TECNOLOGIA
DA INFORMAÇÃO: USO DE COMPUTADORES NAS ESCOLAS
Há
quase duas décadas, os computadores estão nas escolas públicas em crescente
ampliação de instalações e upgrades, e são conduzidas formações de professores
multiplicadores em TICs (Tecnologias da Informação e da Comunicação) para
Educação sobre o conhecimento de máquinas e softwares educacionais. Várias
pesquisas científicas de diversas Universidades revelam como as novas
tecnologias poderiam contribuir no processo de ensino e aprendizagem de
diferentes áreas do conhecimento, porém o que os educadores realmente estão
fazendo com o computador e recentemente com a Internet na escola e
principalmente nas suas aulas?
Segundo
Moraes (1993), a informática educativa no Brasil tem suas raízes históricas
plantadas na década de 70, quando, pela primeira vez, em 1971, se discutiu o
uso de computadores para o ensino de Física, em seminário promovido pela
Universidade Federal de São Carlos, com a participação de um especialista da Universidade
de Dartmouth, nos USA. Em 1973, algumas experiências com uso dos computadores
começaram a ser desenvolvidas em outras Universidades. Na Universidade Federal
do Rio de Janeiro (UFRJ), os computadores passaram a ser utilizados como
recurso auxiliar do professor para ensino e avaliação de simulações em Química,
e na Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) os computadores tornaram-se
uma ferramenta para o desenvolvimento de software educativo.
O
novo paradigma educacional “Um Computador por Aluno” traz à tona a necessidade
de aprofundar a discussão sobre a formação do professor, condição necessária e
primordial para construção de um modelo educacional com o professor como
mediador do processo de aprendizagem e não apenas como transmissor de informações.
Essa nova situação é uma importante oportunidade para que o professor possa
refletir sobre a realidade histórica e tecnológica, repensar sua prática e
construir novas formas de ação que permitam não só lidar com essa nova
realidade como também construí-la (UNESCO, 2008b, UNESCO 2008c). De acordo com
Valente (1997, 1998), o computador é uma ferramenta que pode auxiliar o
professor a promover aprendizagem, autonomia e criatividade do aluno. Mas, para
que isso aconteça, é necessário que o professor assuma o papel de mediador da
interação entre aluno, conhecimento e computador, o que supõe formação para
exercício deste papel. Entretanto, nem sempre é isto que se observa na prática
escolar. Estudos sobre o tema apontam que a formação do professor para a
utilização da informática nas práticas educativas não tem sido priorizada tanto
quanto a compra de computadores de última geração e de programas educativos pelas
escolas (UNESCO, 2008b, UNESCO 2008c).
Segundo
Valente (1997), “a formação do professor deve prover condições para que ele
construa conhecimento sobre as técnicas computacionais, entenda por que e como
integrar o computador na sua prática pedagógica e seja capaz de superar
barreiras de ordem administrativa e pedagógica. Essa prática possibilita a transição
de um sistema fragmentado de ensino para uma abordagem integradora de conteúdo
e voltada para a resolução de problemas específicos do interesse de cada aluno.
Finalmente, deve-se criar condições para que o professor saiba contextualizar o
aprendizado e a experiência vivida durante a sua formação para a sua realidade
de sala de aula compatibilizando as necessidades de seus alunos e os objetivos
pedagógicos a atingir”.
Na
maioria dos casos, atualmente, os alunos recorrem ao uso do computador e da
internet para encontrarem um caminho mais fácil para fazer as lições e
trabalhos de casa. E estes mesmos alunos têm grande dificuldades em português e
matemática. Analisando os diversos estudos publicados, fica evidente que o tema
é complexo e precisa ser aprofundado para não levar a conclusões contraditórias
e muitas vezes equivocadas. É necessário aprimorar os processos de formação
inicial e continuada de professores, bem como os processos de avaliação da
aprendizagem dos alunos e de desempenho das escolas, à luz do momento histórico
e dos recursos tecnológicos atuais, identificando não apenas os conhecimentos,
habilidades e competências específicos de determinadas disciplinas como
matemática e português, mas também as habilidades e competências estratégicas
da era da informação (Castells, 2009, Zuffo, 1997, 2003).
Segundo
Khan e Shaikh (2006), a rede social pode ser definida como um forma de
representação de relacionamentos afetivos ou profissionais entre os indivíduos
e seus grupos de interesse. Atualmente, na Internet, as redes sociais estão
presentes em sites de relacionamento online, em que muitas vezes é possível
construir uma rede de contatos. Os exemplos mais populares de redes sociais são
o Orkut, Facebook, MySpace, Twitter e LinkedIn (Khan e Shaikh, 2006). Tais
tecnologias têm modificado a maneira como os indivíduos se comunicam, se
relacionam e aprendem, provocando mudanças na dinâmica educacional e
sociocultural (Santana, 2007). Surgem salas de bate-papo, espaços sociais
virtuais que aproximam, unem e servem de socialização de experiências e
conhecimentos. O USO DOS COMPUTADORES E DA INTERNET NAS ESCOLAS PÚBLICAS DE
CAPITAIS BRASILEIRAS 23/101Santana (2007), “nasce uma linguagem híbrida de
sinais e letras que ´saltam´ das janelas dos serviços de mensagens instantâneas
e vão para os cadernos dos adolescentes. Ou seja, existe uma alteração clara na
maneira como as relações são construídas e/ou fortalecidas em virtude das
potencialidades da TIC”. As redes sociais são hoje permeadas pelos mais
diversos tipos de sujeito. No entanto, é perceptível que os adolescentes formam
a população com maior presença e interação na Internet. De acordo com Martino
(2005), “este dado pode ser entendido a partir da noção de cultura digital que
é intrínseca aos jovens nascidos a partir da década de 80, que nasceram
envolvidos em um oceano de informações, interagindo diariamente com computadores,
videogames e diversas outras tecnologias”.
Na
opinião dos profissionais envolvidos na gestão escolar (diretores e
vice-diretores), o curso de graduação não prepara o suficiente para o uso das
TIC na Educação: 72% acham que seu curso preparou pouco ou nada para este fim
(Figura 26). Entre os gestores, apenas 15% têm formação específica em
tecnologia na Educação. São poucas as escolas que possuem um profissional a
cargo da área de TIC voltadas para a Educação (28%). Há diferença regional
(Figura 27): a presença de profissionais voltados ao uso de TIC na Educação
(POIE) é maior em São Paulo por causa de uma política pública adotada há alguns
anos nas escolas da rede municipal. As escolas de redes municipais têm maior
presença destes profissionais em comparação com as escolas de redes estaduais.
Questões
de infraestrutura, como número reduzido de computadores e falta de um
laboratório de informática, são vistas como o principal problema no uso
pedagógico. A falta de formação dos professores é também bastante importante na
visão dos entrevistados. Na maior parte desses casos, os entrevistados
acreditam que deveria haver um professor especializado em informática
educativa. O percentual de escolas que não veem problemas para uso pedagógico
em sua escola é relativamente reduzido (12%).
CONCLUSÕES:
Pesquisas
nacionais e internacionais indicam que a simples existência de computadores nas
escolas não se traduz em melhoria de desempenho escolar, embora o acesso a
computadores e à Internet seja muito valorizado pela sociedade e tenha alto
impacto político (UNESCO, 2008b, UNESCO, 2008c).
Obviamente,
dotar as escolas de computadores, melhorar o acesso à Internet e capacitar
professores e alunos para o uso da informática são ações importantes para
promover a inclusão digital e democratizar o acesso a informações
indispensáveis para entender o mundo que nos cerca. Resta saber como o uso dos
computadores poderá de fato fazer diferença na aprendizagem (Castro, 2009).
Quanto
maior o tamanho da escola e os recursos e infraestrutura disponíveis, mais
proficiente é a utilização do computador e da Internet no processo de
aprendizagem.
A presença do Professor Orientador de
Informática Educativa influi na utilização da tecnologia como ferramenta de
aprendizagem.
A tecnologia deve ser integrada ao Projeto
Político Pedagógico da escola, no seu monitoramento e avaliação, e ao
planejamento de atividades pelo professor.
A maioria das escolas tem recursos materiais
para fazer algum tipo de uso pedagógico do computador.
Apesar de os dados levantados sobre recursos e
infraestrutura serem favoráveis, infraestrutura, formação de professores e
problemas com acesso à Internet são apontados como os principais problemas para
o uso pedagógico do computador.
A formação oferecida não é percebida como
suficiente e adequada, pois falta preparo para o uso da tecnologia focado no
ensino e aprendizagem dos conteúdos escolares.
O número de professores que usam a tecnologia
com seus alunos é ainda pequeno e este uso, se dá eminentemente no laboratório
de informática.
Na maioria das escolas, as atividades que
utilizam tecnologia e são realizadas com os alunos têm pouca complexidade ou
usam recursos simples.
Recomenda-se,
em termos de política pública, disponibilizar mais recursos para a comunidade
escolar, investir em conexão à Internet compatível com o uso nas escolas,
cuidar da manutenção preventiva dos equipamentos, redefinir o papel dos
especialistas em informática nas escolas, envolver a equipe gestora nas
decisões, mudar o foco dos programas de formação tanto na graduação quanto na
continuada (ao invés de aprender a usar as TICs, aprender a aprender usando as
TICs) .
Para
as escolas, recomenda-se incluir a tecnologia no PPP da escola, incluir a
tecnologia no planejamento das aulas e dos projetos, socializar as boas
práticas entre professores e refletir sobre os novos paradigmas educacionais
com o uso das TICs e diferentes modelos de uso de disponibilização dos
computadores.
Fonte:
Fundação Victor Civita http://www.institutounibanco.org.br/wp-content/uploads/2013/07/o_uso_de_computadores_na_escola.pdf
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