José Antônio Bicalho
Era apenas questão de tempo. A
operação “Lava Jato” chegou efetivamente ao setor elétrico com a prisão do
presidente licenciado da Eletronuclear, Othon Luiz Pinheiro da Silva, delatado
por corrupção pelo ex-executivo da Camargo Corrêa, Dalton Avancini.
E já que o assunto é setor elétrico e Camargo Corrêa, contarei outra história nebulosa envolvendo os mesmos personagens e mais um: a Cemig. Já tratei do assunto na coluna publicada em 18/11 do ano passado, que pode ser acessada pelo portal do Hoje em Dia.
A história é a seguinte: em junho do ano passado, a Andrade Gutierrez Participações vendeu 83% da sua participação na megausina de Santo Antônio (12,4% do capital total), em construção em Rondônia, para o fundo FIP Melbourne, integrado por Cemig e outros investidores. A Cemig, que já era dona de 10% de Santo Antônio, foi quem comprou a maior parte das ações da Andrade Gutierrez (86,7%). Pagou R$ 835,8 milhões em duas parcelas. A participação da Cemig passou a equivaler a R$ 3,617 bilhões, ou 17,7% do valor patrimonial da usina.
Naquele momento, a usina de Santo Antônio atravessava um momento complicado. No auge da crise hídrica, as obras da usina estavam atrasadas. O consórcio responsável pela construção e operação da usina, o Santo Antônio Energia, estava ameaçado de arcar com o prejuízo bilionário que estava causando às distribuidoras com as quais havia firmado contratos de fornecimento de energia.
Pulando fora
É neste momento difícil que a Andrade Gutierrez resolve pular fora do barco e, a Cemig, aumentar sua participação. Coincidentemente, a Andrade Gutierrez é o maior acionista da Cemig depois do governo de Minas, detendo 33% do capital da estatal. Pela importância dessa participação, a Andrade Gutierrez indicava o diretor de Novos Negócios, ou seja, a pessoa que decidiria onde a Cemig deveria ou não investir.
Em 21 de outubro, quatro meses depois do negócio entre Cemig e Andrade Gutierrez, a Assembleia de Acionistas da Santo Antônio Energia aprovou uma chamada de capital junto aos sócios, de R$ 1,59 bilhão, a maior parte a ser usada no pagamento das dívidas com as empreiteiras, que chegavam a R$ 700 milhões. E adivinha quem estava entre as construtoras? Andrade Gutierrez, sim, e mais a Odebrecht.
Ou seja, a Andrade Gutierrez recebeu pela venda de sua participação para a Cemig, se livrou da nova chamada de capital e recebeu seus atrasados como construtora. Já a Cemig pagou pela participação e foi obrigada a colocar mais dinheiro em Santo Antônio.
Resultado
O resultado se viu no balanço da Cemig do terceiro trimestre do ano passado, que trouxe o impacto da compra. De julho a setembro, o lucro líquido da Cemig foi de R$ 29,1 milhões, 96% menor que os R$ 788,8 milhões apurados no mesmo período do ano anterior. E o resultado da equivalência patrimonial ficou negativo em R$ 102,1 milhões, enquanto no mesmo período do ano passado foi positivo em R$ 349,1 milhões.
A antiga diretoria da Cemig sempre defendeu o investimento em Santo Antônio como importante para fazer frente à ameaça de ter que devolver grandes usinas que se aproximam do fim do prazo de concessão. Ok, mas não me convenceram de que precisava ter sido feito daquela forma, com aquela empresa e naquele momento.
E já que o assunto é setor elétrico e Camargo Corrêa, contarei outra história nebulosa envolvendo os mesmos personagens e mais um: a Cemig. Já tratei do assunto na coluna publicada em 18/11 do ano passado, que pode ser acessada pelo portal do Hoje em Dia.
A história é a seguinte: em junho do ano passado, a Andrade Gutierrez Participações vendeu 83% da sua participação na megausina de Santo Antônio (12,4% do capital total), em construção em Rondônia, para o fundo FIP Melbourne, integrado por Cemig e outros investidores. A Cemig, que já era dona de 10% de Santo Antônio, foi quem comprou a maior parte das ações da Andrade Gutierrez (86,7%). Pagou R$ 835,8 milhões em duas parcelas. A participação da Cemig passou a equivaler a R$ 3,617 bilhões, ou 17,7% do valor patrimonial da usina.
Naquele momento, a usina de Santo Antônio atravessava um momento complicado. No auge da crise hídrica, as obras da usina estavam atrasadas. O consórcio responsável pela construção e operação da usina, o Santo Antônio Energia, estava ameaçado de arcar com o prejuízo bilionário que estava causando às distribuidoras com as quais havia firmado contratos de fornecimento de energia.
Pulando fora
É neste momento difícil que a Andrade Gutierrez resolve pular fora do barco e, a Cemig, aumentar sua participação. Coincidentemente, a Andrade Gutierrez é o maior acionista da Cemig depois do governo de Minas, detendo 33% do capital da estatal. Pela importância dessa participação, a Andrade Gutierrez indicava o diretor de Novos Negócios, ou seja, a pessoa que decidiria onde a Cemig deveria ou não investir.
Em 21 de outubro, quatro meses depois do negócio entre Cemig e Andrade Gutierrez, a Assembleia de Acionistas da Santo Antônio Energia aprovou uma chamada de capital junto aos sócios, de R$ 1,59 bilhão, a maior parte a ser usada no pagamento das dívidas com as empreiteiras, que chegavam a R$ 700 milhões. E adivinha quem estava entre as construtoras? Andrade Gutierrez, sim, e mais a Odebrecht.
Ou seja, a Andrade Gutierrez recebeu pela venda de sua participação para a Cemig, se livrou da nova chamada de capital e recebeu seus atrasados como construtora. Já a Cemig pagou pela participação e foi obrigada a colocar mais dinheiro em Santo Antônio.
Resultado
O resultado se viu no balanço da Cemig do terceiro trimestre do ano passado, que trouxe o impacto da compra. De julho a setembro, o lucro líquido da Cemig foi de R$ 29,1 milhões, 96% menor que os R$ 788,8 milhões apurados no mesmo período do ano anterior. E o resultado da equivalência patrimonial ficou negativo em R$ 102,1 milhões, enquanto no mesmo período do ano passado foi positivo em R$ 349,1 milhões.
A antiga diretoria da Cemig sempre defendeu o investimento em Santo Antônio como importante para fazer frente à ameaça de ter que devolver grandes usinas que se aproximam do fim do prazo de concessão. Ok, mas não me convenceram de que precisava ter sido feito daquela forma, com aquela empresa e naquele momento.
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