quinta-feira, 3 de outubro de 2019

COLUNA ESPLANADA DO DIA 03/10/2019


Alvos de Janot

Coluna Esplanada – Leandro Mazzini 








Políticos citados no livro do ex-procurador-geral da República Rodrigo Janot pretendem acioná-lo na Justiça. Depois de incluídos na famosa “lista do Janot”, foram inocentados no âmbito das investigações da Operação Lava Jato. No livro “Nada Menos que Tudo”, que ainda não foi lançado, mas vazou nas redes sociais, Janot narra bastidores da investigação e revela episódios sobre políticos envolvidos em enredos de corrupção. Nos últimos três anos, pelo menos 30 políticos acusados em delações da Lava Jato tiveram as investigações contra eles suspensas ou arquivadas nos tribunais superiores.
Ecos do Palácio
O procurador-geral Augusto Aras, em seu discurso de posse ontem, ignorou a ex-PGR Raquel Dodge e o presidente nacional da OAB, Felipe Santa Cruz.
Direita unida
Em seu discurso na posse de Aras, o presidente Jair Bolsonaro saudou o prefeito ACM Neto (DEM), de Salvador, como potencial futuro presidente do Brasil.
Incompetência
O governo do Brasil boia à deriva sobre o mar de óleo bruto despejado criminosamente no litoral do Nordeste. Ninguém sabe quem foi, de onde vem, e o porquê.
Previdência
A derrubada do artigo que criava regras mais duras para o abono salarial na reforma da Previdência, na votação do primeiro turno no Senado, pegou de surpresa e irritou ministros palacianos que receberam dias atrás, de aliados – entre eles o líder do governo, Fernando Bezerra (MDB-PE) –, a garantia de que o governo teria votos para aprovar com folga o texto principal e derrubar destaques.
Calendário
Conforme cálculos da equipe econômica, a medida (manutenção das regras atuais para o abono) reduzirá em R$ 76,4 bilhões a economia em 10 anos com a reforma. Além da derrota, ministros próximos a Bolsonaro estão preocupados com o atraso no calendário e a incerteza em relação à data da votação em segundo turno.
Enchendo o cofre
O Brasil registrou recorde histórico de R$ 2,9 bilhões referentes à recuperação da dívida ativa previdenciária. O valor representa aumento de 11,6% em relação ao primeiro semestre de 2018. A Procuradoria-Geral da Fazenda ainda arrecadou R$ 9,3 bilhões referentes a créditos tributários e não tributários.
Pré-sal 2.0
Tramita a ‘toque de caixa’ na Câmara dos Deputados a PEC que define a divisão entre estados e municípios de parte dos recursos que a União espera obter com o leilão de áreas do pré-sal, marcado para 6 de novembro. O texto chegou à CCJ há seis dias e o relator, deputado Aureo Ribeiro (Solidariedade-RJ), irá apresentar seu parecer.
Como é
A PEC destina 15% dos recursos para estados, 15% para municípios e 3% especificamente para o Estado do Rio de Janeiro, onde ficam as áreas do pré-sal.
Briga grande
O projeto tramita num momento político-jurídico tenso em Brasília, quando o STF vai julgar ação que pode repartir para todo o Brasil os royalties do petróleo dos estados produtores, como Rio e São Paulo. A bancada fluminense diz que o estado quebra se perder a receita.
CPI do Moro
Em resposta à demora do presidente da Câmara, Rodrigo Maia, advogados de partidos da oposição avaliam ir ao STF para pedir a instalação da CPI para investigar a conduta do ex-juiz e atual ministro da Justiça, Sergio Moro, e procuradores da Lava Jato.
Memorial jurídico
Há precedentes que motivam os opositores: em 2014, a ministra do STF Rosa Weber atendeu a um pedido da oposição ao governo Dilma Rousseff – comandada à época pelo PSDB – e determinou a instalação no Senado de uma CPI exclusiva para investigar irregularidades na Petrobras. Que deu em nada.
Esplanadeira
# O deputado federal Laércio Oliveira relançou a Frente Parlamentar em Defesa do Setor de Serviços. Argumenta que o segmento representa 75% do PIB.
# A Evino constatou que cresceu para 44,6% a porcentagem de clientes que compram vinhos pelo seu app #

PRIMEIRO MINISTRO BRITÂNICO PROPÕE UM NOVO ACORDO PARA O BREXIT


O que prevê o plano do premiê britânico Boris Johnson para evitar um Brexit sem acordo
 

                    © Getty Images O primeiro-ministro britânico tornou público nesta quarta-feira seu plano, batizado como 'Duas fronteiras por quatro anos' 


Se nada mudar, em 31 de outubro haverá um Brexit sem acordo. O governo de Boris Johnson diz estar pronto para essa possibilidade, mas ainda busca renegociar os termos fechados com a União Europeia (UE) por sua antecessora, Theresa May, para a saída do Reino Unido do bloco.
O primeiro-ministro britânico tornou público nesta quarta seu plano, batizado como "Duas fronteiras por quatro anos". A proposta inclui uma solução para o principal obstáculo ao acordo: a questão da fronteira entre a Irlanda do Norte, um território britânico, e a Irlanda, que faz parte da UE.
O acordo estabelecido em maio inclui uma "salvaguarda" para impedir a instalação de uma fronteira física entre as Irlandas, mas foi repetidamente rejeitado pelo Parlamento britânico, o que levou à renúncia de May. Os parlamentares temiam que o Reino Unido permanecesse desta forma vinculado indefinidamente aos regulamentos europeus.
A proposta de Johnson surge em meio a dificuldades políticas causadas pelo Brexit. Em sua campanha, ele prometeu que a saída do bloco ocorreria na data estipulada, com ou sem acordo.
Em uma decisão que provocou grande polêmica. o premiê chegou a suspender o Parlamento por cinco semanas no começo de setembro.
Críticos disseram que ele estava tentando impedir que parlamentares debatessem sua proposta e tentassem impedir uma saída sem acordo, o que o primeiro-ministro negou.
Mas a Suprema Corte do Reino Unido concordou com o argumento dos parlamentares, e considerou ilegal a suspensão do Parlamento.
Agora, com o "Duas fronteiras por quatro anos", o premiê dá um novo capítulo ao imbróglio da saída da UE, que se arrasta desde o referendo de 2016.
A Comissão Europeia, que vem se recusando a renegociar o que já havia sido acordado com May, respondeu que analisará a proposta de Johnson "objetivamente".
Já o primeiro-ministro disse em uma conferência do Partido Conservador, nesta quarta-feira, que a única alternativa a seu plano é um Brexit sem acordo.
Estes são alguns dos principais pontos do documento:
Período de transição
O Reino Unido deixaria a UE em 31 de outubro, mas haveria um período de transição até 31 de dezembro de 2020.
Dessa forma, uma vez concluído o divórcio oficial, em 1º de janeiro de 2021, o Reino Unido deixaria de fazer parte das instituições europeias e da união aduaneira.
Status da Irlanda do Norte
A Irlanda do Norte também deixaria o bloco em dezembro de 2020, mas cumpriria os regulamentos aduaneiros do mercado único europeu por quatro anos, até 2025, se os termos de Johnson forem aceitos pela Assembleia da Irlanda do Norte.
Dupla fronteira
A iniciativa acima implicaria em uma dupla fronteira. A primeira seria marítima, com o resto do Reino Unido. Os produtos que entrassem pela Irlanda do Norte teriam de atender aos padrões da UE.
A segunda seria territorial, com a República da Irlanda. Sendo este país membro da UE, não seria necessário controlar o comércio entre as duas nações.
Revisão a cada quatro anos
Em 2025, a Assembleia da Irlanda do Norte poderá decidir se adotará as regras do Reino Unido em relação a agricultura e a outros produtos ou se mantém os regulamentos da União Europeia, que facilitam sua relação com a República da Irlanda.
A mídia britânica ressalta que essa "liberdade" dada ao território ajudaria Johnson a conseguir mais apoio ao seu plano no Parlamento britânico. O Partido Unionista Democrático (DUP), da Irlanda do Norte, faz parte da coalizão liderada pelo Partido Conservador, a legenda do premiê.
Controle tecnológico



© AFP Atualmente, existem muito poucos controles para o comércio entre as duas Irlandas

Em carta enviada à Comissão Europeia na quarta-feira, o governo britânico relata que o plano de Johnson contempla que "todos os processos aduaneiros entre o Reino Unido e a Europa sejam tratados de forma descentralizada, com a documentação gerenciada eletronicamente".
Quais foram as reações ao novo acordo?
Após detalhes do plano serem divulgados, o primeiro-ministro irlandês, Leo Varadkar, disse ao Parlamento que o que está "ouvindo não é muito motivador e não é base para um acordo".
De Bruxelas, fontes disseram que escutariam as propostas do governo britânico, mas que, para haver um acordo, será necessário "impedir a instalação de uma fronteira rígida, preservar a cooperação entre o norte e o sul (da Irlanda), proteger o mercado único e a posição da Irlanda dentro dele."