segunda-feira, 30 de maio de 2016

NÃO HÁ EQUILÍBRIO ENTRE RECEITAS E DESPESAS NO GOVERNO




Por Bernardo Guimarães



Os R$ 170 bilhões de reais e as discussões sobre o ajuste fiscal ganharam as manchetes, mas o que significam esse e outros números das contas públicas?
A questão de fundo é a seguinte: a dívida pública não pode sair do controle e se tornar insustentável. Esse post busca ajudar a entender o que é preciso para que a dívida pública seja sustentável.
Os números são bem aproximados e o resultado depende de hipóteses sobre o crescimento da economia e a taxa real de juros no médio e longo prazo. Assim, o resultado é pouco preciso. Mas o importante não é o número final. O objetivo do post é montar um guia para se pensar sobre as contas públicas.
Começamos com a dívida. Hoje, a dívida pública brasileira é cerca de 70% do PIB. Países com o nível de renda do Brasil têm, em geral, uma dívida menor com proporção do PIB.
Assim, é preciso evitar que esse percentual cresça, ou seja, que a relação dívida/PIB se torne mais e mais alta e tenhamos um calote (que poderia vir também em forma de inflação).
Isso não significa que a dívida tenha que ficar estável. A dívida pode crescer, mas o crescimento da dívida não pode ser maior que o crescimento do PIB.
Digamos que em média, nos próximos anos, o PIB cresça 2,5% ao ano, que é mais ou menos o que cresceu nos últimos 20 anos. Hoje, um crescimento de 2,5% ao ano parece um sonho, mas se o país estiver em ordem, essa taxa de crescimento é bem factível.
A dívida precisa então crescer no máximo 2,5% ao ano (porque aí a dívida fica constante como proporção do PIB). Se a dívida é 70% do PIB, temos um limite máximo para o crescimento da dívida de 2,5% vezes 70% do PIB, que dá um pouco mais de 1,5% do PIB.
Um crescimento maior do PIB tornaria a dívida relativamente menor (como um aumento do salário torna mais fácil pagar as dívidas de uma família), enquanto um crescimento menor do PIB significaria um aumento da relação entre dívida e PIB.
Vamos considerar então que não queremos que a dívida cresça mais que 1,5% do PIB (seria desejável que crescesse menos, mas vamos com esse limite). O que isso implica?
O crescimento da dívida de um ano para o outro é o déficit. O déficit é a diferença entre o que o governo gasta e o que arrecada.
Então, o déficit não pode ser mais que 1,5% do PIB. Agora, qual déficit?
O rombo de R$ 170 bilhões anunciado é o déficit primário. Isso dá algo entre 2,5% e 3% do PIB. Só que isso não é tudo, porque o déficit primário não considera os juros sobre a dívida pública.
Quanto custa esse pagamento de juros?
Os juros sobre a dívida podem ser decompostos em duas partes: a correção pela inflação e o pagamento de juros reais.
Por exemplo, digamos que no começo de 2015 você tivesse uma dívida de R$ 1.000 e tivesse que pagar juros de R$ 150. Com uma inflação de cerca de 10%, temos que R$ 100 apenas corrigiriam o valor da dívida pela inflação. Os juros reais seriam apenas os R$ 50.
O que importa é o pagamento de juros reais. Por quê? A dívida ficaria estável em termos reais se subisse de R$ 1.000 para R$ 1.100 (pois com a inflação, os preços estão 10% mais altos). Os R$ 50, os juros reais, de fato precisam ser pagos para evitarmos um aumento real da dívida.
Muito se fala sobre quanto se gasta com juros sobre a dívida, mas em geral, foca-se nos juros nominais. A conta de juros nominais de fato é altíssima (foi 15 vezes o Bolsa Família, etc), mas não significa nada em termos econômicos. Da mesma forma, espera-se para esse ano um déficit nominal de 9% do PIB, mas esse número exagera o tamanho do problema porque considera os juros nominais sobre a dívida.
Quanto deve ser a conta de juros reais sobre a dívida?
A taxa de juros que remunera a dívida emitida pelo governo é hoje muito alta e deve continuar alta por mais algum tempo. Parte do problema é que a inflação ultrapassou o teto da meta e o Banco Central quer recuperar a credibilidade, o que o impede de baixar juros mais rapidamente. Parte do problema é que o governo fornece crédito barato pelo BNDES, muita gente toma esse crédito, então falta crédito para o resto da economia. “Falta crédito” se traduz em “o crédito fica caro”, ou seja, os juros ficam altos (eu explico esse ponto aqui).
Contudo, no cenário otimista em que o Banco Central recupere a credibilidade perdida e o governo feche boa parte das torneiras do BNDES, os juros devem cair. Para quanto e em quanto tempo, é difícil saber.
Vamos supor que no médio prazo a gente tenha juros reais de 3% ao ano (por exemplo, inflação de 5% e taxa Selic de uns 8% ao ano). O pagamento de juros seria 3% vezes 70% do PIB, que dá um pouco mais que 2% do PIB.
Somando esse pouco mais de 2% do PIB com o déficit primário de pouco menos de 3% do PIB, temos um déficit operacional, que é o que importa, de uns 5% do PIB.
Tínhamos chegado à conclusão que o déficit não podia ser mais que 1,5% do PIB. Se os juros sobre a dívida forem de fato uns 2% do PIB, precisamos de um superávit primário de cerca de 0,5% do PIB para a dívida não subir mais rapidamente que a nossa capacidade de pagamento (que é proporcional ao PIB).
Isso significa que o déficit primário de R$ 170 bilhões precisa virar um superávit de uns R$ 30 bilhões para a dívida não entrar em uma trajetória explosiva. Uma diferença de R$ 200 bilhões, pouco menos de 3,5% do PIB. Com as hipóteses que eu fiz nesse post, esse é o tamanho da encrenca. É grande.
Parte dessa diferença pode ser coberta com uma recuperação econômica. Se o nível de emprego aumenta, aumenta também a arrecadação sem necessariamente aumentarem-se os gastos públicos (note o “necessariamente” na frase…). Uma recuperação de 3% do PIB (além do crescimento de 2,5% que a gente usou para fazer as contas) aumenta a arrecadação em cerca de 1% do PIB. Não resolve, mas ajuda bem. O problema é que a incerteza quanto a sustentabilidade da dívida desestimula os investimentos e a criação de empregos.
A saída, portanto, é um ajuste que resolva parte do problema de curto prazo, transmita confiança no reequilíbrio das contas públicas no médio prazo e, assim, estimule a retomada dos investimentos e a recuperação econômica.


MUDANÇAS DEVEM SER DISCUTIDAS COM MAIS RIGOR



Temer com alterações

Giro UOL




 

Também há resistência no PMDB, sigla da qual Temer é presidente licenciado

Líderes dos sete maiores partidos do Congresso não querem se comprometer com a pauta econômica do presidente em exercício, Michel Temer, principalmente em relação às duas medidas prioritárias: o teto dos gastos públicos e a reforma da Previdência.
Apesar de reconhecerem a necessidade dos projetos, eles dizem ser necessário discutir mudanças nas propostas. A resistência existe até nas bancadas do PMDB, partido do qual Temer é presidente licenciado.
Os líderes ouvidos pelo jornal "O Estado de S. Paulo" representam 326 deputados e 58 senadores, o equivalente a aproximadamente dois terços de cada Casa. O número é superior aos três quintos da Câmara (308) e do Senado (48), quantidade necessária de votos para aprovar Propostas de Emenda à Constituição (PEC), que é o caso dos principais projetos econômicos de Temer.
No caso da PEC do teto fiscal, segundo o ministro Henrique Meirelles (Fazenda), a medida limitará gastos com Saúde e Educação, medida que não agrada aos líderes de PP, PR, PSD e DEM na Câmara, que disseram que vão "estudar a proposta". No Senado, o líder do PSDB, Cássio Cunha Lima (PB), sugeriu que a proposta seja modificada.
"A função do Estado está muito vinculada a educação, saúde e segurança, são as três grandes demandas da população. Seria possível encontrar um mecanismo para preservar esses setores, mesmo que se exijam cortes maiores em outras áreas", afirmou o tucano, que diz concordar com o teto fiscal em si, mas defende mudanças na proposta original.
Os líderes do PMDB na Câmara e no Senado, deputado Baleia Rossi (SP) e senador Eunício Oliveira (CE), defendem a importância fiscal da medida, mas ponderam que é natural que o Congresso proponha mudanças, sinalizando que, mesmo que aprovada, a medida não deve passar da forma com será enviada pelo governo.
"Acredito que tem chance de passar. Mas é claro que a Câmara pode propor mudanças, pode querer um diálogo, e é importante que a equipe econômica esclareça seus pontos", disse Rossi.
Previdência
A proposta que mais enfrenta resistências --e até por isso ainda não está formalizada-- é a da reforma da Previdência. "É óbvia a necessidade de modernização das regras previdenciárias, porém entendemos que direitos adquiridos devem ser preservados", disse o líder do PSD, deputado Rogério Rosso (DF).
Até os líderes do PMDB não demonstram apoio total à ideia. Eunício analisa que é natural que o governo envie uma matéria mais dura, já prevendo uma flexibilização pelo Congresso.
Em contrapartida, Temer conta com maior apoio da base para projetos que já tramitam no Legislativo, como a proposta que desobriga a Petrobras de participar de leilões do pré-sal e o projeto que traz critérios mais rígidos para a escolha de presidentes de fundos de pensão e empresas estatais. As matérias já foram aprovadas no Senado e agora serão avaliadas pela Câmara. Os projetos são de autoria do PSDB.
O governo diz estar confiante na aprovação das medidas e minimizou dissidências da base. "Até agora não foi identificada essa resistência. Claro que, na hora que o debate acontecer, ela pode surgir. Mas daí vamos dialogar até tentar contornar", disse o ministro da Secretaria de Governo, Geddel Vieira Lima.
O PT está decidido a fazer oposição firme e deve votar contra as quatro propostas. O partido da presidente afastada Dilma Rousseff tentará atrair PC do B e PDT nessas votações. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.
Giro UOL

AMEAÇA ÀS OLIMPÍADAS



OMS e ONU não têm recursos para lidar com o avanço do vírus zika

Estadão Conteúdo 



A Organização Mundial da Saúde (OMS) e a Organização das Nações Unidas (ONU) não têm dinheiro para implementar o plano que desenharam para frear o vírus zika. Dados divulgados nesta segunda-feira (30) pelas entidades apontam que as organizações que deveriam se mobilizar contra a nova doença não contam com os recursos exigidos. De um total de US$ 53,3 milhões solicitados para enfrentar o vírus, foram levantados pouco mais de 10% do valor, cerca de US$ 5,7 milhões.

Declarada como uma emergência internacional de saúde pública, o zika obrigou a OMS a se mobilizar para tentar conter a doença, já espalhada por 60 países. Cientistas e até atletas já até alertam sobre os riscos dos Jogos Olímpicos do Rio. Ainda que a OMS insista que não existe chance de um adiamento do evento, a realidade é que seu programa de ação está sendo seriamente afetado por falta de dinheiro.

A entidade pediu doações e contribuições de governos no valor de US$ 17,7 milhões. Mas recebeu apenas US$ 2,3 milhões até agora.

A Organização Pan-americana de Saúde (Opas) havia feito um apelo por US$ 8,1 milhões. Mas recebeu apenas US$ 1,6 milhão para suas ações na região mais afetada pela crise. Outro parceiro da ONU, a AmeriCares, solicitou US$ 4,1 milhões - recebeu apenas US$ 40 mil.

Diversas entidades sofrem com o mesmo problema. O Fundo de População das Nações Unidas (UNFPA, na sigla em inglês) solicitou US$ 9,6 milhões e foi praticamente ignorado. Apenas US$ 250 mil entraram no caixa.

Mesmo no Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef, na sigla em inglês), o pedido de US$ 13,8 milhões foi atendido em somente US$ 1,7 milhão, deixando um buraco de US$ 12 milhões.

Segundo a OMS, um novo plano será lançado em julho para lidar com o que a entidade chama de "proliferação" cada vez maior da doença. Para a agência, o zika vai continuar ganhando novos territórios.

GOVERNOS CORRUPTOS GOSTAM DESSA DESVINCULAÇÃO



Votação sobre receita será novo teste da base aliada

Estadão Conteúdo 


Antes de as novas medidas econômicas serem analisadas pelo Congresso, o governo Temer terá outro teste da base aliada. Considerada uma das prioridades para o governo, a Desvinculação de Receitas da União (DRU) flexibiliza o Orçamento ao desobrigar entes federados de efetuar gastos em áreas essenciais do governo, como saúde e educação. "Vai ser mais um teste. Temos a DRU na pauta do Senado, acho que vamos aprovar", disse o líder do PMDB no Senado, Eunício Oliveira (CE).

No Senado, um substitutivo do senador Romero Jucá (PMDB-RR) incluiu a DRU no projeto da Desvinculação de Receitas de Estados e Municípios. A proposta prorroga por quatro anos a desvinculação de 25% das receitas. O texto de Jucá foi aprovado em primeiro turno no plenário da Casa ainda durante o governo Dilma Rousseff.

A Proposta de Emenda à Constituição 143/2015 é o primeiro item da pauta do Senado e está pronta para ser votada há duas semanas, mas a crise provocada pelas conversas gravadas pelo ex-presidente da Transpetro Sérgio Machado com a cúpula do PMDB dificultou a formação de quórum mínimo para votar a medida. Caso seja aprovada, terá de ser analisada novamente pelos deputados.

No plenário da Câmara, porém, já há outra proposta de DRU enviada por Dilma. O texto original prevê a desvinculação de 30% das receitas obrigatórias até 2023. A PEC que trata do tema tramita há cerca de dez meses em uma comissão especial e deve ser votada no colegiado nesta terça-feira (31).

Nesta segunda-feira (30) representantes do governo se reúnem com líderes da base para decidir qual proposta é a mais adequada e tentar chegar a um acordo sobre qual delas continuará em discussão no Congresso. "Mas a tendência é seguir com aquela que atender mais ao governo e tiver com uma tramitação mais fácil", afirmou o ministro da Secretaria de Governo, Geddel Vieira Lima. "Vamos ver qual das propostas chega primeiro", brincou o líder do governo na Câmara, André Moura (PSC-SE), cuja intenção é votar a DRU no plenário da Câmara ainda na quarta-feira. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

ESCOLHA DE PIMENTA CRIA CONFLITO COM GESTÃO DE LEITE

Brasil e Mundo ...