sexta-feira, 30 de dezembro de 2022

POSSE DE LULA AFASTA O POVO DA CERIMÔNIA

 

Sem festa, sem povo e com angústia

Por
J.R. Guzzo – FGazeta do Povo

AME3123. BRASILIA (BRASIL), 29/12/2022.- El presidente electo de Brasil, Luiz Inacio Lula da Silva, llega para una conferencia de prensa para anunciar ministros de su futuro Gobierno, hoy, en Brasília (Brasil). Lula da Silva quien asumirá el próximo domingo, anunció este jueves a 16 nuevos ministros, con lo que su gabinete tendrá un total de 37 carteras, una de ellas volcada por vez primera a los asuntos indígenas. EFE/ Andre Borges


| Foto: EFE

O ex-presidente Lula, seus amigos e os amigos dos amigos se preparam para voltar ao governo no meio de um clima ruim. O dia da posse, em vez de ser um momento de celebração, está sendo, pela ação deles mesmos, um momento de angústia. Lula, segundo dizem em seu redor, pode usar colete à prova de bala durante a cerimônia. O percurso do desfile pode ser mudado. Deve haver o mínimo possível de povo e o máximo possível de polícia. Lula tem de ficar longe, tem de ficar protegido, tem de estar cercado de guarda-costas com metralhadora. Há sete presos políticos nas celas do STF e do ministro Alexandre Moraes; mais dois estão com ordem de prisão decretada, por “atos antidemocráticos” que estariam colocando em risco a posse do novo presidente. O Sistema Lula e seus parceiros no Supremo querem tirar de onde estão os manifestantes que continuam nas portas dos quarteis – exercendo o direito constitucional de manifestarem sua opinião, e sem provocar até agora o mínimo incidente.

Fabricaram uma “ameaça terrorista”, para justificar a escalada da repressão. Em vez de chamar o povo brasileiro para a posse, chamaram a tropa de choque. Falam o tempo todo em prender, proibir, multar, censurar, castigar. Que “festa da democracia” é esta?

O “Brasil Feliz” de Lula começa com uma cara infeliz. Foi para isso, “fazer um Brasil feliz”, que ele disputou a presidência da República, segundo passou a campanha inteira dizendo; agora, antes mesmo de seu primeiro minuto no governo, os novos proprietários da máquina do Estado já estão sob ataque de nervos. A festa da posse vai ser a portas fechadas, e reservada exclusivamente a militantes e à multidão de aproveitadores que gira em torno deles: empreiteiros de obras, banqueiros com problemas na justiça, advogados criminalistas de corruptos milionários, mandarins do Judiciário, a politicalha em peso. O povo brasileiro está de fora. As bandeiras do Brasil, o verde-amarelo e o Hino Nacional estão longe de lá – estão diante das guarnições militares, em protesto contra eleições que consideram roubadas, um governo que não reconhecem como legítimo e uma dupla STF-TSE que fez todo o esforço possível para os manifestantes acharem as duas coisas.

Nunca houve no Brasil um presidente que assumisse o cargo com o país tão dividido como está agora. Na primeira vez que chegou ao governo, Lula dava a impressão de que reconhecia e admitia a existência de posições diferentes das suas. Parecia disposto a governar para todos, ou pelo menos para a maioria; o Brasil, segundo dava a entender pela maneira como montou a sua equipe, era maior que o PT. Não há nada disso hoje. Lula escolheu um ministério e um primeiro escalão de gueto. É puro “nós” contra “eles”. Quem não votou em Lula não é um adversário – é inimigo, e tem de ser destruído. Não se admite que os 50% dos votos, ou quase isso, que o TSE registrou para o adversário sejam a expressão de um direito; são apenas uma tara de “direita”, que deve ser reprimida como caso de polícia. Ser contra o Sistema Lula, e sobretudo dizer isso em público, em voz alta, é “antidemocrático”. Não se trata mais de reformar o que havia antes, na política, na economia e na sociedade. Trata-se de destruir o Brasil que vem existindo até agora – e colocar em seu lugar a partir do dia 1º. de janeiro de 2023, de preferência para sempre, um regime no qual só existe lugar para quem serve Lula e se serve dele.

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