Todo tsunami é uma onda
gigante?
Tatiana
Pronin
"Para
que uma onda seja designada como tsunami, ela deve ser gigante em comprimento
de onda", explica o físico Fernando Lang da Silveira, professor da
Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS). Isso significa um comprimento
de onda de no mínimo 10 quilômetros, podendo atingir até 500 quilômetros em
alto-mar
"Tsunami"
é uma palavra, em japonês, que designa uma ou mais ondas produzidas em
maremotos. Ou seja: tsunami e maremoto são termos utilizados para nomear
basicamente o mesmo fenômeno, causado não apenas por movimentos sísmicos, mas
também por atividade de vulcões, deslizamentos submarinos, impactos de
meteoritos ou fenômenos meteorológicos.
O termo
em japonês tornou-se mais popular, no Brasil, a partir de 2004, quando quase
300 mil pessoas morreram na Indonésia. Como a palavra é usada em diversos
países, acabou sendo adotada como padrão pelas agências de notícias.
Para
entender melhor esse fenômeno, é preciso resgatar alguns conceitos ensinados
nas aulas de física, como amplitude de onda (distância entre a crista e o
vale), comprimento (distância entre duas cristas ou dois vales consecutivos),
período (tempo de uma oscilação completa) e frequência (número de oscilações
por unidade de tempo).
"Para
que uma onda seja designada como tsunami, ela deve ser gigante em comprimento
de onda", explica o físico Fernando Lang da Silveira, professor da
Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS). Isso significa um
comprimento de onda de no mínimo 10 quilômetros, podendo atingir até 500
quilômetros em alto-mar.
Assim,
enquanto uma onda marítima considerada normal possui um período de até algumas
dezenas de segundos, no tsunami esse tempo tem alguns minutos ou até meia-hora.
E, apesar de apresentar uma amplitude pequena em alto-mar, ao chegar perto da
costa a onda pode se tornar gigante.
Maior já registrado
Em um
trabalho publicado em conjunto com a matemática Maria Cristina Varriale, também
da UFRGS, Lang conta que o maior tsunami já registrado ocorreu no Alasca, em
1958, quando 90 milhões de toneladas de rocha e gelo desabaram em uma baía,
gerando uma onda de 50 metros de altura.
Outro
exemplo impressionante é o do tsunami que abalou Sanriku, no Japão, em 1896,
que chegou a atingir 30 metros de altura. O incidente matou 27 mil pessoas e
feriu 9.000. "Somente na região do Oceano Pacífico foram registrados mais de
1.100 tsunamis nos últimos vinte séculos."
Mas a
altura das ondas nem sempre é o principal aspecto a ser considerado. Nas poucas
imagens disponíveis do evento da Indonésia, por sinal, elas não parecem tão
grandes. "Um tsunami não precisa ser gigante em amplitude para produzir
efeitos devastadores como os de 2004", afirma o físico.
Altura não é tudo
Os
tsunamis viajam em mar profundo a velocidades da ordem de 800 quilômetros por
hora, a uma amplitude de metros. Quando a onda se aproxima da costa, e a profundidade
diminui, a velocidade se reduz, encurtando o seu comprimento de onda. É aí que
a amplitude aumenta. Turistas que mergulhavam perto de uma das praias
devastadas pelo tsunami de 2004, relataram ter percebido apenas uma correnteza
forte antes da tragédia. E, no entanto, a destruição foi imensa depois que a
onda atingiu a costa.
Apesar de
80% dos tsunamis ocorrerem no Pacífico, nenhuma região do globo está
imune. Brasileiros não estão acostumados a ver um fenômeno desse tipo,
mas isso não é impossível. Pesquisadores já aventaram a hipótese de que a
erupção do vulcão Cumbre Vieja, na ilha espanhola de La Palma, no Atlântico,
gere uma onda gigante em direção ao Caribe e ao Norte e Nordeste do país. Mas,
por enquanto, o vulcão não deu sinais de que vá causar surpresa.
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