domingo, 12 de julho de 2015

NÃO BRINQUE COM OS BRICS



  

Stefan Salej


No meio da quebra trilionária das bolsas chinesas, da crise grega, dos ataques do estado islâmico e do verão quente na Europa, além dos contínuos combates na Ucrânia, a reunião dos líderes dos países dos BRICS, Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul, em um lugar remoto da Rússia, foi uma colônia de férias. Todos estavam com maiores ou menores problemas domésticos, é só lembrar as notícias que foram mandadas para nossa presidente naquela semana do Brasil, mas ninguém deixou de vir. Por incrível que pareça, a união dos BRICS foi prioridade, mesmo se a pauta não teve muitas novidades.

A crise europeia, ou as vezes erroneamente chamada de crise da dívida grega, parece que teve todos os envolvidos como vencedores. Apesar de haver muito a se fazer, as nuvens da discórdia que dominavam os céus da Europa se desfizeram.

Tzipiras, o primeiro-ministro grego, conseguiu uma proeza incrível, ou seja, no linguajar popular, agradou a gregos e troianos. E desagradou a nossa sócia nos BRICS, a Rússia, que apostava alto na desintegração da União Europeia com a saída da Grécia.

Os chineses, que controlam tudo, não conseguiram controlar a queda realmente brutal da sua bolsa de valores. As empresas chinesas de repente perderam valor em até 50% de seu valor de capitalização, o que bateu forte na sua capacidade de alavancar os capitais no futuro. O governo, que apreendeu e aplica com vigor inúmeras técnicas de economia de mercado, caiu na prova quanto a manter o mercado de capitais sob controle. O total de perdas nas bolsas chinesas é equivalente ao valor total das empresas na bolsa de Londres. Já imaginou se desaparecessem da noite para dia todas as empresas em Londres? Não, ninguém imagina. Mas a China continua lá, mesmo se efetivamente com menor crescimento, o que vai afetar os preços das matéria primas e os investimentos no exterior. E claro, bate no Brasil, já que a China é o nosso principal parceiro econômico.

No final, os BRICS deram dois empurrões nos projetos que andam devagar: o Novo Banco de Desenvolvimento, com capital de US$ 100 bilhões de dólares e um fundo de emergência para evitar crises financeiras. Um boa coisa dessa reunião foi que não falaram em novos sócios, agradeceram muito a condução da presidência brasileira que ninguém notou e não discutiram nem posições comuns na próxima conferência do clima. Amigos para sempre, porque não discutem nada que desagrade ao outro. Criou-se um mundo próprio em um mundo onde muito se discute e se chega pouca conclusão.

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