terça-feira, 3 de outubro de 2017

JUIZ SERGIO MORO FOI AGRACIADO COM PRÊMIO CONCEDIDO PELA UNIVERSIDADE DE NOTRE DAME (EUA)



'Ditadura militar foi um grande erro', afirma Moro

Estadão Conteúdo









No evento, Moro admitiu estar "cansado" e disse que em Curitiba a Lava Jato "está indo para o final"

Agraciado nesta segunda-feira, 2, com um prêmio concedido pela Universidade de Notre Dame (EUA), o juiz federal Sérgio Moro disse que a ditadura militar no Brasil foi "um grande erro" e a "resposta aos males democráticos, como a corrupção, é o aprofundamento da democracia".

"Os cidadãos brasileiros recuperaram em 1985 todos os seus direitos e liberdades democráticas, depois de 20 anos de ditadura militar. As Forças Armadas tiveram um importante papel na história do Brasil", discursou Moro durante almoço no Hotel Fasano, em São Paulo. "Mas este período da ditadura militar foi, e não há dúvida disso, um grande erro."

Após o evento, questionado sobre as declarações recentes do general do Exército da ativa Antonio Hamilton Martins Mourão, que falou em possibilidade de intervenção diante da crise enfrentada pelo País, o juiz disse que o "aprofundamento da democracia" é "o caminho a ser perseguido". "Não creio que aquele comentário tinha esse propósito de anunciar uma coisa fora de uma preocupação com esses casos graves de corrupção", afirmou o magistrado.

No evento, Moro admitiu estar "cansado" e disse que em Curitiba a Lava Jato "está indo para o final". "É impossível dar uma previsão, apenas a única reflexão é assim que boa parte do trabalho tinha que ser feita foi feita", afirmou. "Até falei brincando outro dia que a gente estava ‘doido’ para voltar a julgar grandes traficantes de drogas. Dá menos trabalho." Ele, contudo, disse que "é impossível dar uma previsão" sobre o encerramento da operação na primeira instância. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.


NOBEL DE FÍSICA DE 2017 - PREVISÃO DE EINSTEIN DE 1915 FOI CONFIRMADA RECENTEMENTE - ONDAS GRAVITACIONAIS EXISTEM



Nobel da Física vai para estudo sobre ondas gravitacionais

Estadão Conteúdo










No fim de 1915, Einstein revolucionou a física ao propor que a gravidade não é uma força de atração

O Prêmio Nobel da Física de 2017 foi concedido nesta terça-feira, 3, ao alemão Rainer Weiss e aos americanos Barry Barish e Kip Thorne pela criação, nos anos 1990, do observatório "Interferometer Gravitational-Wave Observator" (Ligo), nos Estados Unidos, que permitiu a detecção de ondas gravitacionais pela primeira vez na história.

De acordo com o comitê do Nobel, os cientistas laureados deram "decisivas contribuições ao detector Ligo e à observação de ondas gravitacionais". As ondas gravitacionais foram previstas por Albert Einstein em sua Teoria Geral da Relatividade, publicada há cem anos, mas, extremamente sutis, elas pareciam impossíveis de detectar.

A observação só aconteceu no dia 14 de setembro de 2015, no Ligo. Naquela data, os cientistas finalmente detectaram as tênues vibrações emitidas por dois buracos negros que giram um em torno do outro, a 1,3 bilhão de anos-luz da Terra.

A descoberta foi divulgada no dia 11 de fevereiro de 2016, com grande impacto mundial. "Em 14 de setembro, tudo mudou", afirmou Thorne na ocasião da divulgação. "Graças a essa descoberta, a humanidade embarca na maravilhosa exploração dos lugares mais extremos do Universo".

Antes da façanha, os físicos sempre utilizaram o espectro eletromagnético - que inclui a luz visível, o raio X e o infravermelho, por exemplo - para fazer suas descobertas. Mas o experimento provou que também é possível estudar o Universo a partir de outros tipos de ondas existentes.

A partir dali, os cientistas se convenceram de que, se é possível detectar ondas gravitacionais, talvez seja possível descrever fenômenos que não emitem ondas eletromagnéticas suficientemente significativas para serem observadas. "Antes nós víamos o Universo. Agora, nós começamos a ouvi-lo", disse Thorne na época.

No fim de 1915, Einstein revolucionou a física ao propor que a gravidade não é uma força de atração, mas uma distorção no tecido do tempo-espaço produzida por objetos que possuem massa.

Segundo a teoria, a distorção causada por corpos muito grandes e acelerados deveriam produzir ondas no espaço-tempo, de maneira semelhante às ondulações produzidas por uma pedra atirada na água. Mas a detecção dessas ondas gravitacionais era quase impossível, já que são minúsculas, com amplitude milhares de vezes menor que o comprimento de um próton.

Para conseguir a façanha, os cientistas observaram dois buracos negros que giraram um em torno do outro em uma galáxia distante, a 1,3 bilhão de anos-luz da Terra. Os dois corpos, com massa cerca de 30 vezes maior que a do Sol, aproximaram-se até se fundirem, gerando - por uma fração de segundo - uma grande emissão de ondas gravitacionais, cujos ecos foram "ouvidos". Além de observar as ondas, o experimento foi o primeiro na história a detectar um sistema binário de buracos negros em colisão.

Apesar do importante papel dos três laureados na descoberta das ondas gravitacionais, as pesquisas tiveram participação de mais de mil cientistas de 14 países, incluindo grupos brasileiros liderados por Odylio Aguilar, do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), e por Riccardo Sturani, do Centro Internacional de Física Teórica, da Universidade Estadual Paulista (Unesp).

Outros prêmios

Em 2016, o Prêmio Nobel de Física foi concedido aos pesquisadores britânicos David Thouless, Duncan Haldane e Michael Kosterlitz por suas descobertas teóricas sobre estados exóticos da matéria, que abrem caminho para o desenvolvimento de novos materiais com propriedades incomuns.

Entre 1901 e 2016, 110 Prêmios Nobel de Física foram concedidos. Do total, 47 foram concedidos para um só pesquisador - apenas dois eram mulheres. Um só cientista, o americano John Bardeen, ganhou o prêmio de Física duas vezes, em 1956 e em 1972. O mais jovem laureado foi Lawrence Bragg, que com apenas 25 anos de idade dividiu o prêmio de 1915 com seu pai, Henry Bragg.

O prêmio de Física é o segundo da temporada do Nobel 2017. Na segunda-feira, 2, o Prêmio Nobel de Fisiologia ou Medicina de 2017 foi concedido aos americanos Jeffrey Hall, Michael Rosbash e Michael Young, por suas descobertas sobre os mecanismos moleculares que controlam os chamados ritmos circadianos - uma espécie de relógio biológico interno que regula o metabolismo dos seres vivos.

Nesta quarta-feira, 4, será anunciado o vencedor do prêmio de Química. O prêmio Nobel da Paz será anunciado na sexta-feira, 6 e o das Ciências Econômicas na segunda-feira, 9. A data para o Prêmio Nobel da Literatura ainda não foi divulgada.

COLUNA ESPLANADA DO DIA 03/10/2017



Óleo na conta
Coluna Esplanada  - Leandro Mazzini 








Os governadores dos Estados produtores de Petróleo vão com sede ao pote do Tesouro para cobrarem o repasse de royalties – ou até antecipação, se houver acordo – após o resultado da última rodada de leilão da Agência Nacional de Petróleo há dias. Os R$ 3,6 bilhões que o consórcio Petrobras-ExxonMobil pagou para os campos foram a prova, para os governadores, de que a União está com discurso contraditório sobre receitas e arrecadação. É esse discurso palaciano ‘de crise’ que dificultou o acordo sobre o déficit do Rio de Janeiro e impossibilita novas renegociações de dívidas com outros Estados.
Prospecção 
Os governadores não querem fazer nova adesão ao Repetro, o programa de isenção para indústria do petróleo, renovado para até 2040. É hora de arrecadar sobre as petroleiras.

Sem saldo
É justamente a política de isenção de produtos e indústrias – entre outros fatores como corrupção, em especial – que prejudica há anos as contas dos Estados como o Rio.

Tem óleo 
A próxima rodada será no fim do mês e já tem oito grandes petroleiras internacionais interessadas nos lances. Nesta último, a Petrobras-Exxon pagou ágio de 200%.

Abram os olhos
Para o mercado, entre portas, isso é sinal de que a Petrobras tem dados concretos de que descobriu muito petróleo fora do pré-sal, mas não divulgou para evitar assédio político.

Eletrochina 
Não há mais dúvida nos gabinetes do setor elétrico: a chinesa State Grid deve comprar a Eletrobrás na esperada privatização. O presidente da estrangeira tem circulado animado por rodinhas do eixo Rio-São Paulo. A empresa já comanda a construção das linhas de transmissão da usina de Belo Monte para Furnas, em Minas.

Dedo na tomada
Mas há um pavor no mercado, e entre especialistas, e Governo ainda não soube explicar: Como ficará o controle do Operador Nacional do Sistema (NOS) e o comando em Itaipu binacional no caso de os chineses conseguirem o controle da Eletrobrás.

E a soberania?
É o ONS quem, digamos, tem o dedo na tomada para dar ou tirar luz do maior sistema interligado do mundo, que é o do Brasil. Pergunta-se na praça: E a soberania nacional, como fica? O Ministério de Minas e Energia jura que a União cuidará disso.

Em campanha
Presidente da Central dos Sindicatos do Brasil, Antônio Neto, amigo de Michel Temer que acaba de sair do PMDB, será candidato ao senado pelo PDT de São Paulo.

Chalita 
Michel Temer decidiu em reuniões em SP. Gabriel Chalita será candidato ao Governo de São Paulo pelo PMDB. Temer o apadrinhou na disputa para a prefeitura anos atrás.

Haja fé 
Pré-candidato em mais evidente campanha para o Palácio do Planalto em 2018, Ciro Gomes deve aparecer ao lado de Carlos Lupi, presidente nacional do PDT, na procissão do Sírio de Nazaré em Belém na próxima sexta-feira.

Do peito 
O deputado federal Bonifácio de Andrada (PSDB-MG), relator da segunda denúncia da PGR contra Temer, expressa abertamente que não “vê nenhum crime” no encontro entre Temer e o hoje presidiário Joesley Batista no Palácio do Jaburu.

Do peito 2 
“O presidente da República, como qualquer outra autoridade, pode receber quem quiser e a hora que for. É um direito nosso”, afirmou na CCJ, à época da primeira denúncia, ao criticar o parecer do deputado Sérgio Zveiter (RJ) favorável à de investigação.

Toga quente
Ma estar no STF o voto do ministro Alexandre de Moraes, ex-PSDB, contra o afastamento de Aécio Neves. O senador foi o padrinho que alçou Moraes ao Ministério da Justiça e à cadeira no STF. Esperava-se que Moraes se declarasse “impedido”.

Ex-amigos 
De Renan Calheiros, mirando Temer, sobre a pendenga STF x Senado sobre Aécio Neves: “Isso se deve ao Governo deslegitimado, reprovado por 77% da população”.


A FARDA LONGE DA TURBULÊNCIA POLÍTICA - POR ENQUANTO



A farda longe da turbulência

Manoel Hygino 







Situação delicada vive a nação. Mexeu-se numa caixa de maribondos – alguns preferem – num ninho de cobras, e os bichos estranharam e se estranharam. Os membros dos três Poderes assumem posições diferentes sobre problemas que avultam em nosso meio e época, o que em princípio é natural. As divergências afloram entre seus componentes e as dificuldades no de relacionamento tresdobram.
Repercutiu uma declaração do general Antônio Hamilton Martins Mourão, quatro estrelas, durante reunião da Loja Maçônica Grande Oriente, em Brasília, na sexta-feira, 15 de setembro. O mestre de cerimônias, ou coisa que o valha, perguntou ao oficial, fardado: “A Constituição Federal de 88 admite uma intervenção constitucional com o emprego das Forças Armadas. Os poderes Executivos (sic) e os Legislativos estão podres, cheio de corruptos. Não seria o momento dessa interrupção, dessa intervenção, quando o presidente da República está sendo denunciado pela segunda vez e só escapou da primeira denúncia por ter “comprado”, entre aspas, membros da Câmara Federal? Observação: fechamento do Congresso, com convocações gerais em 90 dias, sem a participação dos parlamentares envolvidos em qualquer investigação. Gente nova”.
A incisiva, talvez imprudente, inquirição teve resposta imediata, mas com observações cuidadosas de Mourão. Resumo o que chamou a atenção: “Ou as instituições solucionam o problema político, pela ação do Judiciário, retirando da vida pública esses elementos envolvidos em todos os ilícitos ou então nós teremos que impor isso”.
A imposição é expurgar dos cargos públicos relevantes os autores de ilicitudes amplamente divulgadas por todos os meios de comunicação e pelos quatro cantos do mundo. O que não será fácil,” pois “trará problemas”. O general evoca o passado, o período revolucionário e a ditadura, enfatizando os “sucessivos ataques que nossa Instituição (as Forças Armadas) recebeu, de forma covarde, de forma não coerente com os fatos que ocorreram no período de 64 a 85. E isso marcou a geração”, a sua.
Ressalta que companheiros até hoje dizem assim: “poxa, nós buscamos fazer o melhor e levamos pedradas de todas as formas”. Observa: “Mas, por outro lado, quando a gente olha o juramento que nós fizemos, o nosso compromisso é com a nação, é com a pátria, independente de sermos aplaudidos ou não. O que interessa é termos a consciência tranquila de que fizemos o melhor e de que buscamos de qualquer maneira atingir esse objetivo”.
Já o comandante do Exército, general Eduardo Villas Boas, diante do eco das palavras do general Mourão (que nada tem a ver com o general Olímpio, da Revolução), conceituou: “Desde 1985 não somos responsáveis por turbulência na vida nacional e assim vai prosseguir”. Além disso, “o emprego (da força do Exército) será sempre por iniciativa de um dos Poderes. A Força “defende a manutenção da democracia, a preservação da Constituição, além da proteção das instituições”.
As declarações são suficientemente claras, pelo que depreendo. As iniciativas supervenientes serão, portanto, de um dos três Poderes em hora propícia. O ministro Marco Aurélio, do STF, reconhece: “Estamos diante de uma crise institucional. É muito grave”. Os dias e noites são de expectativa, de até dorida inquietação para um povo que já pagou R$ 1,5 trilhão em impostos neste dificultoso 2017.