terça-feira, 19 de maio de 2015

TRAGÉDIAS MUNDIAIS



  

Manoel Hygino 

O 21º século da era cristã assiste com inquietação à sucessão de tragédias que se abatem sobre a humanidade, algumas provocadas pela própria inconsciência dos que habitam o planeta ou pela própria vulnerabilidade da Terra. Este o caso do terremoto que atingiu grande parte do Nepal asiático e produziu milhares de mortos, em 25 de abril. Segundo pior sismo do país (o maior foi o de 1934, com 10 mil a 20 mil vítimas fatais), o de 2015 deixou um rastro de dor por extensa região do país.
Diante da gravidade do problema e de suas consequências, mais avaliáveis precisamente com o correr do tempo, entidades internacionais, como ONU e União Europeia, saíram prontamente em socorro. Vamos ajudar, disseram os comissários europeus de Desenvolvimento e de Ajuda Humanitária e Resposta a Crises, em comunicado conjunto. Depois, o de 12 de maio, com mais mortes e 2.008 feridos.
Várias nações imediatamente se dispuseram também a socorrer, desde as primeiras horas, as vítimas em destroços de estabelecimentos públicos, habitações e construções históricas. O país abriga o Everest, o pico mais alto da Terra, com 8.844 metros, mas lá estão também Lumbini, onde nasceu Buda, e a cidade lago de Pokhara, além de contar, na região central, com o vale de Katmandu, patrimônio da humanidade.
Enquanto nações civilizadas cuidavam de estender suas mãos às áreas devastadas ou às sofridas populações, grupos armados prosseguiam na invasão de países do Oriente Médio, região historicamente envolvida em perturbações de vária natureza. O Estado Islâmico e outras organizações semelhantes, visando estabelecer seu domínio e seu poder, continuaram avalanche destruidora, sem tomar conhecimento sequer da catástrofe do Nepal ou dos refugiados do Norte da África, inclusive da Líbia dividida e da Síria, em guerra há anos.
Essa gente e outras mais pouco se interessam pela vida alheia. Os muitos milhares que desaparecem do mapa e estatísticas não lhes importam. Os bárbaros deste século revivem os antigos, de nomes e nações diferentes, que invadiram e sucessivamente devastaram a Trácia, a Panônia, as Gálias, a África e a própria Roma durante dois séculos. Por onde passavam, deixavam um rastro de sangue, trucidavam e destruíam quanto se lhes deparava, sem considerar o sagrado e o profano, o sexo e a idade.
O que aconteceu há tantos séculos não deveria repetir-se neste (civilizado?) 2015. Nada justifica a crueldade. Neste mês de maio, um ataque num centro cultural de Texas, perto de Dallas, foi atribuído ao grupo jihadista Isis, que confirmou a ação, afirmando incisivamente: “Dizemos à América que o que está sendo preparado será mais importante e mais amargo. Coisas horríveis dos soldados do Isis serão vistos”.
Tem-se de convir com Arnaldo Jabor, após uma destas cenas dantescas: “Um bando de demônios de preto, gritando ‘Só Deus é grande!’, agarram o pobre sujeito e lhe cortam o pescoço como o de um porco. Ele grita enquanto a cabeça lhe é arrancada, com grande profusão de sangue que suja as mãos dos carrascos que gargalham de felicidade, no ranking”.


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