quarta-feira, 12 de agosto de 2015

CRISE REAL OU VIRTUAL



  

Manoel Hygino


Semana termina, semana começa. Mas o sentimento generalizado é de tensões, apesar das entrevistas e declarações de quantos querem ver apenas os sintomas de recuperação do paciente. Eis o Brasil de hoje, envolvido em dúvidas e permanente desgaste, enquanto o cidadão procura desvendar o mistério.

Agosto bom? Agosto, desgosto?

As investigações sobre corrupção prosseguirão, enquanto a presidente decide manter o procurador-geral da República. Rodrigo Janot, persona non grata a medalhões identificados ou suspeitos de falcatruas nos negócios públicos. Em entrevista, o deputado federal Magnus Malta descreve as tentativas de articulações para afastar Dilma e Temer do poder, deixando perspectiva para convocação de eleições presidenciais.

Há os que se preocupam com o estado democrático de direito, expressão amplamente lembrada em dias de crise e de medo. Para o Brasil, não seria bom afastar-se da via conquistada após a passagem dos militares pelo poder. Mas eles estão atentos. Cabe-lhes manter a ordem.

O país é um turbilhão de conversas e de boatos, nem poderia ser de outro jeito e maneira diante das circunstâncias atuais. Um dos aliados próximos do presidente da Câmara, Eduardo Cunha, que é o deputado André Moura, do PSC de Sergipe, apresentou requerimento à CPI da Petrobrás para três acareações: entre a presidente e o doleiro Youssef; o ministro da Casa Civil, Aloizio Mercadante, e o dono da empresa UTC, Ricardo Pessoa; e entre o ministro da Comunicação Social, Edinho Silva, e o próprio Pessoa.

Enquanto os dias passam, com ou sem crise hídrica, a política, que pode resultar na própria governabilidade, esquenta incessantemente. Brasília virou um caldeirão e o Brasil se pergunta como será se os militantes dos grupos sem teto, sem terra, sem patriotismo, estimulados por “forças ocultas”, mas conhecidas, resolverem entrar em ação. Aí se saberá quem entra em campo com disposição de conter a balbúrdia.

Carlos Alberto Di Franco, doutor em comunicação pela Universidade de Navarra e diretor do Departamento de Comunicação do Instituto Internacional de Ciências Sociais, fez observações criteriosas exatamente em agosto de 2014. Vale a pena transcrever:

“Não se pode permitir que o autoritarismo ideológico, apoiado em milícias armadas e delinquentes, roubem as legítimas cadeiras da cidadania. O povo, sobretudo a juventude, mais perspicaz do que se pensa, sabe que a dinheirama da corrupção está na raiz da pobreza dos brasileiros. Verbas públicas, desviadas da saúde, da educação, da agricultura, engordam as contas dos parasitas da República e emagrecem a vida e a esperança dos brasileiros. Se o dinheiro que circula no mercado da corrupção fosse usado para fazer investimentos públicos, mudaria a cara do Brasil e faria, de fato, a almejada justiça social”.

É hora de mudança que pode ser agora, dependendo das pessoas de bem que existem e que serão essenciais no processo. Não se há de cair no logro e na frustração, permitindo que continuem mandando aqueles aos quais interessa o poder (e sabe-se porque) e não a democracia.

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