Manoel Hygino
O 21º século da era cristã assiste com
inquietação à sucessão de tragédias que se abatem sobre a humanidade, algumas
provocadas pela própria inconsciência dos que habitam o planeta ou pela própria
vulnerabilidade da Terra. Este o caso do terremoto que atingiu grande parte do
Nepal asiático e produziu milhares de mortos, em 25 de abril. Segundo pior
sismo do país (o maior foi o de 1934, com 10 mil a 20 mil vítimas fatais), o de
2015 deixou um rastro de dor por extensa região do país.
Diante da gravidade do problema e de
suas consequências, mais avaliáveis precisamente com o correr do tempo, entidades
internacionais, como ONU e União Europeia, saíram prontamente em socorro. Vamos
ajudar, disseram os comissários europeus de Desenvolvimento e de Ajuda
Humanitária e Resposta a Crises, em comunicado conjunto. Depois, o de 12 de
maio, com mais mortes e 2.008 feridos.
Várias nações imediatamente se
dispuseram também a socorrer, desde as primeiras horas, as vítimas em destroços
de estabelecimentos públicos, habitações e construções históricas. O país
abriga o Everest, o pico mais alto da Terra, com 8.844 metros, mas lá estão
também Lumbini, onde nasceu Buda, e a cidade lago de Pokhara, além de contar,
na região central, com o vale de Katmandu, patrimônio da humanidade.
Enquanto nações civilizadas cuidavam
de estender suas mãos às áreas devastadas ou às sofridas populações, grupos
armados prosseguiam na invasão de países do Oriente Médio, região
historicamente envolvida em perturbações de vária natureza. O Estado Islâmico e
outras organizações semelhantes, visando estabelecer seu domínio e seu poder,
continuaram avalanche destruidora, sem tomar conhecimento sequer da catástrofe
do Nepal ou dos refugiados do Norte da África, inclusive da Líbia dividida e da
Síria, em guerra há anos.
Essa gente e outras mais pouco se
interessam pela vida alheia. Os muitos milhares que desaparecem do mapa e
estatísticas não lhes importam. Os bárbaros deste século revivem os antigos, de
nomes e nações diferentes, que invadiram e sucessivamente devastaram a Trácia,
a Panônia, as Gálias, a África e a própria Roma durante dois séculos. Por onde
passavam, deixavam um rastro de sangue, trucidavam e destruíam quanto se lhes
deparava, sem considerar o sagrado e o profano, o sexo e a idade.
O que aconteceu há tantos séculos não
deveria repetir-se neste (civilizado?) 2015. Nada justifica a crueldade. Neste
mês de maio, um ataque num centro cultural de Texas, perto de Dallas, foi
atribuído ao grupo jihadista Isis, que confirmou a ação, afirmando
incisivamente: “Dizemos à América que o que está sendo preparado será mais
importante e mais amargo. Coisas horríveis dos soldados do Isis serão vistos”.
Tem-se de convir com Arnaldo Jabor,
após uma destas cenas dantescas: “Um bando de demônios de preto, gritando ‘Só
Deus é grande!’, agarram o pobre sujeito e lhe cortam o pescoço como o de um
porco. Ele grita enquanto a cabeça lhe é arrancada, com grande profusão de
sangue que suja as mãos dos carrascos que gargalham de felicidade, no ranking”.
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