Stefan Salej
No meio da quebra trilionária das
bolsas chinesas, da crise grega, dos ataques do estado islâmico e do verão
quente na Europa, além dos contínuos combates na Ucrânia, a reunião dos líderes
dos países dos BRICS, Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul, em um lugar
remoto da Rússia, foi uma colônia de férias. Todos estavam com maiores ou
menores problemas domésticos, é só lembrar as notícias que foram mandadas para
nossa presidente naquela semana do Brasil, mas ninguém deixou de vir. Por
incrível que pareça, a união dos BRICS foi prioridade, mesmo se a pauta não
teve muitas novidades.
A crise europeia, ou as vezes
erroneamente chamada de crise da dívida grega, parece que teve todos os
envolvidos como vencedores. Apesar de haver muito a se fazer, as nuvens da
discórdia que dominavam os céus da Europa se desfizeram.
Tzipiras, o primeiro-ministro grego,
conseguiu uma proeza incrível, ou seja, no linguajar popular, agradou a gregos
e troianos. E desagradou a nossa sócia nos BRICS, a Rússia, que apostava alto
na desintegração da União Europeia com a saída da Grécia.
Os chineses, que controlam tudo, não
conseguiram controlar a queda realmente brutal da sua bolsa de valores. As
empresas chinesas de repente perderam valor em até 50% de seu valor de
capitalização, o que bateu forte na sua capacidade de alavancar os capitais no
futuro. O governo, que apreendeu e aplica com vigor inúmeras técnicas de
economia de mercado, caiu na prova quanto a manter o mercado de capitais sob
controle. O total de perdas nas bolsas chinesas é equivalente ao valor total
das empresas na bolsa de Londres. Já imaginou se desaparecessem da noite para
dia todas as empresas em Londres? Não, ninguém imagina. Mas a China continua
lá, mesmo se efetivamente com menor crescimento, o que vai afetar os preços das
matéria primas e os investimentos no exterior. E claro, bate no Brasil, já que
a China é o nosso principal parceiro econômico.
No final, os BRICS deram dois
empurrões nos projetos que andam devagar: o Novo Banco de Desenvolvimento, com
capital de US$ 100 bilhões de dólares e um fundo de emergência para evitar
crises financeiras. Um boa coisa dessa reunião foi que não falaram em novos
sócios, agradeceram muito a condução da presidência brasileira que ninguém
notou e não discutiram nem posições comuns na próxima conferência do clima.
Amigos para sempre, porque não discutem nada que desagrade ao outro. Criou-se
um mundo próprio em um mundo onde muito se discute e se chega pouca conclusão.

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