quinta-feira, 27 de agosto de 2015

O BRASIL ESTÁ MUITO DOENTE




Por: Antônio Álvares da Silva*



O Brasil está em crise. Talvez uma das piores de sua história. Os problemas são visíveis em todos os setores e as dificuldades se avolumam. O doente caminha para um estado crítico se não houver prontas medidas de salvação. O que gera o subdesenvolvimento? Ainda não há resposta definitiva. Os economistas apontam medidas para os males, mas não são capazes de mostrar com clareza a origem de onde provêm. Há muitas teorias e pouca precisão.

O subdesenvolvimento é uma doença insidiosa que envenena todo o sistema social e político. Nada fica sem os efeitos maléficos da terrível infecção. O sistema capitalista desenvolveu-se graças a um sistema de troca. Como salientam Gorden Tullock, Arthur Seldon e Gorn Brady, em seu livro “Falhas de Governo”, página 175, a primeira visão dos povos, tão logo estabeleceram relações entre si, foi explorar suas aptidões e trocar os produtos daí resultantes, iniciando a grande transação internacional que nunca mais cessou desde a época dos grandes descobrimentos até hoje. A universalidade é uma tendência irrefreável do ser humano.

O mundo se tornou um grande mercado que agora tem seu desdobramento na força indomável da globalização. As nações se aproximam pela intensa comunicação que se reflete na economia, comércio e, por sim, na intercomuni-cação cultural. Forma-se um grande edifício que tem sua unidade na diversidade das bases que o compõe. Todas as nações formam de modo diferente o grande universo. Qualquer fenômeno econômico de uma reflete em todas. Está aí o exemplo do yuan, moeda chinesa, cuja desvalorização gerou uma crise universal.

Quando uma nação não acompanha este movimento, fica para trás. Corre nos últimos postos da competição. Daí o subdesenvolvimento, que se caracteriza como uma falha na ampla engrenagem, puxando tudo para baixo.

O Estado, que é o grande promotor do progresso e regulador da ordem social, tem seus cofres vazios. Resultado: não pode satisfazer as carências e necessidades sociais. Os males agravam-se e trazem a miséria coletiva. A iniciativa privada, responsável pela dinâmica do movimento social, se enfraquece. Não há transações e os contratos, quando existem, não são cumpridos.

Algumas instituições – bancos, empresas e empresários – acumularam o capital e o retêm. Ditam, pois, as regras sociais. Todos voltam suas vistas para o governo, esperando medidas miraculosas que não vêm nem podem vir. O INSS não satisfaz plenamente, com seus benefícios e serviços, a saúde pública. Os servidores pedem aumento, que há muitos anos não têm. O ensino precisa de professores, mas estes ganham mal, desde a base até a universidade. Todas as necessidades sociais se alastram em reivindicações que não são satisfeitas.

O Estado transforma-se num monstro inerte, exigindo cada vez mais tributos da sociedade combalida, incapaz de gerar a atividade econômica criadora de bens e serviços para satisfazer um nível razoável de vida. E, quando arrecada, sugando o contribuinte, tudo se perde nos canais profundos e subterrâneos de uma burocracia voraz e insaciável.

O quadro em resumo é este: uma deficiência gera outra. Um erro puxa outro. Cria-se a corrente negativa do desvalor em tudo, empurrando o país para um abismo que não tem fundo. Temos que nos preparar para grandes dificuldades que são muito maiores do que uma troca de presidente ou condenação de políticos e empresários corruptos. As crises sociais são criadas pelo homem. Cumpre a ele resolvê-las. Se não formos capazes disto, precipitaremos num abismo que engolirá a todos nós.

*Professor titular da Faculdade de Direito da UFMG

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