sexta-feira, 29 de julho de 2016

ENTREVISTA COM O PREFEITO DE BELO HORIZONTE-MG



Lacerda revela como aliança com PT e PSDB acabou em discórdia

Amália Goulart 





LACERDA – Na prefeitura, chefe do Executivo discorre sobre o processo eleitoral para a sucessão dele

O prefeito Marcio Lacerda apresenta sua versão para o rompimento da aliança que culminou com a eleição dele, em 2008. No próximo domingo, Lacerda lança Paulo Brant, presidente da Cenibra e ex-secretário de Cultura, para a corrida pela PBH.
Quando o senhor decidiu ter um candidato e escolher o nome do Paulo Brant?
Vou voltar um pouco antes. Em 2008 foi o momento político especial do país. Tínhamos acabado de sair da crise do mensalão com a reeleição de Lula. Havia um debate sobre o modelo de alianças que levaram a determinados fatos que geraram aquela crise. Aqui em BH foi um laboratório que algumas lideranças tentaram, no sentido de criar uma convergência, um novo tipo de aliança no país, levando forças de centro-esquerda a se unirem. Naquela formulação de aliança participava, além de Aécio e Pimentel, Eduardo Campos, Ciro Gomes, inclusive com a bênção do Lula. Então, foi um momento de uma tentativa de convergência que se extinguiu em 2012. Naquele momento, em 2012, a verdade é que os dois polos não queriam a continuidade da aliança. O terceiro polo, que era o PSB, queria a continuidade. Batalhei por ela até o último instante.
O que gerou o rompimento?
Queria comentar isso porque a versão atual é a de que eu teria rompido com o PT. E agora estaria rompendo com o PSDB. A aliança não prosseguiu porque o PSB e o PSDB não aceitaram a aliança proporcional para vereadores com o PT. Já havíamos aceitado a aliança majoritária. O rompimento foi por parte do PT, que não aceitou a não coligação para vereadores. E, neste momento, há a versão de que eu estaria rompendo com o PSDB. Nesta experiência de oito anos, relativamente bem aprovada pela população até hoje, entendemos, inclusive fazendo muitas pesquisas, que a população quer resultados. Ao perguntar à população que tipo de pré-candidato ela gostaria de ter, entendemos que a população queria, em primeiro lugar, além de uma ficha limpa, uma boa experiência de gestão, combinada, de preferência com alguma experiência política na atividade pública. E uma experiência na atividade privada também seria muito bem vinda. Nós, desde o começo desta discussão, procuramos dizer ao PSDB que a nossa prioridade seria uma aliança em torno de um candidato do PSDB.
Do PSDB?
Sim, apesar da direção nacional do PSB dizer que gostaria que tivéssemos um candidato do PSB que fosse viável. Nas discussões com o PSDB tínhamos combinado, desde o final do ano passado, em dezembro, especificamente com o senador Aécio Neves, que faríamos logo após o carnaval um processo de avaliação de pré-candidatos onde eu indicaria quatro e o PSDB quatro para uma avaliação e pesquisas qualitativas. Apresentamos quatro nomes. O PSDB apresentou quatro. Nas discussões com o PSDB entendíamos que alguém com o perfil do Wilson Brumer (com experiência pública e no setor privado) seria o ideal. Mas infelizmente ele foi abordado diversas vezes e sempre, de maneira muito firme, não manifestou interesse. Nesta dificuldade em trazer o Brumer – sempre achei que era um excelente nome para a convergência – pensando em alguém que tivesse esse perfil, me lembrei do Paulo Brant que já conhecia desde a época em que ele era diretor do BDMG. Conversei com ele no mês de agosto, setembro e o convidei a se filiar ao PSB para o PSB ter alguém com perfil adequado.

“No final d e março, sugerimos ao PSDB que filiasse o Délio para ser o nosso candidato. Apesar de acreditar que Paulo Brant seria o melhor candidato, eu propus e estava determinado a apoiar. E não foi aceito”

Ele entrou na lista dos quatro?
Ele entrou nesta lista. Já no final do ano eu comuniquei esta presença do Paulo Brant no PSB.
Paulo Brant tinha filiação partidária?
Ele era historicamente filiado ao PSDB. Mas, como ele era do Banco de Desenvolvimento, tinha simpatias por aquela postura modernizadora do PSDB na economia, na administração. Também tive, durante uma época, muita simpatia pelo PSDB, até meados do mandato do Fernando Henrique. Outro aspecto interessante do Paulo Brant, além de engenheiro civil formado, economista, professor de pós-graduação em economia, trabalhou três anos no antigo Ministério da Indústria e Comércio. Tem experiência de Brasília, que acho fundamental para um prefeito. Trabalhou como secretário de Cultura, Banco de Desenvolvimento, etc.
O PSDB nunca levou o nome dele?
Não. Então, colocamos os nomes, no início do ano, para pesquisa qualitativa. Dos oito nomes colocados, quatro, por sugestão do marqueteiro Paulo Vasconcelos, não teriam uma aceitação adequada do eleitorado para continuar no aprofundamento da pesquisa. Restaram quatro. A próxima etapa seria aprofundar nestas pesquisas. Aí, houve uma reação dentro do PSDB, liderada por um dos dirigentes que não aceitava a continuidade do processo. Me comunicaram que o candidato seria o João Leite.
Ele estava na lista dos quatro que sobraram?
Estava. Ou seja, não admitiram a continuidade do processo. Foi colocado e me comunicaram. Eu tentei negociar de várias formas, inclusive a volta do Paulo Brant para o PSDB, isso não foi aceito e dito explicitamente porque foi indicação minha. Ou seja, não fazia questão que ele fosse do PSB, mas alguém com o perfil que a população gostaria que fosse prefeito. Essa foi a essência do problema. Então, chegamos a este ponto. Às vezes as pessoas me perguntam: por que? Acredito no modelo de gestão, acredito que conseguimos evoluir em muita coisa em nossa gestão e tenho absoluta confiança de que Paulo Brant faria uma gestão até melhor. Todas as qualitativas que fizemos demonstram que ele tem enorme potencial e nosso apoio seria importante. Não gostaria de fazer um acordo, por exemplo, baseado em possibilidade de 2018. Acho que meu compromisso é com a cidade, não com futuros cargos que poderia estar pleiteando.
O senhor tem conversado com Fernando Pimentel por apoio?
Foram plantadas várias notícias de que haveria acordo com o PT. Não há nada disto.
Por que o senhor não escolheu o Délio Malheiros?
No final d e março, sugerimos ao PSDB que filiasse o Délio para ser o nosso candidato. Apesar de acreditar que Paulo Brant seria o melhor candidato, eu propus e estava determinado a apoiar. E não foi aceito. Posteriormente, essas conversas continuaram, mas nunca houve um engajamento forte do PSDB nisso. Então, como não houve uma liderança firme do PSDB, colocamos o Paulo Brant como candidato. A partir daí o nome dele cresceu muito.

O GOVERNO EXPLORA O POVO



Impostos representam até 98,6% no preço de presentes do Dia dos Pais

Janaína Oliveira 



 
Os presentes para o Dia das Pais podem chegar a quase 99% de impostos embutidos, aponta levantamento da BDO, empresa de auditoria e consultoria.

Na lista de mimos mais comuns, a maior carga tributária foi encontrada no perfume, de 98,6%. Na sequência, estão os charutos, com 84,6% de impostos embutidos em seu valor final.

No caso presentes para pais apreciadores de bebida alcóolica, 81% do valor do uísque vão para os cofres públicos. Se a opção for uma garrafa de vinho, a carga tributária chega a 58,2%.

Na compra de um aparelho de barbear, o consumidor estará pagando 50,7% somente em impostos. Mas se a escolha for um relógio, os tributos somarão 47,2%.

Segundo o gerente da área de consultoria tributária da BDO, Valmir Oliveira, para o filho que quiser agradar, sem comprometer boa parte de sua renda com taxações, as opções são presentes como as malas de viagem (37,2%) e camisas (27,2%).

Até o almoço sai caro. A conta de uma refeição em família em um restaurante tem 12,4% em tributos.

ELEIÇÕES AMERICANAS 1



Em convenção, Hillary cita 'forças poderosas' que querem dividir os EUA

Estadão Conteúdo 


Hillary Clinton pediu nesta quarta-feira, 28, que os eleitores americanos rejeitem as "forças poderosas" que ameaçam dividir os Estados Unidos, representadas pela candidatura de seu adversário, o republicano Donald Trump. "A América está mais uma vez em um momento de definição", afirmou no discurso com o qual aceitou a nomeação democrata para ser a primeira mulher a disputar a presidência do país por um grande partido.

"Laços de confiança e de respeito estão se esgarçando. E como ocorreu com nossos fundadores, não há garantias. Tudo depende de nós. Nós temos que decidir se nós vamos trabalhar juntos para que todos possamos nos erguer juntos", declarou Hillary, no mais crucial pronunciamento de sua longa carreira política. Como Barack Obama na noite anterior, Hillary rejeitou a visão apocalíptica de Trump sobre o futuro do país e centrou seu discurso na defesa da unidade e do otimismo.

"É com humildade, determinação e ilimitada confiança na promessa americana que eu aceito sua nomeação para presidente dos Estados Unidos", declarou Hillary, sendo aplaudida de pé pela plateia. A candidata entrou na arena às 22h25 (23h25, horário de Brasília) e foi recebida com acenos de milhares de bandeiras americanas que haviam sido distribuídas pelos organizadores da convenção do partido. Em vários momentos do discurso ela foi interrompida pelos gritos "Hillary, Hillary".

A candidata começou o discurso agradecendo seu adversário nas primárias, Bernie Sanders, e falou diretamente aos seguidores dele, que protestaram contra a candidata nos primeiros dois dias da convenção, iniciada na segunda-feira. "Sua causa é a nossa causa." Enquanto ela falava, gritos isolados de protesto podiam ser ouvidos na plateia, abafados pelos gritos "Hillary".

Hillary se referiu ao caráter histórico de sua nomeação, a primeira de uma mulher feita por um grande partido. "Quando não há nenhum teto, o céu é o limite", afirmou. "Vamos continuar, até que cada uma das 161 milhões de mulheres e garotas ao redor da América tenha a oportunidade que merece."

Depois de apresentar Trump como um candidato que contraria valores fundamentais dos EUA, Hillary o condenou por não apresentar propostas concretas para solução dos problemas do país. "Vocês devem ter notado que eu gosto de falar dos meus", disse a candidata, célebre pelos detalhes com que apresenta suas posições. Em seguida, prometeu lançar um programa de investimentos em infraestrutura para criar o maior número de empregos nos EUA desde a Segunda Guerra Mundial.

Hillary defendeu a expansão de benefícios sociais, a gratuidade do ensino superior para famílias com renda inferior a US$ 125 mil ao ano e a concessão de licença maternidade. Segundo ela, os programas serão pagos pelo aumento de impostos dos mais ricos, de Wall Street e das grandes corporações. "Nós vamos seguir o dinheiro."

Com a multiplicação de ataques terroristas dentro e fora dos Estados Unidos, a candidata se apresentou como a líder capaz de comandar as Forças Armadas do país no combate ao Estado Islâmico. Segundo ela, Trump não tem temperamento para comandar as Forças Armadas dos EUA. "Imaginem ele no Salão Oval enfrentando uma crise real. Um homem que ataca com um tweet não é um homem a quem se pode confiar armas nucleares."

A candidata foi apresenta aos espectadores da convenção por sua filha única de 36 anos, Chelsea, mãe de seus dois netos, Charlotte e Aidan. "Senhoras e senhores, minha mãe, minha heroína e nossa próxima presidente", disse Chelsea.

Em discurso antes da entrada de Hillary, Chelsea se referiu à sua infância e adolescência, em uma tentativa de humanizar uma candidata vista muitas vezes como controladora e pouco espontânea. Mas Chelsea também se referiu à mãe como uma ativista, que passou sua vida defendendo causas que foram do direito de crianças ao combate da mudança climática. "Ela nunca esquece pelo que está lutando."



RECORDAÇÕES FUNESTAS



Em Auschwitz, papa pede perdão por 'tanta crueldade'

Agência Brasil 





Papa durante visita ao campo de concentração de Auschwitz, na Polônia

O papa Francisco realizou nesta sexta-feira (29) uma das visitas mais esperadas de sua viagem à Polônia: a ida aos campos de concentração nazista de Auschwitz e Birkenau, símbolos de horror da Segunda Guerra Mundial e palco da morte de milhões de judeus.
Em espanhol, o líder católico escreveu uma mensagem no "Livro de Honra" às vítimas. "Senhor, tende piedade do teu povo! Senhor, perdoa tanta crueldade", escreveu o Pontífice, de acordo com informações do Museu Memorial de Auschwitz.
A viagem, feita em grande parte a pé pelo sucessor de Bento XVI, foi realizada em silêncio. Francisco orou sozinho por diversas vezes e parou por alguns minutos perante ao Bloco 11 de Auschwitz, considerado o "Bloco da Morte" dos judeus presos pelos nazistas. No local, há também a cela do mártir franciscano Maximiliano Kolbe, que trocou sua vida para que os militares de Adolf Hitler poupassem uma família de judeus.
O Papa ainda encontrou um grupo de sobreviventes do Holocausto, em momento repleto de emoção, com troca de abraços e de algumas palavras. Um dos sobreviventes deu de presente para Jorge Mario Bergoglio uma pequena vela, que o argentino acendeu em frente ao chamado "muro do fuzilamento".
Assim que terminou a visita em Auschwitz, o papa foi ao campo de Birkenau, onde voltou a rezar em silêncio diante das lápides que lembram as vítimas do Holocausto de todas as nações.
Após a visita ao local, Bergoglio voltou para Cracóvia onde fará uma visita a um hospital pediátrico e depois celebrará a procissão da Via Crucis com os jovens da Jornada Mundial da Juventude. Francisco é o terceiro líder da Igreja Católica a visitar o local. Antes dele, o papa João Paulo II e Bento XVI fizeram viagens ao país como líderes da entidade.