ESCOLA DE
TEMPO INTEGRAL
Os governos Federal e Estadual propagam que a solução para
melhorar a qualidade do ensino público é a adoção das escolas integrais. Aumentar
o tempo de aula é apenas um requisito para a educação de qualidade. Você pode
fazer duas horas de aula e ter uma educação excelente e em oito horas e ter uma
educação porcaria.
“A razão da má escola não é a falta de tempo. A escola que
está aí não é ruim porque tem pouco tempo, ela é ruim porque tem um método
ultrapassado e não existe a preocupação de educar. Só existe a preocupação de
passar de ano. A nossa escola não é ruim hoje, ela sempre foi ruim, afirma o
professor titular da Faculdade de Educação da USP Vitor Paro”.
A Escola Integral pode beneficiar muito os pobres, desde que
haja um planejamento das atividades a serem realizadas e que as mesmas sejam
fiscalizadas para serem cumpridas.
Na
educação integral, o aluno precisa ter garantidas também as educações afetiva,
moral, esportiva. Não é só a educação cognitiva, mas de várias dimensões, a
média de horas de estudo nas escolas brasileiras públicas é hoje de quatro
horas - muito pouco para dar conta de todas essas dimensões.
A diferenciação
precisa ser feita para que não se confundida a educação integral com a educação
"em tempo integral", puramente a ampliação do tempo em que a criança
ou o adolescente permanece na escola. O que já é ruim seria apenas ruim por mais
tempo. "Dobrar o tempo dessa escola é criminoso, é sacrificar duas vezes a
criança".
A criança rica já tem
a sua educação integral, pois, além do tempo escolar é ocupada com outras
atividades como: ballet, aulas de línguas, aulas de reforço, esportes
especializados, informática e uma série de outras atividades que ocupam o tempo
ocioso delas e dos adolescentes.
“Por mais que pareça um
assunto contemporâneo, a concepção de escola integral ou educação integral
remonta à Antiguidade clássica, mais precisamente ao conceito de educação da
Grécia Antiga, que buscava uma formação do homem como um todo: estético, moral,
ético, metafísico, físico. De acordo com a pesquisadora Lígia Martha Coimbra da
Costa Coelho, em seu artigo "História(s) da Educação Integral", publicado
no periódico Em Aberto nº 80, "esse modo (dos gregos) de ver e perceber a
formação do homem corresponde à natureza do que denominamos de educação
integral: uma perspectiva que não hierarquiza experiências, saberes,
conhecimentos". Ainda em seu artigo, a pesquisadora aponta que a educação
integral só voltou a ser discutida de maneira mais organizada a partir do
século 18, à luz dos ideais da Revolução Francesa, e recebeu contribuições
teóricas e práticas ao longo dos dois séculos seguintes, com pensadores como o anarquista
Mikhail Bakunin, ou, no Brasil, Anísio Teixeira, passando pela ideia de
formação defendida pelos integralistas na década de 1930:
"espiritualidade, o nacionalismo cívico e a disciplina".
Muitos pais trabalham
e não podem deixar os filhos com a avó ou a empregada e então os deixam na
escola. De manhã é aula e à tarde vira um playground ou creche. Não é disso que estamos falando, aluno de
tempo integral é diferente de formação integral, onde o currículo deve ser
pensado relacionando as atividades, em que o professor de esportes, por
exemplo, vai trabalhar com o de matemática, por isso o projeto
político-pedagógico precisa dar conta de estabelecer muito bem essas relações
de atividades, assim como as relações entre os turnos. As atividades não podem
estar desconectadas do currículo.
Se
a atividade de manhã é apenas centrada nos conteúdos e à tarde é mais lúdica,
sem integração entre elas, então essa educação está fragmentada. O conceito de
educação integral está perdido.
A
universidade também precisa estar preparada para dar respostas às demandas dessa
proposta educacional na formação docente. Vitor Paro, da USP, resume a questão:
"A educação integral se faz na sociedade, a criança não depende apenas do
educador. Precisamos superar esse modelo de escola que já dura 300 anos"
Sabendo-se,
em função dos números apurados pela Campanha Nacional pelo Direito à Educação,
que o custo/aluno/ano eleva-se em até 60% para a adoção da jornada estendida,
vale mais a pena investir no aumento desse tipo de oferta ou na consolidação
dos turnos existentes em bases mais aceitáveis, provendo infraestrutura física e
humana para seu funcionamento. Se as duas coisas puderem ser feitas ao mesmo
tempo, excelente. Caso não é preciso que se discutam prioridades.
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