Doações da JBS a políticos
chegam a 18,5% de empréstimos com BNDES
Leandro
Prazeres
A JBS,
maior exportadora de carne bovina do mundo e dona da marca Friboi, doou a
políticos e partidos 18,5% de tudo o que tomou emprestado do BNDES (Banco
Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social) entre 2005 e 2014. Em 2014, a
JBS doou R$ 366,8 milhões. PT, PMDB e PSDB foram os partidos mais beneficiados.
De acordo
com o banco, o grupo tomou R$ 2,5 bilhões emprestados entre 2005 e 2014 -- os
empréstimos foram liberados para operações como financiamento de exportações e
compra de equipamentos. Desde que os recursos começaram a ser liberados, em
2005, a JBS já repassou R$ 463,4 milhões a políticos e partidos nas eleições de
2006, 2008, 2010 e 2014.
O Grupo
JBS faturou em vendas R$ 92 bilhões em 2013 (últimos dados disponíveis). Desde
2006, o grupo figura entre um dos maiores doadores individuais de campanhas
políticas do Brasil. Em 2010, a JBS ficou em terceiro lugar, com R$ 63 milhões.
Em 2014, a JBS foi a maior doadora,
seguida da construtora Odebrecht , que doou R$ 111 milhões, e do Bradesco, com
doações de R$ 100 milhões.
Em 2006,
um ano após o início dos empréstimos, foram R$ 12 milhões em doações. Quatro
anos depois, foram R$ 63 milhões, e, em 2014, R$ 366,8 milhões, segundo dados
do TSE (Tribunal Superior Eleitoral).
O
comprometimento da JBS com doações a políticos é tão grande que, somente para a
eleição de 2014, a empresa doou 39,56% de todo o seu lucro líquido registrado
em 2013, que foi de R$ 926,9 milhões. É como se, a cada R$ 100 de lucro, a JBS
doasse R$ 39,5 para os caixas de campanhas de partidos e candidatos.
Para
efeito de comparação, a Odebrecht, segunda colocada no ranking de doações neste
ano, doou 22% de seu lucro líquido em 2013, que foi de R$ R$ 490,7 milhões. O
Bradesco, terceiro colocado, doou apenas 0,83% de seu lucro líquido em 2013, que
foi de R$ 12 bilhões. O lucro líquido é a diferença entre o que a empresa
faturou e os seus custos operacionais (salários, tributos, impostos, etc).
As
elevadas doações feitas a políticos e partidos chamam atenção pela estreita
relação que o grupo manteve com o BNDES, controlado pelo governo do PT desde
2003.
Em 2014,
por exemplo, o PT foi o grande beneficiário das doações da empresa, com R$
114,6 milhões, seguido pelo PMDB, com R$ 62,6 milhões, e pelo PSDB, com R$ 56,7
milhões. Em 2010, o PT também liderou as doações da JBS, com R$ 13
milhões.
Foi na
gestão petista que o BNDES emprestou R$ 2,5 bilhões (diretamente ou por meio de
outros bancos) à JBS. Também foi na gestão petista que o BNDES investiu outros
R$ 8,5 bilhões em operações de capitalização por meio da compra de ações do
grupo. Hoje, o BNDES é dono de 24,6% do capital do Grupo JBS.
A
suspeita de que parte do dinheiro emprestado pelo BNDES tenha sido destinada a
políticos é descartada pelo BNDES. Procurado pelo UOL, o banco informou que os critérios
adotados para a concessão de empréstimo à JBS foram "impessoais e de
natureza técnica".
O BNDES
disse ainda, por meio de sua assessoria de imprensa, que monitora como as
empresas que recebem empréstimos investem o dinheiro e que equipes do banco
fazem "visitas regulares ao empreendimento, conferindo o andamento do
cronograma e a origem e especificação dos equipamentos adquiridos para o
projeto".
Questionada
sobre a natureza do relacionamento entre o PT e a JBS, a assessoria de imprensa
da campanha à reeleição de Dilma Rousseff (PT) enviou nota dizendo que
"todas as doações feitas ao comitê de campanha da candidata Dilma Rousseff
têm cumprido rigorosamente o que determina a legislação eleitoral, sendo
tratadas com absoluta transparência e declaradas ao TSE".
COMENTÁRIO:
A JBS é uma
das maiores beneficiadas para empréstimos do BNDES, por qual motivo?
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