terça-feira, 1 de março de 2022

ESTADOS UNIDOS MINIMIZAM POSSIBILIDADE DE GUERRA ATÔMICA

 

Conflito
PorGazeta do Povo

Jen Psaki afirmou que declarações de Putin sobre o uso de armas nucleares se trata de uma retórica provocativa.| Foto: EFE/EPA/OLIVER CONTRERAS

Os Estados Unidos afirmaram que os americanos não devem temer o risco de uma guerra nuclear com a Rússia. As declarações foram feitas nesta segunda-feira (28) pela secretária de imprensa da Casa Branca, Jen Psaki. Segundo ela, ao longo da crise que levou à guerra entre a Rússia e a Ucrânia, o presidente Putin falsamente alegou que o país estava sob ameaça tanto da própria Ucrânia como da Otan e dos americanos.

“Estados Unidos e Otan não têm nenhuma intenção de conflitos com a Rússia. Uma retórica provocativa com o risco do uso de armas nucleares é perigosa e aumenta a possibilidade de um erro. Isso deve ser evitado. Nosso nível de alerta não mudou até o momento. Rússia e Estados Unidos já concordaram há muito tempo que o uso de armas nucleares teria consequências devastadoras. Uma guerra nuclear nunca deve ser iniciada, pois não pode ser vencida”, afirmou a porta voz da presidência.

As declarações acontecem uma dia após o presidente russo Vladimir Putin ordenar que as forças nucleares de contenção do país sejam colocadas em “regime especial de serviço” depois de supostas “declarações agressivas” por parte dos principais países da Otan.

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    28/02/2022 22:07
    Decreto
    Putin proíbe a transferência de moeda estrangeira para o exterior
    Agência EFE

O presidente da Rússia, Vladimir Putin, proibiu a transferência de moeda estrangeira ao exterior e ordenou que as empresas com atividades econômicas fora do país façam a conversão de 80% das suas receitas em rublos. | Foto: EFE/ Aleksey Nikolskyi/ SPUTNIK/KREMLIN
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O presidente da Rússia, Vladimir Putin, proibiu a transferência de moeda estrangeira ao exterior e ordenou que as empresas com atividades econômicas fora do país façam a conversão de 80% das suas receitas em rublos, segundo um decreto assinado nesta segunda-feira (28) pelo mandatário para defender a Rússia das sanções ocidentais.

“A partir de 28 de fevereiro, os residentes envolvidos em atividades econômicas no exterior serão obrigados a fazer uma venda obrigatória de moeda estrangeira no montante de 80% do total de moeda estrangeira creditado nas suas contas como parte de contratos de comércio exterior com não residentes”, diz o decreto.

O texto também proíbe a partir da terça-feira “operações cambiais relacionadas com o fornecimento de moeda estrangeira por residentes a não residentes” e a transferência de moeda estrangeira para contas abertas em bancos e outras organizações do mercado financeiro fora da Rússia.

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28/02/2022 21:10
Conflito
Tropas russas se aproximam da maior usina nuclear da Ucrânia
PorAgência EFE

As forças russas já estão operacionais perto de Zaporizhia, no sudeste da Ucrânia, mas ainda não entraram, diz governo ucraniano. | Foto: EFE
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A Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA) foi informada nesta segunda-feira (28) por autoridades ucranianas que tropas russas estão perto da usina nuclear de Zaporizhia, a maior do país, e advertiu novamente que as ações militares que representam um risco para a segurança devem ser evitadas. As forças russas já estão operacionais perto de Zaporizhia, no sudeste da Ucrânia, mas ainda não entraram, disse a AIEA em comunicado, referindo-se a informações fornecidas pelo Ministério das Relações Exteriores ucraniano. A Ucrânia informou à agência atômica da ONU que os seus 15 reatores em quatro locais continuam funcionando de forma segura.

O diretor da AIEA, o argentino Rafael Grossi, afirmou que acompanha com grande preocupação o “possível impacto” do ataque russo à segurança das usinas nucleares da Ucrânia e frisou que é muito importante que estas instalações não sejam colocadas em risco. “Um acidente nas instalações nucleares da Ucrânia poderia ter graves consequências para a saúde pública e o meio ambiente”, advertiu. As forças russas ocuparam na semana passada a antiga central de Chernobyl, onde o acidente mais grave da história da indústria nuclear ocorreu em 1986. A AIEA afirma que, segundo dados do órgão regulador nuclear da Ucrânia, os níveis de radioatividade na central estão baixos.


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BRASIL FICA NEUTRO NESSA GUERRA POIS DEPENDE ECONOMICAMENTE DOS DOIS PAÍSES

Guerra da Ucrânia

Por
Alexandre Garcia – Gazeta do Povo

Aplicação de herbicida, fertilizante, em Chapadão do Céu (GO)| Foto: Wenderson Araujo/CNA

O encarregado de negócios da Ucrânia no Brasil, que é o chefe da representação da Ucrânia, pois está no lugar do embaixador, disse que o presidente Jair Bolsonaro deveria se informar melhor sobre o conflito, e que deveria conversar com o presidente da Ucrânia.

Ao mesmo tempo, o representante do Brasil nas Nações Unidas pediu um cessar-fogo, pediu paz, e ponderou que os dois lados não respeitaram o acordo de Minsk. É um acordo de setembro de 2014, feito sob a égide da Associação de Cooperação Econômica e Segurança Europeia, com diplomatas suíços assistindo. Foi assinado pela Rússia, pela Ucrânia e pelas duas repúblicas populares Donetsk e Lugansk, que estão em litígio, que estavam rebeladas da Ucrânia e queriam se tornar independentes em governos pró-Rússia. Um dos líderes de lá já tinha sido morto num atentado terrorista a bomba e muita gente já tinha morrido.

O acordo de 2014 é uma guerra que já vem de tempo. Pedia cessar-fogo, que fossem libertados os prisioneiros e reféns ilegais na Ucrânia. Pedia que os mercenários se retirassem do país, provavelmente russos. Pedia que os grupos armados milicianos entregassem as armas. E que a paz voltasse a reinar. E falava em descentralização do poder, ou seja, mais autonomia para essas duas regiões, que englobam uma região só, que é Donbass. Mas ninguém obedeceu, tudo continuou, por seis anos, numa brigalhada, até que agora o presidente da Rússia, Vladimir Putin, decidiu declarar que as duas são independentes e dar-lhes apoio militar. E foi o que aconteceu.

O Brasil mantém a neutralidade, porque tem negócios com os dois. Tem a promessa de garantia de fertilizantes, que a gente vai precisar. Afinal, a gente está alimentando também o mundo e dando segurança alimentar para o Brasil e cada vez mais o agro está crescendo. Neste ano, o agro vai significar no mínimo uma terça parte do PIB brasileiro; e já garantiu o crescimento do PIB no ano passado. Então, precisa dar toda a atenção aos fertilizantes, que a gente não tem, embora tenha, porque a legislação e a Justiça brasileira não permitem a exploração do que está faltando, porque seria área indígena, lá na Amazônia, ou área de proteção ambiental, e aí não pode. E aí a gente tem que trazer lá de Belarus, ou da Ucrânia, ou da Rússia, o cloreto de potássio. São coisas malucas que tem contra o Brasil.

Outra coisa que a gente tem que pensar é que ano eleitoral não é ano de brincar com voto não. Não é ano de votar em qualquer um.  Vejam só: o presidente da Ucrânia era um comediante, sem nenhuma experiência na política, nas grandes questões políticas, e foi eleito porque era popular. Ele teve 73%, porque aparecia na televisão, fazendo lá um professor que sem querer chegou à Presidência da Ucrânia. Foi a realidade da vida imitando a arte. Então, a gente tem que pensar muito antes de votar. Fica essa lição.

Uma outra questão que as imagens da guerra mostram, para a gente ter cuidado. Todo mundo que assiste televisão viu os ucranianos jogando coquetéis molotov em dois tanques russos. Só que isso foi em janeiro, lá no Cazaquistão, e não eram tanques russos. Não tinha nada a ver. E saiu como notícia. Todo mundo noticiou que um míssil atingiu um apartamento. O que eu vi foi um foguete. E um foguete é burro, um míssil é inteligente. Faz diferença dizer o nome. Se o míssil atingiu o apartamento, é que nesse apartamento tinha alguém que precisava ser morto. Agora, se o foguete atingiu, foi porque jogaram a esmo e atingiu um prédio com civis, que não têm nada a ver com a guerra.

Então, a gente tem que ter muito cuidado neste ano eleitoral, porque nós vamos ser alvo de muita notícia falsa nesse ano eleitoral. Então, é para a gente receber a notícia como eu já falei aqui: não receber a notícia embrulhada, desembrulhar bem para ver o que existe por trás dela.


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ENTRAVES NO BRASIL PARA A MINERAÇÃO DE FERTILIZANTES

 

Agronegócio

Por
J.R. Guzzo – Gazeta do Povo

O agronegócio brasileiro tem severa dependência dos fertilizantes estrangeiros para se manter vivo| Foto: Wenderson Araujo/CNA

A guerra entre Rússia e Ucrânia deixa escancarada, mais que em qualquer outra ocasião, uma fraqueza pouco discutida na economia brasileira: a severa dependência que o agronegócio tem dos fertilizantes estrangeiros para se manter vivo, próspero e competitivo. A produção da agricultura e da pecuária, hoje, é uma questão estratégica de primeira ordem para o Brasil. É daí que vem os dólares que, ano após ano, fornecem à economia o oxigênio que lhe permite ter uma vida normal – sem problemas de escassez cambial, sem missões do FMI e com reservas em divisas perto de 400 bilhões de dólares. De um momento para outro, com a guerra, o Brasil fica numa posição complicada: uma porção vital dos fertilizantes que utiliza vem da Rússia, e as incertezas da guerra colocam em questão a regularidade do fornecimento.

Essa crise está trazendo uma lição que o Brasil já deveria ter aprendido há muito tempo: uma área tão importante da economia não deveria viver, de maneira permanente, na dependência externa de algo absolutamente essencial para o seu funcionamento. Não haveria o que fazer, naturalmente, se o país não tivesse nenhuma possibilidade material de produzir seus próprios fertilizantes e se fosse obrigado a importar tudo o que precisa. Mas acontece o contrário. O Brasil tem os recursos naturais para isso, sobretudo pelas reservas de potássio – mas recusa-se a desenvolver as suas minas.

Rússia, China e outros países utilizam suas riquezas naturais para produzir cada vez mais energia e outros elementos básicos destinados ao desenvolvimento econômico. Em vez de amarrar-se com “políticas ambientais”, tratam de explorar e vender os recursos do seu solo. Aqui, cada vez mais, a caminhada vai na direção diretamente oposta. Legislação ambiental frequentemente suicida, políticas de “proteção aos índios”, a ação do Ministério Público e da Justiça proíbem o Brasil de aproveitar os recursos que são de todos, como fazem outros países, para promover o interesse comum. É o caso das minas de potássio brasileiras. Se pudessem ser trabalhadas, livrariam a nossa agropecuária da dependência da Rússia e de outros fornecedores. Mas não. É proibido mexer no potássio brasileiro porque ele está próximo ou dentro de terras indígenas. Vai se buscar na Rússia o que existe em abundância no Amazonas.

A abertura do potássio brasileiro à exploração industrial não tem nada a ver, como sustentam os militantes do ambientalismo, com a satisfação de “interesses das grandes mineradoras” ou das “grandes propriedades rurais”. Tem a ver diretamente com os interesses da população brasileira – a grande beneficiária do agronegócio e do mundo econômico que gira em torno dele. Em nome de meia dúzia, sacrifica-se o interesse de 200 milhões.

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GUERRA NUCLEAR NÃO TEM VENCEDORES

 

  1. Internacional 

Submarinos Borei levam a bordo 107 tripulantes e um poder apocalíptico: 16 mísseis Bulava, cada um deles com 6 cargas nucleares independentes – um inventário de 96 ogivas atômicas 

Roberto Godoy, O Estado de S.Paulo

O perigo pode estar agora mesmo pronto para destruir um país. Invisível. Silencioso. A um toque de botão de despejar fogo mais quente que o calor do núcleo do sol sobre o alvo. Pessoas e prédios vaporizados, virando sombras apenas impressas no pouco que restar depois da onda de choque.

A devastação está contida em um tubo negro de metal de 170 metros de comprimento, parado debaixo da linha da água. Agora no Mar Negro, ameaçando cidades como Kiev e Kharkiv, os grandes submarinos russos da classe Borei, 24 mil toneladas de deslocamento, que levam a bordo 107 tripulantes e um poder apocalíptico: 16 mísseis Bulava, cada um deles com 6 cargas nucleares independentes – um inventário de 96 ogivas atômicas. 

É a maior ameaça efetiva da mobilização dos batalhões de ataque estratégico determinada pelo presidente Vladimir Putin. Há ainda outros recursos nessas forças, como os mísseis balísticos intercontinentais e as bombas “inteligentes” que procuram as coordenadas de impacto, transportadas por aviões de vários tipos, além de mísseis menores. 

Rússia - Yuri Dolgoruky - submarino Borei
O submarino nuclear russo Yuri Dolgoruky, da classe Borei, com capacidade de levar o míssil intercontinental Bulava, nas águas de Severodvinsk, em julho de 2009  Foto: Alexander Zemlianichenko/Reuters

Contra esses há a possibilidade de defesa, embora sejam ações difíceis e vulneráveis em certa medida. Contra o Bulava, não. Ele é lançado de seu casulo com o navio submerso, em um ponto qualquer, o mais próximo possível do objetivo. Com 12 metros de comprimento e 40 toneladas de peso, cobre até 9,3 mil km.

Cada ogiva tem 150 kilotons de potência, 10 vezes mais que a da bomba que arrasou Hiroshima, no Japão, em agosto de 1945. Um kiloton equivale a mil toneladas de explosivos convencionais tipo TNT. https://arte.estadao.com.br/uva/?id=2VPRoy

 Rússia tem quatro navios Borei. Um deles está em manutenção. Dos outros três não se tem notícias. O arsenal da Rússia soma 6.255 armas nucleares – aproximadamente 1.750 em condições de emprego imediato, segundo o Instituto de Pesquisa para a Paz de Estocolmo. Os EUA acumulam 5.550 armas, 1.700 em prontidão máxima.

O grupo dos países com esse tipo equipamento tem na lista a China, com 350 unidades, França, com 290, o Reino Unido, com 225, Israel, com 200 – capacidade não assumida –, e a Coreia do Norte, que teria estocado entre 8 e 60 armas, número estimado pelas agências de inteligência da Coreia do Sul e do Japão.  A Suécia, advertida por Vladimir Putin de receber represálias militares caso insista em manter seu projeto de entrar para a Organização do Tratado do Atlântico Norte, a Otan, desmantelou há 40 anos um ambicioso projeto nuclear de Defesa por causa de seu custo, alto demais. 

Iniciado pouco depois da 2a Guerra Mundial, o programa concentrado na Foa,  a Agência de Pesquisa da Defesa, dominou todo o ciclo do urânio é concentrou em dois reatores, Agesta e Marviken, a produção de plutônio para abastecer um lote programado de 100 artefatos de combate. 

Ao mesmo tempo, a Foa investiu no desenvolvimento de dois aviões, o Saab 36 e depois o Viggen 37, para servir de vetores das bombas. A hipótese de emprego era em um eventual conflito com a então União Soviética. No final dos anos 60 o empreendimento começou a ser desmontado. Em 1972, foi desmantelado. A Suécia já tinha então todo o conhecimento científico e tecnológico para a produção das armas. 

*É JORNALISTA

REFORMA ADMINISTRATIVA É A EXTINÇÃO DE TODOS OS PRIVILÉGIOS

 


  1. Opinião
     

Qualquer reforma administrativa deve começar por este ponto: a extinção de todos os privilégios.

Felipe Salto, O Estado de S.Paulo

É preciso reverter a perda de bem-estar social derivada da captura do Estado por verdadeiros caçadores do erário. É hora de escancarar os custos das políticas públicas, para que a sociedade possa colocar na balança e comparar, por exemplo, uma isenção fiscal para um grupo de empresas ao pagamento de uma transferência social. Surrada, mas inescapável, a palavra-chave é transparência. E, a partir dela, ações de governo para rever gastos ruins e abrir espaço para o que importa.

A ideia de que a ação autocentrada pode levar ao progresso econômico tem quase dois séculos e meio. É a lógica da “mão invisível”, de Adam Smith, segundo a qual as forças da oferta e da procura seriam vetores suficientes para o funcionamento da economia, mesmo na presença do egoísmo, digamos assim. O bom funcionamento dos mercados é, de fato, a base para estimular a atividade produtiva, que gera emprego e renda.

Mas há uma condição: a existência de leis, regras e regulamentações da vida em sociedade e da economia. É o papel do Estado e da atividade política. Quando falham, quando a aplicação das leis é torta, lenta ou desigual e, sobretudo, quando a mobilização e a ação de certos grupos distorcem a alocação dos recursos públicos, então o bem-estar social diminui.

Atualmente, há um sem-número de benefícios tributários, regimes especiais, isenções fiscais e vantagens inscritas nos orçamentos públicos.

Isso inclui o pagamento de salários acima do teto constitucional remuneratório. O Estado mostrou, recentemente, que há contracheques, no Judiciário, de mais de R$ 440 mil mensais. O salário mínimo, hoje, está em R$ 1.212,00 e a renda média do brasileiro não passa de cerca de duas vezes esse valor.

A chamada Comissão do Extrateto, criada em 2016 pelo Senado Federal, produziu um bom projeto para resolver o problema. Ele foi aprovado, mas ainda tramita na Câmara dos Deputados. Essa força de setores do alto escalão do funcionalismo público relega a último plano a busca pelo interesse da coletividade. Prejudica, inclusive, a própria necessidade de valorização dentro do serviço público.

Em artigo para o Valor Econômico, em 16 de setembro de 2014 (Transparência e democracia), o economista Marcos Lisboa e eu escrevemos: “Mancur Olson, em A lógica da ação coletiva (1965), argumentou que a possibilidade de obter benefícios do Estado estimula a mobilização coletiva de grupos relativamente pequenos e homogêneos (…) A natureza difusa e pouco transparente dos custos dessas ações, no entanto, que recaem sobre o restante da sociedade, dificulta o debate democrático e a deliberação sobre o uso mais eficiente dos recursos públicos”.

Tal acesso privilegiado ao “poder” garante a perpetuação, por décadas, de programas ruins, além de ensejar a criação de outros. A apropriação de nacos do orçamento público ocorre na penumbra, onde todos os gatos são pardos. As crianças, as famílias pobres, os desempregados, a base do serviço público, os trabalhadores informais, os marginalizados e os seus interesses, que deveriam ser as prioridades de uma nação ainda tão desigual, são preteridos.

Quando não são preteridos, inserem-se no Orçamento, em geral, sem qualquer corte naqueles gastos de péssima qualidade. Aumentou-se, por exemplo, entre 2021 e 2022, o valor previsto para o Auxílio Brasil (sucessor do Bolsa Família), de cerca de R$ 35 bilhões para quase R$ 90 bilhões. Uma despesa nova necessária e legítima, a meu ver. Mas nem um centavo foi cortado em outras rubricas. Ainda, a despesa social serviu de desculpa para mudar o teto de gastos e abrir espaço para outras demandas não relacionadas ao social.

Para ter claro, não prego uma redução geral e irrestrita de gastos de pessoal e de políticas de incentivo à produção. Proponho, sim, transparência, para que a sociedade tenha conhecimento, por exemplo, de que os descontos autorizados no Imposto de Renda podem chegar a R$ 20 bilhões ao ano. Por que manter esse benefício para os ricos?

A Instituição Fiscal Independente (IFI) do Senado Federal, há mais de cinco anos, tem contribuído para aumentar a transparência. Seu papel, no entanto, limita-se a mostrar custos e alertar. Há um segundo desafio, a partir disso, que é introjetar, na prática de governo e no cotidiano da política, a dimensão da responsabilidade com o dinheiro público. A Revisão do Gasto, ou Spending Review, pode ajudar. Amplamente adotada no âmbito da OCDE, essa boa prática propõe-se justamente a questionar a “base orçamentária” existente.

Vale dizer, no caso dos servidores, que há realidades completamente distintas coexistindo. De um lado, os supersalários, que parecem intocáveis. De outro, os baixos salários dos professores da educação básica. Qualquer reforma administrativa deve começar por este ponto: a extinção de todos os privilégios. Sem isso, não terá legitimidade.

Os vícios destes grupos de interesse, esta caça ao tesouro, precisam ser combatidos com veemência. Caso contrário, a necessidade de novos gastos públicos – já imposta pela demografia, pela pobreza e pela desigualdade – terá de ser suprida com mais e mais carga tributária e dívida pública. É preciso espantar os caçadores de renda para longe da administração pública.

*

DIRETOR-EXECUTIVO DA IFI. AS OPINIÕES NÃO VINCULAM A INSTITUIÇÃO

COMO AUMENTAR AS VENDAS NO SEU COMÉRCIO

 

Franklin Bravos, CEO da Signativa

Especialista indica estratégias para impulsionar resultados de vendas online

O faturamento do e-commerce cresceu 48,41% em 2021 e as vendas em datas sazonais, como, Carnaval, ajudam nesse crescimento. “Desenvolver e aplicar estratégias de vendas nesse período é um dos primeiros passos para ficar à frente da concorrência”, alerta Franklin Bravos, CEO da Signativa, startup que já profissionalizou mais de 500 e-commerces no Brasil.

Pensando em ajudar empreendedores dos mais diversos segmentos a faturar mais nas datas sazonais, especialmente as que se aproximam – Carnaval, o especialista separou sete dicas. Confira:

1 – Faça um planejamento

Bravos explica que, antes de aplicar qualquer estratégia de vendas, é importante investir em um planejamento para essas datas. “Um bom planejamento é fundamental para que os resultados aconteçam. Ele deve levar em conta tecnologias disponíveis, segurança, logística, produtos, atendimento personalizado e, por fim, o pós-vendas”.

2 – Aplique técnicas de Marketing Digital

Estar atento às tendências de marketing digital pode ser decisivo para o aumento de vendas. “É válido aplicar técnicas de SEO e otimização em sites, além de um bom relacionamento com o cliente. Outra recomendação é fazer uso das redes sociais para divulgar produtos e também aderir a campanhas com influenciadores para aumentar o engajamento do público-alvo”, sugere o CEO.

3 – Invista em tecnologia

O público procura cada vez mais facilidades proporcionadas pela tecnologia e boas experiências de compra. Não ter a necessidade de se deslocar para buscar ou comprar um produto e consultar avaliações antes de decidir uma compra são algumas possibilidades. “Investir em uma plataforma de e-commerce, que oferece suporte técnico e processos automatizados, é um diferencial para captar e reter mais clientes em datas sazonais, porque permite que o empreendedor ofereça uma melhor experiência de compra”, orienta Bravos.

4 – Crie promoções e ofertas

Não é novidade que consumidores brasileiros são atraídos por preços baixos e descontos. Promoções podem ser decisivas no momento de escolha dos consumidores e por isso ajudam a atrair e fidelizar novos clientes. Bravos recomenda focar essas ofertas nos itens que mais se adequam às necessidades do público-alvo. “Essas ações promocionais podem ocorrer de diversas formas, como cupons de descontos e ‘leve dois e pague um’. Para o carnaval, o comércio pode optar por liberar descontos para os itens mais procurados nos sites”.

5 – Garanta segurança

Em meio a tantas incertezas na hora de comprar pela internet -especialmente em datas sazonais, quando golpes virtuais são mais frequentes, buscar estratégias de segurança proporcionará que clientes e potenciais consumidores tenham garantia de entrega do produto e transações financeiras protegidas. “Contrate uma equipe que faça uma atualização de permissão de acesso e implante meios que certifiquem a autenticidade e segurança da loja online. Esses pequenos ajustes serão um diferencial para uma estratégia efetiva do negócio”, propõe o CEO.

6 – Estabeleça prazos de entrega acessíveis

O prazo de entrega se tornou um dos principais requisitos que consumidores analisam para decidir uma compra. Bravos aponta que é importante cumprir esses prazos e oferecer a melhor experiência de consumo para fidelizar o cliente.

“Serviços de fulfillment são uma opção para diminuir o tempo de entrega, além de aderir a processos e soluções de inteligência artificial que otimizam essa logística”.

7- Analise o pós-venda

Com todos os passos anteriores seguidos, é hora de realizar métricas de todo o resultado que a estratégia trouxe ao negócio. “Recomendamos uma análise anual com todas as informações de campanhas realizadas nessas datas, pois isso ajuda a definir ações futuras e o planejamento de outras estratégias de venda”, finaliza o CEO.

A Startup Valeon reinventa o seu negócio

Enquanto a luta por preservar vidas continua à toda, empreendedores e gestores de diferentes áreas buscam formas de reinventar seus negócios para mitigar o impacto econômico da pandemia.

São momentos como este, que nos forçam a parar e repensar os negócios, são oportunidades para revermos o foco das nossas atividades.

Os negócios certamente devem estar atentos ao comportamento das pessoas. São esses comportamentos que ditam novas tendências de consumo e, por consequência, apontam caminhos para que as empresas possam se adaptar. Algumas tendências que já vinham impactando os negócios foram aceleradas, como a presença da tecnologia como forma de vender e se relacionar com clientes, a busca do cliente por comodidade, personalização e canais diferenciados para acessar os produtos e serviços.

Com a queda na movimentação de consumidores e a ascensão do comércio pela internet, a solução para retomar as vendas nos comércios passa pelo digital.

Para ajudar as vendas nos comércios a migrar a operação mais rapidamente para o digital, lançamos a Plataforma Comercial Valeon. Ela é uma plataforma de vendas para centros comerciais que permite conectar diretamente lojistas a consumidores por meio de um marketplace exclusivo para o seu comércio.

Por um valor bastante acessível, é possível ter esse canal de vendas on-line com até mais de 300 lojas virtuais, em que cada uma poderá adicionar quantas ofertas e produtos quiser.

Nossa Plataforma Comercial é dividida basicamente em página principal, páginas cidade e página empresas além de outras informações importantes como: notícias, ofertas, propagandas de supermercados e veículos e conexão com os sites das empresas, um mix de informações bem completo para a nossa região do Vale do Aço.

Destacamos também, que o nosso site: https://valedoacoonline.com.br/ já foi visto até o momento por 86.000 pessoas e o outro site Valeon notícias: https://valeonnoticias.com.br/ também tem sido visto por 700.000 pessoas , valores significativos de audiência para uma iniciativa de apenas dois anos. Todos esses sites contêm propagandas e divulgações preferenciais para a sua empresa.

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segunda-feira, 28 de fevereiro de 2022

BOLSONARO PREFERE FICAR NEUTRO NESSE CONFLITO

 

Editorial
Por
Gazeta do Povo

O presidente da República, Jair Bolsonaro (PL).| Foto: Marcos Corrêa/Presidência da República

Atravessamos um momento histórico delicado no qual a clareza nas convicções e nos atos é fundamental. Como não se via há décadas, temos um país militarmente poderosíssimo atacando outro, mais fraco, que não o agrediu. Há destruição de cidades, centenas de inocentes mortos e o risco de o conflito ganhar proporções globais. É o tipo de situação explícita o bastante para não deixar sombra de dúvida sobre o quão injusta, perigosa e equivocada é. Exatamente por conta disso, a hesitação do presidente Jair Bolsonaro em condenar a invasão russa é surpreendente e difícil de ser compreendida.

A Rússia de Vladimir Putin é o principal parceiro econômico e militar das ditaduras de Cuba e da Venezuela, que o presidente Bolsonaro conhece muito bem e que corretamente critica com frequência, apontando, especialmente, para seus abusos no campo dos direitos humanos e no desprezo pela democracia. Portanto, o presidente sabe que não está lidando com uma potência que preza pela paz e pela liberdade. O reconhecimento dessa verdade deveria ser o suficiente para o Brasil evitar alguns dos erros que cometeu desde que esse triste episódio da história contemporânea ganhou as proporções atuais.

Uma das falhas mais graves foi a lentidão em retirar do país os brasileiros que lá estavam. Enquanto outros países emitiram alertas e convocavam seus cidadãos para deixarem a Ucrânia mesmo antes da invasão se consumar, o Itamaraty revelou que não tinha nem sequer um plano de evacuação quando Putin lançou as primeiras bombas, o que dá a entender que o Brasil apostou suas fichas numa suposta disposição para o diálogo do autocrata russo, como se fosse absurdo cogitar que ele realmente fizesse o que fez.

Mesmo agora, quando o número de vítimas fatais chega às centenas, o presidente brasileiro parece hesitar em condenar com clareza o que a Rússia fez.  Neste sábado (26), três dias após a violenta e absurda invasão do território ucraniano pelo exército de Putin, Bolsonaro enfim resolveu falar do conflito por meio de sua conta no Twitter. Sua mensagem trata da remoção dos brasileiros, menciona a posição do Brasil “em defesa da soberania, da autodeterminação e da integridade territorial dos Estados” que, segundo ele, “sempre foi clara” e afirma que tal posição está sendo comunicada por meio dos “canais adequados para isso”. No entanto, a mensagem é encerrada sem fazer nem uma menção sequer à Rússia, o ente agressor diretamente responsável pelos mortos, feridos e refugiados – entre os quais estão os brasileiros que o governo, agora, corre para socorrer.

Ainda que a representação diplomática do Brasil tenha feito o que se esperava dela no Conselho de Segurança da ONU, votando a favor da resolução que condenava oficialmente a invasão – documento que acabou vetado pela própria Rússia -, a recusa do presidente em emitir ele mesmo qualquer crítica à flagrante violação da soberania ucraniana pelas tropas russas constrange a qualquer brasileiro de bom senso, que tenha ciência dos horrores da guerra. Não há malabarismo argumentativo capaz de amenizar o que Putin está fazendo e não há relativizações plausíveis.

Aliás, as decisões de Bolsonaro sobre o papel do país nessa crise têm provocado confusão desde antes de ela estourar com a invasão. Há cerca de dez dias, quando os tanques russos já se movimentavam de modo ameaçador na fronteira com a Ucrânia, o presidente escolheu manter uma viagem de fins comerciais para Moscou. Não se contentando com a assinatura de acordos em momento totalmente inoportuno, Bolsonaro fez questão de declarar, ao lado de Putin, que é “solidário à Rússia” sem especificar a que exatamente estava se referindo.

Não há malabarismo argumentativo capaz de amenizar o que Putin está fazendo e não há relativizações plausíveis

Quando as democracias mais relevantes do planeta estavam empenhadas em dissuadir a sanha militarista de Putin, obviamente, a viagem do presidente brasileiro foi lida pela comunidade internacional como um endosso ao principal responsável pela escalada das tensões, o que talvez justifique a “grande impaciência” com a qual a visita de Bolsonaro era esperada pelo Kremlin. Afinal, ali estava o líder de uma grande nação democrática do Ocidente demonstrando, orgulhosamente, sua amizade e solidariedade com a Rússia. Uma narrativa muito conveniente aos russos, que puderam usá-la para acusar de falsa a tese do suposto isolamento que o país enfrenta no mundo.

É certo que, naquele momento, os analistas internacionais se dividiam entre o alarmismo de uma invasão iminente e a leitura da posição de Putin como uma estratégia agressiva para conseguir melhores posições na mesa de negociação com as grandes potências, em face do risco de um desfecho violento. Porém, a situação exigia prudência e não era necessário um encontro entre os dois presidentes para garantir acordos comerciais, quando o tema mais importante era outro, sobretudo se considerarmos que tais promessas apalavradas não valem muita coisa num cenário de sanções econômicas cada vez mais fortes da comunidade internacional contra a Rússia.

Depois, em mais uma demonstração de ambiguidade, Bolsonaro desautorizou publicamente o que foi dito pelo vice-presidente Hamilton Mourão, quando este afirmou que o Brasil “não está neutro” e “não concorda com uma invasão do território ucraniano”, uma posição entendida como natural, tendo em vista a condição do Brasil de aliado extra-Otan.

A justificativa agora usada pelo presidente para explicar seu silêncio sobre a Rússia, de que a posição do Brasil é comunicada em fóruns adequados, também soa estranha dado o histórico do próprio Bolsonaro. Desde que assumiu o Planalto, por muito menos, ele não se eximiu de fazer comentários a respeito de diversas situações internacionais que não envolviam diretamente o país, mas eram passíveis de crítica por quem compartilha os valores morais e cívicos frequentemente invocados por ele.

Então, até que o presidente esclareça melhor, todo brasileiro de bem que lê no noticiário sobre as mortes provocadas por essa guerra insana prosseguirá se perguntando: por que Bolsonaro não condena de forma clara à violência da Rússia contra a Ucrânia? O que o motiva a tal omissão quando praticamente todos os líderes democráticos relevantes do Ocidente já se pronunciaram de forma mais corajosa e correta? E, indo mais além, por que não adota uma posição firme de sinalizar com que sanções fortes contribuirá para que o mundo volte à paz?

Para todos os efeitos, convém fazer a ressalva de que não se pretende ser injusto com a atual diplomacia brasileira. É da ciência de todos que atuam nesse campo o fato de que a oficialidade importa muito, o que coloca o Brasil numa posição evidentemente superior às lamentáveis abstenções da China, dos Emirados Árabes e da Índia, expressadas no Conselho de Segurança da ONU, e, logicamente, a léguas de distância da simpatia sistemática por regimes autoritários, como a que víamos quando o Itamaraty estava sob a regência do Partido dos Trabalhadores.

Porém, para quem acompanha atentamente a atuação do presidente ao longo de seu mandato, a postura repete um padrão infeliz. Parece ir de encontro ao que pensa seu próprio entorno, como as autoridades militares mais próximas do Planalto. Mesmo que estivesse pensando de forma exclusivamente eleitoral – o que seria triste -, é difícil entender que tipo de benefício essa postura pode trazer para quem quer que seja. As pessoas tendem a perceber a ambiguidade de governantes e isso gera incerteza, desconforto e desconfiança.


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ATÉ ONDE VAI A PARCERIA CHINA E A RÚSSIA

 

Guerra na Ucrânia
Por
Fábio Galão – Gazeta do Povo

O presidente russo, Vladimir Putin, e o ditador chinês, Xi Jinping, em encontro pouco antes da abertura dos Jogos Olímpicos de Inverno de Pequim, no início de fevereiro| Foto: EFE/EPA/ALEXEI DRUZHININ/KREMLIN/SPUTNIK

Os anúncios de sanções econômicas do Ocidente contra a Rússia, iniciados após o reconhecimento de Moscou das repúblicas separatistas de Donetsk e Lugansk e intensificados depois da invasão à Ucrânia, gera dúvidas sobre a capacidade do país sobreviver economicamente a essas restrições.

Desde as sanções de 2014, a última vez em que a Rússia havia atentado contra a soberania ucraniana, ao anexar a Crimeia e apoiar os separatistas em Donbass, o presidente Vladimir Putin criou estratégias para diminuir o impacto dessas medidas sobre o país, mas a China, segunda maior economia do mundo e sua parceira estratégica, é considerada por alguns a grande carta na manga. Mas o gigante asiático seria capaz de compensar o fechamento de mercados no Ocidente?

Segundo reportagem do New York Times, a China já compra da Rússia mais petróleo do que adquire da Arábia Saudita e acertou recentemente a importação de 100 milhões de toneladas de carvão russo (no valor de mais de US$ 20 bilhões) e a compra de trigo produzida no país com o qual faz fronteira no leste asiático.

No início de fevereiro, pouco antes da abertura dos Jogos Olímpicos de Inverno de Pequim, o ditador do país asiático, Xi Jinping, e o presidente russo, Vladimir Putin, anunciaram que vão intensificar a cooperação entre os dois países. Xi afirmou na ocasião que ambos enfrentarão juntos as “ingerências externas e as ameaças à segurança regional”, enquanto o russo destacou que a China é o parceiro estratégico “mais importante e um amigo próximo” de Moscou.

Porém, embora o comércio bilateral entre os dois países tenha atingido em 2021 um recorde de mais de US$ 146 bilhões, as transações da Rússia com a União Europeia totalizaram bem mais, quase US$ 220 bilhões no ano passado.

Fala-se muito da dependência da União Europeia do gás natural russo, que representa 40% das suas importações do produto, mas é uma dependência de mão dupla, já que a China não compra a mesma quantidade e paga mais barato.

“A China ainda não está em condições de substituir inteiramente a União Europeia como parceiro (russo)”, apontou Eugene Chausovsky, pesquisador do think tank Newlines Institute, em artigo publicado no site Foreign Policy.

Ele destacou que o aumento das exportações de energia para a China exigiria um investimento de dezenas de bilhões de dólares em infraestrutura. Além disso, “a Europa atualmente paga preços muito mais altos pelo gás natural russo por meio de mercados spot do que a China por meio de seu contrato de 30 anos com a [estatal russa] Gazprom, assinado em 2014, pouco antes do conflito original na Ucrânia”, acrescentou Chausovsky.

Na questão da invasão à Ucrânia, embora tenha criticado as sanções, a China não tem apoiado diretamente a ofensiva da Rússia – na sexta-feira, Pequim se absteve numa votação no Conselho de Segurança das Nações Unidas em que uma resolução para condenar a operação foi vetada pela própria Rússia.

“[O apoio econômico e financeiro chinês à Rússia] não significa que a China apoie diretamente em qualquer grau o expansionismo russo – significa apenas que Pequim sente fortemente a necessidade de manter e impulsionar a parceria estratégica com Moscou”, disse Shi Yinhong, professor de relações internacionais da Universidade Renmin, em Pequim, ao New York Times.

Nessa linha, é importante destacar que o comércio da China com os Estados Unidos e a União Europeia somou cerca de US$ 1,6 trilhão no ano passado, mais de dez vezes mais do que entre chineses e russos. Ou seja: Pequim pode estar receosa de que as sanções contra Moscou respinguem nela se apoiar claramente o grande pária da geopolítica do momento.

“A China não quer se envolver tanto a ponto de ser prejudicada como resultado de seu apoio à Rússia”, afirmou Mark Williams, economista-chefe da Capital Economics para a Ásia, à Associated Press. “Tudo depende de se eles estão dispostos a arriscar seu acesso aos mercados ocidentais para ajudar a Rússia, e não acho que estejam. Não é um mercado tão grande.”


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