CASTIGOS QUE CADA UM MERECE
CONFORME OS SEUS ATOS
A Divina Comédia de Dante
Alighieri retrata com perfeição os diversos castigos que cada um de nós mereceríamos
se fossemos julgados por nossos pensamentos e ações enquanto estivéssemos vivos
ou mortos. Creio que os maiores merecedores desses castigos seriam os políticos
que não medem nenhum esforço para praticar os diversos condenados pecados capitais
do ser humano: mentira, injúria, usura, gula,
inveja, preguiça, ira, soberba, avareza
e outros originados desses.
Muitas
foram as interpretações que da “Divina
Comédia” se fizeram dizendo
que é um poema alegórico. Alguns comentadores puseram em maior evidência o seu
sentido moral e teológico; outros consideram o poema dantesco como uma obra de
inspiração política e ligada intimamente às vicissitudes pessoais do poeta.
Não
são, porém, as intenções alegóricas que consagram a imortalidade da “Comédia” dantesca, à qual os pósteros
atribuíram a qualificação de divina. A “Divina
Comédia” é, principalmente,
uma formidável obra de fantasia e de representação poética, talvez um dos
pontos limites que a inteligência humana pode alcançar.
Mudando
freqüentemente de cidade, servindo a vários senhores, viveu Dante os últimos
anos de sua vida. Morreu, com a idade de 56 anos, em Ravena a 14 de setembro de
1.321.
A obra poética de Dante se prende, na sua máxima parte, ao seu
amor puramente espiritual por Beatriz de Folco Portinari. Dante conheceu
Beatriz, quando ele tinha nove anos e Beatriz oito. Tornou a vê-la depois de
nove anos, e, mais tarde, outras poucas vezes, pois Beatriz casou-se, e morreu
em 1290. Embora, também, Dante se casasse em 1291 com Gemma Donati e com ela
tivesse vários filhos, o amor por Beatriz constantemente inspirou a sua poesia.
A maior parte das canções, dos sonetos e das baladas que constituem o “Canzoniere“ são dedicados à sua amada; a Vida Nova é uma história dos seus amores com
Beatriz; a Divina Comédia, o sublime poema que talvez a
humanidade nunca verá superado, prende-se também ao seu amor por Beatriz, bem
como ao desejo de vingar-se de seus inimigos e de expor as suas ideias
políticas.
Faremos um resumo de cada
canto dessa Comédia.
A DIVINA
COMÉDIA
COMÉDIA
Dante Alighieri
Dante, perdido numa selva escura, erra
nela toda a noite. Saindo ao amanhecer, começa a subir por uma colina, quando
lhe atravessam a passagem uma pantera, um leão e uma loba, que o repelem para a
selva. Aparece-lhe então a imagem de Virgílio, que o reanima e se oferece a
tirá-lo de lá, fazendo-o passar pelo Inferno e pelo Purgatório. Beatriz,
depois, o guiará ao Paraíso. Dante o segue.
CANTO II
Depois da invocação às Musas, Dante, considerando a sua fraqueza,
duvida de aventurar-se na viagem. Dizendo-lhe, porém, Virgílio, que era Beatriz
quem o mandava, e que havia quem se interessava pela sua salvação, determina-se
segui-lo e entra com o seu guia no difícil caminho.
CANTO III
Chegam os Poetas à porta do Inferno, na qual estão escritas
terríveis palavras. Entram e no vestibulo encontram as almas dos ignavos, que
não foram fiéis a Deus, nem rebeldes. Seguindo o caminho, chegam ao Aqueronte,
onde está o barqueiro infernal, Caron, que passa as almas dos danados à outra
margem, para o suplício. Treme a terra, lampeja uma luz e Dante cai sem
sentidos.
CANTO IV
Dante é despertado por um trovão e acha-se na orla do primeiro
círculo. Entra depois no Limbo, onde estão os que não foram batizados, crianças
e adultos. Mais adiante, num recinto luminoso, vê os sábios da antigüidade,
que, embora não cristãos, viveram virtuosamente. Os dois poetas descem depois
ao segundo círculo.
CANTO V
No ingresso do segundo circulo está Minos, que julga as almas e
designa-lhes a pena. No repleno desse círculo estão os luxuriosos, que são
continuamente arrebatados e atormentados por um horrível turbilhão. Aqui Dante
encontra Francesca de Rimini, que lhe narra a história do seu amor infeliz.
CANTO VI
No terceiro círculo estão os gulosos, cuja pena consiste em
ficarem prostrados debaixo de uma forte chuva de granizo, água e neve, e ser
dilacerados pelas unhas e dentes de Cérbero. Entre os condenados Dante encontra
Ciacco, florentino, que fala com Dante acerca das discórdias da pátria comum.
CANTO VII
Pluto, que está de guarda à entrada do quarto círculo, tenta
amedrontar a Dante com palavras irosas. Mas Virgílio o faz calar-se, e conduz o
discípulo a ver a pena dos pródigos e dos avarentos, que são condenados a rolar
com os peitos grandes pesos e trocarem-se injúrias. Os Poetas discorrem sobre a
Fortuna, e, depois, descem ao quinto círculo e vão margeando o Estiges, onde
estão mergulhados os irascíveis e os acidiosos.
CANTO VIII
Flégias corre com a sua barca para os dois Poetas serem
conduzidos, passando à lagoa, à cidade de Dite. No trajeto encontram a Filipe
Argenti, florentino, que discute com Dante. Chegando às portas de Dite, os
demônios não o querem deixar entrar. Virgílio, porém, diz a Dante que não lhe
falte a coragem, pois vencerão a prova e que não há de estar longe quem os
socorra.
CANTO IX
Dante pergunta a Virgílio se havia já percorrido outra vez o
Inferno. Virgílio responde que já percorreu todo o Inferno e narra como e
quando. Na torre de Dite se apresentam, no entanto, as três Fúrias e depois
Medusa, que ameaçam a Dante. Virgílio, porém, o defende. Chega um anjo do Céu
que abre aos Poetas as portas da cidade rebelde.
CANTO X
Caminhando os Poetas entre as arcadas, onde estão penando as almas
dos heresiarcas, Dante manifesta a Virgílio o desejo de ver a gente nelas
sepultada e de falar a alguém. Nisto ouve uma voz chamá-lo. É Farinata degli
Uberti. Enquanto o Poeta conversa com ele é interrompido por Cavalcante
Cavalcanti, que lhe indaga por seu filho Guido. Continua Dante o começado
discurso com Farinata, que lhe prediz obscuramente o exílio.
CANTO XI
Os Poetas chegam à beira do sétimo círculo. Sufocados pelo mau
cheiro que se levanta daquele báratro, param atrás do sepulcro do papa
Anastácio. Virgílio explica a Dante a configuração dos círculos infernais. O
primeiro, que é o sétimo, é o círculo dos violentos. Como a violência pode
dar-se contra o próximo, contra si próprio e contra Deus, o círculo é dividido
em três compartimentos, cada um dos quais contém uma espécie de violentos. O
segundo círculo, que é o oitavo, é o dos fraudulentos e se compõe de dez
círculos concêntricos. O terceiro, que é o nono, se divide em quatro
compartimentos concêntricos. Fala-lhe também acerca dos incontinentes e dos
usurários. Movem-se depois para o lugar de onde se desce para o precipício.
CANTO XII
O Minotauro está de guarda ao sétimo círculo. Vencida a ira dele,
chegam os Poetas ao vale, em cujo primeiro compartimento vêem um rio de sangue
fervendo, no qual são punidos os que praticaram violências contra a vida ou as
coisas do próximo. Uma esquadra de Centauros anda em volta do paul vigiando os
condenados, frechando-os se tentam sair do rio de sangue. Alguns desses
Centauros pretendem deter os Poetas, porém Virgílio os domina, conseguindo que
um deles os escolte e transporte na garupa a Dante. Na passagem o Centauro, que
é Nesso, fala a respeito dos danados que sofrem a pena no rio de sangue.
CANTO XIII
Os dois Poetas entram no segundo compartimento, onde são punidos
os violentos contra si mesmos e os dilapidadores dos próprios bens. Os
primeiros são transformados em árvores, cujas negras folhas as Hárpias
dilaceram; os outros são perseguidos por cães famintos que os despedaçam. Dante
encontra Pedro des Vignes, de quem ouve os motivos pelos quais se suicidou e as
leis divinas em relação aos suicidas. Vê depois o senense Lano e o paduano
Jacob de Sant’Andréa. Ouve, enfim, de um suicida florentino, qual é a causa dos
males da sua pátria.
CANTO XIV
O terceiro compartimento no qual agora chegam os Poetas é um campo
de areia ardente, devastado por grandes chamas de fogo. Aí estão os violentos
contra Deus, contra a natureza e contra a arte. Entre os primeiros está
Capaneo, que desafia a Deus. Seguindo, Dante e Virgílio chegam a um regato
sangüíneo. Deste e dos outros rios do Inferno Virgílio narra a origem
misteriosa.
CANTO XV
Prosseguindo os Poetas, encontram um grupo de violentos contra a
natureza. Entre estes está Brunetto Latini, que reconhece o discípulo e lhe
pede para aproximar-se dele, a fim de conversarem. Falam de Florença e das
desventuras reservadas a Dante. Brunetto dá ao Poeta ligeiras notícias a
respeito das almas que estão danadas com ele e foge para reunir-se a elas.
CANTO XVI
Perto do limite do terceiro compartimento do sétimo círculo os
Poetas encontram outro bando de almas de sodomitas, no qual se destacam três
ilustres compatriotas de Dante. Reconhecendo-o, falam da decadência das virtudes
políticas e civis de Florença. Chegam, depois à orla de outro precipício, onde
a um sinal de Virgílio, sobe, voando pelos ares, uma figura estranhíssima.
CANTO XVII
Enquanto Virgílio fala com Gerion, para convencer essa horrível
fera a levá-los ao fundo do abismo, Dante se aproxima das almas dos violentos
contra a arte. Dante reconhece alguns deles. A cada um pende do peito uma bolsa
na qual são desenhadas as armas da sua família. Volta depois o Poeta para o
lugar onde está Virgílio, que assentado já sobre o dorso de Gerion, põe-no
diante de si, e assim descem ao oitavo círculo.
CANTO XVIII
Encontram-se os Poetas no oitavo círculo, chamado Malebolge, o
qual é dividido em dez compartimentos concêntricos. Em cada um deles é punida
uma espécie de pecadores, condenados por malícia ou fraude. No primeiro
compartimento são punidos com açoites pela mão de demônios os alcoviteiros; e
entre eles Dante reconhece Venedico Caccianemico e Jasão. No segundo jazem em
esterco os aduladores e as mulheres lisonjeiras, entre outros, Alessio
Interminelli, de Lucca e Taís.
CANTO XIX
No terceiro compartimento, onde os Poetas chegam, são punidos os
simoníacos. Estão eles, de cabeça para dentro, metidos em furos feitos no fundo
e nas encostas do compartimento. As plantas dos pés, que estão fora dos
buracos, são queimadas por chamas. Dante quer saber quem era um danado que mais
do que os outros agitava os pés. É o papa Nicolau III da Casa Orsini, o qual
diz que estava à espera de ser rendido por outros papas simoníacos. O Poeta,
indignado, rompe numa veemente invectiva contra a avareza e os escândalos dos
papas romanos. Virgílio, depois, o leva novamente para a ponte.
CANTO XX
No quarto compartimento são punidos os impostores que se dedicaram
à arte divinatória. Eles têm o rosto e o pescoço voltados para as costas, pelo
que são obrigados a caminhar ao reverso. Virgílio mostra a Dante alguns entre
os mais famosos, entre os quais a tebana Manto, da qual se origina Mântua,
cidade natal de Virgílio.
CANTO XXI
No quinto
compartimento são punidos os trapaceiros que negociaram os cargos públicos ou
roubaram aos seus amos. Eles estão mergulhados em piche fervendo. Os dois Poetas presenciam
a tortura de um trapaceiro luquense por obra de um demônio. Virgílio domina os
demônios que queriam avançar contra eles. Virgílio e Dante, escoltados por um
bando de demônios, tomam o caminho ao longo do aterro.
CANTO XXII
Andando os dois Poetas pelo aterro à esquerda, vêem muitos
trapaceiros, que, por aliviar-se, boiam acima do piche fervendo. Sobrevêem os
diabos e um deles é lacerado. É este Ciampolo, de Navarra, que consegue,
depois, livrar-se das garras dos diabos, o que dá motivo a uma briga entre os
demônios.
CANTO XXIII
Prosseguem os dois Poetas o seu caminho, descartando-se dos
diabos. Vendo-os, porém, voltar novamente, Virgílio abraça-se com Dante e
deixam-se resvalar pelo declive do precipício. Encontram os hipócritas vestidos
de pesadas capas de chumbo dourado. Falam com dois frades, Catalano e Loderigo,
bolonheses. Um dos frades, inquirido por Vigílio, indica-lhe o modo de subir ao
sétimo compartimento.
CANTO XXIV
Encaminham-se os Poetas pelo rochedo e chegam ao sétimo compartimento
no qual estão os ladrões, os quais, picados por serpentes horríveis,
inflamam-se e, depois, ressurgem das cinzas. Entre eles Dante reconhece Vanni
Fucci, o qual por desafogar o despeito de ser colhido em tal vergonha e
miséria, prediz-lhe a derrota dos Brancos.
CANTO XXV
Vanni Fucci depois das negras predições desafia a Deus, pelo que o
centauro Caco, todo coberto de serpentes, lhe corre atrás. Dante reconhece entre os danados alguns florentinos que, em Florença,
desempenharam funções importantes, aproveitando-se dos dinheiros públicos e
descreve suas transformações de homens em serpentes e vice-versa.
CANTO XXVI
Chegando os Poetas ao oitavo compartimento, distinguem infinitas
chamas, dentro das quais são punidos os maus conselheiros. Numa chama bipartida
estão Diômedes e Ulisses. Este último, a pedido de Dante, narra a sua última
navegação, na qual perdeu a vida com os seus companheiros.
CANTO XXVII
Outro danado, entra a falar com Dante. É Guido de Montefeltro, o
qual pede notícias da Romanha sua terra natal. Conta, depois, que foi condenado
por causa de um mau conselho que, fiado na prévia absolvição, dera ao papa
Bonifácio VIII.
CANTO XXVIII
No nono compartimento os Poetas encontram os semeadores de cismas
e escândalos civis e religiosos. Dante vê Maomé, que o encarrega de uma
embaixada para o herege rei Dolcino; fala também com outros danados.
CANTO XXIX
Chegando ao décimo compartimento, os Poetas ouvem os lamentações
dos falsários, que aí são punidos com úlceras fétidas e enfermidades
nauseantes. Em primeiro lugar estão os alquimistas, entre os quais Griffolino e
Capocchio.
CANTO XXX
No décimo compartimento são punidos outras espécies de falsários.
Os falsificadores de moedas, tornados hidrópicos, são constantemente
atormentados por furiosa sede; entre eles está mestre Adão de Brescia, o qual
narra que, à instigação dos condes Guidi, falsificou o florim de Florença. Os
que falaram falsamente são perseguidos por febre ardentíssima. O canto termina
com uma altercação entre mestre Adão e o grego Sinon. Virgílio repreende Dante
pois este pára, escutando as injúrias que os dois trocam entre si.
CANTO XXXI
Dando as costas ao oitavo círculo, caminham os Poetas para o
centro, onde se abre o poço pelo qual se desce ao nono. Em torno do poço estão
os gigantes rebeldes, cujas figuras horrendas Dante descreve. Um deles, Anteu,
a pedido de Virgílio, toma nos braços os dois poetas e suavemente os depõe
sobre a orla do último reduto internal.
CANTO XXXII
Os dois Poetas se encontram no círculo, em cujo pavimento de
duríssimo gelo estão presos os traidores. O círculo é dividido em quatro
partes; na Caina, de Caim, que matou o irmão, estão os traidores do próprio
sangue; na Antenora, de Antenor, troiano que ajudou os Gregos a conquistar
Tróia, os traidores da pátria e do próprio partido; na Ptoloméia, de Ptolomeu,
que traiu Pompeu, os traidores dos amigos; na Judeca, de Judas, traidor de
Jesus, os traidores dos benfeitores e dos seus senhores. Dante fala com vários
danados, enquanto atravessam o gelo procedendo para o centro.
CANTO XXXIII
O conde Ugolino della Gherardesca conta a Dante a sua trágica
morte na torre dos Gualandi. Na Ptoloméia o Poeta encontra o frade Alberico de
Manfredi, o qual lhe explica que a alma dos traidores cai no Inferno logo
depois de consumada a traição e que um diabo toma conta do corpo até chegar o
tempo do seu fim no mundo.
CANTO XXXIV
Na Judeca estão os traidores dos seus senhores e benfeitores. No
meio está Lúcifer, que com três bocas dilacera três entre os mais horrendos
pecadores: de um lado Judas, do outro Bruto e Cássio, que mataram a Júlio
César. Virgílio, ao qual Dante se agarra, desce pelas costas peludas de Lúcifer
até o centro da terra. Dai seguindo o murmúrio de um regato, saem e avistam as
estrelas no outro hemisfério.
—PURGATÓRIO—
Saindo do Inferno, Dante respira
novamente o ar puro e vê fulgentíssimas estrelas. Encontra-se na ilha do
Purgatório.O guardião da ilha, Catão Uticense, pergunta aos dois Poetas qual é
o motivo da sua jornada. Ele os instrui, depois, relativamente ao que devem
fazer, antes de iniciar a subida do monte.
CANTO II
Estão os Poetas ainda na praia, incertos em relação ao caminho,
quando chega uma barca, guiada por um Anjo, da qual saem almas destinadas ao
Purgatório. Uma delas, o músico Casella, amigo de Dante, a convite do Poeta,
começa a cantar uma sua canção. Os dois Poetas e as almas ficam a ouvir o canto
harmonioso. Sobrevém. porém, o severo Catão, que as repreende, e as almas fogem
para o monte.
CANTO III
Os dois Poetas se aprestam a subir o monte. Enquanto estão
procurando o lugar onde a subida seja mais fácil, vêem um grupo de almas que
lhes vêm ao encontro. Perguntam a elas onde seja a subida. Uma das almas se dá
a conhecer a Dante. É Manfredo, rei de Nápoles e da Sicília. Ele narra como
morreu, pedindo a Deus, na hora extrema. Estão juntas com ele, as almas dos que
foram inimigos da Santa Igreja.
CANTO IV
Seguindo os conselhos recebidos, os Poetas, através de um caminho
apertado e difícil, sobem ao primeiro salto. Virgílio explica a Dante que,
encontrando-se em hemisfério antípoda àquela terra, o Sol gira em direção
contrária. Vendo muitas almas recolhidas à sombra de um rochedo, e
aproximando-se a elas, Dante reconhece o seu amigo Belacqua. Ai estão os
espíritos preguiçosos dos que esperaram para arrepender-se o termo da vida.
CANTO V
Prosseguindo os dois Poetas a sua viagem, encontram uma multidão
de almas que se aproximam deles, depois de ter percebido que Dante é vivo. São
espíritos de pessoas que saíram da vida por morte violenta, mas no fim se
arrependeram e perdoaram a seus inimigos.
CANTO VI
Dante promete às almas que a eles se recomendaram que não se
esquecerá delas quando voltar ao mundo dos vivos. Os dois Poetas encontram o
poeta Sordello, o qual, ao ouvir o nome da sua pátria, Mântua, abraça o
mantuano Virgílio. Esse espisódio move Dante a uma violenta invectiva contra as
divisões e as guerras internas que devastam a Itália.
CANTO VII
Sordello, ao saber que aquele que abraçou é Virgílio, lhe faz
novas e ainda maiores demonstrações de afeto. O Sol está próximo ao ocaso e ao
Purgatório não se pode subir à noite. Guiados por Sordello, os dois Poetas
param num vale, onde residem os espíritos de personagens que no mundo
desfrutaram de grande consideração e que somente no fim da vida elevaram o seu
pensamento a Deus.
CANTO VIII
No começo da noite dois anjos descem do Céu para expelir a serpe
maligna que quer entrar no vale. Entre as sombras que se aproximam dos Poetas,
Dante reconhece Nino Visconti, de Pisa. Conrado Malaspina pede a Dante notícias
de Lunigiana, sua pátria; Dante responde elogiando a sua família.
CANTO IX
Ao despontar do novo dia Dante adormece e, no sono é transportado por
Luzia até a Porta do Purgatório. Aproximam-se da entrada e aqui um anjo
abre-lhes a porta, depois de ter gravado na testa de Dante sete PP.
CANTO X
Os dois Poetas sobem ao primeiro compartimento do Purgatório, cuja
escarpa é de mármore, no qual estão esculpidos vários episódios de humildade.
Eles os observam e no entanto vêem em sua direção várias almas curvadas sob o
peso de grandes pedras. São as almas dos que no mundo foram soberbos.
CANTO XI
Virgílio pergunta às almas que purgam o pecado da soberbia qual é
o caminho para subir ao segundo compartimento, e uma delas dá a indicação
requerida. Umberto Aldobrandeschi dá-se a conhecer e fala com Dante, que,
depois, reconhece Oderisi de Gubbio, pintor e gravador. Oderisi dá-lhe notícia
de Provenzano Salvani, que está junto com eles.
CANTO XII
Os dois Poetas continuam a viagem. No pavimento do círculo estão
pintados vários exemplos de soberbia castigada. Um anjo vem junto dos Poetas e
os guia até a escada que sobe ao compartimento sucessivo. Com a asa, depois,
apaga da testa de Dante um dos PP.
CANTO XIII
Chegam os Poetas ao segundo compartimento, no qual estão os
pecadores que expiam o pecado da inveja. Os invejosos têm os olhos cosidos com
fio de arame. Entre eles está Sápia, senhora de Siena, com a qual Dante fala.
CANTO XIV
Dante conversa com outras almas de invejosos. Respondendo o Poeta
a uma pergunta de Rinieri de Calboli, intervém Guido del Duca, imprecando
contra as cidades de Toscana e lamentando, depois, a degeneração das famílias
nobres de Romanha. Os Poetas ouvem vozes que lembram episódios nos quais o
pecado da inveja foi castigado.
CANTO XV
Caindo a noite, os dois Poetas chegam ao terceiro compartimento.
Aí Dante, em êxtase, vê exemplos de mansuetude e misericórdia. Voltando a si,
encontra-se imerso num fumo que obscurece o ar e impede a visão.
CANTO XVI
Sempre ao lado de Virgílio, Dante continua a viagem. Denso fumo
envolve os iracundos. Entre eles está Marco Lombardo, o qual lamenta os tempos,
que eram bons e agora ficaram maus. Dante pergunta de que depende essa mutação,
e Marco responde que a corrupção dos tempos novos procede do mau governo do
mundo e especialmente da confusão entre o poder espiritual e o poder temporal.
CANTO XVII
Saindo do denso fumo, Dante, novamente em êxtase, vê exemplos de
ira punida. Tornando a si, vê um anjo que está perto da escada do quarto
compartimento. Os dois Poetas continuam a subir. Sobrevindo, porém, a noite,
param e Virgílio explica ao discípulo
que o amor é o princípio de todas as virtudes e de todos os vícios.
CANTO XVIII
Virgílio continua a falar sobre o amor. No entanto as almas dos
preguiçosos vão passando diante dos Poetas, lembrando exemplos da virtude
contrária à preguiça, e, depois, de punição da preguiça. Uma das almas dá-se a
conhecer a Dante. É o abade de S. Zeno, em Verona. Dante cai em profundo sono.
CANTO XIX
No sono, Dante tem uma visão misteriosa. Acordando, conta-a a
Virgílio, o qual a explica. Sobem, depois, os Poetas ao quinto compartimento,
no qual se purificam os avarentos, debruçados no chão. Entre eles está o papa
Adriano V, Ottobuono de Fieschi, que lhe pede que a recomende à sua sobrinha
Alagia.
CANTO XX
Os dois poetas ouvem uma alma recordar exemplos de pobreza honesta
e da generosidade benfazeja. É Hugo Capeto, fundador da casa dos reis da
França, o qual censura asperamente os seus descendentes. Ouve-se, no entanto,
tremer o monte e cantar “Gloria in excelsis Deo.”
CANTO XXI
Enquanto os dois Poetas continuam no seu caminho, uma alma se
aproxima deles. É o poeta latino Estácio, o qual explica que o abalo do monte
que se deu pouco antes foi o sinal de que, purificado dos seus pecados, ele
pode subir ao Céu. Sabendo que está falando com Virgílio, Estácio demonstra-lhe
o seu afeto.
CANTO XXII
Subindo ao sexto compartimento, Estácio diz a Virgílio que, não
pelo pecado da avareza, mas pela sua prodigalidade, teve de ficar muito tempo
no quinto compartimento; e, por não ter declarado publicamente a sua conversão
ao cristianismo, precisou ficar muito tempo no quarto compartimento. Virgílio o
informa a respeito de muitos ilustres personagens da antigüidade que estão no
Limbo. Chegando os Poetas no sexto compartimento, encontram uma árvore cheia de
pomos perfumados, da qual saem vozes que louvam a virtude da temperança.
CANTO XXIII
No sexto compartimento estão as almas dos gulosos. Elas são
atormentadas pela fome e pela sede; Dante descreve a sua horrível magreza. O
Poeta reconhece o seu parente Forense Donati, o qual louva a sua viúva, Nella,
e repreende a impudicícia das mulheres florentinas.
CANTO XXIV
Forese mostra a Dante outras almas de gulosos, entre as quais a de
Bonagiunta de Lucca, que prediz ao Poeta que se enamorará de uma mulher da sua
cidade, e lhe louva o estilo da poesia. Procedendo, os Poetas encontram outra
árvore e ouvem outros exemplos de intemperança castigada.
CANTO XXV
Subindo por estreita senda, do sexto ao sétimo e último
compartimento, Dante pergunta a Virgílio como podem emagrecer as almas, que não
precisam de alimento. Respondem-lhe Virgílio, antes, e depois Estácio. Este
fala da geração do corpo do homem, da alma que nele Deus infunde, e da maneira
de existência depois da morte. O compartimento no qual acabam de chegar está
cheio de flamas, nas quais estão se purificando as almas dos luxuriosos.
CANTO XXVI
Entre os luxuriosos e os que pecaram contra a natureza Dante
encontra o poeta Guido Guinicelli, ao qual exprime a sua profunda admiração.
Guido lhe aponta o poeta provençal Arnaud Daniel, que o saúda em versos
provençais.
CANTO XXVII
Para chegar à escada que do sétimo e último compartimento leva ao
cimo do monte, Dante é obrigado por um Anjo a atravessar as flamas. Pouco
depois de ter começado a subir, o ar escurece e sobrevém a noite. Param e
Dante, cansado, adormece. Despertado pela madrugada, os Poetas recomeçam a
subir, chegando ao Paraíso Terrestre.
CANTO XXVIII
O Poeta descreve a beleza do Paraíso Terrestre. Chegam Dante,
Virgílio e Estácio perto de um rio que os impede de prosseguir. Do outro lado
do rio aparece uma mulher de maravilhosa beleza que discorre a respeito da
condição do lugar, resolvendo as dúvidas que Dante lhe propõe.
CANTO XXIX
Da floresta aparece um súbito esplendor. Dante vê avançar uma
procissão de espíritos bem-aventurados em cândidas vestes, e, no fim da
procissão, um carro tirado por um grifo. Ouve-se um trovão e o carro e o grifo
param.
CANTO XXX
Acolhida festivamente pelos anjos e pelos bem-aventurados, desce
do Céu, Beatriz (a divina sabedoria) e pousa no carro. Nisto Virgílio (a humana
sabedoria) desaparece. Ela dirige-se a Dante e lhe exprobra os seus desvios.
Dante chora; e os anjos se compadecem dele. Beatriz, dirigindo-se a eles, expõe
mais particularmente quais foram as suas faltas depois da sua morte.
CANTO XXXI
Beatriz continua repreendendo a Dante, o qual confessa os seus
pecados. Matilde o mergulha, então, no rio Letes. Depois as sete damas que
participavam da procissão (as quatro virtudes cardiais e as três virtudes
teologais) o levam até Beatriz, pedindo a ela que se desvele diante do seu
fiel. Beatriz tira o véu.
CANTO XXXII
Dante olha com amor a Beatriz. No entanto o carro, seguido pela
procissão dos bem-aventurados, se move em direção a um árvore elevadíssima e
despida de folhagem. O grifo ata o carro à árvore e esta logo cobre-se de
flores. O Poeta adormece. Ao despertar vê Beatriz, rodeada das sete damas,
sentada ao pé da árvore. Acontecem, depois, no carro fatos maravilhosos que
causam ao Poeta surpresa e medo.
CANTO XXXIII
Beatriz anuncia, com linguagem misteriosa, que brevemente
aparecerá quem libertará a Igreja e a Itália da servidão e da corrupção.
Impõe-lhe que escreva o que viu. Pede, depois, a Matilde que o mergulhe nas
águas do rio Eunoé. Dante, depois da imersão, sente-se mais forte e disposto a
subir às estrelas.
PARAÍSO—
Invocando Apolo, o Poeta conta como do Paraíso
Terrestre ele e Beatriz se alçaram ao Céu, atravessando a esfera do fogo.
Beatriz explica-lhe como possa vencer o próprio peso e subir. É atraído pelo
invencível amor.
Seguindo as teorias de Ptolomeu, Dante põe
a terra imóvel no centro do Universo e, em redor dela, em órbitas concêntricas,
os céus da Lua, de Mercúrio, de Vênus, do Sol, de Marte, de Júpiter, de
Saturno, a oitava esfera, que é a das estrelas fixas, a nona, ou primeiro
móvel, e finalmente o Empíreo, que é imóvel. Transportado pela força que faz
rodar os céus e pela luz sempre crescente de Beatriz, Dante eleva-se de um céu
para outro, e em cada um deles aparecem-lhe os espíritos bem-aventurados que,
quando vivos, possuíram a virtude própria do respectivo planeta.
CANTO II
Sobem à lua. Exortação aos leitores. Dante pergunta a Beatriz se
as manchas da lua dependem da maior ou menor densidade do astro. Beatriz
confuta o erro. Todos os astros são iluminados pela virtude que do primeiro
móvel se difunde aos céus sotopostos. Na lua a virtude é menor que nos outros
céus.
CANTO III
Na lua estão as almas daqueles que não cumpriram plenamente seus
votos religiosos. Aparece ao Poeta a alma de Picarda Donati, que resolve uma
sua dúvida sobre o contentamento dos espíritos bem-aventurados. Narra-lhe como
foi violentamente tirada do mosteiro. Indica-lhe a alma da imperatriz
Constança.
CANTO IV
Duas dúvidas agitam o espírito do Poeta. A primeira é relativa à
doutrina platônica, segundo a qual todas as almas voltam para as estrelas donde
saíram. A outra, se a violência tolhe a liberdade, como pode ser justo que as
almas forçadas a romper os votos tenham desconto de glória? Beatriz responde à
primeira dúvida restringindo o sentido da doutrina platônica. Relativamente à
segunda diz que aquelas almas não consentiram no mal, mas não o repararam,
voltando ao claustro, quando tiveram possibilidade de fazê-lo.
CANTO V
Continuando no discurso do canto anterior, Beatriz explica a Dante
que o voto é um pacto entre o homem e Deus. Pode mudar-se a matéria do voto,
mas deve ser substituída com oferecimentos de maior mérito. Beatriz lamenta a
leviandade dos cristãos.
Beatriz e Dante voam depois para a esfera de Mercúrio, onde estão
as almas dos homens que viveram uma vida digna, adquirindo fama no mundo. Um
espírito fala ao Poeta.
CANTO VI
A alma do imperador Justiniano fala ao Poeta. Narra-lhe a história
do Império, de Enéias a César, a Tibério, a Tito, a Carlos Magno, para
mostrar-lhe a santidade da autoridade imperial. Diz-lhe que no Céu de Mercúrio
estão os espíritos daqueles que se esforçaram para conseguir fama imortal.
Discorre-lhe acerca de Romeu, que administrou a corte de Raimundo Beranguer,
conde de Provença.
CANTO VII
Desaparecem os bem-aventurados cantando. Beatriz explica como a
crucificação de Cristo restituiu ao homem a dignidade perdida, a liberdade que
lhe foi conferida por Deus. Os anjos e os homens por sua natureza são livres e
imortais. O homem porém, pecando, abusou da sua liberdade, e deformou a imagem
de Deus que tinha em si. Não podia reparar a falta por si mesmo, pois não podia
humilhar-se tanto quanto Adão, em seu orgulho, quis subir. A Deus convinha ou
perdoar ou punir. Na sua sabedoria infinita, Deus perdoou e puniu no mesmo
tempo. Puniu a humanidade em Jesus Cristo e nele a fez novamente livre.
CANTO VIII
Dante e Beatriz elevam-se à estrela de Vênus, onde estão os
espíritos daqueles que outrora foram propensos às paixões amorosas. Encontro
com Carlos Martelo, o qual referindo-se à índole mesquinha de seu irmão
Roberto, explica-lhe como se dá que de um bom pai possa nascer um filho mau e,
enfim, quanto providencial é a Natureza nos seus decretos e quão vaidosos são
os homens que não lhe seguem as indicações.
CANTO IX
Depois de Carlos Martelo, fala a Dante, Cunizza de Romano, irmã do
tirano Ezzelino. Prediz-lhe iminentes desventuras na Marca de Treviso e de
Pádua, e uma negra traição do bispo de Feltre. Folco de Marselha manifesta-se a
Dante e lhe indica a alma resplendecente de Raab, que favoreceu os hebreus na
conquista da Terra Santa. Invectiva contra Florença e contra a Cúria Romana.
CANTO X
Depois de admirar a infinita sabedoria de Deus na criação do
Universo, narra o Poeta como sem aperceber-se achou-se elevado ao Sol, em que
estão as almas dos doutos na teologia. Doze espíritos mais reluzentes o
circundam e um deles, S. Tomás de Aquino, revela o nome dos seus companheiros.
CANTO XI
Dante elogia a vida contemplativa. — As palavras
proferidas no canto anterior por S. Tomás criam duas dúvidas no ânimo do poeta.
O santo, tratando de resolver a primeira, esboça a vida de S. Francisco de
Assis.
CANTO XII
Acabando S. Tomás de falar, ajunta-se à primeira coroa de doze
espíritos resplendentes, mais uma coroa de igual número de espíritos. Um
destes, S. Boaventura, franciscano, tece louvores a S. Domingos. Depois dá
notícia acerca dos seus companheiros.
CANTO XIII
O Poeta descreve a dança das duas coroas de espíritos celestes. S.
Tomás resolve a segunda dúvida de Dante. Adão e Jesus Cristo são seres
perfeitíssimos, por serem obra imediata de Deus. Mas ele não pode ser comparado
nem a Adão nem a Jesus Cristo. Conclui o Santo advertindo do perigo dos juízos
precipitados, e de quanto é sujeito a enganar-se quem julga das coisas pelas
aparências.
CANTO XIV
Beatriz pergunta a um espírito celeste, em nome de Dante, se
depois da ressurreição dos corpos permanecerá a luz que emana de suas almas e
se essa luz não prejudicará a sua vista. O espírito responde que, depois da
ressurreição, a vista dos espíritos aumentará. Aparecem novos espíritos. Sem
perceber, Dante encontra-se no planeta Marte, onde estão aqueles que defenderam
com as armas a religião cristã. Aí o aspecto do céu vence toda beleza passada,
porque quanto mais se sobe, mais cresce o esplendor dos céus.
CANTO XV
As almas dos combatentes pela fé em Cristo estão dispostas em
forma de cruz, vexilo de martírio e de vitória. Do lado direito dessa cruz
move-se um espírito e com paternal afeto saúda a Dante. É Cacciaguida, seu
trisavô. Descreve ele a inocência dos costumes do seu tempo e lembra como
morreu combatendo pelo sepulcro de Cristo, na segunda cruzada.
CANTO XVI
O poeta orgulha-se pela nobreza da sua família. Cacciaguida
continua falando a respeito da própria família e da antiga Florença. Deplora a
chegada em Florença de cidadãos de outras terras. Lembra as maiores famílias da
cidade, muitas das quais, no tempo de Dante, eram empobrecidas ou maculadas de
infâmia.
CANTO XVII
Dante pede a Cacciaguida que lhe declare qual sorte lhe está
reservada. Este prediz-lhe o exílio, a perseguição pelos inimigos e o seu
refúgio na corte dos Scaligeros, Exorta-o a falar do que viu e ouviu na sua
viagem, sem receio de ofender ninguém.
CANTO XVIII
Beatriz conforta o Poeta. Cacciaguida mostra-lhe outros espíritos
que combateram pela fé cristã. Sobem depois a Júpiter, ande estão as almas dos
príncipes que governaram com justiça. Os espíritos se dispõem de maneira a
desenhar palavras de conselho aos que governam; por último se compõem na forma
de uma águia.
CANTO XIX
Dante fala à Águia externando uma sua antiga dúvida se alguém
possa salvar-se não tendo conhecimento da lei de Cristo. Respondendo, a Águia
aproveita a ocasião para repreender os malvados reis cristãos do seu tempo que
nunca obterão a graça de Deus.
CANTO XX
A Águia louva alguns reis antigos que foram justos e virtuosos.
Depois solve a Dante uma dúvida, como possam estar no Céu alguns espíritos que,
na sua opinião, quando em vida não tinham tido fé cristã.
CANTO XXI
Dante sobe do céu de Júpiter ao de Saturno, no qual encontra as
almas dos que se dedicaram na vida à celeste contemplação, onde vê uma escada altíssima
pela qual vai subindo e descendo uma multidão de almas resplendentes. S. Pedro
Damião vai ao encontro do poeta e lhe fala do dogma da predestinação.
CANTO XXII
Outros espíritos bem-aventurados aproximam-se do Poeta, entre eles
S. Bento, o qual lhe indica alguns dos seus santos companheiros; depois lamenta
profundamente a corrupção da ordem por ele fundada. Sobe daí o Poeta à oitava
esfera que é a das Estrelas Fixas.
CANTO XXIII
Descem Cristo e Maria no meio de anjos e de almas bem-aventuradas.
Cristo, porém, logo desaparece; e o arcanjo Gabriel, em forma de chama, coroa a
Maria. Depois, Maria sobe no Empíreo reunindo-se ao seu divino filho.
CANTO XXIV
Beatriz roga aos santos que iluminem o intelecto de Dante. Eles
manifestaram o seu assentimento. O mais luminoso entre os santos, S. Pedro,
aproxima-se mais do Poeta, o interroga sobre a Fé. O apóstolo aprova
inteiramente as respostas de Dante o abençoa, cingindo-o três vezes com o seu
esplendor.
CANTO XXV
S. Tiago examina o Poeta sobre a Esperança, perguntando em que ela
consiste, se ele a possui, de onde veio nele. À segunda pergunta responde Beatriz;
às outras duas responde Dante. Aproxima-se S. João Evangelista, e diz a Dante
que o seu corpo, apesar da comum opinião, morrendo, ficara na Terra.
CANTO XXVI
O apóstolo S. João
interroga Dante a respeito da terceira virtude teologal, a Caridade. Responde Dante e
os seus conceitos são aplaudidos por toda a corte celeste. Beatriz reaviva no
Poeta a vista que estava ofuscada. Aproxima-se Adão que lhe fala e esclarece
alguns pontos duvidosos de Dante.
CANTO XXVII
S. Pedro exprobra os maus pastores da Igreja; e todos os santos
manifestam a sua aprovação às palavras do Apóstolo. Novamente o Poeta contempla
a Terra, e, depois, com Beatriz, eleva-se ao Primeiro Móvel.
CANTO XXVIII
Dante volve os olhos para Beatriz, que estava atrás dele; depois
mira para a frente e vê um ponto brilhantíssimo, em torno do qual se movem nove
círculos de luz, que giram mais rapidamente e são mais brilhantes quanto mais
próximos estão dele. Aquele ponto é Deus; os círculos são os coros angélicos.
CANTO XXIX
Beatriz esclarece a Dante que os anjos foram criados por Deus no
mesmo tempo em que foram criados os céus. Fala-lhe dos anjos fiéis e dos anjos
rebeldes, os quais foram precipitados no Inferno. Censura os falsos filósofos e
os padres mentirosos que esquecem que o escopo da predicação é persuadir os
homens a serem cristãos, e vendem as indulgências para obter bens materiais.
CANTO XXX
Os nove coros angélicos aos poucos vão desaparecendo, Dante volve
os seus olhos novamente para Beatriz, cuja beleza é agora maravilhosa a tal
ponto que renuncia a descrevê-la. Eles estão no Empíreo, e Dante vê um rio de
luz, cujas ribas estão esmaltadas de flores. Do rio saem centelhas que formam
flores e depois voltam para as ondas. Enfim vê uma grande rosa de luz na qual
aparecem anjos e os bem-aventurados. No meio há um trono preparado para o
imperador Henrique VII.
CANTO XXXI
Enquanto Dante contempla a rosa do Paraíso, Beatriz sobe e vai
ocupar o lugar que lhe pertence, no meio dos bem-aventurados. S. Bernardo é o
último guia de Dante. Ele lhe indica a Virgem Maria, toda brilhante de luz
celeste.
CANTO XXXII
S. Bernardo esclarece a Dante a composição da rosa do Paraíso. De
um lado estão os santos cristãos; do outro os hebreus, que acreditaram no
Cristo que devia vir. Entre uns e outros a Virgem Maria. Embaixo de Maria,
mulheres hebréias; mais embaixo as crianças mortas logo depois do batismo.
CANTO XXXIII
S. Bernardo pede à Virgem Maria que conceda a Dante contemplar a
Deus. O Poeta vê um tríplice círculo no qual está revelada a Trindade divina.
No círculo médio vê figurada a efígie humana. No espírito de Dante se forma o
desejo de conhecer o modo da união da natureza divina com a humana. Um
repentino esplendor lhe revela o mistério da encarnação de Cristo; e aqui
termina a sublime visão.
UMA PESSOA PARA MERECER OS CÉUS PRECISA RESPONDER A DUAS
PERGUNTAS:
1ª PERGUNTA: VOCÊ É OU FOI FELIZ?
2ª PERGUNTA: VOCÊ PROPORCIONOU FELICIDADE A OUTRAS PESSOAS?
CONFORME AS RESPOSTAS VOCÊ MERECE OU NÃO O PARAÍSO.
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