro dia, éramos catastrofistas, plantadores de mal agouro, quando em realidade apenas estávamos enxergando o que não queriam ver aqueles que estão mais preocupados com seus projetos pessoais, ainda que às custas de mais sofrimento, mais desacertos, mais ingerência, mais desatinos. Esses que enumeram grandes feitos não conseguem ver que gastou-se mais do que o país podia, mais do que suportavam os bolsos nacionais. E para completar, ainda se permitiu que montanhas de dinhei
ro fossem patrocinar obras douradas para outros povos, outros países e outras fortunas de bilhões e bilhões deixaram ou se desviaram dos cofres da nossa Petrobras e sabe-se lá que outras estatais além do BNDES e Eletronuclear.
É preciso parar e pensar. Depois de gastar o dinheiro que já não tínhamos, estamos agora lançando mão de recursos que não nos pertencem. Estamos gastando dinheiro do futuro. Do FGTS, o Fundo de Garantia por Tempo de Serviço, um fundo dos trabalhadores brasileiros. Estamos gastando dinheiro do PIS/PASEP, gastando dinheiro dos depósitos judiciais que pertencem àqueles que no futuro vão ganhar as disputas judiciais que estão sendo travadas. Um dia, o dinheiro será necessário. O volume de dinheiro que hoje está aparentemente disponível corresponde ao tempo que leva uma ação até a sentença do juiz. Estamos contando com a morosidade da Justiça, algo que um dia terá fim. Depois de gastar o que havia nos cofres, agora que a arrecadação caiu, o superávit está sendo trocado por um déficit, estamos empurrando o problema. Em função disso, o tamanho do estrago será diretamente proporcional ao tempo que levarmos para encontrar fórmula de recolocar o país nos trilhos.
crise econômica pintada com cores muito feias.
Gastou-se mais do que o país podia
Quando se tem a chave do cofre e o cofre tem muito dinheiro, como havia, produto de um plano que deu certo, o Plano Real, quando se dispõe de tantos recursos e não se pratica o comedimento de ir só até onde a vista alcança, o resultado é este que aí está. Ouvi alguns discursos em defesa do governo e dos governantes que mais pareciam de gente chegada naquele instante de outra galáxia e pousando naquele plenário sem conhecer um centímetro da quilométrica crise que já nos atormenta e, dizem os entendidos, crise que está apenas no começo. Até outro dia, éramos catastrofistas, plantadores de mal agouro, quando em realidade apenas estávamos enxergando o que não queriam ver aqueles que estão mais preocupados com seus projetos pessoais, ainda que às custas de mais sofrimento, mais desacertos, mais ingerência, mais desatinos. Esses que enumeram grandes feitos não conseguem ver que gastou-se mais do que o país podia, mais do que suportavam os bolsos nacionais. E para completar, ainda se permitiu que montanhas de dinhei
ro fossem patrocinar obras douradas para outros povos, outros países e outras fortunas de bilhões e bilhões deixaram ou se desviaram dos cofres da nossa Petrobras e sabe-se lá que outras estatais além do BNDES e Eletronuclear.
É preciso parar e pensar. Depois de gastar o dinheiro que já não tínhamos, estamos agora lançando mão de recursos que não nos pertencem. Estamos gastando dinheiro do futuro. Do FGTS, o Fundo de Garantia por Tempo de Serviço, um fundo dos trabalhadores brasileiros. Estamos gastando dinheiro do PIS/PASEP, gastando dinheiro dos depósitos judiciais que pertencem àqueles que no futuro vão ganhar as disputas judiciais que estão sendo travadas. Um dia, o dinheiro será necessário. O volume de dinheiro que hoje está aparentemente disponível corresponde ao tempo que leva uma ação até a sentença do juiz. Estamos contando com a morosidade da Justiça, algo que um dia terá fim. Depois de gastar o que havia nos cofres, agora que a arrecadação caiu, o superávit está sendo trocado por um déficit, estamos empurrando o problema. Em função disso, o tamanho do estrago será diretamente proporcional ao tempo que levarmos para encontrar fórmula de recolocar o país nos trilhos.
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