Manoel Hygino
Não desejava voltar a comentar
problemas da política e da administração pública, por motivos que os
brasileiros conhecem e sentem. Os cidadãos dignos deste país (que o jornalista
Eduardo Almeida Reis classifica de grande e bobo) repudiam o estado a que
chegamos, uma barafunda que depõe contra nossos foros de civilidade e
patriotismo.
Na verdade, o povo, que sente na pele
e no estômago os erros e falcatruas (os malfeitos, se quiserem este
substantivo, no plural), não alimenta benévolas expectativas sobre seu futuro.
Os escândalos que abalam a nação demonstram à suficiência, para onde e para
quem foram os vultosíssimos recursos subtraídos do orçamento. Os nomes dos
beneficiários pelo logro, para não dizer crime, se tornaram conhecidos porque a
imprensa não os omite.
O brasileiro não os perdoa, indigna-se
e exige punições à altura dos danos causados à nação por falsos mensageiros do
bem, da paz e do progresso. Para o contribuinte anônimo mas consciente, são
pessoas que deveriam estar na cadeia, como os indivíduos que praticam ilícitos
penais estabelecidos na legislação específica.
Se tudo o que se desfalcou no país
fosse devolvido, em termos de dinheiro e patrimônio, somando-se juros, multas e
correção monetária, não se precisaria evidentemente dos cortes orçamentários
que os ministros da área econômica propuseram. Os poderes da República não têm
como impedir redução de verbas, porque não há outro caminho ou proposta a
seguir, para evitar a bancarrota.
Vive a nação um dos piores períodos de
sua história nem sempre tranquila, como se desejaria e se poderia. Em meado de
ano, não se sabe o que será o segundo semestre, senão pela projeção de dados e
previsões nem sempre confiáveis.
Em meio a tudo, a certeza única de que
a segunda metade de 2015 será mais difícil. Um ministro da presidente declarou:
“Vão ocorrer várias reclamações sobre paralisação de obras. Pararam, sim. Não
há cortina de fumaça e não posso esconder o que está acontecendo”.
O Ministério da Saúde teve seu
orçamento reduzido em R$ 103,2 bilhões, o segundo maior corte entre todas as
pastas. Quem tem coração forte para sofrer as consequências saberá do desfecho.
A morte pode bater à porta de inúmeros lares.
O desenlace seria mais suave se as
autoridades se conscientizassem de seu papel na sociedade cristã ou solidária
em que nos encontramos. Seria menos penoso para a população, se se diminuísse o
número de ministérios e, não só eles; que se extinguissem as mordomias, com
gabinetes, secretarias, adjuntos, assessores, suportes burocráticos, carros,
motoristas, 14º e 15º salários nos três poderes da República. E há muito mais a
se fazer com idêntico objetivo.
Já nem falo em criminalizar o
enriquecimento ilícito com maior velocidade – evidentemente sem objetivo
persecutório, mas confiscando os bens dos que construíram fortunas e adquiriram
patrimônios de forma indevida, tudo rigorosamente dentro da lei, não
acorrentada a expedientes protelatórios sobremaneira conhecidos.

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