Uma carta da cidade de São Paulo para o Rio de
Janeiro
“Olá
querida irmã
Estou
muito feliz que tenha chegado tão bem aos teus 450 anos. Sei que é uma
data importante e venho por meio desta carta te parabenizar.
Sei que
muita gente anda dizendo que não nos damos bem e que somos completamente
diferentes, mas não ligue para isso, pois, apesar de nossos desentendimento, te
quero muito bem. Sei que te chamam de Cidade Maravilhosa enquanto me apelidam
de Paulicéia desvairada, mas és realmente muito linda e eu um pouco amalucada.
Não deixo essas eternas comparações interferirem no afeto que existe entre nós.
Como mais
velha, muita gente me vê como sisuda e dura. Por outro lado, você – como todo
irmão mais novo – é paparicado e às vezes até mimado. Mas em toda família é
assim, não é mesmo? Uma mistura de admiração, ciúmes e disputa.
Nossa
última briguinha foi, veja só, por causa de água. Mas teve aquela sobre a morte
do samba, do melhor futebol e aquela muito triste de 1932. Mas tudo bem, são
águas passadas.
Apesar de
você ser 11 anos mais nova, fico orgulhosa de suas conquistas tão precoces. Tem
coisas que eu nunca consegui e confesso que lhe invejo, como ser capital
federal, sediar a final de uma copa e até uma Olimpíada. Mas ostento com
orgulho o palco da independência de nosso país, um dos capítulos mais
importantes do Brasil.
Sei
também que ambas possuem muitos motivos para lamentar, principalmente no que
diz respeito aos nossos cidadãos da periferia, ou, no teu caso, do subúrbio.
Temos muito a aprender uma com a outra e, juntas, poderemos evoluir com maior
facilidade.
Por fim,
fico feliz em saber que muitos dos meus encontraram um lugar para morar por aí,
da mesma maneira que recebo de braços abertos teus filhos.
Irmãzinha,
continue sempre assim: jovem, irreverente e maravilhosa. Em 450 anos, você fez
o mundo inteiro te admirar e cantar o seu nome. Estou muito orgulhosa.
Com
carinho, da sua irmã mais velha
São Paulo
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