quarta-feira, 31 de julho de 2019

25 ANOS DO PLANO REAL NO BRASIL


O que podemos aprender com os 25 anos do Plano Real

Tiago Mitraud







Há 25 anos, o Brasil dava passos importantes na direção da estabilização econômica e na redução da pobreza. O Plano Real, implementado em 1994, foi responsável por conter a inflação que ultrapassava os três dígitos e causava o completo desespero da população brasileira, que via seu salário ser corroído pelo constante aumento dos preços dos produtos mais básicos. A história de sua implementação traz importantes lições que podem ser usadas hoje na missão de retomarmos o crescimento da economia brasileira.
Em primeiro lugar, o Plano Real era um desafio à mentalidade política da época. A hiperinflação da década de 90 não era apenas consequência de fatores externos que desvalorizaram o Cruzeiro. Era também reflexo de péssimas políticas de controle inflacionário da Ditadura Militar, o desequilíbrio dos gastos do governo e a manutenção dessa irresponsabilidade na redemocratização.
É por isso que, além das fases mais conhecidas do Plano (o ajuste fiscal, a moeda de transição URV, a troca pelo Real), também foram necessárias medidas estruturantes para que o país pudesse manter a estabilidade da moeda. Políticas como as metas de inflação do Banco Central, a Lei de Responsabilidade Fiscal e as privatizações foram fundamentais no processo.
Em segundo lugar, o Real era um desafio de comunicação. Era necessário convencer uma população já extremamente cética, que havia visto outros sete planos fracassarem. Foi necessário um extremo esforço de diálogo da equipe técnica com o então presidente Itamar Franco, com os congressistas da época e principalmente com os brasileiros.
Apesar do atual contexto econômico muito mais favorável, sem grandes crises externas ou inflação, nós temos os nossos próprios desafios a vencer, como o gigantismo do Estado, o déficit das contas públicas, o desemprego e o baixo crescimento do PIB. Assim como a hiperinflação, nossos desafios de hoje também têm raízes nas péssimas decisões dos últimos governos.
A boa notícia é que, assim como foi feito na implementação do Plano Real, é possível superar esses impasses. Basta que nós abandonemos o populismo e a busca por poder, recorramos às políticas públicas técnicas, sejamos responsáveis com as contas públicas e tenhamos um diálogo transparente com a população sobre a necessidade das medidas a serem tomadas.
O Livres, movimento liberal do qual faço parte, tem realizado um importante papel de recuperação histórica do Real para a estabilização da economia brasileira. Nesta semana, lançaram um documentário que resgata os pontos mais relevantes da sua implementação. Assista um trecho em: bit.ly/TeaserReal25.
Em tempos confusos como os atuais, precisamos aprender mais com nossa própria história. Com os bons exemplos e, também, com aquilo que não queremos mais repetir. Meus parabéns ao Livres pela qualidade do trabalho desempenhado em busca deste objetivo

COLUNA ESPLANADA DO DIA 31/07/2019


Cautela no mercado

Coluna Esplanada – Leandro Mazzini 








Com a economia brasileira patinando, segue em baixa a atratividade para investidores estrangeiros. Para tentar conquistar empresários de outros países, o governo reduziu o prazo – de 45 para apenas três dias – para a abertura de uma filial no Brasil. A mudança, por enquanto, não surtiu efeito. À Coluna, o Ministério da Economia e a Receita Federal informaram que neste ano só nove multinacionais foram abertas. A Receita aponta ainda não ter informação de quantos pedidos foram feitos. Recentemente, o Banco Central informou que o país recebeu US$ 2,19 bilhões em investimento estrangeiro direto em junho, queda de 68,4% em relação ao mesmo mês do ano passado.
A conferir
As evidências investigadas pela Polícia Federal apontam para crime passional no assassinato do cacique Emyra Wajãpi, no Amapá. Não houve contato com garimpeiros.
Alô? Alô!?
A Oi, que cuida dos aparelhos no DF, desinstalou os orelhões dos principais shoppings de Brasília. Quem fica sem bateria de celular, ou é assaltado, não tem opção de contato.
Sinais
Um trecho forjado no Planalto sobre o saque do FGTS dá sinais de que, num cenário favorável, o governo vai extinguir o fundo. Na MP 889, o texto o classifica como “encargo trabalhista, que onera o emprego formal e desestimula novas contratações”
Criptografados 1
O presidente Jair Bolsonaro e ministros palacianos – assim como outros importantes membros civis e militares do governo – correrão perigo por conta própria se insistirem em utilizar contas de e-mail de provedores estrangeiros ou aparelhos celulares para conversas mais reservadas e de segurança nacional. O alerta já foi dado desde janeiro.
Criptografados 2
Fato é que a Agência Brasileira de Inteligência desenvolveu, no governo Dilma Rousseff, o Cripto-Gov e o C-Gov. São softwares de alta complexidade, que blindam as mensagens de computador e os telefones entregues pela Abin ao grupo. Se o presidente e ministros confiam ou não nos agentes, é outra história. Mas o serviço funciona.
Da janela
Ninguém no Planalto ainda mensurou o tamanho do estrago da verborragia espontânea de Bolsonaro nas últimas semanas (“governadores paraíbas”, “beneficiar meu filho, sim”, “como seu pai morreu”, etc.). O que se tem certeza é que os movimentos de apoio nas ruas estão sumindo. O MBL já se calou, para sobrevivência do deputado federal Kim Kataguiri, seu líder. E o ‘Vem pra rua’ ainda não saiu dos quartos.
Dois tempos
O tempo da Justiça foi cruel com Lula da Silva, mas tem sido generoso com o empresário milionário Eduardo Queiroz. Condenado à prisão pela Justiça Federal em janeiro de 2018, por gestão fraudulenta décadas atrás em banco de fomento estatal, o processo não chegou às mesas dos desembargadores do TRF de Pernambuco. E lá se vão 19 meses.
Sem memória
Outra peça surreal do Brasil sem memória: Há um ano moradores da pacata São Bento do Sapucaí (SP) veem o malfeito público com o saudoso filho mais ilustre. Em duas canetadas, o prefeito Ronaldo Rivelino excluiu o nome de Plínio Salgado de uma praça, e extinguiu a semana cultural em homenagem ao jornalista e ex-deputado.
Bem perto
O cineasta Dado Galvão, que há anos, sob suas lentes, realiza uma incansável busca pela verdade sobre a decadência da Venezuela, vestiu-se de padre para entrar na Venezuela e filmar as mazelas do povo. Virá a Brasília, a convite do deputado Leur Lomanto (DEM-BA), para narrar sua saga na fase mais recente de sua ‘Missão Ushuaia’.
TáxiGov
O Ministério da Economia concluiu o pregão eletrônico para contratação de serviço de transporte de servidores no Rio de Janeiro e região metropolitana. A Cooparioca venceu licitação com o preço de R$ 2,89 por quilômetro rodado, 10% inferior ao máximo estimado de R$ 3,21.  O serviço já é utilizado no Distrito Federal e será implementado em São Paulo nos próximos meses. A pasta quer economizar 48% dos gastos atuais.
Para esquecer
Erra Felipe Santa Cruz, da OAB, em acusar Sérgio Moro de ser chefe de quadrilha. Numa posição pessoal, não da Ordem. Erra o presidente Bolsonaro, na vendeta, ao insinuar sobre morte do pai do advogado, no regime militar. Baixam muito o nível do debate. Ambos maus exemplos nesses episódios.

terça-feira, 30 de julho de 2019

JOVENS DE 18 A 39 ANOS SÃO OS MAIORES DEVEDORES INADIMPLENTES


Tão jovens e já inadimplentes: 25% da população com nome sujo tem de 18 a 30 anos

Paula Machado








Por excesso de gastos na balada o barbeiro Tiago Ferreira, 29 anos, acabou inscrito no SPC

Baladas, roupas e sapatos novos, lanches, mensalidade da faculdade, celular e internet de alta velocidade. Com tantas despesas e sem planejamento, o tão esperado salário do jovem trabalhador acaba antes do fim do mês, culminando, muitas vezes, no superendividamento. Tanto é que 25% da população negativada no Brasil tem de 18 a 30 anos, segundo dados da Serasa.
Dos 62,8 milhões de inadimplentes em maio, cerca de 16 milhões estão dentro do recorte etário. O número representa quase a metade (47%) da população entre 20 e 29 anos em 2019, segundo as projeções do IBGE. Segundo especialistas, ausência de educação financeira, influência das redes sociais e famílias que não dialogam sobre o assunto colaboram para esse quadro preocupante.
Periferia
Ainda de acordo com a Serasa, os jovens adultos de periferia são a maioria do público endividado no país. O grupo, que engloba 16,8% dos brasileiros, é o de maior representatividade entre as pessoas com dívidas não pagas (32%).
O perfil, traçado pela classificação Mosaic Brasil - que divide a sociedade em 11 categorias - compreende jovens adultos, moradores de zonas periféricas e com difícil acesso à educação pela falta de infraestrutura nos locais que habitam.
Para o educador financeiro do Serviço de Proteção ao Crédito (SPC), José Vignoli, “o grande problema é o imediatismo atual”. “As pessoas vivem o agora, sem planejar o futuro. Isso faz com que os jovens consumam seus recursos no presente, para a realização de sonhos, e acabem negligenciando os próximos anos e décadas”, afirma.
Conforme o especialista, as redes sociais contribuem para que esse nicho gaste mais do que possui. “São tantas notícias de pessoas milionárias e felizes, que ele deixa de valorizar o que possui. Uma reserva é fruto de muitos anos, não alguns meses”, diz.
Outro agravante é a inexistência de discussões em casa sobre o orçamento familiar. “Para os brasileiros, em geral, discutir dívidas é indigesto. Os pais não dividem os problemas financeiros e cortes de gastos com os filhos. Sentem vergonha. Os jovens crescem distantes do assunto e aprendem a lidar com o dinheiro também de forma ruim”, diz a superintendente da Associação de Educação Financeira (AEF Brasil), Cláudia Forte.

“Molecagem”
O barbeiro Tiago Ferreira, de 29 anos, endividou-se aos 22 e permaneceu com o nome sujo até 2017, quando a dívida prescreveu. “Foi de molecagem. Perdi o emprego e estava numa época em que gostava de sair. Gastei muito com balada, bar, roupa”, lembra. No entanto, as conse-quências para a fase adulta foram pesadas.
“Atrasou demais a minha vida. Perdi oportunidades de investimentos, de estudos e de emprego. E mesmo pagando minhas contas em dia há dois anos, até hoje essa época de endividamento me atrapalha, porque minha pontuação no banco permanece baixa”, diz.
Já a designer Érika Mendes, de 33 anos, ficou inadimplente dos 21 aos 28 anos e, há seis meses, retornou para o SPC.
“Quando eu vendi um apartamento, tive que limpar meu nome para receber da Caixa. Então, paguei o que não tinha prescrito. Aos 30, comprei outro imóvel financiado. Desta vez, esqueci de pagar o IPTU”, justifica ela que, apesar do nome sujo, acaba de receber do banco dois cartões de crédito com limite de R$ 5 mil cada.

Educação financeira deve acontecer desde a infância
Superintendente da Associação de Educação Financeira (AEF Brasil), Cláudia Forte defende que a orientação sobre as finanças deve começar desde o primeiro ano do ensino fundamental. “É um processo comparável ao de uma pérola, que leva um longo tempo de constituição. Quanto mais cedo a gente começa, melhor a criança irá se adaptar às ferramentas”, afirma.
Segundo a especialista, é positivo que o país tenha uma grande oferta de crédito, com um mercado aquecido de tecnologia bancária. Contudo, é preciso saber analisar as oportunidades para “não entrar em um ciclo viciante”.
As más escolhas feitas durante o início da vida adulta podem ter consequências até a terceira idade. Conforme estudo do SPC, de maio, 75% dos jovens entre 18 e 24 anos não se preparam para a aposentadoria. E 47% deles não realizam controle financeiro mensal, por desconhecimento (19%), preguiça (18%), falta de hábito ou de disciplina (18%), entre outros motivos.
Plataformas
No entanto, sempre é hora para começar. “Hoje, existem várias opções on-line que ajudam a orientar sobre como lidar com o dinheiro. São incontáveis plataformas nesse sentido. O SPC, por exemplo, tem um site chamado Meu bolso feliz”, indica o educador financeiro do SPC, José Vignoli.
Cláudia Forte também destaca as ferramentas disponibilizadas pela associação na internet. “Desenvolvemos um portfólio inteiro focado no professor, do primeiro ano do fundamental ao ensino médio, com todos os materiais disponíveis gratuitamente no site vidaedinheiro.gov.br . Também fizemos a websérie ‘Sem neura’, com episódios de cinco minutos, nos quais a Fer, uma adolescente, vive no perrengue”, exemplifica.
Já para as crianças, há o jogo “Tá osso”, um game para ajudar a lidar com o dinheiro.

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