quinta-feira, 14 de maio de 2015

VOCÊ É CAPAZ DE PERDOAR?




  

Simone Demolinari

No último final de semana, o papa Francisco escreveu, no Twitter: “Aprendamos a viver com benevolência, amando a todos, incluindo aqueles que não nos amam”. Sem entrar no mérito religioso da questão e me atento exclusivamente à mensagem, penso ser um desafio muito difícil de ser colocado em prática. Do ponto de vista do amor pela humanidade, onde está incluído amar a todos, incluindo outros povos que nem conhecemos, o desafio pode ser menor. Como diz Nelson Rodrigues, “amar a humanidade é fácil, difícil é amar o próximo”. O pior, é que até a humanidade está difícil de amar. Como amar um pai que atira o filho pela janela? E um assassino ou estuprador? Um pedófilo? Como amar pessoas com o comportamento tão repugnante, principalmente quando a vítima é alguém próximo a nós? Muito difícil.
Vez ou outra temos notícias de pessoas que superam grandes dores e perdoam. Este foi o caso da Daisy Laurino Guerra, que perdeu seu filho caçula, de 25 anos, vítima de um assalto quando fechava as portas da padaria da família no interior de São Paulo. Além de perdoar o assassino, ela ajudou a família dele, muito pobre, enviando-lhes cestas básicas e dinheiro por anos.
Transformar ódio em amor é para poucos, mas quem consegue confessa ser uma experiência libertadora. Dizem se sentir bem melhores do que quando tomados pela mágoa. Perdoar não significa necessariamente esquecer, mas lembrar do fato sem a presença da dor, substituindo emoções negativas por positivas. Certa vez, uma pessoa me narrou sua extrema decepção com a esposa pelo fato de ela não perdoá-lo por uma traição. É comum pessoas com dificuldade de perdoar serem mal vistas ou chamadas de “coração de pedra” por parte de quem deseja o perdão. Mas é um equívoco. A incapacidade de perdoar não torna ninguém ruim, afinal, se há alguém ferido é porque existe um agressor. E este sim, foi quem causou o problema. Seria inversão moral inocentar o algoz e culpar a vítima.
Há quem considere perdoar um ato de egoísmo, por libertar mais quem o pratica do que quem o recebe. Mas sendo de generosidade ou egoísmo, o perdão e a capacidade de amar quem não nos ama não está ao alcance de todos. Muitos até gostariam de fruir dessa capacidade, se esforçam, mas simplesmente não consegue. Ao tentar usar a benevolência em favor do próximo, é necessário usá-la em favor próprio, reconhecendo limites e limitações. Se forçar a sentir algo que não é verdadeiro, fazer discursos bondosos que não se pratica ou repetir frases de Madre Teresa de Calcutá pode soar falso, além de não solucionar o problema. Precisamos nos esforçar rumo à nossa evolução, mas evoluir é um processo que passa antes pela honestidade. Não é fingindo amar o próximo que o amor se torna verdadeiro.
 

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