Mais 9 acusados da Lava
Jato avaliam fazer delação
Rafael Arbex/Estadão
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O avanço da Operação Lava Jato e a avaliação de que há dificuldades para
conseguir anulá-la na Justiça têm levado investigados que até então rejeitavam
a possibilidade de fazer delação premiada a avaliar a hipótese. Essa lista
inclui executivos das empreiteiras OAS, Mendes Júnior e Galvão Engenharia, o
que pode elevar em mais nove a lista de delatores. Dos 112 presos na Operação
Lava Jato desde que foi deflagrada em março de 2014, pelo menos 23 fizeram
delação premiada.
A mudança de estratégia também tem sido influenciada pela decisão do
ex-diretor de Serviços da Petrobras Renato Duque de iniciar um acordo nesta
direção. A expectativa de envolvidos nas investigações e de advogados de
empreiteiras é de que ele fará uma das mais duras delações da Lava Jato e tornará
mais difícil qualquer tentativa de reverter as acusações contra as
empreiteiras.
Nas palavras de um advogado criminalista, "está todo mundo pensando
na delação" porque o Judiciário não está anulando nenhuma das ações
tomadas até agora pela força-tarefa. Para esse defensor, mesmo que a Justiça
venha a anular provas "vai demorar uma década". "Isso gera uma
instabilidade no acusado."
O advogado Marcelo Leonardo, que defende Sérgio Cunha Mendes, da Mendes
Júnior, não descarta a colaboração do seu cliente. "Por enquanto não houve
conversa sobre isso, mas tudo pode acontecer. No caso da Mendes Junior, deve
ter sentença na semana que vem do primeiro processo. Estamos aguardando para
fazer uma análise."
Em relação a José Aldemário Pinheiro Filho, o Léo Pinheiro, da OAS,
conforme interlocutores, ele aguarda uma definição de Marcelo Odebrecht,
presidente da empreiteira que leva seu nome, sobre a delação para tomar sua
decisão. Pinheiro e outros ex-dirigentes da OAS foram condenados na Lava Jato
por corrupção, lavagem de dinheiro e organização criminosa.
Erton Medeiros, da Galvão Engenharia, também avalia partir para a
delação devido ao cenário desfavorável aos réus. Advogados das OAS e da Galvão
negam, formalmente, porém, que seus executivos farão delação.
Gerson Almada, da Engevix, tenta outra estratégia. Até agora ele admitiu
fatos, mas não reconheceu crimes, um dos princípios da delação, e espera que
isso seja suficiente para amenizar uma eventual pena. A delação seria um plano
B. Almada contou como funcionava o "clube" de empreiteiras na
Petrobrás. Negou acerto de preços, mas admitiu que as empresas combinavam as
"preferências" em cada obra de licitações da estatal.
Outro que avalia o acordo é o ex-diretor de Internacional da Petrobrás
Nestor Cerveró, que aceitou participar de uma conversa sobre delação. "Não
descarto que possa acontecer um desespero e partir para a delação, mas sou
contra", disse seu advogado, Edson Ribeiro.
Operadores
Investigados que atuaram como braço operacional do esquema também
consideram ou já decidiram colaborar com as investigações. O advogado Roberto
Trombeta teria contado aos investigadores detalhes do suposto esquema da OAS
fora do País, segundo pessoas próximas a ele. Trombeta é considerado
"homem-bomba", o que abrirá uma nova frente de apuração. Procurado,
ele não foi localizado pelo Estado. O lobista Fernando "Baiano"
Soares, que fazia a ponte com o PMDB, segundo a força-tarefa, também está em
processo de delação.
Auxiliar do doleiro Alberto Youssef, o agente da Polícia Federal Jayme
Alves, apontado como "carregador de malas" do doleiro,
"recentemente iniciou negociações com o MPF (Ministério Público Federal)
para celebração de acordo de colaboração", disse sua defesa. O advogado
Carlos Alberto Pereira da Costa, que administrava empresa de fachada de
Youssef, também está fazendo delação premiada. As informações são do jornal
"O Estado de S. Paulo".

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