segunda-feira, 5 de novembro de 2012

APOSENTADORIA PREJUDICADA

Por falar em Aposentadoria Desigual, vejam o meu próprio exemplo,  relatado logo a seguir.



PROFESSOR NO FUNDO DO POÇO

Esta é  a minha situação como Professor Efetivo do Estado de Minas Gerais,  aposentado no mês de Junho/2012 com “Proventos por média” no valor de R$ 622,00 , brutos,  isto mesmo, salário mínimo, ao completar 70 anos e com 15 anos de  trabalho como Professor Efetivo de Física no ensino médio, com os descontos normais e de um empréstimo consignado no valor de R$396,91, recebo líquido apenas R$150,00 mensais. 

“E agora, José? A festga acabou. Se você gritasse se você gemesse se você tocasse  a valsa vienense, se você dormisse,  se você cansasse,  se você morresse... Mas você não morre, você é duro, José! O que eu posso fazer? Você marcha José! José, para onde?”

Até o mês de Julho/2012 estava recebendo mensalmente R$ 3.121,10 trabalhando em dois períodos, não é um grande salário, mas, comparando com a situação atual é infinitamente melhor.
Prevendo a situação atual, tentei continuar lecionando, pois a saúde me permite, mas, o sistema não me deixa continuar, devido à idade.  E agora, o que eu vou fazer para sobreviver e ter uma vida digna? Quem vai empregar um velho de 70 anos?

Optei pela educação desde o ano de 1994 e naquela época os professores podiam aposentar com o último salário que estavam percebendo quando estavam na ativa.  E hoje? O estado economiza nas costas de uns para sobrar para outros.
Esta minha situação é uma alerta para os professores que estão trabalhando, pois, quando se aposentarem, irão perceber o mínimo do mínimo e não o necessário para a sua sobrevivência. 

Esta situação precária dos professores vem de há muito tempo, minha mãe, hoje com 95 anos, era professora do estado/MG e vendo que não poderia sobreviver com R$ 1.000,00 por mês quando fosse aposentar, fez concurso no próprio estado para outra área para ganhar mais e ter uma aposentadoria um pouco mais tranqüila, isto ocorreu há mais de trinta anos. 

A projeção do estado para o salário de um professor que hoje ganha R$ 1.524,59 mensais para o ano de 2015 é de R$ 1.550,00, enquanto um soldado da PM que hoje percebe R$ 2.500,00 irá ganhar em 2015 R$ 4.000,00. Não tenho nada contra, apenas pergunto, por que fazem isto com a educação e seus profissionais?

Não há na educação um plano de progressão dos seus profissionais, como na PM, quando um soldado, teoricamente, pode chegar ao posto de coronel, através de concursos e promoções, dando-lhe direito de aposentar com proventos integrais correspondentes ao último posto ou da última promoção. 

E o que consta no  Estatuto do Idoso, Lei 10.741 de 1º de outubro de 2003, no Art. 3º: É obrigação da família, da comunidade, da sociedade e do Poder Público assegurar ao idoso, com absoluta prioridade, a efetivação do direito à vida, à saúde, à alimentação, à educação, à cultura, ao esporte, ao lazer, ao trabalho, à cidadania, à liberdade, à dignidade, ao respeito e à convivência familiar e comunitária.                      Será que o poder público está me assegurando todas essas garantias e prerrogativas, como professor e cidadão, ora em fim de carreira e agora aposentado?

Alguns podem argumentar que muitos ganham salário mínimo neste país e não morrem de fome, sabe lá Deus se isto é verdade. Infelizmente, estes, não têm instrução suficiente para almejar uma situação melhor. No meu caso, é totalmente diferente, não estou acostumado a ganhar salário mínimo, pois luto desde a minha maioridade para almejar um futuro melhor, para isto estudei e me formei em:  Engenharia Mecânica na PUC/BH (1966/1970), tenho cursos de Licenciatura Plena em Matemática e Física (1994/1996) e Pós-Graduação em Física na UFV (2001/2002), além de vários cursos de aperfeiçoamento e participação em vários eventos como na VII FEBRACE (USP/SP) em 2007.                                                                                    Para o estado, nada disso é importante, nós, os mais experientes, somos equiparados salarialmente aos iniciantes. 

Trabalhar no estado/MG, hoje, como professor, só é um bom negócio para aqueles que estão ganhando salário mínimo. Basta fazer um curso presencial ou não de Licenciatura de 2 ou 3 anos e imediatamente, sem comprovação se estão aptos ou não para darem aula, pois não existe uma “prova” como na OAB, já podem lecionar no Estado como contratados e são muitos nesta situação, percebendo o mesmo valor salarial igual àqueles professores que lá estão há 15 ou 20 anos e até mais. Esta é uma das causas da má qualidade do nosso ensino: professores despreparados para a função “fingindo que ensinam e os alunos fingindo que aprendem” e todos ganhando mal. O estado quer alguém na frente dos alunos dizendo que é professor, se é bom ou ruim não importa. 

Dizem que se conselho fosse bom, valeria dinheiro, mas, mesmo assim, aconselho aos mais jovens para optarem por carreiras mais sólidas e valorizadas que lhes garantam uma aposentadoria mais digna no futuro, tais como: Carreira Militar, Judiciário e Carreira Política. São profissões intocáveis, pois não há leis para diminuir os seus salários, ao contrário, sempre percebem aumentos substanciais e aposentam com salários integrais e com gordas vantagens. 

Este meu protesto não é apenas um protesto solitário de um professor prejudicado por ações e leis injustas que relegam os profissionais da educação às piores situações de abandono e desvalorização do ser humano. É um clamor de toda a nação para rever este sistema de injustiça e descaso por que passa a educação neste país, no sentido de valorizar o ensino e os seus profissionais, pois, se o Brasil quiser entrar para o primeiro mundo, tem que valorizar a educação. A educação é o princípio de tudo, qualquer profissão precisa de um “bom professor”. 

Parece-me apropriado ao assunto o seguinte artigo:

O exemplo da Coréia do Sul
Terezinha Saraiva*
Não é de hoje que se aponta a Coréia do Sul como um exemplo de país que, por priorizar a educação, saiu de uma guerra, na década de 60, que levou a uma trágica divisão de seu território, saiu de uma economia agrária pobre e tornou-se, nos últimos anos, um dos maiores PIBs da Ásia, transformando-se numa potência, cujos produtos competem em igualdade de condições com outros países, como por exemplo, o Japão.
A prioridade conferida à educação é apontada como um dos fatores fundamentais para o rápido desenvolvimento da Coréia do Sul.
Atualmente, o ensino oferecido no país é olhado como modelo para o mundo.
Li recentemente uma reportagem intitulada “A febre educacional que salvou a
Coréia do Sul” que vale a pena ser comentada neste artigo; embora o exemplo da Coréia já seja conhecido.
Barack Obama, num discurso, que ficou famoso, pediu que os Estados Unidos seguissem o exemplo das crianças sul-coreanas, cujo ano letivo tem um mês a mais do que as escolas frequentadas pelos alunos americanos.
Sabemos que o crescimento de um país é fruto da convergência de vários fatores; mas no caso da Coréia do Sul, os analistas apontam que os investimentos em educação e na formação de capital humano, foram os principais responsáveis pela arrancada de Seul.
O desenvolvimento educacional sul-coreano, a partir da década de 60, precedeu e guiou o crescimento econômico.
Em 1945, com o fim da colonização japonesa, apenas 22% da população eram
alfabetizadas. Hoje, o índice é superior a 98%.
O ensino sul-coreano é considerado excelente e isto é ratificado por vários estudos e avaliações mundiais. Para os pais coreanos, a educação de seus filhos é prioridade absoluta. Os que analisam os avanços alcançados pela Coréia do Sul usam uma expressão que mostra a importância que a educação tem para os jovens e para a sociedade: “febre educacional”.
Vejamos alguns indicadores que mostram a excelência do modelo educacional. Os alunos sul-coreanos estão entre os melhores do mundo em matemática, ciência e leitura, revelam os resultados do Programa Internacional de Avaliação de Alunos (PISA).
De acordo com dados liberados pela OCDE, 97% dos estudantes concluem o ensino médio, o maior percentual entre os países pesquisados. O índice de pessoas com nível universitário, considerando a faixa etária de 25 a 34 anos, é de 60%.
O livro “Febre educacional: sociedade, política e o exercício da escolaridade na Coréia do Sul”, do professor Michael Seth, da Universidade James Madison, em Virgínia, explica que o sistema educacional na Coréia do Sul foi desenvolvido de forma sequencial, a começar pelo ensino fundamental. Só depois de sua universalização é que o Estado passou a investir no ensino médio. O modelo concentra sua força na educação básica. A parte mais fraca do sistema é o ensino superior, diz o professor, mas isto é compensado pelo fato de os coreanos buscarem as melhores universidades internacionais para estudarem, e pelos programas de treinamento financiados pela iniciativa particular.
Pode-se ler, ainda, no livro do professor americano, que o sistema de ensino sul-coreano é homogêneo e uniforme. As escolas adotam o mesmo currículo, e recebem o mesmo montante de recursos públicos.
Existe um sistema de rodízio entre os professores, para evitar que os melhores
fiquem concentrados em algumas escolas. Além disso, foi criado um programa de assistência especial para as áreas rurais, para evitar grandes diferenças em relação à região metropolitana.
Outros fatores importantes são o investimento no treinamento dos professores.
Cem por cento dos profissionais são recrutados entre os melhores alunos de ensino médio.
Para lecionar as crianças menores do ensino fundamental, só são aceitas na Universidade de Educação, os 5% com melhor desempenho no ensino médio.
Apesar do treinamento ser rigoroso, há compensação: bons salários, prestígio, possibilidade de crescimento profissional.
Há um provérbio coreano que diz: “Nem sequer pise na sombra de um professor.”
O respeito ao professor é uma questão cultural.
Os salários dos professores que lecionam nas primeiras séries do ensino
fundamental (o primário) são os mais elevados do mundo, equiparáveis aos salários de médicos e engenheiros.
Um outro dado que mostra a eficiência do sistema educacional sul-coreano: só 1% dos estudantes desistem do curso, por ano.
Os anos equivalentes ao ensino fundamental no Brasil, isto é, nove, são gratuitos.
As escolas de ensino médio são financiadas através de impostos.
É comum, mesmo entre famílias mais humildes, o investimento em professores
particulares para ajudar as crianças depois do horário escolar e até nos fins de semana.
Como o grande investimento é feito na educação básica, é expressivo o número de estudantes sul-coreanos que deixam o país para estudar no exterior, na idade universitária. Segundo dados de 2007, 350 mil estudantes sul-coreanos estudavam em renomadas universidades de outros países, sobretudo Estados Unidos e Japão.
Este artigo sobre o sistema educacional sul-coreano não tem a intenção de estabelecer qualquer comparação com o sistema educacional brasileiro. Primeiro, porque não aprecio rankings. Segundo, porque não me parece correto estabelecer comparação entre países com expressivas diferenças em extensão territorial e população, por exemplo.
O que me levou a abordar este assunto, que independe de extensão territorial, número de habitantes, culturas diversas, é a importância conferida à educação, na Coréia do Sul, notadamente a educação básica; a valorização do principal agente da educação – o professor, e a consciência coletiva que o desenvolvimento de um país está condicionado a um bom e eficiente sistema educacional.
Quando o Brasil terá governos que priorizem a educação, ampliando as oportunidades, sem perda de qualidade do ensino e do desempenho dos alunos? Quando a sociedade brasileira, em geral, e as famílias dos alunos, em particular, compreenderão a importância da educação, prestigiando o trabalho desenvolvido pelas escolas e pelos professores? Quando as famílias dos milhões de brasileiros que frequentam a educação básica se empenharão em acompanhar o percurso educacional de seus filhos, colaborando e apoiando o trabalho desenvolvido pelos professores?
O exemplo da Coréia do Sul evidencia que o sucesso educacional obtido não se deve, apenas, a políticas públicas; mas foi resultado, também, da obsessão pela educação que tomou conta de todos os sul-coreanos.
Este é um exemplo que deve ser seguido pelos governos e pela sociedade brasileiros.
* Educadora

Há um provérbio coreano que diz: “Nem sequer pise na sombra de um professor.”
O respeito ao professor é uma questão cultural.

Aqui no Brasil, além de pisarem na sombra do professor, pisa-se nele mesmo. Sinto que pisaram não foi só no meu corpo e sim também na minha alma.

É desumano o tratamento dado ao professor no Brasil, seja de qualquer grau de escolaridade ou de posição cultural. Esta vulgarização do professor ocorreu após 1960, antes, não era assim, lembro-me que os professores do Colégio Estadual da minha terra, onde estudei o ginasial, eram respeitados tanto dentro da sala de aula como na sociedade em geral.

O meu sentimento de frustação e decepção por eu ter escolhido a profissão de professor num determinado momento da minha vida, é enorme, mas, normalmente escolhemos os caminhos que sabemos que não nos levarão onde gostaríamos de chegar, talvez por teimosia, talvez por esperança, talvez por querer acreditar que aquilo que queremos é possível.

A dor se torna maior quando a decepção é esperada e não quería admitir essa possibilidade, pois a esperança é maior do que a própria certeza e, consequentemente fiquei abalado com esta situação que inconscientemente antevia que poderia acontecer e de fato ocorreu.

Que os deuses olímpicos que moravam em um imenso palácio, em algumas versões de cristais, construído no topo do monte Olimpo, uma montanha que ultrapassaria o céu. Alimentavam-se de ambrósia e bebiam néctar, alimentos exclusivamente divinos, ao som da lira de Apolo, do canto das Musas e da dança das Cárites e o nosso Deus que cremos,  ilumine os nossos governantes para mudarem radicalmente e de imediato o “status quo” vigente e tomem atitudes mais humanas.

Elaboração: Moysés Peruhype Carlech 
E-mail: mpcarlechblog@gmail.com
Fones: (31) 3827-2297 / 8662-2521












Um comentário:

  1. Que vergonha para nós termos governos irresponsáveis e descompromissados com o povo

    ResponderExcluir

AS ARMADILHAS DA INTERNET E OS FOTÓGRAFOS NÃO NOS DEIXAM TRABALHAR

  Brasil e Mundo ...