segunda-feira, 2 de julho de 2018

AS MULHERES NÃO SE DESTACAM MUITO NAS CIÊNCIAS


Mulheres são minoria nas ciências, diz pesquisadora da Unesco

Agência Brasil








 Casal Curie

As mulheres são cerca de metade da população mundial, mas quando se trata de representação em ciência, tecnologia, engenharia e matemática, elas estão em número bem menor. Atualmente, 28% dos pesquisadores de todo o mundo são mulheres. Elas também têm menos reconhecimento - apenas 17 receberam o Prêmio Nobel de Física, Química ou Medicina desde Marie Curie, em 1903, em comparação a 572 homens.

O estudo Decifrar o código: educação de meninas e mulheres em ciências, tecnologia, engenharia e matemática - áreas que juntas são representadas em inglês pela sigla STEM -,da Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco), mostra que as diferenças entre meninos e meninas nada têm a ver com a capacidade intelectual de cada gênero. São construções sociais que começam desde cedo e são reforçadas na família e na escola que afastam as meninas dessas áreas.

A reportagem conversou com a autora do estudo, a especialista da Seção de Educação para a Inclusão e Igualdade de Gênero da Unesco Theophania Chavatzia.

Segundo ela, se continuarmos “excluindo metade da população, isso significa que metade da produção e metade potencial não serão aproveitadas no futuro. Reconhecemos, cada vez mais, a importância de STEM, da ciência e tecnologia para os avanços e para as soluções dos problemas da nossa era”, diz.
Os dados apresentados no estudo mostram ainda que, desde cedo, as meninas são afastadas dessas áreas. No Brasil, resultados do Terceiro Estudo Regional Comparativo e Explicativo (Terce), realizado pelo Laboratório Latino-americano de Avaliação da Qualidade da Educação, revelam que no 4º ano do ensino fundamental as meninas têm desempenho melhor que os meninos em matemática, com uma diferença de pouco menos de 15 pontos. No 7º ano do ensino fundamental, o cenário é invertido, os meninos passam a ter desempenho melhor que o das meninas, com aproximadamente 15 pontos a mais.
“Sabemos que meninas perdem o interesse em STEM quando crescem porque os estereótipos de gênero ficam mais e mais fortes, fazendo com que elas tendam a não se identificar com STEM, a prestar mais atenção em outras aulas e a escolher outras carreiras”, diz a pesquisadora.
Diante desse cenário, Theophania diz que são necessárias políticas específicas para evitar que meninas se afastem de STEM. Em países em que as diferenças entre meninos e meninas não é significativa nessas áreas, elas têm, em ciências, um desempenho três vezes melhor do que nos casos em que os meninos se destacam. A constatação é feita com base nos resultados do Estudo Internacional de Matemática e Ciências, que mostram que nos países em que os meninos vão melhor que as meninas, a diferença em ciências é de oito pontos. Nos países em que ocorre o inverso, a diferença é de 24 pontos. Leia abaixo os principais trechos da entrevista:

O que afasta as meninas desde cedo de STEM?
Theophania Chavatzia: A resposta é mais complexa do que se pensa. Há uma série de fatores que se sobrepõem uns aos outros, que têm a ver com o nível individual e também com a interação social e socialização no processo de aprendizagem, na família, na escola e na sociedade em geral. Estudos mostram as diferenças, por exemplo, na maneira como somos criados, como meninas ou meninos, pelos nossos pais e até as diferenças na atenção e nas oportunidades em brincadeiras e na aprendizagem. Por causa disso e da presença majoritária masculina, essas carreiras não são consideradas apropriadas para meninas. Meninas tendem a crescer acreditando que STEM não é para elas, que não é um campo apropriado.
Isso é reforçado pelo fato de que elas não veem pessoas que se destacam nessas carreiras que sejam mulheres, isso tanto na mídia, quanto na escola. As meninas tendem a acreditar que elas não são tão boas em STEM quanto os meninos. São estereótipos. Tendem a acreditar que são melhores em humanidades, por exemplo, e que não são boas em ciências ou que não são tão boas quanto os homens. Tendem a assimilar esse estereótipo e a ficar longe. Quando elas vão para a escola, ao invés de quebrar o estereótipo, muitas vezes isso é reforçado pelas atitudes dos professores, que também carregam esses estereótipos e até mesmo pelo currículo. Estudos mostram que não existem fatores biológicos ou psicológicos que justifiquem essa diferença em STEM, isso é reflexo da socialização. Poderíamos falar sobre isso por horas, mas acredito que esses sejam os principais fatores que afastam as meninas de carreiras em STEM.

Agência Brasil: Há diferenças entre países ricos e pobres?

Theophania Chavatzia: Os dados mostram que isso não é baseado na riqueza de um país. Afeta tanto países em desenvolvimento quanto países desenvolvidos. Todos são afetados pelos mesmos estereótipos.

O que o mundo perde com menos meninas em STEM?
Theophania Chavatzia: Se continuarmos excluindo metade da população, isso significa que metade da produção e metade potencial não serão aproveitados no futuro. Reconhecemos, cada vez mais, a importância de STEM, da ciência e tecnologia para os avanços e para as soluções dos problemas da nossa era. Se deixamos metade da população de fora, isso significa que teremos metade da população que não estará olhando e não apresentará soluções. Essa é uma perspectiva. Outra é que estamos mantendo as desigualdades de gênero em geral. Se considerarmos STEM como o trabalho do futuro, com melhores salários e reconhecimento, e excluirmos as mulheres, estamos reforçando as desigualdades.

O que pode ser feito para reverter esse cenário?
Theophania Chavatzia: Países que têm políticas de inclusão de ciência, tecnologia e STEM, em geral, mostram que meninas podem ter um desempenho três vezes melhor que o dos meninos. Precisamos de políticas apropriadas, que encorajem a participação das meninas. A Austrália está investindo milhões para promover educação em STEM para meninas, ofertando bolsas de estudos e programas que encorajam a participação feminina. Tratam-se de áreas em que sabemos que as meninas são afetadas por estereótipos, tem que ter um esforço para engajá-las. Quando elas têm oportunidade, veem que, na verdade, não são ruins, que podem gostar e que podem fazer isso. Temos que desmistificar STEM, desafiar os estereótipos e prover oportunidades para as meninas aprenderem.

Temos que olhar também para a qualidade da educação em STEM e para a qualidade na formação dos professores. Eles precisam ser bem treinados em STEM e também bem treinados em abordagens de gênero, têm que reconhecer o que afasta as meninas, têm que balancear isso e encorajá-las. Se fosse preciso destacar uma ação para reverter o quadro atual, eu destacaria a capacitação dos professores, tanto a formação inicial, antes de começar a dar aulas, quanto a formação continuada, ao longo da carreira.

O que você destacaria sobre o Brasil?
Theophania Chavatzia: Antes de ir para a educação em STEM, todas as crianças e adolescentes têm que estar na escola. Tem que haver medidas para isso, para incluir tanto meninos e meninas. Estudos sobre o Brasil confirmam os achados gerais. As meninas têm melhor performance que os meninos no primeiro ano avaliado em ciências. Três anos depois, são os meninos que têm performance melhor. Temos que examinar o que está acontecendo no sistema educacional, que em três anos reverte a situação. Sabemos que meninas perdem o interesse em STEM quando crescem, porque os estereótipos de gênero ficam mais e mais fortes, fazendo com que elas tendam a não se identificar com STEM, a prestar mais atenção em outras aulas e a escolher outras carreiras.

MÉXICO ELEGE SEU NOVO PRESIDENTE


Após vitória avassaladora, López Obrador clama por reconciliação no México

Estadão Conteúdo











O presidente eleito também disse que vai respeitar a autonomia do Banco do México (o banco central do país) e atuar com rigor fiscal

O presidente eleito do México, Andrés Manuel López Obrador, fez um rápido discurso na noite deste domingo, (1), logo após o Instituto Nacional Eleitoral divulgar projeções das apurações que confirmam uma vitória avassaladora do esquerdista nas eleições realizadas ao longo do dia.

No discurso, López Obrador disse que o dia era histórico para o México, clamou pela reconciliação do país e prometeu mudanças profundas, mas com respeito às garantias individuais e à propriedade privada. O presidente eleito também disse que vai respeitar a autonomia do Banco do México (o banco central do país) e atuar com rigor fiscal.

O pronunciamento de López Obrador ocorreu logo após o Instituto Nacional Eleitoral informar que ele terá, ao final da apuração, entre 53% e 53,8% dos votos, de acordo com projeções feitas a partir das urnas que já foram contabilizadas. Em segundo lugar ficará o conservador Ricardo Anaya, com 22,1% a 22,8% dos votos, segundo a mesma estimativa. O também direitista José Antonio Meade obterá entre 15,7% e 16,3%.

O atual presidente mexicano, Enrique Peña Nieto, informou ter congratulado López Obrador pela vitória.



COLUNA ESPLANADA DO DIA 02/07/2018


Caixa gasta R$ 9 milhões na Rússia

Coluna Esplanada – Leandro Mazzini 










Com plano de fechar 100 agências e encurralando funcionários para um programa de demissão voluntária sob argumento de corte de despesas, a Caixa vai bem, na Copa da Rússia e com dinheiro oficial. O banco vai gastar mais de R$ 9 milhões com a viagem, já realizada, de 223 convidados – além do staff de dezenas de diretores e funcionários – para garantir as três promoções que lançou para lotéricos, servidores e clientes. Foram montados stands dentro e fora dos estádios da Copa da FIFA. Enquanto a grande maioria dos clientes paga taxas altas pelos serviços.
Na trave
Segundo a assessoria da Caixa, as despesas serão, por baixo, R$ 8.664.920,00 apenas no pagamento de passagens, hospedagens, transfer e alimentação dos convidados.

Escalação 
A Caixa levou 73 donos de lotéricas, da promoção Meta Campeã (média de R$ 38,1 mil por pessoa); 79 servidores (R$ 43,7 mil per capita), e 71 clientes (R$ 34,1 mil).

No banco 
A despeito da gastança com dinheiro oficial – a Caixa é 100% do Governo Federal – o banco lucrou R$ 3,2 bilhões líquidos apenas no primeiro trimestre deste ano.

No alambrado
O banco informou em nota à Coluna que os convidados foram através de promoções de marketing – como BoraPraRussia (clientes) e A Hora é Agora (funcionários).

Pulinho no Caribe
Enquanto o Governo luta para aprovar os cassinos, com os quais esperam-se bilhões de reais em impostos arrecadados e geração de empregos, os brasileiros estão indo a cada ano mais para Curaçao, no Caribe, com lindas praias e famosos resorts-cassinos. Foram 11 mil ano passado. O bureau de turismo da ilha espera 25 mil brasileiros este ano.

Tributária 
Nem tudo deve ser marasmo no Congresso durante a campanha eleitoral. Há um esforço suprapartidário para iniciar a votação da reforma tributária, no pacote relatado pelo deputado Luiz Carlos Hauly (PSDB-PR). “Pelo menos uma perninha da PEC podemos votar antes da eleição para sinalizar o debate nacional”, diz Hauly, confiante.

What?!
Investidores estrangeiros se assustaram há dias ao receberem um boletim informativo Pipeline Community (gasodutos) da Petrobras com a cara dos gestores: Renato Duque, Paulo Roberto Costa e outros condenados na Lava Jato. Não é fake, mas é antigo, confirmou a assessoria da petroleira.

American man  
Filiado ao PSB, o ex-presidente do STF e hoje advogado Joaquim Barbosa sumiu da pista. A Coluna tem informação de que ele é sócio de escritório que advogou para os acionistas minoritários da Petrobras nos EUA, que ganharam ação bilionária. A assessoria de Barbosa, questionada há meses, não comenta.
Saúde em risco
A Operação Muralha, da Receita, PF e PRF, que durou 57 dias, apreendeu na tríplice fronteira 426.700 maços de cigarros e 173.694 unidades de medicamentos. O alerta foi dado às autoridades: os remédios adulterados ou vencidos estão entrando no País.
Fé & Mercado
O prefeito carioca Marcelo Crivella (PRB) não escondeu desconforto com discurso de posse do presidente da Câmara Empresarial Rio, Josier Vilar. O alcaide evangélico torceu o nariz para a fala “vou explicar para vocês que diabos é esse tal Câmara”.

Por tabela 
A Ambev, que comprou a cervejeira americana, usa a Copa da FIFA para investir pesado na marca pouco comercializada no Brasil. Criou a festa Budweiser Basement em 10 capitais – entre elas Rio, SP e Brasília – com telão, shows e muita gelada.

Vergonha
Como a manobra não deu certo – esperavam livrar Lula da Silva da cadeia e da Ficha Limpa na generosa Segunda Turma do STF – advogados do ex-presidente agora correm com outra ação para retirar o processo da pauta do plenário, para onde o relator ministro Fachin o enviou.


PAPELÕES DENTRO E FORA DO BRASIL DURANTE A COPA DE FUTEBOL DA RÚSSIA


Expectativas além da Copa

Manoel Hygino 









As lembranças da Copa do Mundo de 2018 depois que ela passar? É triste e lamentável a participação fora de campo dos brasileiros que foram à terra de Tolstói e Stalin. Os nossos torcedores-turistas fizeram papelões, no plural. Os jornais britânicos criticaram os jogadores brasileiros na vitória sobre Costa Rica. Neymar foi classificado de “mimado, resmungão, dramático e trapaceiro”. Em restaurante na gloriosa São Petersburgo, o presidente da CBF, ao lado de familiares, foi hostilizado por um torcedor do Paraná, que o chamou de “safado e vagabundo”, quebrando-lhe um copo na cabeça.
A revista “The Economist” previra, pelo seu site, que o Brasil seria campeão. Porque havia a ameaça dos loucos/maníacos do Estado Islâmico, ameaçando a competição com “um massacre nunca visto”. Seria a vingança contra a grande nação de Putin, por contrapor-se a operações do grupo terrorista na Síria. Ficou nisso, felizmente. Melhor assim.
A Copa do Mundo, que tanto empolgou os brasileiros, já vai terminar. A gente deste espaço do mundo esperava apagar o vexame da anterior, no coração do país, quatro anos atrás, em Belo Horizonte. Não são poucas as dúvidas e preocupações também na cena política. Chegamos ao segundo semestre de 2018 com velhos e novos desafios.
A violência permanece habitando nosso campo e nossas cidades. As dificuldades para vencê-las se tornaram mais evidentes depois da intervenção militar na segurança do Rio de janeiro. Em todos os estados, porém, as gangues atuam e enfrentam os agentes da lei, que caem inexoravelmente diante do poder de fogo dos bandidos, abastecidos com melhores armamentos, munições e dinheiro à suficiência.
No campo político-administrativo, identifica-se a insatisfação da população, que reconhece a incapacidade das autoridades para superar os imensos obstáculos, resultantes de equívocos e malfeitos mais recentes ou dos acumulados, que ganharam vigor no decorrer de décadas. E há uma eleição este ano.
Lembro agora o advogado paulista Almir Pazzianotto Pinto, ex-presidente do Tribunal Superior do Trabalho e ex-ministro do Trabalho. Com propriedade, dizia ele que estamos na oitava Constituição, a sétima do período republicano. “O número elevado de emendas revela que a redação original deixou a desejar. Os membros da Assembleia Nacional Constituinte decidiram por texto analítico, minucioso, prolixo, recheado de dispositivos dependentes de regulamentação. Recusaram o sucinto modelo americano, cuja lei fundamental data da independência em 1787.
Lembre-se Norberto Bobbio, durante crise na Itália, quando sentenciou: “A Constituição não tem culpa”. Pazzianotto acrescentou: “O mesmo se deve dizer em relação à nossa. Nem por isso, devemos responsabilizá-la por problemas que enfrentamos”. Eis a realidade.
O segundo semestre será dos mais difíceis.

ENCHENTE SEM PRECEDENTES NO RIO GRANDE DO SUL DESDE O ANO DE 1941

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