Orion Teixeira
Ainda que democrática e
constitucional, a reeleição de um governante e a continuidade repetida de mesmo
partido na administração pública nas diversas esferas afetam outro princípio
bastante salutar e republicano, que é o da alternância do poder. Mesmo que não
seja a vontade popular de momento, espontânea ou dirigida numa campanha
eleitoral, a mudança de comando, com todos os possíveis riscos, oxigena e faz
bem a quem governa e a todo o sistema político. Quem está no poder, até os
menos desonestos, costuma fazer de tudo para nele se manter, fazendo acordos
inconfessáveis e abrindo mão de compromissos e outros caros princípios.
Feio é perder, diria um ex-governador de Minas, insinuando o vale-tudo que muitos adotam para garantir a vitória. Perder, no entanto, não significa o fim e pode ser, dos males, o menor. A oxigenação favorece também a quem perde, dando-lhe oportunidade de reavaliar conceitos e estratégias, que, uma vez, ou continuadamente, no poder, tornaria impossível o ajuste com a aeronave em pleno voo.
Esse é um dos males que acomete o atual governo federal, que precisou fazer alianças com setores conservadores e abrir mão de avanços. Com isso, deu brechas para que o principal aliado, o ‘doce inimigo’ que dorme ao lado, experimente, hoje, o exercício da contradição demasiadamente política e humana de ser fiel ou traidor. Nessa condição, vive extremos opostos, o de ser o fiador do mandato ou seu carrasco, sendo que, no primeiro caso, recorreria à coerência de defender o governo do qual é integrante, mas não mandante, e, no segundo caso, usaria de artimanha conspiratória para ganhar em troca o comando do próprio governo.
A reeleição está para ser extinta pelo arremedo de reforma política em curso no Congresso Nacional. Já caiu na Câmara dos Deputados e pode receber o mesmo destino no Senado. O instituto não é rejeitado pelo eleitorado, que não enxerga o alcance do uso desmedido da máquina para convencer o eleitor. Desde que foi instituído pelo então presidente Fernando Henrique (PSDB), a reeleição prevaleceu por três vezes; a primeira, com o tucano, e as duas últimas, com os petistas Lula da Silva e Dilma Rousseff. Desses, somente Lula conseguiu fazer um segundo mandato bem-sucedido e com alta aprovação. Já Dilma corre o risco de sair dele tão ou mais rejeitada do que FH. Não há uma relação de causa e efeito comprovada, entre reeleição e gestão, porém, os sinais de desgastes são evidentes.
A continuidade do partido, talvez, seja ainda mais complexa. Há desconfiança sobre opções no mercado político e eleitoral, o que leva a alguns prejulgar que a sua é melhor do que as outras, especialmente as rivais. Se o PT deixa o governo, as legendas com maiores chances de assumir seriam o PSDB, PMDB e PSB. Fora daí, as outras cerca de 30 entram no jogo apenas para, como aliado, compor e reforçar as demais.
Aceitar a continuidade de um partido é democrático assim como o resultado que vem das urnas e coloque ou mantenha no poder um ou outro que desagrade. Tudo isso faz parte do amadurecimento democrático que fortalece, cada vez mais, as instituições dentro dos preceitos constitucionais e espírito republicano.
Feio é perder, diria um ex-governador de Minas, insinuando o vale-tudo que muitos adotam para garantir a vitória. Perder, no entanto, não significa o fim e pode ser, dos males, o menor. A oxigenação favorece também a quem perde, dando-lhe oportunidade de reavaliar conceitos e estratégias, que, uma vez, ou continuadamente, no poder, tornaria impossível o ajuste com a aeronave em pleno voo.
Esse é um dos males que acomete o atual governo federal, que precisou fazer alianças com setores conservadores e abrir mão de avanços. Com isso, deu brechas para que o principal aliado, o ‘doce inimigo’ que dorme ao lado, experimente, hoje, o exercício da contradição demasiadamente política e humana de ser fiel ou traidor. Nessa condição, vive extremos opostos, o de ser o fiador do mandato ou seu carrasco, sendo que, no primeiro caso, recorreria à coerência de defender o governo do qual é integrante, mas não mandante, e, no segundo caso, usaria de artimanha conspiratória para ganhar em troca o comando do próprio governo.
A reeleição está para ser extinta pelo arremedo de reforma política em curso no Congresso Nacional. Já caiu na Câmara dos Deputados e pode receber o mesmo destino no Senado. O instituto não é rejeitado pelo eleitorado, que não enxerga o alcance do uso desmedido da máquina para convencer o eleitor. Desde que foi instituído pelo então presidente Fernando Henrique (PSDB), a reeleição prevaleceu por três vezes; a primeira, com o tucano, e as duas últimas, com os petistas Lula da Silva e Dilma Rousseff. Desses, somente Lula conseguiu fazer um segundo mandato bem-sucedido e com alta aprovação. Já Dilma corre o risco de sair dele tão ou mais rejeitada do que FH. Não há uma relação de causa e efeito comprovada, entre reeleição e gestão, porém, os sinais de desgastes são evidentes.
A continuidade do partido, talvez, seja ainda mais complexa. Há desconfiança sobre opções no mercado político e eleitoral, o que leva a alguns prejulgar que a sua é melhor do que as outras, especialmente as rivais. Se o PT deixa o governo, as legendas com maiores chances de assumir seriam o PSDB, PMDB e PSB. Fora daí, as outras cerca de 30 entram no jogo apenas para, como aliado, compor e reforçar as demais.
Aceitar a continuidade de um partido é democrático assim como o resultado que vem das urnas e coloque ou mantenha no poder um ou outro que desagrade. Tudo isso faz parte do amadurecimento democrático que fortalece, cada vez mais, as instituições dentro dos preceitos constitucionais e espírito republicano.

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