quarta-feira, 28 de maio de 2014

ESCOLA DE TEMPO INTEGRAL

ESCOLA DE TEMPO INTEGRAL

Os governos Federal e Estadual propagam que a solução para melhorar a qualidade do ensino público é a adoção das escolas integrais. Aumentar o tempo de aula é apenas um requisito para a educação de qualidade. Você pode fazer duas horas de aula e ter uma educação excelente e em oito horas e ter uma educação porcaria.

“A razão da má escola não é a falta de tempo. A escola que está aí não é ruim porque tem pouco tempo, ela é ruim porque tem um método ultrapassado e não existe a preocupação de educar. Só existe a preocupação de passar de ano. A nossa escola não é ruim hoje, ela sempre foi ruim, afirma o professor titular da Faculdade de Educação da USP Vitor Paro”.

A Escola Integral pode beneficiar muito os pobres, desde que haja um planejamento das atividades a serem realizadas e que as mesmas sejam fiscalizadas para serem cumpridas.  

 Na educação integral, o aluno precisa ter garantidas também as educações afetiva, moral, esportiva. Não é só a educação cognitiva, mas de várias dimensões, a média de horas de estudo nas escolas brasileiras públicas é hoje de quatro horas - muito pouco para dar conta de todas essas dimensões.

A diferenciação precisa ser feita para que não se confundida a educação integral com a educação "em tempo integral", puramente a ampliação do tempo em que a criança ou o adolescente permanece na escola. O que já é ruim seria apenas ruim por mais tempo. "Dobrar o tempo dessa escola é criminoso, é sacrificar duas vezes a criança".

A criança rica já tem a sua educação integral, pois, além do tempo escolar é ocupada com outras atividades como: ballet, aulas de línguas, aulas de reforço, esportes especializados, informática e uma série de outras atividades que ocupam o tempo ocioso delas e dos adolescentes.

“Por mais que pareça um assunto contemporâneo, a concepção de escola integral ou educação integral remonta à Antiguidade clássica, mais precisamente ao conceito de educação da Grécia Antiga, que buscava uma formação do homem como um todo: estético, moral, ético, metafísico, físico. De acordo com a pesquisadora Lígia Martha Coimbra da Costa Coelho, em seu artigo "História(s) da Educação Integral", publicado no periódico Em Aberto nº 80, "esse modo (dos gregos) de ver e perceber a formação do homem corresponde à natureza do que denominamos de educação integral: uma perspectiva que não hierarquiza experiências, saberes, conhecimentos". Ainda em seu artigo, a pesquisadora aponta que a educação integral só voltou a ser discutida de maneira mais organizada a partir do século 18, à luz dos ideais da Revolução Francesa, e recebeu contribuições teóricas e práticas ao longo dos dois séculos seguintes, com pensadores como o anarquista Mikhail Bakunin, ou, no Brasil, Anísio Teixeira, passando pela ideia de formação defendida pelos integralistas na década de 1930: "espiritualidade, o nacionalismo cívico e a disciplina".

Muitos pais trabalham e não podem deixar os filhos com a avó ou a empregada e então os deixam na escola. De manhã é aula e à tarde vira um playground ou creche.  Não é disso que estamos falando, aluno de tempo integral é diferente de formação integral, onde o currículo deve ser pensado relacionando as atividades, em que o professor de esportes, por exemplo, vai trabalhar com o de matemática, por isso o projeto político-pedagógico precisa dar conta de estabelecer muito bem essas relações de atividades, assim como as relações entre os turnos. As atividades não podem estar desconectadas do currículo.

 Se a atividade de manhã é apenas centrada nos conteúdos e à tarde é mais lúdica, sem integração entre elas, então essa educação está fragmentada. O conceito de educação integral está perdido.

 A universidade também precisa estar preparada para dar respostas às demandas dessa proposta educacional na formação docente. Vitor Paro, da USP, resume a questão: "A educação integral se faz na sociedade, a criança não depende apenas do educador. Precisamos superar esse modelo de escola que já dura 300 anos"

 Sabendo-se, em função dos números apurados pela Campanha Nacional pelo Direito à Educação, que o custo/aluno/ano eleva-se em até 60% para a adoção da jornada estendida, vale mais a pena investir no aumento desse tipo de oferta ou na consolidação dos turnos existentes em bases mais aceitáveis, provendo infraestrutura física e humana para seu funcionamento. Se as duas coisas puderem ser feitas ao mesmo tempo, excelente. Caso não é preciso que se discutam prioridades.

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