segunda-feira, 29 de agosto de 2016

ODE AOS CHARUTOS



Charutos, toque de classe

Frei Betto 




As campanhas antitabagistas fazem com que os mais endinheirados migrem do cigarro para o charuto que, por não conter substâncias químicas, tem fama de causar menos danos à saúde. Até a cola que recobre a folha de tabaco, que lhe serve de capa, é de origem vegetal.
Freud morreu de câncer na garganta. Dizem que de tanto fumar charutos, doze por dia em média. E cometia o grave erro de tragá-los. Charuto não é para ser aspirado, e sim degustado.
Churchill queimava ao menos quinze por dia. Uma antologia do charuto cubano calcula que ele fumou 300 mil ao longo de seus 90 anos. Há inclusive um tipo de charuto que, devido à extensão, merece o seu nome.
John Kennedy também não dispensava o Petit Upmann. Horas antes de assinar o bloqueio à Cuba – decretado ao meio-dia de 7 de fevereiro de 1962 – encarregou seu secretário particular de comprar todos os Petit Upmann encontrados nas tabacarias de Washington. Conseguiu armazenar 1.200 unidades.
Nunca se esclareceu qual a marca do charuto que Bill Clinton envolveu no famoso episódio com Monica Lewinsky... Há quem duvide que o presidente tenha resistido à tentação de recorrer a um puro habano.
Devido ao bloqueio imposto à ilha pelos EUA, os charutos cubanos estão impedidos de entrar no mercado estadunidense, onde são consumidas, por ano, 316 milhões de unidades feitas à mão, importadas da República Dominicana, da Nicarágua e de Honduras. O número de unidades mecanizadas consumidas nos EUA é assombroso: 9 bilhões/ano.
Los habanos, embora proibidos, chegam aos requintados fumantes de Wall Street e Hollywood através de uma intricada rede de contrabando.
Na década de 1980, Fidel enviou de presente a Dom Paulo Evaristo Arns, então cardeal de São Paulo, uma caixa com 500 charutos. O prelado distribuiu-os em uma reunião do clero paulistano.
Cuba produz o melhor charuto do mundo, devido à combinação de solo (qualidade da terra) e clima (umidade). São, atualmente, 225 milhões de unidades/ano, dos quais 95 milhões feitos à mão e, portanto, mais caros, e 130 milhões fabricados com máquinas. O mercado interno consome dois milhões de unidades. A exportação cresce 10% ao ano, e assegura ao país, anualmente, US$ 240 milhões.</CW><CW-10>
Entre as 27 marcas cubanas, a mais vendida é a Montecristo: 18 milhões de unidades/ano. Em segundo lugar, a Cohiba, considerada a melhor. Vende 12 milhões de unidade/ano. Até 1966 era destinada exclusivamente ao consumo de Fidel, quando então chegou ao mercado. O líder revolucionário deixou de fumar em 1985.
No último festival do charuto, promovido em Havana toda última semana de fevereiro, um único Cohiba Grandioso foi arrematado por 6.400 euros! E a caixa, com 50 unidades, por 320 mil euros.
Colombo descreve em seu diário que, certa noite, avistou no litoral de Cuba uma fila de índios. Todos traziam, na boca, um rolo de folhas, que exalava fumo de um lado e acendia luz do outro...
Os índios acreditavam que a saborosa fumaça das folhas de tabaco tinha poderes terapêuticos. A nicotina, o alcaloide presente na folha, passou a ser difundida em 1560, quando o embaixador francês em Portugal, Jean Nicot (daí o vocábulo nicotina), enviou as primeiras sementes de tabaco à rainha Catarina de Médicis, no intuito de, graças ao rapé, lhe aliviar as enxaquecas.
No Brasil são consumidos, ou melhor, queimados, anualmente, 1,5 milhão de charutos cubanos, metade com selos nobres e qualidade duvidosa, trazida por contrabandistas.

OS ÚLTIMOS SUSPIROS DE DILMA NA PRESIDÊNCIA



Dilma faz hoje sua defesa no plenário do Senado

Agência Brasil
Hoje em Dia - Belo Horizonte



A partir das 9h, Dilma terá 30 minutos para se defender e o tempo poderá ser estendido por mais 30 minutos

A presidenta afastada Dilma Rousseff vai hoje (29) ao Senado se defender das acusações de ter cometido crime de responsabilidade em 2015. Ela responde ao processo de impeachment, sob a alegação de ter editado em 2015 decretos de crédito suplementar sem autorização do Congresso e também de usar dinheiro de bancos federais em programas do Tesouro (as chamadas pedaladas fiscais). A petista foi afastada da presidência da República pelo Senado há mais de 100 dias.



Na última semana, o Senado ouviu os depoimentos das testemunhas de defesa e de acusação na quinta (25), sexta (26) e sábado (27). Dilma começa a falar às 9h. Inicialmente, terá 30 minutos para a apresentação, mas esse tempo poderá ser prorrogado por mais 30 minutos. A critério do presidente do Supremo Tribunal Federal, Ricardo Lewandowski, que comanda o julgamento do impeachment, a presidenta afastada poderá ter mais tempo na fase inicial.

Depois da fala de Dilma, terão início os questionamentos dos senadores. Cada parlamentar terá até cinco minutos para fazer perguntas. O tempo de resposta de Dilma é livre e não será permitida réplica e tréplica. Dilma também poderá deixar de responder às indagações dos parlamentares.  Mais da metade dos 81 senadores já se inscreveram para questionar Dilma Rousseff.

O depoimento de Dilma será acompanhado no plenário por cerca de 30 convidados dela. Entre eles estão o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, o presidente do PT, Rui Falcão, do PDT, Carlos Lupi, vários ex-ministros do governo, além de assessores e outras pessoas próximas. O presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), colocou à disposição da acusação de Dilma o mesmo número de cadeiras que disponibilizou para a petista.

A expectativa é de que a o depoimento dure todo o dia e se estenda até parte da noite. Os senadores que apoiam o impeachment garantem que não haverá enfrentamentos, mas que irão fazer todos os questionamentos. Eles entendem que o comparecimento da presidenta afastada ao plenário não mudará os votos dos senadores.

Os parlamentares contrários ao impeachment, no entanto, acreditam que a fala dela vai mudar votos. O senador Lindberg Farias (PT-RJ) disse que os aliados de Dilma estão depositando todas as esperanças no depoimento. “Acho que vai ser um dia em que o Brasil vai parar. Acho que a presidenta pode mostrar ao país que está sendo vítima de uma injustiça e que não há crime de responsabilidade. Acho que é um dia que pode virar o jogo”, afirmou.

Senado recebe Dilma em clima de tensão

Estadão Conteúdo
Hoje em Dia - Belo Horizonte
Agência Brasil / 




Em um dos capítulos derradeiros do processo de impeachment, a presidente afastada Dilma Rousseff vai depor nesta segunda-feira (29) ao Senado, a partir das 9 horas, sob clima de tensão. Defensores do impedimento e apoiadores da petista passaram os últimos dias traçando estratégias para evitar que a sessão repita as cenas de baixaria que marcaram o início do julgamento na Casa.

Segundo os principais líderes de partidos que apoiam o afastamento definitivo, a ideia é tentar se ater, o máximo que for possível, a questionamentos técnicos sobre os crimes de responsabilidade pelos quais Dilma é acusada, como as pedaladas fiscais. A intenção é evitar provocações desnecessárias para impedir que Dilma pose de "vítima".

O acerto dos senadores da base do presidente em exercício Michel Temer, porém, é que caberá à petista dar o clima do depoimento, uma vez que Dilma será a primeira a falar.

"Obviamente, se ela errar no tom, as nossas respostas serão no mesmo tom", afirmou o presidente do PSDB, senador Aécio Neves (MG), que afinou a estratégia domingo (28) em reunião com a presença de senadores do PSDB, DEM e PMDB e de outros partidos da base. "O nosso desejo é que tenhamos uma sessão respeitosa, civilizada. Não vamos fazer provocações, mas também não vamos aceitá-las. Qualquer tipo de provocação será confrontada," afirmou Cássio Cunha Lima (PSDB-PB) em entrevista à Rádio Estadão.

A avaliação de aliados de Temer é que a presença de Dilma no julgamento vai referendar a legalidade do processo, embora ela deva afirmar ao Senado que se trata de um golpe contra seu governo.

"(Falar em golpe) Será uma afronta à presença do ministro (do Supremo Tribunal Federal) Ricardo Lewandowski . Você não pode admitir um golpe presidido pelo presidente da Corte Suprema", disse Cunha Lima.

Caso a presidente afastada faça ataques fora do escopo do processo, os governistas afirmam que pedirão a intervenção de Lewandowski para que ela não se exceda nas respostas ou até mesmo exigir uma réplica.

Maior bancada da Casa com 19 senadores e outrora esteio do governo Dilma, o PMDB também deve se esquivar de um embate direto com a presidente afastada. O acerto costurado pelo líder do partido, Eunício Oliveira (CE), é não a constranger e também proteger a bancada, que conta com cinco ex-ministros da petista.

Por isso, apenas seis senadores do partido se inscreveram para perguntar. Dois deles - a ex-ministra Kátia Abreu (TO) e Roberto Requião (PR) - favoráveis a Dilma. Eunício ainda quer reduzir a lista até o início da sessão. "Se depender de mim, e se alguém me escutar, ninguém fará questionamento", disse o líder do PMDB.

Fator Lula
Dilma deve ser acompanhada por um séquito de apoiadores no Senado. Entre eles, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. O temor de senadores governistas é de que a presença do ex-presidente possa inflamar a presidente afastada e parlamentares aliados. A ordem é não provocar.

Outra preocupação é o tom adotado pela advogada Janaina Paschoal, uma das autoras do pedido de impeachment. Ela sinalizou a senadores que será incisiva, mas sem ser descortês nos questionamentos à presidente afastada.

Domingo à noite, uma reunião na casa da senadora Lídice da Mata (PSB-BA) discutiu a estratégia dos defensores da petista na sessão de segunda.

"Acredito que temos tudo para reverter isso", afirmou o líder do PT no Senado, Humberto Costa (PE), acrescentando que Dilma "é a pessoa mais preparada para defender seu governo".


domingo, 28 de agosto de 2016

PERFIL DOS CANDIDATOS REFLETEM O NÍVEL DE ESCOLARIDADE DO NOSSO POVO



Baixa escolaridade de candidatos assusta, mas não inviabiliza exercício do mandato

Filipe Motta e Flávia Ivo 


O país que vende a imagem de “Pátria Educadora” tem em Minas, segundo maior colégio eleitoral brasileiro, quase metade dos 77 mil candidatos a vereador e prefeito sem diploma de ensino médio. Um terço obteve o certificado apenas desta etapa, e cerca de 2,5 mil só sabem ler e escrever.
Traçado pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE) a partir de informações prestadas pelos próprios postulantes a cargos públicos nestas eleições, o quadro reflete o nível de escolaridade no Brasil e pode assustar.
É que a Constituição delega a vereadores a responsabilidade de elaborar normas jurídicas e votá-las, dentre outras atribuições. Aos prefeitos, cabe gerenciar políticas públicas municipais.
“Candidatos refletem a sociedade e o nosso nível de escolaridade e renda. Não há impedimento se a pessoa não tem formação”
Dimas Souza - Cientista Político
Especialistas dizem, no entanto, que o currículo básico não compromete necessariamente a atuação dos futuros políticos.
“Para o exercício do mandato basta estar em dia com as obrigações de cidadão, além de não ser condenado”, diz o cientista político e professor da PUC-Minas Dimas Antônio de Souza.
Em Minas, apenas um em cada cinco candidatos frequentou a faculdade, e 16,29% se formou. Em Jaíba, no Norte do Estado, uma pessoa que se declara analfabeta pleiteia vaga de vereador.
Proximidade
O perfil educacional dos candidatos é bem próximo ao da sociedade brasileira, quando comparados os dados do TSE com os da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD), do IBGE, divulgada em 2015.
No caso do ensino médio, 31,1% da população do Brasil tem a formação. Quando se relacionam os percentuais de graduados, são 16%.
“Os partidos com mais candidatos são os mais estruturados, com mais tempo de TV e mais recursos do fundo partidário”
Denisson Silva - Cientista Político
Suporte
Especialistas avaliam que a educação formal dos candidatos não deve ser vista como um empecilho para o mandato porque os políticos contam com o suporte do quadro técnico da Câmara de Vereadores e da prefeitura para transformar decisões políticas em ações administrativas ou normas jurídicas.
“Discute-se muito até que ponto a formação ajuda no exercício da função. A questão não é a educação formal, mas ter desenvolvido habilidades lógicas, de articulação política, de se colocar diante de técnicos e outros políticos e de saber negociar”, diz o cientista político e doutorando na UFMG Denisson Silva. Ele cita o exemplo do ex-presidente Lula que, com baixa escolaridade, é reconhecido pela grande capacidade de articulação.
Mesma opinião tem Dimas de Souza, professor da PUC-Minas. “O que condiciona o entendimento da política não é o nível de formação. Tanto que ele não leva, na maior parte das vezes, ao engajamento das pessoas em movimentos sociais e outras lutas políticas”, observa.
Para especialistas, a formação dos candidatos pode acabar se tornando um trunfo de marketing para conquistar o eleitorado
Partidos na ‘Lava Jato’ continuam a ser o que mais atraem postulantes aos cargos
Nas estatísticas disponibilizadas pelo TSE, um ponto que chama a atenção é que os principais partidos citados na Operação “Lava Jato” (PR, PP, PMDB, PT e PSDB) continuam a ser a base eleitoral de 25,2 mil candidatos mineiros (ou cerca de 32,6% do total de 77,2 mil postulantes).
Para o cientista político Denisson Silva, não se trata de um erro estratégico ou de “insistência” com partidos envolvidos em corrupção. “Esses partidos que recebem mais candidatos são as marcas partidárias mais estruturadas, com mais tempo de TV e mais recursos do fundo partidário, por exemplo. Esses são fatores que pesam na escolha”, explica.
Mudança
Os especialistas apontam que o fim de grandes partidos já consolidados traz desestabilizações para o sistema político e que o melhor é trabalhar para a renovação dos já existentes.
Para o cientista político Dimas de Souza, é preciso ainda considerar que partidos que assumem o centro do poder ganham mais visibilidade quanto a atos de corrupção, mas não necessariamente todos os membros deles são corruptos.
“É um equívoco imaginar que todo mundo do PMDB, do PSDB e do PT é ladrão. E a história pessoal do político também conta muito, antes e depois de eleito”, aponta Dimas de Souza.
Além Disso
O artigo 33 da Constituição estabelece que os prefeitos precisam ter habilidade de gerenciar o funcionamento das políticas públicas municipais, com a competência de lidar com o transporte coletivo, os programas de educação infantil e do ensino fundamental, além de cuidar do ordenamento territorial do solo e proteger o patrimônio histórico e cultural, dentre outros pontos. Além disso, a aplicação dos recursos pelo prefeito deve seguir a Lei de Responsabilidade Fiscal (Lei Complementar 101/2000).
Sem prestígio
Dos candidatos mineiros, chama a atenção o fato de somente 3.579 vereadores buscarem continuar como políticos. Para 2016, de acordo com Tribunal Regional Eleitoral (TRE) há 8.481 cadeiras disponíveis no Estado (43 a mais que em 2013).
Ainda assim, os vereadores são 4,6% do total de candidatos, valor bem próximo ao de aposentados (4,54% ou 3.511 pessoas) que concorrem.
No outro extremo, em números reduzidos, ganha pelo inusitado candidatos com profissões pouco usuais que buscam entrar ou permanecer no mundo político.


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