Boris Feldman
Nenhum combustível brasileiro se
enquadra nos padrões internacionais. Parece ter uma maldição pesando sobre
eles, a começar pela gasolina. Ela foi, há algumas décadas, uma das piores do
mundo. Fábricas na Europa que exportavam automóveis para o Brasil tinham que
modificar o motor para não sofrer com nossa pobre e suja gasolina. Pobre em
octanagem, suja pelo alto teor de enxofre. Nos últimos tempos, ela veio
ganhando em qualidade, a octanagem subiu graças ao etanol, o teor de enxofre
reduziu (S-10) e ela hoje poderia se comparar com as melhores do mundo. Mas
perde pela “maldição”, o inexplicável excesso de etanol, que já está em
absurdos 27%. Aliás, explicável: é o governo de Da. Dilma agradando aos
usineiros, depois de ter quase quebrado o setor ao segurar por anos o preço da
gasolina. E, se o prezado está (como eu) escandalizado com o percentual de 27%,
saiba que a próxima demanda dos produtores de etanol será de subir para 30%.
Não dá para acreditar? Dá sim: a Petrobras já testou a gasolina com este
percentual de álcool. E, como tem o rabo preso com o governo, afirma não ter
nenhum problema técnico... Aliás, a associação das fábricas (Anfavea) testou
modelos importados (que só funcionam com gasolina) com os 27% e “concluiu” não
haver problemas técnicos. Para evitar um previsível problema político...
Quanto ao etanol, ninguém foi capaz de
explicar o porquê de não se adotar no Brasil a mesma solução inteligente de
misturar 15% de gasolina ao álcool, como nos Estados Unidos. O chamado E85
evitou o famigerado tanquinho de gasolina para partida a frio nos carros
movidos a etanol.
O diesel é outra aberração tupiniquim:
automóveis no mundo inteiro (inclusive em nossos países vizinhos da América do
Sul) rodam com este combustível, mas no Brasil a burrocracia governamental
decidiu proibi-lo há alguns anos e proibido está. “Polui muito” diz um
burrocrata do governo, sem ter noção de toda a modernização aplicada nos
motores diesel. Ou sem ter ideia de que parte dele já é composta de biodiesel.
“Por ser importado” diz seu colega na sala ao lado, sem ter ideia de que parte
de todos nossos combustíveis é importada.
Não sabem o que dizem, mas para eles está
reservado o reino dos céus ou dos réus.
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