sexta-feira, 30 de dezembro de 2022

BOLSONARO ACERTA MAIS DO QUE ERRA NA ECONOMIA

 

Balanço

Por
Célio Yano


O ministro da Economia, Paulo Guedes, e o presidente da República, Jair Bolsonaro (PL).| Foto: Carolina Antunes/PR

Prestes a se encerrar, o governo de Jair Bolsonaro (PL) trouxe avanços na economia, como a melhoria do ambiente de negócios, uma série de concessões de ativos de infraestrutura, uma agenda de privatizações, além da aprovação da reforma da Previdência, da autonomia formal do Banco Central e de importantes marcos regulatórios, como do saneamento e das ferrovias.

Por outro lado, os conflitos com o Judiciário, o Congresso, governadores e prefeitos, ministros e até mesmo dentro do próprio Planalto limitaram o legado positivo do atual mandatário. E a gestão fiscal ao longo dos últimos quatro anos divide opiniões de analistas. Há quem veja melhoras nessa área, evidenciadas pelos números das contas públicas. De outro lado, há quem relembre a série de burlas na principal âncora fiscal do país.

Tendo Paulo Guedes como “Posto Ipiranga” desde a campanha de 2018 e como superministro da Economia a partir do início do mandato, Bolsonaro foi eleito com um plano de governo que se vendia “conservador nos costumes e liberal na economia”. A expectativa do setor produtivo e do mercado financeiro era de uma continuidade da pauta econômica de seu antecessor, Michel Temer (MDB).

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O governo deu indícios de que seguiria nesse sentido, principalmente nos dois primeiros anos. Mas já na tramitação da reforma da Previdência, única grande reforma estrutural que conseguiu aprovar, Bolsonaro cedeu pontos importantes para o Congresso, como o regime de capitalização, que acabou descartado na versão final da emenda constitucional. Na mesma reforma, o capitão reformado articulou para beneficiar as Forças Armadas, que, em troca de regras previdenciárias um pouco mais rígidas, ganharam uma “contrarreforma” que ampliou outros benefícios.

“Uma parte do mérito da reforma da Previdência, que é um ganho dos últimos quatro anos, me parece mais associado às lideranças legislativas do que ao núcleo político e ao diagnóstico da equipe econômica”, diz Rafael Cortez, sócio da Tendências Consultoria.

Gestão fiscal do governo Bolsonaro divide opiniões
A gestão fiscal do governo Bolsonaro está longe de ser uma unanimidade entre os observadores da área.

Quem vê legado positivo recorre aos números. Após a explosão de gastos durante a pandemia, a dívida bruta do governo passou a cair praticamente sem trégua, e caminha para fechar o ano no menor nível desde 2017, segundo projeção da equipe econômica. Em paralelo, a União deve fechar o ano no azul pela primeira vez desde 2013, com um superávit primário estimado em pouco mais de R$ 34 bilhões pelo Ministério da Economia.


Parte desses resultados, porém, tem a ver com fatores não recorrentes. Um dos motivos para a queda da dívida foi a devolução antecipada, pelo BNDES, de recursos que haviam sido repassados pelo Tesouro. E o resultado primário positivo de 2022, além de conquistado com três anos de atraso (Guedes o prometia para 2019), contou com a ajuda de receitas extraordinárias – tanto que o próprio Ministério da Economia preparou para 2023 um Orçamento prevendo a retomada do déficit primário, estimado em quase R$ 66 bilhões.

Samuel Pessôa, pesquisador do Instituto Brasileiro de Economia (Ibre/FGV) e sócio da Julius Baer Family Office (JBFO), argumenta que o resultado primário estrutural – que exclui fatores cíclicos – melhorou muito nos últimos anos, chegando próximo de zero em 2021 e, possivelmente, 2022.

“Para termos uma ideia da melhora que tem ocorrido na área fiscal, basta lembrar que a União apresentou em 2014 um déficit primário estrutural de 2,4% do PIB, e, em 2018, déficit de 1,6% do PIB. Aos trancos e barrancos, com muitas idas e vindas, desde 2015 temos arrumado a política fiscal. Muito há ainda por fazer”, escreveu Pessôa em artigo recente.

Ele também considera que o Orçamento de 2023 preparado pela atual gestão – muito criticado por especialistas e pelo governo eleito por não prever recursos suficientes para o Auxílio Brasil e outros benefícios sociais – era exequível com pequenas adições.

Em contraste com a melhora dos números, existe a avaliação de que a gestão de Paulo Guedes foi dribladora contumaz do teto de gastos.

Em quatro anos, o governo abriu cinco exceções ao teto, que permitiram despesas de quase R$ 840 bilhões acima do limite constitucional. Mesmo excluindo os gastos com a pandemia, ainda assim foram R$ 300 bilhões acima do teto. Parte desse valor foi gasto neste segundo semestre de 2022, quando o governo contou com a ajuda do Congresso para mudar a Constituição, criando alguns benefícios sociais e turbinando outros em plena época eleitoral.

“Foi o governo que será lembrado como o que desmontou a regra do teto de uma forma irreversível. E isso aconteceu todos os anos, não foi só uma consequência da pandemia”, diz o economista Sérgio Vale, da MB Associados. “O legado infelizmente não é positivo. Entrega uma herança bastante complicada para o próximo governo, que já teria suas dificuldades inerentes ao tipo de governo do PT”, diz.

Ambiente de negócios melhorou com agenda microeconômica do governo Bolsonaro
Para Cortez, os acertos do governo Bolsonaro estão ligados principalmente a uma agenda microeconômica, com a modernização de instituições que ajudaram a melhorar o ambiente de negócios no país.

Ainda em 2019, foi aprovada a Lei de Liberdade Econômica, que reduziu a burocracia nas atividades empresariais. O marco legal do saneamento atraiu mais investimentos da iniciativa privada em infraestrutura, enquanto a lei da independência formal do Banco Central ajudou a atrair investimentos estrangeiros ao gerar mais segurança ao investidor. “A ideia de que flutuações políticas e eventuais decisões populistas não afetam a condução da política monetária é sempre um ponto favorável”, diz Cortez.

O programa de concessões de ativos de infraestrutura de transporte também é visto como um avanço. Com o governador eleito de São Paulo Tarcísio Gomes de Freitas à frente da pasta de Infraestrutura, o governo garantiu nos últimos quatro anos R$ 116,4 bilhões em investimentos privados para o setor.

Além disso, com o novo marco legal das ferrovias, que criou o modelo de autorização para construção de novos trilhos pela iniciativa privada, 32 projetos já foram viabilizados, com potencial de R$ 149,6 bilhões em investimentos nas próximas décadas.

“A gente viu avanços em portos, aeroportos e rodovias, começamos a ter um processo maior de concessões”, diz Sergio Vale, da MB Associados. “Agora, tinha que ter. Em um governo que se vendeu liberal de início, pelo menos as concessões tinham que andar”, avalia.

Agenda de privatizações avançou, mas ficou muito abaixo do prometido
A agenda de privatizações, que teve como ponto alto a capitalização da Eletrobras, deixou a desejar, em especial se comparada à promessa de Paulo Guedes de levantar R$ 1 trilhão com essas operações (e mais R$ 1 trilhão com a venda de imóveis do governo).

Ficaram no papel desestatizações de grandes empresas, como Correios e Petrobras, enquanto a maior parte das vendas foi de subsidiárias, como a BR Distribuidora e a TAG, ambas da Petrobras.

“A privatização da Eletrobras foi bastante ruim, porque foi mal feita, houve uma tentativa de acelerar o processo e, dado que o governo estava muito fraco no Congresso, acabou aprovada uma medida que, no fim, vai implicar em custos mais altos para a população”, explica o economista-chefe da MB Associados.

“A empresa vai arcar com custos de distribuição de energia que vão acabar aumentando as despesas, que vão acabar sendo repassadas para o consumidor final. Não tem muito jeito. Eu diria que nas concessões houve um grande avanço, mas nas privatizações foi bastante aquém do que se desejaria”, diz Vale.

Relação com Congresso dificultou implantação de agenda econômica

Uma das grandes dificuldades de Bolsonaro para levar adiante suas propostas na área econômica teve a ver com a relação que estabeleceu com o Congresso Nacional. “A tentativa de implementação de uma agenda de política econômica sem o tratamento adequado do ponto de vista político, seja na relação com a base aliada, seja na relação com a sociedade e com os grupos de interesse, deixou muito a desejar no governo Bolsonaro”, diz Cortez.

Bastante enfraquecido na relação com o Congresso, Bolsonaro assistiu a parlamentares avançarem sobre o Orçamento, especialmente a partir da criação das emendas de relator, o que passou a dificultar ainda mais a execução de políticas públicas. “Isso é reforçado quando o presidente constrói uma base aliada para sobreviver ao mandato, e não tanto para organizar uma agenda positiva”, afirma o sócio da Tendências.

Os conflitos do presidente não se restringiram à relação com outros Poderes. “Foram várias as oportunidades em que o presidente publicamente foi no sentido contrário ao diagnóstico e às agendas levantadas pela própria equipe econômica, gerando uma superexposição do ministro Paulo Guedes”, lembra Cortez.

Para ele, a agenda tributária foi a que mais sofreu com essas inconsistências dentro do governo, uma vez que enfrentava resistências do próprio presidente. A reforma tributária acabou então sendo dominada pela Câmara e pelo Senado por meio das propostas de emenda à Constituição (PECs) 45 e 110, que, por sua vez, não foram encampadas pela equipe econômica.

O governo optou por uma “reforma fatiada”. Primeiro, mandou um projeto para fundir PIS e Cofins em uma Contribuição sobre Bens e Serviços (CBS), mas pouco fez para que ela avançasse no Congresso. Depois, mandou ao Legislativo um projeto de lei de mudanças no Imposto de Renda, com tributação de lucros e dividendos, que a própria equipe econômica acabou abandonando. O texto foi aprovado na Câmara, mais por esforço do presidente da Casa, Arthur Lira (PP-AL), e ficou parado no Senado desde então.

Outro exemplo de reforma estrutural que não avançou, e nesse caso por desinteresse do próprio governo, é a mudança nas regras do serviço público. A reforma administrativa foi enviada à Câmara dos Deputados em setembro de 2020 e chegou a ser aprovada um ano depois pela comissão especial da Casa, mas não se moveu desde então. Arthur Lira disse que faltou esforço do governo, e Paulo Guedes afirmou que o “entorno do presidente bloqueou” o andamento da reforma.

O que o governo fez nesse campo foi o que Guedes chamou de “reforma administrativa invisível”, com iniciativas que não dependiam do aval do Legislativo para conter os gastos com pessoal. Entre elas, a redução na taxa de reposição de servidores aposentados, o avanço da digitalização de serviços públicos e o congelamento de salários da maioria do funcionalismo durante toda a gestão. O resultado foi que a despesa com pessoal, em comparação ao PIB, caiu ao menor nível em pelo menos 25 anos.

Os acertos e erros de Bolsonaro na economia em reação à pandemia

Alguns indicadores econômicos negativos, como a recessão em 2020 e os índices recordes de inflação em 2021 e 2022 – em alguns meses os maiores desde a criação do real –, estão diretamente associados ao impacto da pandemia de Covid-19. “Mas o grande problema da pandemia foi o modo como o governo, especialmente o presidente, reagiu”, diz Vale. “De uma forma extremamente negativa, inadequada. Demorou a dar as respostas e com incompetência em relação à política econômica”, avalia.

Segundo ele, a discussão com o Congresso em relação ao Auxílio Emergencial foi uma amostra da dificuldade do governo em lidar com os efeitos econômicos da crise sanitária. A proposta original da equipe econômica era de um benefício de R$ 200 mensais, valor que foi modificado para R$ 500 na Câmara dos Deputados. No fim, para ter a última palavra, Bolsonaro disse que aceitava pagar R$ 600.

“Foi um governo que, do ponto de vista da pandemia, não foi o mais eficaz no começo, porque não soube administrar os conflitos que existiam com o Congresso e fazer a análise correta do que seriam os recursos necessários naquele momento. E teve o efeito no final de, também por causa de conflito político com governadores e com o Congresso, atrasar as medidas em relação às vacinas, o que acabou atrasando o processo da própria recuperação da economia do país”, diz o economista.

Para Rafael Cortez, da Tendências Consultoria, o destaque positivo do governo durante a pandemia foram os programas de proteção ao emprego, com flexibilização da jornada de trabalho com subsídio do governo, e políticas de crédito, como o Programa Nacional de Apoio às Microempresas e Empresas de Pequeno Porte (Pronampe).

“Do ponto de vista das transferências de renda, essas respostas vieram com a contribuição dos legisladores. Um volume maior do benefício médio do Auxílio Emergencial veio, na verdade, como uma pressão política dos legisladores, mas, independentemente dessa origem, do ponto de vista do Estado brasileiro, foram políticas exitosas. Trouxeram uma resposta bastante generosa de proteção social nesse momento da pandemia”, considera.

Números positivos de Bolsonaro na economia também têm a ver com fatores externos, dizem analistas
Durante a campanha eleitoral de 2022, Bolsonaro destacou números positivos, afirmando que o Brasil se saiu melhor do que a maior parte dos outros países no campo econômico. Após crescer 1,1%, 1,2% e 0,4% nos três primeiros trimestres deste ano, o país deve ver seu Produto Interno Bruto (PIB) subir acima de 3% este ano, segundo projeção de economistas captada pelo Boletim Focus, do BC.

Após as estatais apresentarem lucro líquido de R$ 187,7 bilhões em 2021, mais que o triplo do ano anterior e maior resultado desde 2008, o Ministério da Economia trabalha com a possibilidade de encerrar 2022 com superávit primário, o primeiro em oito anos. Contam para o resultado os montantes históricos de dividendos pagos pelas estatais e a venda do controle acionário da Eletrobras, que rendeu ao Tesouro R$ 26,6 bilhões.

Mas parte desses números é resultado de fatores externos ao governo, como a retomada da economia pós-pandemia e a valorização das commodities, que beneficiaram países produtores como o Brasil. “Tem o efeito da saída da pandemia, tem um efeito do gasto fiscal que foi dado no período e tem o efeito ainda mais forte das commodities”, diz Vale.

“Lógico que a gente tem que comemorar números positivos agora, mas a questão da responsabilidade fica um pouco dúbia: foi o governo de fato, ou foram elementos externos ao governo que ajudaram isso a acontecer? Acho tem mais elementos externos”, diz o economista.

Apesar do crescimento econômico mais robusto em 2021 (quando o PIB nacional avançou 5%) e 2022, o país manteve nos últimos quatro anos a rotina – quem vem desde a década de 1980 – de crescer abaixo da média mundial.

Para Vale, o saldo final do governo Bolsonaro na área econômica é negativo. “Um governo que, mesmo que tivesse sido responsável pelo crescimento de 5% no ano passado e de 3% este ano, ainda perdeu a reeleição, é um sinal de que, de fato, agiu de forma equivocada em várias frentes”, diz.

Samuel Pessôa, do Ibre/FGV e da JBFO, faz avaliação mais favorável. “O legado de crescimento do quadriênio de Bolsonaro parece melhor do que imaginávamos há pouco tempo”, escreveu em artigo.

“A taxa de desemprego fechou outubro em 8,3%, o menor valor desde maio de 2015. Os salários crescem acima da inflação desde julho e encontravam-se, em outubro de 2022, 5% acima do valor do mesmo mês de 2021. A massa salarial real em outubro de 2022 foi 11,6% superior à do mesmo mês de 2021”, enumerou o economista. “A inflação está em queda e, mesmo com a reversão das desonerações em 2023, se houver, nada impede que o Banco Central atinja a meta em 2024, antes, provavelmente, das demais economias emergentes.”


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EXÉRCITO IMPEDE RETIRADA DE BOLSONARISTAS DO QUARTEL

 

Manifestações

Por
Alexandre Garcia


Barracas e tendas de manifestantes no QG do Exército em Brasília.| Foto: Leonardo Desideri/Gazeta do Povo

Domingo é a posse. Está tudo incerto ainda quanto à segurança. Há muita preocupação e a programação pode ser alterada. Mas vamos lembrar aqui: Jair Bolsonaro levou uma facada no dia 6 de setembro de 2018; no dia 1.º de janeiro ele estava lá no carro aberto. E a facada era para matar. Se ele não estivesse na Santa Casa de Juiz de Fora em poucos minutos, estaria morto. Mas agora, não sei se é para justificar uma possível falta de público, o fato é que vai ter muita segurança.

Na manhã desta quinta, os fiscais do governo do Distrito Federal tentaram retirar, com furgões e caçambas, as pessoas que estavam acampadas em frente ao QG do Exército. A Polícia do Exército se interpôs, fez uma linha (embora desarmada) e impediu que os fiscais invadissem e derrubassem as tendas e barracas, onde as pessoas estão abrigadas há quase dois meses.

Último anúncio de ministros é tentativa de conquistar apoio no Congresso

O restante do ministério saiu. O filho de Renan Calheiros ganhou um ministério, o filho de Jader Barbalho ganhou outro. O relator da PEC da gastança ganhou um ministério. O dono do PDT, Carlos Lupi, que foi queridinho do Leonel Brizola, ganhou ministério. Ganhou ministério, também, um deputado do União Brasil. É o Lula tentando arranjar apoio no Congresso. Segundo o site Poder 360, Lula teria hoje 181 apoiadores de 513 deputados, e 29 dos 81 senadores, o que dá 35% de apoio ao governo na Câmara e 36% no Senado. Isso é pouco e deve estar preocupando bastante o novo presidente.

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PT já mostrou que não quer reconciliar o país
Muita gente se pergunta se haverá alguma tentativa de conciliação, porque o Brasil está dividido ao meio. Mas, pelo jeito, não. A julgar pelas declarações de Lula e de Flávio Dino, futuro ministro da Justiça, que praticamente chamam os manifestantes bolsonaristas de criminosos, de terroristas – até um ministro do STF já fez um pré-julgamento usando esses adjetivos –, dificilmente eles vão querer pacificar. Vão é agregar mais problemas de um lado e de outro. Até porque um lado já estava chutando a cabeça do atual presidente, chamando de genocida. Então, tudo isso já estava plantado.

E depois virá o ingrediente da economia. A parir do dia 1.º, a gasolina e o diesel já ficam mais caros. Os caminhoneiros certamente não vão gostar, quem votou em Lula não vai gostar. Num segundo governo Bolsonaro, a isenção de PIS/Cofins sobre combustíveis seria mantida, mas Fernando Haddad, futuro ministro da Fazenda, já pediu para não renovar a medida, porque precisa de mais arrecadação para bancar a gastança. O novo governo só pensa em gastar, não em cortar. Nada de cortes; vão gastar com picanha, com cerveja, e alguém tem de pagar. E quem vai pagar é o contribuinte direto ou indireto, aquele que paga por meio da inflação ou dos impostos embutidos naquilo que ele compra. E é claro que os preços vão subir: se encarecer o diesel, vai encarecer o transporte, o frete e tudo o que é transportado. Isso é uma consequência óbvia já esperada.

Preconceito contra o agro trava o avanço ambiental que já temos à disposição
Vi no canal AgroMais uma entrevistada brilhante lembrando do crédito de carbono, uma coisa que ninguém entende; ela disse que a soja, o milho e a cana produzem fotossíntese o dia inteiro e fixam carbono na terra, absorvem o carbono. Nós somos os maiores produtores do mundo de açúcar e de álcool; a cana produz o etanol que vai para o combustível, que não agride do meio ambiente, além do açúcar, que nos dá divisas. O bagaço produz energia elétrica e o que sobra disso tudo ainda é usado como adubo. Então, Deus do céu, temos isso nas mãos, mas há tanto preconceito contra o agro que resolvem inventar outras coisas.

E-BOOK 1984
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POSSE DE LULA AFASTA O POVO DA CERIMÔNIA

 

Sem festa, sem povo e com angústia

Por
J.R. Guzzo – FGazeta do Povo

AME3123. BRASILIA (BRASIL), 29/12/2022.- El presidente electo de Brasil, Luiz Inacio Lula da Silva, llega para una conferencia de prensa para anunciar ministros de su futuro Gobierno, hoy, en Brasília (Brasil). Lula da Silva quien asumirá el próximo domingo, anunció este jueves a 16 nuevos ministros, con lo que su gabinete tendrá un total de 37 carteras, una de ellas volcada por vez primera a los asuntos indígenas. EFE/ Andre Borges


| Foto: EFE

O ex-presidente Lula, seus amigos e os amigos dos amigos se preparam para voltar ao governo no meio de um clima ruim. O dia da posse, em vez de ser um momento de celebração, está sendo, pela ação deles mesmos, um momento de angústia. Lula, segundo dizem em seu redor, pode usar colete à prova de bala durante a cerimônia. O percurso do desfile pode ser mudado. Deve haver o mínimo possível de povo e o máximo possível de polícia. Lula tem de ficar longe, tem de ficar protegido, tem de estar cercado de guarda-costas com metralhadora. Há sete presos políticos nas celas do STF e do ministro Alexandre Moraes; mais dois estão com ordem de prisão decretada, por “atos antidemocráticos” que estariam colocando em risco a posse do novo presidente. O Sistema Lula e seus parceiros no Supremo querem tirar de onde estão os manifestantes que continuam nas portas dos quarteis – exercendo o direito constitucional de manifestarem sua opinião, e sem provocar até agora o mínimo incidente.

Fabricaram uma “ameaça terrorista”, para justificar a escalada da repressão. Em vez de chamar o povo brasileiro para a posse, chamaram a tropa de choque. Falam o tempo todo em prender, proibir, multar, censurar, castigar. Que “festa da democracia” é esta?

O “Brasil Feliz” de Lula começa com uma cara infeliz. Foi para isso, “fazer um Brasil feliz”, que ele disputou a presidência da República, segundo passou a campanha inteira dizendo; agora, antes mesmo de seu primeiro minuto no governo, os novos proprietários da máquina do Estado já estão sob ataque de nervos. A festa da posse vai ser a portas fechadas, e reservada exclusivamente a militantes e à multidão de aproveitadores que gira em torno deles: empreiteiros de obras, banqueiros com problemas na justiça, advogados criminalistas de corruptos milionários, mandarins do Judiciário, a politicalha em peso. O povo brasileiro está de fora. As bandeiras do Brasil, o verde-amarelo e o Hino Nacional estão longe de lá – estão diante das guarnições militares, em protesto contra eleições que consideram roubadas, um governo que não reconhecem como legítimo e uma dupla STF-TSE que fez todo o esforço possível para os manifestantes acharem as duas coisas.

Nunca houve no Brasil um presidente que assumisse o cargo com o país tão dividido como está agora. Na primeira vez que chegou ao governo, Lula dava a impressão de que reconhecia e admitia a existência de posições diferentes das suas. Parecia disposto a governar para todos, ou pelo menos para a maioria; o Brasil, segundo dava a entender pela maneira como montou a sua equipe, era maior que o PT. Não há nada disso hoje. Lula escolheu um ministério e um primeiro escalão de gueto. É puro “nós” contra “eles”. Quem não votou em Lula não é um adversário – é inimigo, e tem de ser destruído. Não se admite que os 50% dos votos, ou quase isso, que o TSE registrou para o adversário sejam a expressão de um direito; são apenas uma tara de “direita”, que deve ser reprimida como caso de polícia. Ser contra o Sistema Lula, e sobretudo dizer isso em público, em voz alta, é “antidemocrático”. Não se trata mais de reformar o que havia antes, na política, na economia e na sociedade. Trata-se de destruir o Brasil que vem existindo até agora – e colocar em seu lugar a partir do dia 1º. de janeiro de 2023, de preferência para sempre, um regime no qual só existe lugar para quem serve Lula e se serve dele.

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RELAÇÃO DE GENEROSIDADE QUE DEVEMOS TER

 

Jogo de amarelinha
Paulo Polzonoff Jr. – Gazeta do Povo


| Foto:

Antes de começar, eu me pergunto se vai dar certo. Se não é muito ousado. Ou talvez até muito pretensioso. Talvez, talvez. Mas é o que dá viver sob a máxima de que o importante é tentar, sem se ater demais às consequências. De qualquer forma, o pior que este texto pode causar no leitor é enfado. Então vamos ver se a brincadeira funciona. Os que não estiverem a fim de brincar podem ler o texto em sua versão linear logo abaixo. [Vá para o § 8]

[2] (Como este, talvez?) [Vá para o § 7]

[3] Em seu livro mais recente, Breaking Bread With the Dead [algo como “Comungando com os mortos], Alan Jacobs, autor que vivo citando por aqui, discorre sobre essa relação de generosidade que precisamos fomentar com os textos que nos propomos a ler. Ele fala dos textos de autores mortos, sobretudo de autores que são racistas, antissemitas, homofóbicos e machistas, mas, como estou vivinho da silva e não sou nada dessas coisas, decidi me apropriar. Jacobs, sempre muito generoso, sugere que levemos esse exercício às últimas consequências, nos expondo sobretudo a textos que nos desagradam. [Vá para o § 2]

[4] Enquanto houver leitores generosos como você, dispostos a brincar de amarelinha na noite de sábado só pelo prazer da brincadeira, escrever vai continuar valendo a pena. Até porque, neste jogo jogado desde que saímos da cama até a hora de dormir, o objetivo é nobre e um só: o Céu. [Você chegou ao Céu]

[5] A ideia, aqui, é falar um pouco sobre a generosidade do leitor. Advogo em causa própria, reconheço. Não só eu, mas todos nós que lidamos com a palavra escrita precisamos da generosidade do leitor para nos fazer compreendidos. Não é um esforço que se compare a levantar uma parede ou roçar uma plantação de feijão no semiárido, mas ainda assim é difícil. A atenção e generosidade do leitor nunca estiveram tão escassas. E a vida nesse garimpo é para lá de insalubre. [Vá para o § 9]

[6] Viver de escrever é um privilégio pelo qual sou extremamente grato. E espero que este e todos os meus textos futuros deixem clara essa gratidão. Nem sempre consigo me fazer compreendido como gostaria, aqui e ali tenho ideias malucas como esta e às vezes uso uma palavra só para acordar no meio da noite e pensar noutra melhor. Mas isso é próprio do ofício. [Vá para o § 4]

[7] O objetivo é justamente substituir a hostilidade muito própria do nosso tempo pela curiosidade genuína e o embate saudável. Um embate que pode se dar publicamente ou nas entranhas da alma, ao gosto do freguês. E ele vai além, sugerindo que, de vez em quando, exercitemos a defesa de pontos de vista flagrantemente contrários aos nossos. Só para que percebamos como, no fundo, é fácil defender qualquer ideia, por mais absurda que ela pareça. [Vá para o § 6]

[8] Claro que me inspirei em O Jogo da Amarelinha, o impagável romance de Cortázar no qual o leitor é convidado a avançar pelos capítulos numa ordem incomum. Influenciado pelo jazz, Cortázar escreveu o livro numa época em que a graça era explorar novas formas de liberdade e improviso. Escrevo este texto numa época em que as pessoas se recusam a ler qualquer coisa com mais de dois parágrafos e que tumultue a visão de mundo delas. Azar o meu. [Vá para o § 5]

[9] Se você chegou até aqui, ótimo. Me sinto mais do que satisfeito. E o venero, leitor, porque você é uma raridade. As muitas métricas proporcionadas pelos sistemas de análise me mostram que a maioria dos leitores jamais avança até o último parágrafo. Que, neste caso, só é o último para a brincadeira fazer sentido. Boa parte dos leitores, aliás, se contenta apenas com o título. Quando consigo fazer alguém chegar até a metade de um texto, me dou por satisfeito e até abro um espumante. [Vá para o § 3]

VERSÃO LINEAR

Antes de começar, eu me pergunto se vai dar certo. Se não é muito ousado. Ou talvez até muito pretensioso. Talvez, talvez. Mas é o que dá viver sob a máxima de que o importante é tentar, sem se ater demais às consequências. De qualquer forma, o pior que este texto pode causar no leitor é enfado. Então vamos ver se a brincadeira funciona.

Claro que me inspirei em O Jogo da Amarelinha, o impagável romance de Cortázar no qual o leitor é convidado a avançar pelos capítulos numa ordem incomum. Influenciado pelo jazz, Cortázar escreveu o livro numa época em que a graça era explorar novas formas de liberdade e improviso. Escrevo este texto numa época em que as pessoas se recusam a ler qualquer coisa com mais de dois parágrafos e que tumultue a visão de mundo delas. Azar o meu.

A ideia, aqui, é falar um pouco sobre a generosidade do leitor. Advogo em causa própria, reconheço. Não só eu, mas todos nós que lidamos com a palavra escrita precisamos da generosidade do leitor para nos fazer compreendidos. Não é um esforço que se compare a levantar uma parede ou roçar uma plantação de feijão no semiárido, mas ainda assim é difícil. A atenção e generosidade do leitor nunca estiveram tão escassas. E a vida nesse garimpo é para lá de insalubre.

Se você chegou até aqui, ótimo. Me sinto mais do que satisfeito. E o venero, leitor, porque você é uma raridade. As muitas métricas proporcionadas pelos sistemas de análise me mostram que a maioria dos leitores jamais avança até o último parágrafo. Que, neste caso, só é o último para a brincadeira fazer sentido. Boa parte dos leitores, aliás, se contenta apenas com o título. Quando consigo fazer alguém chegar até a metade de um texto, me dou por satisfeito e até abro um espumante.

Em seu livro mais recente, Breaking Bread With the Dead [algo como “Comungando com os mortos], Alan Jacobs, autor que vivo citando por aqui, discorre sobre essa relação de generosidade que precisamos fomentar com os textos que nos propomos a ler. Ele fala dos textos de autores mortos, sobretudo de autores que são racistas, antissemitas, homofóbicos e machistas, mas, como estou vivinho da silva e não sou nada dessas coisas, decidi me apropriar. Jacobs, sempre muito generoso, sugere que levemos esse exercício às últimas consequências, nos expondo sobretudo a textos que nos desagradam.

(Como este, talvez?)

O objetivo é justamente substituir a hostilidade muito própria do nosso tempo pela curiosidade genuína e o embate saudável. Um embate que pode se dar publicamente ou nas entranhas da alma, ao gosto do freguês. E ele vai além, sugerindo que, de vez em quando, exercitemos a defesa de pontos de vista flagrantemente contrários aos nossos. Só para que percebamos como, no fundo, é fácil defender qualquer ideia, por mais absurda que ela pareça.

Viver de escrever é um privilégio pelo qual sou extremamente grato. E espero que este e todos os meus textos futuros deixem clara essa gratidão. Nem sempre consigo me fazer compreendido como gostaria, aqui e ali tenho ideias malucas como esta e às vezes uso uma palavra só para acordar no meio da noite e pensar noutra melhor. Mas isso é próprio do ofício.

Enquanto houver leitores generosos como você, dispostos a brincar de amarelinha na noite de sábado só pelo prazer da brincadeira, escrever vai continuar valendo a pena. Até porque, neste jogo jogado desde que saímos da cama até a hora de dormir, o objetivo é nobre e um só: o Céu.


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MELHORES CERVEJAS NACIONAIS

 

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Conheça as cinco cervejas do Sul consideradas as melhores da América Latina em 2022
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People are clinking beers together, they are partying and drinking beers together at a company party, drinking beer. Cheering with beer and And Drinking Beer.


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As cervejas produzidas no Sul do país tem ganhado destaque no mercado interno e também em competições internacinais. Prova disso foi o desempenho dos rótulos do Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul na última Copa Cervezas de América, no final de outubro. Foram 5 cervejas eleitas as melhores do continente.

Considerado o maior evento cervejeiro da América Latina, a Copa analisou 1.720 amostras de todo o continente Sulamericano. O Brasil conquistou 43 medalhas e a Saison Pitaya, da cervejaria paranaense Água do Monge, foi eleita a melhor da competição. Além dela, outros 4 rótulos do Sul do país foram considerados os melhores da América Latina em suas categorias. Confira as características de cada cerveja:

Saison Pitaya: Cervejaria Água do Monge de Guarapuava-PR

Com 5.2 de ABV e 20 IBU, a Saison Pitaya foi o grande destaque da edição de 2022 da Copa Cervezas de América, levando a medalha de ouro na sua categoria e sendo eleita a melhor cerveja da competição. Ela traz o resultado da soma de todas as características marcantes de uma Saison (como o amargor e a refrescância) com o toque frutado da Pitaya. Harmoniza com sashimi, queijo brie e panetone de frutas cristalizadas.

Königs Bock: Cervejaria Königs Bier, Jaraguá do Sul-SC
6.5% ABV 16 IBU. Encorpada e com amargor quase imperceptível, a Königs Bock ganhou o ouro na categoria European Dark Lager. No aroma, a presença marcante de malte e notas tostadas, de sabor equilibrado entre a doçura e o torrado, com eventuais traços de nozes e avelãs. Harmoniza com carne de porco, salsicha alemã, queijos e sobremesas de chocolate.

Neblina Flutuante: Ruradélica Ales, Porto Alegre-RS
6.7 ABV 60 IBU. O lúpulo neozelandês Rakau utilizado na Neblina Flutuante, outra medalhista de ouro na categoria New World Pale Ales da Copa Cervezas de América deste ano, traz amargor ponderado e muito sabor de frutas amarelas. Essa New Zealand IPA fica ainda melhor quando acompanhada por biscoito de polvilho, manga e carnes com gordura.

Rendeiras Witbier: Cervejaria Kairós, Florianópolis-SC

4.6% ABV 10 IBU. Com a medalha de ouro de melhor Witbier, a Rendeira é produzida com maltes de trigo e de cevada, não é filtrada e seu sabor traz o frescor cítrico da laranja, com um leve sabor picante do coentro. Uma deliciosa e refrescante combinação que casa perfeitamente com um dia quente e com pratos leves, saladas e frutos do mar.

Safira: Devaneio do Velhaco, Porto Alegre -RS

5% ABV 40 IBU. Considerada a melhor Pilsen da América Latina, tem uma base dourada, com aromas de pão fresco e leve floral, lembrando uma focaccia recém-saída do forno. No sabor, muito frescor herbal e floral, sem faltar um amargor assertivo. Casa muito bem com castanhas, saladas e queijos como o minas, o parmesão e o provolone.

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ALTA PERFORMANCE E INTELIGÊNCIA EMOCIONAL

 

Paulo Vieira é autor best-seller, empresário e Master Coach

Final de ano chegando e logo mais as pessoas já começam com as suas resoluções de ano novo em busca da realização de objetivos, seja começar a academia, mudar de emprego, fazer uma viagem, mas poucos sabem como dar o primeiro passo. Alguns até começam, mas não continuam, por essa recorrência, existe um dia para isso. De acordo com uma pesquisa conduzida pela plataforma Strava, as pessoas começam a desistir das resoluções de ano novo a partir de 19/01, data batizada de “Quitter´s Day”.

Para que os objetivos traçados sejam alcançados em 2023, Paulo Vieira um dos escritores mais vendidos do Brasil, referência em alta performance e inteligência emocional, apresenta dicas práticas para serem aplicadas no dia a dia para todos aqueles que querem tirar os sonhos do papel:

  1. Consciência: antes de começar a escrever os objetivos tenha consciência do seu estado atual. Em seu livro “O poder da autorresponsabilidade”, o autor explica, que cada um é responsável pelos resultados que obtém. Se sua vida está boa, mérito seu. Se ela tá ruim, mérito seu. Consequentemente, só você pode mudar a sua vida. Isso é a autorresponsabilidade.

Quando você assume a responsabilidade de seus resultados, não critica ninguém, não traz a culpa a outra pessoa, isso transforma a vida e potencializa os resultados.

  • Entenda a diferença entre sonhos e objetivos: o sonho é algo que está no campo das ideias. Seja aquela viagem, a casa dos sonhos etc. Já objetivos podemos dizer que são “sonhos com data para acontecer”.
  • Transforme os objetivos em metas neurologicamente corretas: o especialista explica que estabelecer metas é pensar no futuro e agir no presente. Para isso recomenda sete princípios para que as tornem realistas, atingíveis e motivantes. São elas:
  • Metas devem ser estabelecidas de forma positiva: diga o que você quer e não o que deseja evitar. Ex. Se quer emagrecer, estipule a meta do peso que quer chegar, ao invés de apenas falar que quer perder quilos.

Metas devem ser desafiantes e realistas: precisam ser atingíveis, mas não muito fáceis. Importante que ela seja desafiante e lembre-se que é possível mudar a meta sempre que necessário.

Metas devem estar sob o seu controle direto ou indireto. Você deve praticar a ação e não outra pessoa, assim quando planejar o que fazer deve sempre começar com a frase “Eu irei”.

Metas devem ser mensuráveis ao longo do tempo: é uma forma de medir o seu progresso, por isso o primeiro passo é estabelecer uma data definida ou um prazo para alcançar o que quer.

As metas exigem recursos. É sempre mais motivante saber que você tem recursos. Para atingir suas metas faça uma lista do que você tem e do que vai precisar.

Metas devem ser ecológicas. Isso significa avaliar se vale a pena, ou seja, verifique se essa meta é positiva para você e para pessoas ao seu redor.

Metas devem ter um plano de ação. É nessa fase em que o indivíduo divide as metas em ações para realizá-las e as acompanha ao longo do tempo. O plano de ação funciona como uma ferramenta lógica e cronológica dentro do contexto dos objetivos.

No caso de metas que o indivíduo considere difíceis demais, a dica é dividir as metas em etapas. Desta forma, ao término de cada fase ele consegue identificar que está cada vez mais próximo da realização. Outro ponto: mais importante do que alcançar o que se deseja é a trajetória ao longo do caminho, portanto, estabeleça metas que sejam sustentáveis para você e para os seus valores de vida. Desta forma, as chances de sucesso são ainda maiores.

Paulo Vieira é autor best-seller, empresário e Master Coach, com mais de 10.800 horas de sessões individuais de coaching, em mais de 20 anos de experiência. Também é presidente da Febracis, empresa que dobrou de tamanho por 10 anos consecutivos e conta com 40 franquias em 3 continentes, criador do Coaching Integral Sistêmico e do Método CIS, considerado o maior treinamento de inteligência emocional do mundo, que já treinou mais de 1,5 milhão de pessoas em 83 países. O autor também possui um canal de Coaching e Inteligência Emocional no YouTube com mais de 1.3 milhões de inscritos. 

No meio empresarial, Paulo é reconhecido como uma autoridade em temas como Coaching, Liderança, Negociação, Relações Humanas e Gestão eficaz de pessoas, tendo realizado consultoria em cerca de 500 empresas. 

Considerado nos últimos 4 anos o autor Best Seller que mais vende livros no Brasil, tendo mais de 10 milhões de exemplares vendidos (O livro Autorresponsabilidade é Top 3 em vendas no país), é também Master Coach, PhD em Business Administration e Mestre em Coaching pela Florida Christian University [FCU], além de ser considerado o pai da Inteligência Emocional no Brasil.

Vantagens Competitivas da Startup Valeon

pandemia do Covid-19 trouxe consigo muitas mudanças ao mundo dos negócios. Os empresários precisaram lutar e se adaptar para sobreviver a um momento tão delicado como esse. Para muitos, vender em Marketplace como o da Startup Valeon se mostrou uma saída lucrativa para enfrentar a crise.

Com o fechamento do comércio durante as medidas de isolamento social da pandemia, muitos consumidores adotaram novos hábitos para poder continuar efetuando suas compras.

Em vez de andar pelos comércios, durante a crise maior da pandemia, os consumidores passaram a navegar por lojas virtuais como a Plataforma Comercial Valeon. Mesmo aqueles que tinham receio de comprar online, se viram obrigados a enfrentar essa barreira.

Se os consumidores estão na internet, é onde seu negócio também precisa estar para sobreviver à crise e continuar prosperando.

Contudo, para esses novos consumidores digitais ainda não é tão fácil comprar online. Por esse motivo, eles preferem comprar nos chamados Marketplaces de marcas conhecidas como a Valeon com as quais já possuem uma relação de confiança.

Inovação digital é a palavra de ordem para todos os segmentos. Nesse caso, não apenas para aumentar as possibilidades de comercialização, mas também para a segurança de todos — dos varejistas e dos consumidores. Não há dúvida de que esse é o caminho mais seguro no atual momento. Por isso, empresas e lojas, em geral, têm apostado nos marketplaces. Neste caso, um shopping center virtual que reúne as lojas físicas das empresas em uma única plataforma digital — ou seja, em um grande marketplace como o da Startup Valeon.

Vantagens competitivas que oferece a Startup Valeon para sua empresa:

1 – Reconhecimento do mercado

O mercado do Vale do Aço reconhece a Startup Valeon como uma empresa de alto valor, capaz de criar impactos perante o mercado como a dor que o nosso projeto/serviços resolve pelo poder de execução do nosso time de técnicos e pelo grande número de audiências de visitantes recebidas.

2 – Plataforma adequada e pronta para divulgar suas empresas

O nosso Marketplace online apresenta características similares ao desse shopping center. Na visão dos clientes consumidores, alguns atributos, como variedade de produtos e serviços, segurança e praticidade, são fatores decisivos na escolha da nossa plataforma para efetuar as compras nas lojas desse shopping center do vale do aço.

3 – Baixo investimento mensal

A nossa estrutura comercial da Startup Valeon comporta um baixo investimento para fazer a divulgação desse shopping e suas empresas com valores bem inferiores ao que é investido nas propagandas e divulgações offline.

4 – Atrativos que oferecemos aos visitantes do site e das abas do shopping

 Conforme mencionado, o nosso site que é uma Plataforma Comercial Marketplace que tem um Product Market Fit adequado ao mercado do Vale do Aço, agregando o mercado e seus consumidores em torno de uma proposta diferenciada de fazer Publicidade e Propaganda online, de forma atrativa e lúdica a inclusão de informações úteis e necessárias aos consumidores tem como objetivos:

  • Fazer Publicidade e Propaganda de várias Categorias de Empresas e Serviços;
  • Fornecer Informações detalhadas do Shopping Vale do Aço;
  • Elaboração e formação de coletâneas de informações sobre o Turismo da nossa região;
  • Publicidade e Propaganda das Empresas das 27 cidades do Vale do Aço, destacando: Ipatinga, Cel. Fabriciano, Timóteo, Caratinga e Santana do Paraíso;
  • Ofertas dos Supermercados de Ipatinga;
  • Ofertas de Revendedores de Veículos Usados de Ipatinga;
  • Notícias da região e do mundo;
  • Play LIst Valeon com músicas de primeira qualidade e Emissoras de Rádio do Brasil e da região;
  • Publicidade e Propaganda das Empresas e dos seus produtos em cada cidade da região do Vale do Aço;
  • Fazemos métricas diárias e mensais de cada aba desse shopping vale do aço e destacamos:
  • Média diária de visitantes das abas do shopping: 400 e no pico 800
  • Média mensal de visitantes das abas do shopping: 5.000 a 6.000

Finalizando, por criarmos um projeto de divulgação e propaganda adequado à sua empresa, temos desenvolvido intensa pesquisa nos vários sites do mundo e do Brasil, procurando fazer o aperfeiçoamento do nosso site para adequá-lo ao seu melhor nível de estrutura e designer para agradar aos mais exigentes consumidores. Temos esforçado para mostrar aos srs. dirigentes das empresas que somos capazes de contribuir com a divulgação/propaganda de suas lojas em pé de igualdade com qualquer outro meio de divulgação online e mostramos o resultado do nosso trabalho até aqui e prometemos que ainda somos capazes de realizar muito mais.

                                                               Site: https://valedoacoonline.com.br/

quinta-feira, 29 de dezembro de 2022

GOVERNO LULA SOFRERÁ OPOSIÇÃO FERRENHA NO CONGRESSO

 

Saiba qual é a força delas

Por
Rodolfo Costa – Gazeta do Povo
Brasília

AME2358. BRASILIA (BRASIL), 22/12/2022.- El presidente electo de Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva, pronuncia hoy un discurso durante una conferencia de prensa sobre el informe final de la transición y para anunciar a 16 ministros de su futuro Gobierno, en Brasilia (Brasil). Lula anunció este jueves a 16 de sus próximos ministros e incluyó entre ellos, como titular de Industria y Comercio, al futuro vicepresidente, Geraldo Alckmin. Lula asumirá la Presidencia el próximo 1 de enero y ha anunciado que elevará a 37 el número de ministerios, frente a los 23 que tenía el Gobierno del ultraderechista Jair Bolsonaro. EFE/André Borges


Lula enfrentará uma oposição mais ativa, organizada e virulenta em sua terceira passagem pela presidência da República.| Foto: André Borges/EFE

O presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva (PT) não deverá ter uma gestão tranquila a partir de 1º de janeiro. No Congresso Nacional e nas ruas, a promessa feita por parlamentares e coordenadores de movimentos de rua é de uma oposição implacável, programática, estratégica e organizada.

A presença de manifestantes descontentes com o resultado eleitoral e os atos em apoio ao atual presidente Jair Bolsonaro que ocorreram nos últimos anos ilustram o peso da oposição que Lula vai enfrentar. No Congresso, o cenário é de força dos opositores, que podem chegar a ser metade na Câmara, de 513 deputados, e também no Senado, composto por 81 senadores.

O líder do governo no Senado, Carlos Portinho (PL-RJ), calcula que a oposição larga com ao menos 35 senadores. A conta toma por base o número de votos estimados para a candidatura do senador eleito Rogério Marinho (PL-RN) à presidência da Casa, que oficializou sua candidatura recentemente.

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“Pelas nossas contas, em conversas com outros partidos e [senadores] avulsos, pois tem muito voto no varejo em todos os partidos, com exceção dos mais à esquerda, a gente já teria, hoje, cerca de 35 votos. Faltariam seis na nossa conta para vencer a eleição do Senado. E é um cenário de construção, então, largar assim já é uma boa expectativa”, diz. Ele é o nome mais cotado para assumir a liderança da oposição no Senado na próxima legislatura.

Portinho e as bancadas do PL e do governo no Senado estão confiantes de obter mais seis votos e atingir os 41 necessários para eleger Marinho, o que já colocaria quase metade da Casa na oposição a Lula. “Quem é Rodrigo Pacheco [presidente do Senado e candidato à reeleição] é Lula, quem é Lula é Pacheco. Vamos chegar às eleições com chances, ainda mais pelo desgaste que o senador vem tendo de fora para dentro, e as ruas reforçam nosso papel de oposição no Congresso e dão sustentação principalmente na corrida pela presidência do Senado, que vai ser fundamental”, analisa.

O cenário de contraposição não é muito diferente na Câmara. O deputado federal Evair Vieira de Melo (PP-ES), vice-líder do governo Bolsonaro, calcula uma bancada orgânica da oposição que pode chegar a 250 deputados. “Em temas ideológicos, podemos chegar a 300”, avalia.

Um dos mais cotados para assumir a liderança da oposição na Câmara, Evair destaca, ainda, que o PL possivelmente terá as principais comissões estratégicas. Caso isso ocorra, Lula poderia ter dificuldades para tramitar projetos de interesse do governo, bem como a base da esquerda.

Como as ruas podem engajar o Congresso e o que dizem parlamentares
As ruas prometem ser um importante indutor de oposição institucional e social a Lula. Mesmo de forma orgânica, sem a coordenação dos movimentos, milhares de pessoas ocuparam estradas, praças e até os quartéis militares em protestos contra o resultado eleitoral, diz o deputado estadual eleito Tomé Abduch (Republicanos-SP), fundador e coordenador do Nas Ruas.

O atual cenário sugere uma grande possibilidade de as ruas serem ocupadas por protestos ao longo dos próximos anos contra Lula e propostas defendidas pelo governo. “A partir do momento em que as lideranças tiverem pautas claras e definidas e ajudar a direcionar a população para os anseios dela, será muito difícil segurar a nação. Vão ter que respeitar a vontade da população e eles [governo eleito] que não pensem que farão o que querem com o país”, diz Abduch.

O empresário Paulo Generoso, criador e coadministrador da página da internet República de Curitiba, reforça a análise e sustenta que, hoje, ninguém consegue mobilizar tantas pessoas de forma tão rápida quanto os movimentos de rua. “Pode ter certeza que Lula vai ter, sim, uma oposição forte e ferrenha tanto por parte de nossa bancada no Congresso quanto do povo na rua. Continuaremos juntos, apoiando os nossos deputados e senadores, e lutando contra todas as pautas que não sejam do interesse do país e que não representem o nosso povo de direita conservador”, afirma.

O senador Carlos Portinho destaca que os governos do PT nunca governaram com a ameaça que a oposição das ruas oferecerá pelos próximos quatro anos. “Há uma mobilização muito orgânica, assim como aconteceu desde 2013 e que culminou com o impeachment da [ex-presidente] Dilma [Rousseff]. Não é uma mobilização capturada por políticos, é algo que nasce da própria população”, diz.

O deputado federal Sanderson (PL-RS), vice-líder do governo na Câmara, endossa que o atual cenário é diferente em relação ao primeiro mandato de Lula e avalia que as ruas estão muito mais capacitadas para não apenas reforçar a oposição política no Congresso, como também mantê-la permanentemente engajada.

“Aquele cenário de 2002, sem redes sociais, não existe mais. Hoje, com a população acompanhando tudo, em um minuto, qualquer tipo de fala e movimentação gera cobrança. Aquela movimentação de deputados indo para cá e lá, e vez ou outra votando com Lula, isso não acontece mais. Pois se um deputado da nossa base [da direita] votar ou incorporar um do governo do PT, ele não sai mais na rua, isso é uma realidade”, destaca Sanderson.

Que pautas poderiam gerar pressão contra Lula e levar as pessoas às ruas
Após quase 10 anos desde as manifestações das chamadas “Jornadas de Junho”, coordenadores de movimentos de rua destacam que, hoje, os movimentos de rua estão mais organizados e que isso pode ser um diferencial para a mobilização da oposição contra Lula.

“Temos gente, experiência e dinheiro para fazer qualquer manifestação no Brasil, sem dúvida nenhuma”, destaca Paulo Generoso. “As ruas estão preparadas para colocar milhares de pessoas a qualquer momento, sempre que for necessário, e colocamos muito rápido”, acrescenta.

Tomé Abduch concorda e entende que a direita criou maturidade e está organizada “como nunca esteve” antes. “A direita compreende com clareza que a força e o clamor popular tira um presidente do poder, inclusive como já foi feito há pouco tempo atrás com a ex-presidente Dilma [Rousseff], e acho que é o momento da classe política compreender isso. Eles vão ter que andar dentro de um caminho que agrade o clamor da população”, avalia.

A organização dos movimentos de rua pode ser fundamental para mobilizar a população contra pautas como a revogação da reforma trabalhista, a volta do imposto sindical, a legalização do aborto, avalia Generoso. “Não tenho dúvidas que todas essas pautas seriam fatores imediatos que incendiariam as ruas. A partir do momento que mexerem com nossos valores e princípios podem ter certeza que vamos incendiar as ruas”, comenta.

Possíveis escândalos de corrupção e até manifestações por impeachment de Lula seriam outras pautas com potencial para levar a população às ruas, avalia Abduch. “O mesmo vale para outras pautas como votações que vão acontecer no Senado, a qual a pressão popular se faz necessária. Com pautas de votação claras e definidas, fica muito mais claro para que os grupos que organizam as manifestações tenham a facilidade e a clareza para mobilizar a nação sem que possa haver uma inversão de valores como ocorre agora”, diz.

Outra pauta que poderia gerar mobilização nas ruas e no Congresso é a regulamentação da mídia, algo classificado como “impensável” por Carlos Portinho. “Revogação da reforma trabalhista ou uma reforma tributária com aumento de tributo para sanar o buraco fiscal gerado pela PEC seriam inaceitáveis. Naquilo que nos distingue, é lógico que seremos oposição, mas construtiva”, destaca.

O senador defende uma oposição com “conteúdo e lógica”. “Todos os projetos que sirvam para o bem do desenvolvimento do país e para investimentos sociais serão apoiados, desde que tenham responsabilidade fiscal”, destaca. Portinho atuou contra a PEC fura-teto para reduzir a margem fora do teto, por exemplo.

“A nossa convergência era o Auxílio Brasil, ninguém votou contra, tanto que votamos favoráveis às emendas que reduziam o rombo para R$ 100 bilhões com lógica fiscal, não sendo oposição por oposição. O valor que foi aprovado vai causar inflação e aumento de juros, e isso vai corroer justamente o valor de compra para 2023”, justifica.

Analista faz ressalvas sobre oposição e alerta sobre vácuo da direita
A BMJ Consultores Associados calcula que a oposição a Lula pode chegar a 233 deputados e 37 senadores. Coordenador de análise política e sustentabilidade da consultoria, o cientista político Lucas Fernandes entende, contudo, que os tamanhos das bancadas na Câmara e no Senado são um “teto”.

A depender de acordos firmados entre Lula e partidos de centro, o tamanho da oposição pode ser menor. “Na hora de distribuir para qual partido vai cada ministério e, a expectativa é que tenhamos uma base de oposição menor. É difícil imaginar o Lula tendo um crescimento da oposição muito maior do que a gente já tem aí”, diz.

O analista político ressalva, porém, que um novo escândalo de corrupção envolvendo o governo eleito poderia afetar o relacionamento com outros partidos do centro. “Tradicionalmente, temos período de lua de mel entre um novo presidente e o Congresso, então, a oposição deve diminuir um pouco”, reforça.

O coordenador de análise política da BMJ reconhece, no entanto, que o Congresso têm mais poder atualmente do que em 2002. O protagonismo do Parlamento pode, portanto, impor desafios ao governo eleito e fortalecer uma oposição a Lula. “Antes, havia uma capacidade maior do Executivo controlar o Orçamento. Agora, temos um Centrão com incentivos e instrumentos para se comportar como oposição, o custo de negociação é muito alto”, diz. “E isso faz com que a estratégia tenda a ser diferente”, complementa.

Fernandes admite que as possibilidades do Centrão se comportar como oposição podem ser alimentadas pelas ruas. “Lula não é o presidente super popular que a gente tinha no segundo mandato, então, isso vai ser um complicador e ele vai precisar ceder muito”, comenta. Para o analista, o governo eleito terá dificuldades em aprovar propostas de emenda à Constituição, como a PEC fura-teto e uma reforma tributária.

Fernandes tira como paralelo o fato de que a Câmara aprovou em agosto de 2019 a reforma da Previdência e que Bolsonaro teve o apoio das ruas para isso, e entende que Lula não terá a mesma boa-vontade. “Ninguém vai para a rua defender reforma tributária, é muito complexo, não vai diminuir os impostos, só vai unificar e nacionalizar, e há setores que podem sair perdendo. É uma discussão complexa, não está pacificada como a da previdenciária e é uma reforma completamente diferente em um cenário de adversidade”, diz.

O analista alerta, porém, que existe um vácuo político deixado por Bolsonaro na direita conservadora e que isso pode ser um fator de complicação para a oposição no Congresso. “A gente vê o PL querendo cassar o mandato do Moro, já vemos vários problemas na oposição. Esse número de quase 50% da população que não aderiu à campanha do Lula pode ficar rachada e diminuir a capacidade de oposição atuante de levar muita gente à rua”, comenta.

Para Fernandes, só o antagonismo a Lula pode ser insuficiente para organizar todo o movimento opositor. “Vai ser preciso uma definição melhor de uma oposição mais carismática, Bolsonaro não ocupou ainda o vácuo. Já deu para abaixar a poeira e assimila o resultado, e existe um papel [de oposição] que precisa ser ocupado, pois não existe vácuo, ninguém vai esperar assimilar o resultado, isso é importante. Se não tivermos liderança única ou carismática, o Lula ganha com isso, pois terá uma oposição mais fraca na rua”, destaca.


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DITADURA DISFARÇADA DE DEMOCRACIA NA VENEZUELA

 

Editorial
Por
Gazeta do Povo


Nicolás Maduro, ditador da Venezuela.| Foto: EFE/Miguel Gutiérrez


Diante de uma eleição presidencial claramente fraudulenta e ilegítima como a de 2018, em que Nicolás Maduro saiu-se “vencedor”, a Assembleia Nacional venezuelana acertou ao seguir o caminho previsto pela Constituição bolivariana, fazendo do então presidente do Legislativo, Juan Guaidó, o presidente interino do país, em um movimento rapidamente reconhecido por boa parte das democracias ocidentais e instituições importantes como a Organização dos Estados Americanos (OEA). A principal função do interino, no entanto, jamais teve como ser levada a cabo: a realização de novas eleições, como manda o artigo 233 da Constituição venezuelana, jamais ocorreu, até porque Maduro ainda é o governante de fato, embora não de direito.

Tendo bloqueado todas as chances de um desfecho que permita o retorno da democracia à Venezuela, o ditador está perto de conquistar uma “vitória pelo cansaço”: a Assembleia Nacional legítima – aquela eleita em 2015, não a “eleita” em outra farsa eleitoral em dezembro de 2020 – está prestes a extinguir a figura da presidência interina. A medida já foi aprovada em primeira votação e o segundo turno deve ocorrer nesta quinta-feira. “Os objetivos de liberalização [política e de direitos humanos] esperados não foram alcançados e o país exige novos caminhos que nos levem à democracia”, afirmaram representantes de partidos contrários ao bolivarianismo antes que a extinção do cargo de presidente interino fosse levada a votação.

Juan Guaidó não conseguiu se impor internamente e foi abandonado por antigos aliados externos

Por mais que tenha acertado ao se declarar presidente interino, Guaidó não conseguiu atrair para seu lado forças internas e externas que o ajudassem a prevalecer sobre Maduro e finalmente encerrar a ditadura bolivariana. A cúpula das Forças Armadas venezuelanas segue totalmente leal ao bolivariano, comprada com cargos importantes em estatais como a PDVSA, confirmando a famosa frase atribuída a John Rockefeller segundo a qual uma empresa de petróleo mal administrada ainda é o segundo melhor negócio do mundo (perdendo apenas para uma empresa de petróleo bem administrada). Esses militares podem até não estar completamente alinhados ideologicamente ao chavismo, mas não estão dispostos a abrir mão de petrodólares certos para bancar a volta da democracia ao país.

No front externo, Guaidó conseguiu de imediato o apoio de pesos-pesados como Estados Unidos, União Europeia, Canadá, o Grupo de Lima (que inclui o Brasil) e a OEA. No entanto, desde o início da disputa Maduro contou com aliados, seja de outras autocracias, como Turquia, Rússia e Irã, seja de camaradas ideológicos em países não ditatoriais governados pela esquerda, como no México. E este apoio vem crescendo nos últimos meses: na América Latina, governos neutros ou simpáticos a Guaidó deram lugar a aliados de Maduro no Chile, no Peru, na Argentina, na Colômbia e, agora, no Brasil. Na Europa, a desastrada decisão da UE de retirar o reconhecimento de Guaidó (sem, no entanto, reconhecer Maduro) após a Assembleia Nacional decidir pela prorrogação dos próprios mandados para evitar um vácuo de poder abriu caminho para que nações como Portugal e Espanha (governados pela esquerda) estabelecessem relações com representantes diplomáticos do ditador. Já os Estados Unidos seguiram apoiando Guaidó mesmo depois que Donald Trump foi substituído por Joe Biden.

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O Brasil prestes a abraçar ditadores mais uma vez (editorial de 21 de novembro de 2022)
A ditadura inviabiliza o referendo contra Maduro (editorial de 24 de janeiro de 2022)
Na Venezuela, um Legislativo falso e usurpador (editorial de 8 de janeiro de 2021)


Assim, um Guaidó que não conseguiu se impor internamente e que foi abandonado por antigos aliados externos deve desistir de sua reivindicação à presidência da república. É possível que este movimento das forças democráticas remova um obstáculo para que Maduro aceite a realização de eleições livres e limpas em 2024, de forma que a Venezuela volte a ter um governo legítimo? A resposta dependerá muito da pressão internacional sobre o ditador. Maduro entra e sai de rodadas de negociação quando bem entende, usando todo tipo de pretexto – o Vaticano chegou a supervisionar algumas conversas, mas o papa Francisco se cansou das artimanhas do bolivariano e, em carta endereçada ao “sr. Maduro” em 2019, negou um novo pedido de mediação alegando que, nas ocasiões anteriores, não houve “gestos concretos para implementar os acordos” da parte do ditador. Esta “vitória pelo cansaço” e o crescente número de países que reconhecem Maduro fortalecem a posição do socialista, e nessas condições é cada vez mais improvável que ele faça concessões. Pior para o povo venezuelano, condenado a viver sob uma ditadura que só promove fome, miséria e violência.


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PT DETESTA AS FORÇAS ARMADAS

 

Venezuelização
Um réquiem para o Brasil?

Por
Flávio Gordon – Gazeta do Povo


Desfile de tropas do Exército no 7 de setembro.| Foto: Exército/divulgação

“[Os militares] pensam que são superiores… Eu não tenho conversa com os militares… Quando eu ganhar, eu vou conversar porque, aí, eu vou ser chefe deles e vou dizer o que eu penso e qual é o papel deles.” (Luiz Inácio Lula da Silva, entrevista coletiva em 16 de agosto de 2021)

Em 11 de fevereiro de 2014, uma terça-feira, houve no Rio de Janeiro uma sessão da assim chamada Comissão Nacional da Verdade, o tribunal revanchista montado pelo PT para humilhar e subjugar os últimos representantes vivos do regime militar brasileiro. Com a presença da então ministra dos Direitos Humanos, a comunista Maria do Rosário, a sessão contou com a participação de um coral cantando a Internacional Socialista. No trecho final do célebre hino revolucionário, os cantores ergueram os punhos cerrados, sendo acompanhados pelos militantes na plateia, que, comandados pelo maestro, também gritaram “Pátria livre!” e “Venceremos!”

Coisa de dois anos antes, em 29 de março de 2012, oficiais da reserva, muitos deles octogenários, haviam sido acuados, ofendidos e agredidos com cusparadas na saída do Clube Militar do Rio de Janeiro por militantes de um movimento chamado Levante Popular da Juventude. Os agredidos participavam de um evento em celebração ao 31 de março de 1964, no qual fizeram muitas críticas à instituição da Comissão da Verdade. Por uma estranha coincidência, o petista Tarso Genro, ex-ministro da Justiça de Lula e então governador do Rio Grande do Sul, passava pelo local no instante da confusão e, ao ser perguntado sobre o ocorrido, chancelou as agressões dizendo que o evento dos militares fora uma “provocação”. Na época, o jornalista Reinaldo Azevedo – que ainda não tinha, como hoje, aderido tão sabujamente ao petralhismo midiático – informou que Genro era um velho amigo do tal “Levante”.

O projeto de poder lulopetista exige oficiais predispostos a agir como força auxiliar da ditadura e reprimir toda oposição, aos moldes do que Hugo Chávez e Nicolás Maduro fizeram com as forças armadas na Venezuela

Desde que o partido chegou à chefia do Executivo pela primeira vez, em 2003, a vingança tem sido a grande pulsão lulopetista para com as Forças Armadas brasileiras, as quais, na visão dos ex-guerrilheiros dos anos 1960, devem ser inteiramente enquadradas – e transformadas em polícia política, como na Venezuela – ou sucateadas. Essa disposição ficou muito clara, por exemplo, por ocasião do impeachment de Dilma Rousseff, que motivou o partido a uma autocrítica de suas estratégias de manutenção do poder. Assim, para quem não lembra, o partido lançou em maio de 2016 um documento intitulado “Resolução sobre Conjuntura”, onde fazia o diagnóstico de sua derrota política e um prognóstico para a retomada do poder, sem o cometimento dos mesmos erros.

“O avanço do movimento golpista, no entanto, somente poderá ser corretamente entendido se avaliarmos, de forma autocrítica, os erros cometidos por nosso partido e nossos governos” – dizia o documento, apontando como um erro principal a estratégia de composição “pluriclassista”, que teria levado o partido a abdicar demais, em favor de acordos e alianças, de sua agenda socialista e revolucionária. “Logo ao assumirmos, relegamos tarefas fundamentais como a reforma política, a reforma tributária progressiva e a democratização dos meios de comunicação” – dizia ainda o documento, enfatizando a necessidade de “democratizar” (leia-se, aparelhar integralmente) o Estado e remover “os entulhos autoritários herdados da transição conservadora pós-ditadura”. O objetivo era declarado em termos abertamente gramscianos: construir uma “hegemonia dos trabalhadores no Estado e na sociedade”, devendo para isso concentrar “todos os fatores na construção de uma força política, social e cultural capaz de dirigir e transformar o país”.

Para a construção dessa hegemonia sobre o Estado e a sociedade, o partido admite ter errado em não aparelhar o bastante as forças de segurança, notadamente a Polícia Federal, o Ministério Público e as Forças Armadas. “Fomos igualmente descuidados com a necessidade de reformar o Estado, o que implicaria impedir a sabotagem conservadora nas estruturas de mando da Polícia Federal e do Ministério Público Federal; modificar os currículos das academias militares; promover oficiais com compromisso democrático e nacionalista”. Por “oficiais com compromisso democrático e nacionalista”, leia-se, obviamente, oficiais comprometidos com o projeto de poder lulopetista, predispostos a agir como força auxiliar da ditadura e reprimir toda oposição, aos moldes do que Hugo Chávez e Nicolás Maduro fizeram com as forças armadas na Venezuela.

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Desde a derrota política de 2016, o partido tem se dedicado a promover essa corrupção institucional em seu favor. Tendo conseguido, via aliança estratégica com um STF ideologicamente afim, aparelhar satisfatoriamente boa parte da Polícia Federal – que passou reiteradamente a cumprir ordens inconstitucionais e aberrantes, servindo de instrumento de perseguição política contra apoiadores de Jair Bolsonaro –, o lulopetismo seguiu avançando em sua missão de desmoralizar e subjugar as Forças Armadas. Em dezembro de 2021, por exemplo, o PT realizou o seu Encontro Nacional de Direitos Humanos, ao fim do qual emitiu uma resolução que, na ausência deste, substituiu o plano de governo omitido do público durante o pleito de 2022 (ver, a respeito, a minha coluna de 19 de outubro). Alvo de muitas críticas assim que repercutida, a resolução foi apagada do site do partido, embora ainda possa ser encontrada na internet.

O documento era bastante explícito em apontar os obstáculos ao exercício daquilo que o partido chama de “democracia e dos direitos humanos no Brasil”. Dentre esses obstáculos, destacam-se as Forças Armadas e as polícias militares, ambas encaradas como um inimigo a ser vencido (ou aliciado). “No que se refere às Forças Armadas, sabemos bem que o governo Bolsonaro defende forças armadas que sejam tutoras do poder civil, antagonistas da democracia e dos Direitos Humanos e subordinadas ao Comando Sul dos Estados Unidos”, lia-se na resolução, que não economizava ataques à honra da instituição.

O documento prosseguia nos seguintes termos: “A atual cúpula das forças armadas é cúmplice desta conduta do governo Bolsonaro. Não há como separar as FFAA da catástrofe que é o governo Bolsonaro. Transformaram-se em peça fundamental desde o apoio ao golpe contra a presidente Dilma, à prisão do Lula e construção da candidatura do atual governante. Mais do que participar do governo, avalizam e conduzem as diretrizes políticas e orientações governamentais, aceitam o programa neoliberal de ajuste fiscal, que envolve a eliminação de direitos e privatizações, a supremacia do capital financeiro e submissão à hegemonia americana. As FFAA são uma força importante de governo Bolsonaro, ocupando cargos, exercendo funções chaves e definindo orientações. Os compromissos são mais profundos do que aparentam, os vínculos nasceram na campanha, na montagem do atual governo e na viabilização de suas políticas”. Para resolver o problema, o texto defendia mudanças estruturais na instituição, muitas das quais a serem realizadas via convocação de uma Assembleia Nacional Constituinte para a elaboração de uma nova Constituição.

A população do país, por ora, ainda vê as Forças Armadas como a mais crível e respeitada das instituições nacionais. Resta saber se essa credibilidade e esse respeito seguirão intactos

Depois de “eleito” (ou, antes, proclamado pelos companheiros do TSE), o descondenado e seus companheiros intensificaram a campanha de desprestígio contra os militares. Em artigo publicado no site da Fundação Perseu Abramo, aparelho teórico lulopetista, dois intelectuais orgânicos do partido sugerem, por exemplo, alterar o artigo 142 da Constituição e limitar o poder das Forças Armadas à defesa externa. A equipe de transição promete também retirar do Exército a responsabilidade pela concessão de registro e pela autorização para aquisição de armas para os caçadores, atiradores e colecionadores (CACs), transferindo-a para a Polícia Federal, instituição já em estado muito mais avançado de aparelhamento. Desconfiado dos militares, ademais, o descondenado optou por contar com segurança da PF. Essa e outras medidas levaram um militante de redação lulopetista a falar abertamente em “disparos” de Lula contra as Forças Armadas.

O projeto lulopetista de venezuelização das Forças Armadas é, portanto, muito claro. Obviamente, os militares brasileiros tendem a rechaçar essa possibilidade, afirmando reiteradamente a sua vigilância e fidelidade à pátria e ao povo que juraram defender. Em outros tempos, jamais essa vigilância e essa fidelidade foram postas em dúvida pela maioria da população do país, que, por ora, ainda vê as Forças Armadas como a mais crível e respeitada das instituições nacionais. Resta saber se, com a inauguração oficial da ditadura socialista no país, que deverá pôr imediatamente em prática os planos declarados de repressão contra os opositores nas ruas, nas redações e nas redes sociais, essa credibilidade e esse respeito seguirão intactos. Tendo em vista a relativa indiferença com que, mesmo em face das ameaças recorrentes dos tirânicos “vitoriosos”, alguns comandantes têm reagido ao clamor angustiado dos manifestantes em frente aos QGs, a sociedade já não parece assim tão confiante. E hoje, ao ouvir a bela canção Fibra de Herói, que sempre lhe infundiu um sentimento de esperança e proteção, teme pela primeira vez estar diante do mais triste réquiem para o Brasil…

“Se a Pátria querida
For envolvida pelo inimigo
Na paz ou na guerra
Defende a terra contra o perigo
Com ânimo forte, se for preciso
Enfrenta a morte
Afronta se lava com fibra de herói
De gente brava
Bandeira do Brasil
Ninguém te manchará
Teu povo varonil
Isso não consentirá
Bandeira idolatrada
Altiva a tremular
Onde a liberdade é mais uma estrela a brilhar”


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GOVERNADORES TÊM ENXURRADAS DE DEMANDAS PARA LULA

 

depois da posse
Por
Jorge de Sousa, especial para a Gazeta do Povo


Presidente eleito Lula prometeu ainda na campanha que receberia todos os governadores para decidir as obras e projetos prioritários de cada estado| Foto: Sidat Suna/EFE

Os 27 governadores que tomam posse no próximo domingo (1º) pretendem procurar o futuro presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) já nas primeiras semanas de mandato para apresentar demandas de seus estados. E isso deve ocorrer mesmo com aqueles que não apoiaram o petista na campanha presidencial.

A expectativa é que sejam recebidos de braços abertos. Lula disse durante a campanha que um dos seus primeiros atos como presidente eleito seria reunir todos os governadores em Brasília para saber quais são as obras e projetos prioritárias de cada estado.

Grande parte dos pedidos tende a ocorrer porque os estados perderam receitas com a redução do ICMS dos combustíveis e da energia elétrica, realizada neste ano pelo governo do presidente Jair Bolsonaro (PL). Eles precisam, portanto, de dinheiro ou de apoio do governo federal para tocar projetos de seu interesse.

Outras demandas envolvem medidas que Lula pretende levar adiante e que interrompem programas e projetos que são de interesse dos governadores eleitos, como privatizações ou mudanças em modelos de concessão.

O governador eleito de São Paulo, Tarcísio de Feitas (Republicanos), por exemplo, pretende insistir com Lula para manter o leilão de concessão à iniciativa privada do Porto de Santos, que é federal. O futuro ministro de Portos e Aeroportos, Márcio França, disse que as instalações portuárias de Santos não serão mais privatizadas.

Já o governador reeleito de Minas Gerais, Romeu Zema (Novo), que assim como Tarcísio apoiou Bolsonaro na eleição, vem defendendo como uma das principais pautas de diálogo com o novo governo a adesão do estado ao Regime de Recuperação Fiscal (RRF). “O RRF vai permitir que Minas possa ter uma solução para a crise fiscal, avançando ainda mais na melhoria dos serviços prestados aos mineiros”, disse Zema.

“A conclusão da repactuação do acordo de reparação de Mariana, nos moldes do acordo de Brumadinho, também é urgente, porque os atingidos já estão esperando há sete anos para ter uma reparação efetiva”, acrescentou o governador mineiro, em referência aos desastres ambientais provocados pelo rompimento de barragens de mineração.

Zema ainda diz que irá pleitear recursos federais para a ampliação do metrô de Belo Horizonte e a concessão à iniciativa privada da BR-381 entre Belo Horizonte e Governador Valadares. Segundo o governador, é uma “rodovias mais perigosas do país”.

Outro apoiador de Bolsonaro nas eleições foi o governador reeleito do Paraná, Ratinho Junior (PSD). Uma das principais pautas que ele pretende levar a a Lula é a manutenção das concessões de rodovias no estado em modelo similar ao articulado com o Ministério da Infraestrutura no governo Bolsonaro. “Estamos abertos para buscar a melhor solução. Se o governo federal, o novo governo que vai assumir a partir de janeiro, tiver a mesma disposição, estamos abertos para poder achar uma solução que seja um preço justo ao paranaense, mas, acima de tudo, que tenha obras para a população”, disse Ratinho, que não concorda que se faça apenas um pedágio de manutenção.

Já o governador reeleito do Amazonas, Wilson Lima (União Brasil), defendeu em entrevista à revista Veja que irá “agir de forma pragmática” em prol de temas de interesse do estado como a Zona Franca de Manaus, as questões ambientais e a política de fronteiras com a Colômbia, Venezuela e Peru.

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O que querem os que ficaram neutros na eleição
Os governadores tucanos Eduardo Leite (Rio Grande do Sul) e Raquel Lyra (Pernambuco) declararam neutralidade na corrida presidencial, mas também vão apresentar demandas a Lula no início de janeiro. Leite declarou em entrevista ao jornal Valor Econômico que a compensação do ICMS aos estados precisa ser rediscutida com Lula. “O que a gente observou durante a gestão de Bolsonaro foi uma tentativa constante de terceirizar responsabilidades, de empurrar a conta para os estados. Nossa expectativa é que o novo governo possa ir em outra direção, de diálogo para construir soluções”.

Já Raquel Lyra deseja tratar de pautas regionais como a obtenção de recursos federais para investimentos no metrô de Recife, a ferrovia Transnordestina e a melhoria na estrutura para distribuição de água em regiões como o Agreste pernambucano.

Governadores aliados já sabem o que vão pedir

Dentre os governadores que estiveram na base de apoio a Lula, Helder Barbalho (MDB), do Prá, ganhou papel de destaque pela presença ao lado do presidente eleito na COP 27 (27ª Conferência do Clima da Organização das Nações Unidas) e por integrar a equipe de transição na área de desenvolvimento regional.

Barbalho aponta que o Pará e os demais estados com áreas da Floresta Amazônica precisam trabalhar junto do governo federal pelo desenvolvimento sustentável na região. “Mas que isso passe por uma construção em que se tenha o tripé da fiscalização, do monitoramento e do controle; do pilar da regulamentação fundiária e ambiental; e o pilar econômico; que perpassa pela monetização da floresta em pé, perpassa pela reafirmação das vocações dos estados devam ser atrelados à sustentabilidade”, disse.

Os governadores petistas Jerônimo Rodrigues (Bahia) e Elmano de Freitas (Ceará) devem levar pautas regionais de infraestrutura para a apreciação e destinação de recursos do governo federal. Na Bahia, são apontadas como prioritárias a ferrovia Oeste-Leste e o Porto Sul, o estaleiro de Maragogipe, a ponte Salvador-Itaparica, o Canal do Sertão e a duplicação de rodovias federais que cortam o estado. Já no Ceará as maiores demandas devem ser a Estrada do Algodão, o Açude Lontras, a conclusão do Cinturão das Águas e o desenvolvimento de projetos voltados para o setor de energia solar.

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