sexta-feira, 28 de março de 2014

TECNOLOGIA DA INFORMAÇÃO



TECNOLOGIA DA INFORMAÇÃO: USO DE COMPUTADORES NAS ESCOLAS

Há quase duas décadas, os computadores estão nas escolas públicas em crescente ampliação de instalações e upgrades, e são conduzidas formações de professores multiplicadores em TICs (Tecnologias da Informação e da Comunicação) para Educação sobre o conhecimento de máquinas e softwares educacionais. Várias pesquisas científicas de diversas Universidades revelam como as novas tecnologias poderiam contribuir no processo de ensino e aprendizagem de diferentes áreas do conhecimento, porém o que os educadores realmente estão fazendo com o computador e recentemente com a Internet na escola e principalmente nas suas aulas?
Segundo Moraes (1993), a informática educativa no Brasil tem suas raízes históricas plantadas na década de 70, quando, pela primeira vez, em 1971, se discutiu o uso de computadores para o ensino de Física, em seminário promovido pela Universidade Federal de São Carlos, com a participação de um especialista da Universidade de Dartmouth, nos USA. Em 1973, algumas experiências com uso dos computadores começaram a ser desenvolvidas em outras Universidades. Na Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), os computadores passaram a ser utilizados como recurso auxiliar do professor para ensino e avaliação de simulações em Química, e na Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) os computadores tornaram-se uma ferramenta para o desenvolvimento de software educativo.
O novo paradigma educacional “Um Computador por Aluno” traz à tona a necessidade de aprofundar a discussão sobre a formação do professor, condição necessária e primordial para construção de um modelo educacional com o professor como mediador do processo de aprendizagem e não apenas como transmissor de informações. Essa nova situação é uma importante oportunidade para que o professor possa refletir sobre a realidade histórica e tecnológica, repensar sua prática e construir novas formas de ação que permitam não só lidar com essa nova realidade como também construí-la (UNESCO, 2008b, UNESCO 2008c). De acordo com Valente (1997, 1998), o computador é uma ferramenta que pode auxiliar o professor a promover aprendizagem, autonomia e criatividade do aluno. Mas, para que isso aconteça, é necessário que o professor assuma o papel de mediador da interação entre aluno, conhecimento e computador, o que supõe formação para exercício deste papel. Entretanto, nem sempre é isto que se observa na prática escolar. Estudos sobre o tema apontam que a formação do professor para a utilização da informática nas práticas educativas não tem sido priorizada tanto quanto a compra de computadores de última geração e de programas educativos pelas escolas (UNESCO, 2008b, UNESCO 2008c).
Segundo Valente (1997), “a formação do professor deve prover condições para que ele construa conhecimento sobre as técnicas computacionais, entenda por que e como integrar o computador na sua prática pedagógica e seja capaz de superar barreiras de ordem administrativa e pedagógica. Essa prática possibilita a transição de um sistema fragmentado de ensino para uma abordagem integradora de conteúdo e voltada para a resolução de problemas específicos do interesse de cada aluno. Finalmente, deve-se criar condições para que o professor saiba contextualizar o aprendizado e a experiência vivida durante a sua formação para a sua realidade de sala de aula compatibilizando as necessidades de seus alunos e os objetivos pedagógicos a atingir”.
Na maioria dos casos, atualmente, os alunos recorrem ao uso do computador e da internet para encontrarem um caminho mais fácil para fazer as lições e trabalhos de casa. E estes mesmos alunos têm grande dificuldades em português e matemática. Analisando os diversos estudos publicados, fica evidente que o tema é complexo e precisa ser aprofundado para não levar a conclusões contraditórias e muitas vezes equivocadas. É necessário aprimorar os processos de formação inicial e continuada de professores, bem como os processos de avaliação da aprendizagem dos alunos e de desempenho das escolas, à luz do momento histórico e dos recursos tecnológicos atuais, identificando não apenas os conhecimentos, habilidades e competências específicos de determinadas disciplinas como matemática e português, mas também as habilidades e competências estratégicas da era da informação (Castells, 2009, Zuffo, 1997, 2003).
Segundo Khan e Shaikh (2006), a rede social pode ser definida como um forma de representação de relacionamentos afetivos ou profissionais entre os indivíduos e seus grupos de interesse. Atualmente, na Internet, as redes sociais estão presentes em sites de relacionamento online, em que muitas vezes é possível construir uma rede de contatos. Os exemplos mais populares de redes sociais são o Orkut, Facebook, MySpace, Twitter e LinkedIn (Khan e Shaikh, 2006). Tais tecnologias têm modificado a maneira como os indivíduos se comunicam, se relacionam e aprendem, provocando mudanças na dinâmica educacional e sociocultural (Santana, 2007). Surgem salas de bate-papo, espaços sociais virtuais que aproximam, unem e servem de socialização de experiências e conhecimentos. O USO DOS COMPUTADORES E DA INTERNET NAS ESCOLAS PÚBLICAS DE CAPITAIS BRASILEIRAS 23/101Santana (2007), “nasce uma linguagem híbrida de sinais e letras que ´saltam´ das janelas dos serviços de mensagens instantâneas e vão para os cadernos dos adolescentes. Ou seja, existe uma alteração clara na maneira como as relações são construídas e/ou fortalecidas em virtude das potencialidades da TIC”. As redes sociais são hoje permeadas pelos mais diversos tipos de sujeito. No entanto, é perceptível que os adolescentes formam a população com maior presença e interação na Internet. De acordo com Martino (2005), “este dado pode ser entendido a partir da noção de cultura digital que é intrínseca aos jovens nascidos a partir da década de 80, que nasceram envolvidos em um oceano de informações, interagindo diariamente com computadores, videogames e diversas outras tecnologias”.
 Na opinião dos profissionais envolvidos na gestão escolar (diretores e vice-diretores), o curso de graduação não prepara o suficiente para o uso das TIC na Educação: 72% acham que seu curso preparou pouco ou nada para este fim (Figura 26). Entre os gestores, apenas 15% têm formação específica em tecnologia na Educação. São poucas as escolas que possuem um profissional a cargo da área de TIC voltadas para a Educação (28%). Há diferença regional (Figura 27): a presença de profissionais voltados ao uso de TIC na Educação (POIE) é maior em São Paulo por causa de uma política pública adotada há alguns anos nas escolas da rede municipal. As escolas de redes municipais têm maior presença destes profissionais em comparação com as escolas de redes estaduais.
Questões de infraestrutura, como número reduzido de computadores e falta de um laboratório de informática, são vistas como o principal problema no uso pedagógico. A falta de formação dos professores é também bastante importante na visão dos entrevistados. Na maior parte desses casos, os entrevistados acreditam que deveria haver um professor especializado em informática educativa. O percentual de escolas que não veem problemas para uso pedagógico em sua escola é relativamente reduzido (12%).

CONCLUSÕES:

Pesquisas nacionais e internacionais indicam que a simples existência de computadores nas escolas não se traduz em melhoria de desempenho escolar, embora o acesso a computadores e à Internet seja muito valorizado pela sociedade e tenha alto impacto político (UNESCO, 2008b, UNESCO, 2008c).
Obviamente, dotar as escolas de computadores, melhorar o acesso à Internet e capacitar professores e alunos para o uso da informática são ações importantes para promover a inclusão digital e democratizar o acesso a informações indispensáveis para entender o mundo que nos cerca. Resta saber como o uso dos computadores poderá de fato fazer diferença na aprendizagem (Castro, 2009).
Quanto maior o tamanho da escola e os recursos e infraestrutura disponíveis, mais proficiente é a utilização do computador e da Internet no processo de aprendizagem.
 A presença do Professor Orientador de Informática Educativa influi na utilização da tecnologia como ferramenta de aprendizagem.
 A tecnologia deve ser integrada ao Projeto Político Pedagógico da escola, no seu monitoramento e avaliação, e ao planejamento de atividades pelo professor.
 A maioria das escolas tem recursos materiais para fazer algum tipo de uso pedagógico do computador.
 Apesar de os dados levantados sobre recursos e infraestrutura serem favoráveis, infraestrutura, formação de professores e problemas com acesso à Internet são apontados como os principais problemas para o uso pedagógico do computador.
 A formação oferecida não é percebida como suficiente e adequada, pois falta preparo para o uso da tecnologia focado no ensino e aprendizagem dos conteúdos escolares.
 O número de professores que usam a tecnologia com seus alunos é ainda pequeno e este uso, se dá eminentemente no laboratório de informática.
 Na maioria das escolas, as atividades que utilizam tecnologia e são realizadas com os alunos têm pouca complexidade ou usam recursos simples.
Recomenda-se, em termos de política pública, disponibilizar mais recursos para a comunidade escolar, investir em conexão à Internet compatível com o uso nas escolas, cuidar da manutenção preventiva dos equipamentos, redefinir o papel dos especialistas em informática nas escolas, envolver a equipe gestora nas decisões, mudar o foco dos programas de formação tanto na graduação quanto na continuada (ao invés de aprender a usar as TICs, aprender a aprender usando as TICs) .
Para as escolas, recomenda-se incluir a tecnologia no PPP da escola, incluir a tecnologia no planejamento das aulas e dos projetos, socializar as boas práticas entre professores e refletir sobre os novos paradigmas educacionais com o uso das TICs e diferentes modelos de uso de disponibilização dos computadores. 

Fonte: Fundação Victor Civita http://www.institutounibanco.org.br/wp-content/uploads/2013/07/o_uso_de_computadores_na_escola.pdf

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