terça-feira, 29 de janeiro de 2019

VALE DO RIO DOCE PERDE BILHÕES EM VALOR DE MERCADO APÓS ROMPIMENTO DA BARRAGEM


Vale perde R$ 71 bilhões em valor de mercado após rompimento de barragem

Estadão Conteúdo











A Bolsa de São Paulo chegou a perder quase 3 mil pontos nesta segunda-feira, 28, e bateu no nível dos 94 mil pontos com a forte queda nas ações da Vale e da Bradespar, empresa do Bradesco que tem como maior participação papéis da mineradora. As ações ordinárias das duas companhias perdiam mais de 20% logo no início de pregão, repercutindo a tragédia em Brumadinho (MG), no primeiro dia de sessão após o ocorrido. Ao fim dos negócios, a Vale perdeu R$ 71 bilhões em valor de mercado. Na quinta-feira, 24, a companhia valia R$ 289,767 bilhões na Bolsa. Nesta segunda, acabou o pregão valendo R$ 218,706 bilhões.

As ações ordinárias da Vale terminaram o dia em baixa de 24,52%, a R$ 42,38, enquanto as preferenciais da Bradespar caíram 24,49%, a R$ 26,43. O Ibovespa encerrou em queda de 2,29%, aos 95.443,88 pontos.

A Vale ON - que responde por 10,9% da carteira do Ibovespa - é de longe a mais negociada entre as ações do índice. A segunda ação mais negociada é a ON da Bradespar, empresa do Bradesco que tem como maior participação a Vale.

O rompimento da barragem eleva a percepção de risco em torno da mineradora e deve continuar pressionando as ações da companhia por um tempo, ainda que do ponto de vista econômico o impacto das operações locais seja de menos de 2% da produção total da Vale. Segundo os analistas dos bancos Bradesco BBI e BTG Pactual, a crise criada pode trazer restrições mais severas às operações de outras minas, elevando os custos do setor e comprometendo potencialmente a produção de minério.

Os dois bancos destacaram que o impacto ambiental do rompimento da barragem parece menor do que o caso da Samarco, o que poderia se converter em menores multas. Entretanto, o aspecto humano tem pesado nas projeções, uma vez que o número de mortos até agora já superou em muito o caso de 2015, sem contar as centenas de pessoas ainda desaparecidas.

Segundo os analistas Leonardo Correa e Gerard Roure, do BTG, o segundo rompimento de barragens ligado à empresa em poucos anos coloca pressão adicional por parte da sociedade sobre a Vale. "A questão agora parece ser: podemos utilizar as barragens de rejeito com segurança, especialmente as próximas das comunidades?", escreveram. Diante do cenário, a regulamentação tende a ser muito severa no País, potencialmente tendo efeito sobre projetos e operações já existentes.

O banco ainda colocou em xeque a própria retomada das operações da Samarco depois deste rompimento. "Essa tragédia vai claramente elevar o escrutínio regulatório no País, o que pode ter implicações futuras na retomada das operações da Samarco". A estimativa era de que as operações da empresa pudessem ser retomadas em meados de 2020.

Na mesma direção, o Bradesco BBI ponderou as dificuldades de se calcular o impacto. "Embora não acreditemos que o impacto final do acidente vá superar o caso da Samarco (US$ 10 bilhões, ou US$ 0,50 por ação), nós achamos que o desempenho das ações podem ser prejudicados no curto prazo, à medida que o fluxo de notícias sobre possíveis multas e custos se intensificam", escreveram os analistas Thiago Lofiego, Arthur Suelotto e Isabella Vasconcelos. Eles salientaram a sólida posição de alavancagem da empresa, o que implicaria pouco dano do ponto de vista do balanço patrimonial.

Segundo o Bradesco, os impactos sobre o mercado de minério ainda vão depender de outras minas do Sul e do sistema do Sudoeste serem parados para inspeções. "Se o impacto da produção for limitado apenas à mina de Feijão, o acidente representaria apenas 0,6% do mercado transoceânico", destacaram.

O impacto sobre o valor de mercado da mineradora divide analistas. Há quem entenda que o efeito no negócio da Vale será limitado. Os profissionais destacam que a produção local corresponde a menos de 2% da produção total da Vale, portanto, do ponto de vista estritamente operacional, o impacto do rompimento seria pequeno. "A capacidade ociosa em outras minas permite o remanejamento da operação", comentaram os analistas da Coinvalores, em relatório assinado por Sandra Peres, Felipe Martins Silveira e Sabrina Cassiano.

Eles salientam, porém, que "além de novos impactos financeiros potenciais, mudanças regulatórias também ficam no radar, com a possibilidade de exigências mais rígidas quanto à licença para novas barragens e minas". Eles sugerem que as ações da Vale devem ficar pressionadas até que todos os potenciais impactos possam ser mensurados de forma mais clara.

"No curto prazo, os papéis da mineradora deverão continuar pressionados, reflexo dos danos de imagem à companhia e provisões para pagamento de multas e indenizações", disseram os profissionais da Guide, que também sugerem que o rompimento da barragem poderá atrasar as concessões e licenças ambientais nas operações Brasil. "Há também o risco de novos processos de investidores nos EUA e rebaixamento de agências de risco", acrescentaram. A casa lembra que, apesar de decisões judiciais que levaram ao bloqueio de R$ 11 bilhões, a Vale possui fôlego financeiro, já que contava com um caixa próximo de cerca de R$ 23 bilhões ao fim do terceiro trimestre.

Paciência

Para a gestora Alaska, se os preços continuarem despencando e nenhuma maior surpresa negativa surgir, a estratégia é comprar mais e aumentar a exposição aos papéis da mineradora, segundo Henrique Bredda, gestor da Alaska, que tem entre 7% e 8% de exposição à mineradora.

"Acreditamos que o mercado vai continuar nervoso por mais algum tempo. No momento, não vamos fazer nada. Vamos manter nossa posição e avaliar. Queremos entender o impacto do rompimento", afirmou Bredda. "Se o papel continuar nesse nível de preço ou cair mais e se não surgir nenhuma informação adicional, uma megamulta, novo bloqueio, poderemos aumentar a posição para algo entre 10% e 11% do fundo Black", disse o gestor.

O analista-chefe da Necton, Glauco Legat, disse que não recomendaria a venda das ações da companhia tendo em vista o baixo impacto do rompimento na produção de minério de ferro da companhia, e o fato de que há capacidade ociosa. Além disso, aponta que o sistema logístico, que interliga a Ferrovia Espírito Santo - Minas Gerais, aparentemente não foi interrompido e o escoamento da produção segue intacto.

Adicionalmente, Legat citou que a Samarco levou a Vale a provisionar US$ 2,7 bilhões de potenciais ressarcimentos, pagamento que se dará no prazo de 12 anos (até 2028), e que o minério de ferro futuro subiu hoje 2,77%.

Mercado externo

As ADRs (American Depositary Receipt) - recibos de ações através dos quais empresas não sediadas nos Estados Unidos podem negociar seus papéis no mercado norte americano - abriram em forte queda em Nova York, depois de ter recuo expressivo também durante os negócios do pré-mercado. Após cair 8% na sexta, elas recuaram mais 17% nesta segunda-feira.

Renda fixa

Os bônus dos títulos de renda fixa da Vale operam em forte queda nesta segunda-feira no mercado secundário. O bônus com vencimento em 2026 recuava 6,4% e era negociado a 102% do valor de face, ante 109,8% do encerramento da sexta-feira. O bônus para 2042 tinha queda ainda maior, de 7,2%, e operava em 95% do valor de face. Na sexta, dia do acidente, o título encerrou o dia em 102,5% do valor de face.

Ainda entre os títulos de renda fixa da Vale, o eurobond para 2023 era negociado a 107,8% do valor de face, ante 109,6% da sexta-feira, uma queda recorde para o papel, segundo um gestor.

TRABALHO INCANSÁVEL DOS BOMBEIROS PARA RESGATAR VÍTIMAS NA LAMA DE BRUMADINHO


Buscas nesta terça-feira se concentram no ônibus localizado e na área do refeitório

Juliana Baeta – Jornal Hoje em Dia












Bombeiros trabalham no resgate de vítimas em "zona quente" de Brumadinho




Os bombeiros já retomaram as buscas na manhã desta terça-feira (29). Os trabalhos se concentram no local onde foi encontrado o segundo ônibus soterrado pela lama e na área do refeitório onde almoçavam os funcionários da Vale pouco antes do rompimento da barragem da Mina Córrego do Feijão.

Às 9h acontece uma reunião de alinhamento entre as forças de segurança envolvidas nas operações. O número de mortos continua sendo o último divulgado, totalizando 65 vítimas fatais, sendo 31 corpos já identificados, mas é possível que este número suba ao longo do dia no decorrer dos trabalhos.

Segundo o tenente coronel Flávio Godinho, coordenador da Defesa Civil, as chances de encontrar sobreviventes são mínimas e cada vez menores com o passar dos dias.

Doações suspensas

Godinho ainda reafirmou que não há necessidade de as pessoas fazerem mais doações às vítimas do rompimento da barragem em Brumadinho. “E não existe nenhum site oficial do Estado de Minas Gerais solicitando o aporte financeiro para socorro humanitário. Algumas pessoas têm se aproveitado deste momento para cometer estelionato, e outras acabam disseminando fake News”, conclui.
O tsunami de lama que devastou Brumadinho já é a maior tragédia de Minas em número de mortes dos últimos 18 anos. Só na cidade da Grande BH, pelo menos 65 pessoas perderam a vida após três minas do Córrego do Feijão ruírem na última sexta-feira. Juntos, em quase duas décadas, outros rompimentos de barragens e desastres naturais ocorridos no Estado registraram 46 óbitos.
Os corpos das vítimas estão sendo levados para o Instituto Médico-Legal (IML) de Belo Horizonte. A identificação é feita por meio das impressões digitais, arcada dentária e exames de DNA. Na porta da unidade da polícia o clima é de muita comoção.
O empresário Alan Delon, de 30 anos, veio de Brumadinho a capital para reconhecer um amigo e buscar informações sobre dois cunhados e dois primos, que estão desaparecidos. Ao chegar ao local, ele diz que não teve acesso ao cadáver, sendo impossível fazer o reconhecimento facial.
“Veio todo mundo chorando no meio do caminho, chegamos aqui e não foi possível nem entrar. Assinamos um molho de papéis a partir de um protocolo, que confirmava que ele estava morto, por causa do estágio avançado de decomposição”, afirma.
Resgate
O número de mortes que já é elevado pode aumentar. Pelo menos 292 pessoas estão desaparecidas. O trabalho de resgate é bastante delicado. À medida que o tempo passa, a esperança diminui. Segundo o comandante de Busca e Salvamento Especializado dos Bombeiros, capitão Leonard Farah, a expectativa de encontrar sobreviventes em ocorrências desse tipo é praticamente nula após sete dias.
“A gente sempre atua com a probabilidade de sobrevivência. A doutrina internacional preconiza que a gente trabalhe assim, com a hipótese de encontrar essas pessoas até sete dias depois”, explica Farah.
Atualmente, mais de 200 militares do Corpo de Bombeiros atuam na região. A agilidade necessária, no entanto, esbarra na dificuldade de atuação na área tomada pelos rejeitos. “A lama não está totalmente seca. A gente ainda está afundando até a altura do peito. Por isso, usamos a técnica de rastejar”. Além disso, os militares colocam painéis de madeira sob o barro para caminhar em pontos com maior perigo.

BOLSONARO PASSA BEM APÓS CIRURGIA DE SETE HORAS


Bolsonaro é transferido para UTI e se encontra estável e consciente

Agência Brasil









A cirurgia de reconstrução do trânsito intestinal, a que foi submetido o presidente, segundo o boletim médico, não teve intercorrências nem necessidade de transfusão de sangue



Após sete horas de cirurgia, o presidente Jair Bolsonaro foi transferido para a Unidade de Terapia Intensiva (UTI), e se encontra "clinicamente estável, consciente, sem dor, recebendo medidas de suporte clínico, prevenção de infecção e de trombose venosa profunda". As informações estão no primeiro boletim médico divulgado nesta segunda-feira (28) pelo Hospital Albert Einstein.
A cirurgia de reconstrução do trânsito intestinal, a que foi submetido o presidente, segundo o boletim médico, não teve intercorrências nem necessidade de transfusão de sangue.
No procedimento foi feita a reconstrução do trânsito intestinal e extensa lise de aderências decorrentes das duas cirurgias anteriores, conforme o boletim. "Foi realizada anastomose do íleo com o cólon transverso, que é a união do intestino delgado com o intestino grosso", detalhou o hospital.
O porta-voz da Presidência da República, Otávio do Rêgo Barros, disse nesta segunda-feira (28) que o presidente Jair Bolsonaro deverá ter alta médica em dez dias. Ele confirmou que Bolsonaro ficará em descanso total por 48 horas, retornando às atividades na quarta-feira (30) por volta das 10h. Neste período, o vice-presidente, general Hamilton Mourão, exercerá a Presidência da República.
Rêgo Barros disse que a cirurgia para reconstrução do trânsito intestinal ocorreu com “êxito” e que está “otimista” com a recuperação. Segundo ele, acompanham o presidente os filhos Carlos, Eduardo e Renan, além da primeira-dama, Michelle Bolsonaro.
Após sete horas de cirurgia, o presidente foi transferido para a Unidade de Terapia Intensiva (UTI), e se encontra "clinicamente estável, consciente, sem dor, recebendo medidas de suporte clínico, prevenção de infecção e de trombose venosa profunda".
A cirurgia de reconstrução do trânsito intestinal, a que foi submetido o presidente, segundo o porta-voz, não teve intercorrências nem necessidade de transfusão de sangue.
No procedimento foi feita a reconstrução do trânsito intestinal e extensa lise de aderências decorrentes das duas cirurgias anteriores, conforme o boletim. "Foi realizada anastomose do íleo com o cólon transverso, que é a união do intestino delgado com o intestino grosso", detalhou o hospital


COLUNA ESPLANADA DO DIA 29/01/2019


Legislação ambiental

Coluna Esplanada – Leandro Mazzini  












Apresentadas em 2016 pela Comissão Externa criada para acompanhar e avaliar os desdobramentos da tragédia na região de Mariana (MG), três propostas que modificam a legislação ambiental para evitar novos desastres pouco avançaram e permanecem paralisadas em comissões da Câmara. Um dos projetos de lei (PL 4.287/16) tem o objetivo de fortalecer as ações de prevenção e preparação na gestão de risco de desastre, no caso de rompimento de barragem. Outro, o PL 4.286/16, aumenta o teto das multas até cem vezes o valor máximo, no caso de desastre ambiental, e garante que o pagamento de multa não desobrigue o infrator de reparar os danos causados.
Resíduos 
Já o PL 4.285/16 equipara a resíduos perigosos os rejeitos de mineração depositados em barragens abaixo das quais existam comunidades que possam ser atingidas por seu eventual rompimento.
Comissões 
Os três projetos estão parados, respectivamente, na Mesa Diretora e nas comissões de Minas e Energia e Meio Ambiente da Câmara. Além de apresentar as propostas, a Comissão Externa concluiu que a Samarco Mineração foi, “sem dúvida, responsável civil, penal e administrativamente pela tragédia de Mariana”.
Lembrete 
Samarco/BHP/VALE não pagaram multas e indenizações no caso Mariana. A vila para atingidos continua só na terraplenagem e o processo contra 22 funcionários da empresa patina no Judiciário.

Ruptura
Engenheiro consultado pela Coluna aponta que, ao contrário do que diz a Vale, a barragem que se rompeu em Brumadinho estava em atividade. Segundo ele, a ruptura se deu na parte inferior, indicando a veracidade do depoimento de parentes de vítimas de que a barragem estava “infiltrando”.

Tubos
O engenheiro complementa que a cravação de tubos no corpo do maciço da barragem para drenar com maior rapidez a água, visando a recuperação de finos de minérios, provoca vibração em sua estrutura: “A tragédia estava em curso”. A Vale sustenta que a barragem estava inativa há três anos.
Portaria
Ministério da Economia publica esta semana portaria que autoriza a nomeação de 102 candidatos excedentes aprovados e não convocados do concurso público de 2016 para 101 cargos da Fundação Nacional do Índio (Funai).
Técnicos 
O presidente, Franklimberg de Freitas, justifica que a Fundação precisa de mais técnicos para garantir um serviço “ágil e de qualidade” aos mais de 900 mil indígenas brasileiros. Hoje, a Funai conta com 1.888 servidores em seu quadro efetivo. Em 2018, 197 servidores se aposentaram. Até 2020, há previsão de que mais 600 se aposentem, já que hoje 550 recebem abono de permanência.
EBC
Ministro da Secretaria de Governo, general da reserva Carlos Alberto Santos Cruz, e equipe fizeram na última semana visita surpresa à sede da EBC no Rio de Janeiro. Governo Bolsonaro está concluindo o plano para diminuir despesas e “racionalizar” a empresa.
Voto 
Revista Voto realiza em Brasília, em 13 de fevereiro, Seminário de Abertura do Ano de 2019, com a presença do vice-presidente da República, general Hamilton Mourão, ministros do Governo Bolsonaro e parlamentares. Evento é organizado pela publisher da Revista VOTO, Karim Miskulin.
LAI 
Federação Nacional dos Jornalistas (Fenaj) repudia o decreto presidencial que alterou a Lei de Acesso à Informação (LAI): “Ao alterar a Lei para autorizar que servidores públicos, ainda que de alto escalão, possam classificar dados do governo federal como informações ultrassecretas e/ou secretas, o governo Bolsonaro joga por terra o princípio da transparência”.

(*) Por Walmor Parente/interino e subeditor