João Carlos Martins
“O que foi feito amigo
De tudo que a gente sonhou
O que foi feito da vida
O que foi feito do amor...”
De tudo que a gente sonhou
O que foi feito da vida
O que foi feito do amor...”
Da vida um sonho, do amor uma vida e depois da tua partida ficamos sós com uma saudade menina a passear com aquele verso menino que escreveste há tantos anos atrás...
A pedra no meio do nosso caminho na sua solidão concreta tornou-se mais fixa e solar.
Serão sete chaves e um coração suficientes para guardar tanto gosto pela amizade?
Se quem cantava chorou, quem escreve agora também chora, ao ver o ”escritor de canções” partir... Canções principais da trilha sonora da nossa juventude; as descobertas, os primeiros amores, as primeiras estradas, os sonhos, as melodias e até mesmo a fé!
Como grande poeta, teu nome se mimetiza no brilho dos teus versos e Fernando Brant se torna “Manoel, o Audaz”, se torna “Diana quase humana”, se torna “Maria som e cor”, se torna canção, se torna “Travessia”...
Os lugares? Como Minas, são muitos. Um vitral colorido e singelo de paisagens da mais pura mineiridade: Praças, igrejas, estradas, trilhos, pó, poeira, janelas, caminhos, pedras, pranto, brisa, sonhos, corpo, amizade, liberdade, voz. Mercado Central, fígado acebolado, cerveja gelada, uma boa conversa, uma pinga e a piada. Roupas nos varais, quintais, noites e principalmente, aonde começou a história: Uma esquina.
Uma esquina que virou clube; Clube da Esquina, que virou canções que hoje habitam as esquinas dos corações de Minas!
Simplicidade. “Um mineiro tranquilo”, como de ti dizias, traço que nos possibilitou essa e outras tantas travessias: Chorar não é fraqueza, aonde esse não lugar? – que pulsa e pede passagem – antes mesmo da voz, começa a viagem: Um choro e a estranheza. Diante de certas dores tudo parece perder o sentido, a vida, os lugares... Caminho de pedra, sem sonho ou esperança... A solidão quebrando a timidez, soltar a voz nas estradas... A voz abrindo caminhos para a vida, não querendo parar...
Soltar a voz nas estradas, não querer parar...
Construir estradas entre palavras sem parar não perder a voz soltar nas estradas a voz através do canto caminho de pedra letra sonho feito de brisa vento vem terminar começar outro canto soltar a voz nas estradas nas estrelas vida vento velas entre palavras caminhos a brisa o pranto querer amar de novo amar de novo cantar de novo cantar amor fazer com o braço o viver amar de novo sofrer fazer com o braço o viver não sonhar não sofrer aprender fazer com o braço o viver tempo distância dizer sim e não fazer com o braço o viver... Cantar... Escrever...
Tempo, distância, sim e não. Pontos cardeais do caleidoscópio incandescente das possibilidades, fechando o pranto, se abrindo para a vida!
Ficarão para sempre essa saudade e canções,
“No lado esquerdo do peito!”

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