terça-feira, 1 de março de 2016

LUTA PELO PODER NO VOTO




Márcio Doti



Nossa quem? Nossa, povo brasileiro, apesar de todas as coisas feias e tristes que nos foram exibidas durante esse tempo de vitoriosas operações da Polícia Federal e do Ministério Público Federal. Apoiados, claro, pelo determinado juiz federal Sérgio Moro, que transformou o Paraná em centro das esperanças brasileiras de um novo ambiente de vida. E vida sob todos os aspectos: político, econômico e moral. A luta é nossa porque somos nós que pagamos a conta, que enxergamos as grandes jogadas e o jogo rasteiro, ambos praticados por mais de uma década, destruindo nosso patrimônio, nossos sonhos, jogando no lixo a estabilidade econômica que havíamos alcançado e já começava permitir melhor qualidade de vida, rendia respeito internacional, distanciava a nossa moeda daquelas surradas constantemente pelo dólar.
E o desafio que está diante de nós é o de combater o profundo desânimo que tomou conta de boa parte da população. Há os que confiaram muito em Lula, Dilma e no PT e viram, sem querer, que o sonho apregoado não era a realidade plantada nas sombras, às escondidas ou a poder da incompetência. Outros tantos, espantados com tantas evidências e descobertas de manobras feias e sujas que, ainda assim, não são suficientes para vencer o caradurismo, a hipocrisia, a desfaçatez dos que trabalham em cima da mentira. A despeito disso, se atrevem a pregar um Brasil novo e melhor, apesar de serem autores desse país envergonhado perante o mundo e seus filhos, pelas monstruosidades praticadas com as forças da mentira, da desonestidade, em tudo animada por uma impunidade empurrada pela certeza de iludir.
Tal e qual nos confrontos eleitorais de 2014, as oposições não têm sido capazes de enfrentar e vencer as pregações mentirosas, as dissimulações, os contra-ataques maquiavélicos. Um pouco porque foi tão intenso o sonho que se reluta em aceitar que esteve longe da realidade. Mas o desafio de agora é justamente não desanimar e partir para um imenso cordão em que a somatória faz a força para exigir o fim das mentiras, a punição para quem merece. E, mais que tudo, um recado para os que foram tão longe com as tramoias e a audácia de se acharem tão espertos ao ponto de se tornarem tão tolos. É com o empenho, o ânimo, o entusiasmo e a determinação dos brasileiros que acharemos de novo o caminho do bem, da arrumação, da reconstrução. Isto levará algum tempo. Não o tempo para mais mentiras, mais disfarces, mas o suficiente para que o país demonstre a sua vontade, recuse tanto desrespeito na forma de enganação. O dinheiro que foi embora na lama da corrupção é o preço que estamos pagando para aprender a confiar desconfiando.
0

ACABANDO COM AS PROPINAS ACABA O INTERESSE PELO GOVERNO



  

Leandro Mazzini

Um mandado de busca e apreensão na nova fase da Operação Zelotes semana passada descobriu o mapa da mina do esquemão dentro do Carf – Conselho Administrativo de Recursos Fiscais. Na residência de um servidor, agentes da Polícia Federal acharam o tesouro: um caderninho com anotações de quais empresas pagam propina para se livrarem de multas e processos, quanto pagam e, principalmente, a quem. A lista tem nomes de vários escalões do Carf e da Receita Federal. Vem devassa aí nos gabinetes.
Tensão na ‘Lava Jato’
A saída de José Eduardo Cardozo do Ministério da Justiça deixou muito preocupados os investigadores da “Lava Jato”, no âmbito da PF e da Justiça Federal. Para o grupo, é manobra do ex-presidente Lula na tentativa de se blindar. A ideia do governo seria trocar todo o comando do MJ – inclusive o diretor-geral da Polícia Federal.
Bênça, Padim
O procurador baiano Wellington Cesar é apadrinhado de Jaques Wagner (Casa Civil) e com aval do MPF. De excelente currículo, tem trânsito no STF. Mas há suspense sobre as ligações com o PT, e em especial com o verdadeiro padrinho, o ex-presidente Lula.
Em alerta
O cargo de DG da PF é DAS 6, de nomeação do ministro da Justiça, que pode trocá-lo se quiser. Se o diretor Leandro Daiello sair, já especulam na “Máscara Negra”, sede da PF, a subida do delegado Rogério Augusto Galloro.
Alma lavada
O novo ministro da Justiça, Wellington César, estava na praia em Ilhéus neste fim de semana quando recebeu a notícia de que fora o escolhido para a vaga.
Ponto Final
Quem teme, teme: Lula pediu ao STF anulação da investigação do tríplex e do sítio em Atibaia.



CHEGANDO PERTO



"Lava Jato" investiga suposto pagamento de propina a Lula durante Presidência

Estadão Conteúdo 



 
                                                           Ex-presidente Lula

A força-tarefa da Operação "Lava Jato" no Paraná informou que apura se o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva recebeu vantagens de empreiteiras quando ainda estava à frente do Palácio do Planalto. A informação foi incluída dentro de uma manifestação enviada nesta segunda-feira (29) pelo procurador da República Deltan Dallagnol ao Supremo Tribunal Federal (STF).

A manifestação foi enviada por causa de uma ação protocolada por Lula na última sexta-feira, 26. O ex-presidente alega ao Supremo haver conflito de atribuições entre o Ministério Público Federal (MPF) e o Ministério Público de São Paulo (MP-SP) na condução das investigações contra ele e pede que o Supremo defina qual órgão deve encaminhá-las.

Dallagnol, que é o coordenador da força-tarefa da "Lava Jato" em Curitiba, disse ao STF que as investigações são diferentes. Ele defendeu a manutenção das apurações contra o ex-presidente nas mãos do MPF, que, segundo ele, estão relacionadas especificamente a supostas vantagens indevidas recebidas por Lula das construtoras investigadas pela "Lava Jato".

Segundo o coordenador da força-tarefa, os benefícios teriam sido materializados, entre outros, no pagamento dos imóveis em Atibaia e no Guarujá, em São Paulo. "Importante considerar que parte das vantagens, que constituem o objeto da investigação (conduzida pelo MPF), foram supostamente auferidas pelo suscitante (Lula) durante o mandato presidencial, o que, justifica, por si só, a competência federal", alega Dallagnol.

Na investigação conduzida pelo MPF, Dallagnol aponta que a análise preliminar das provas reunidas demonstra "tipologia criminosa de lavagem de capitais já denunciada no âmbito da Operação "Lava Jato", envolvem José Carlos Bumlai, executivos da Odebrecht e executivos da construtora OAS, todos investigados e muitos dos quais já denunciados no esquema de corrupção que assolou a Petrobras".

Já o processo instaurado no MP-SP apura vantagens em transferências de empreendimentos da Cooperativa Habitacional dos Bancários (Bancoop) para a OAS, a qual teria beneficiado Lula na compra de um tríplex no Guarujá.

O Ministério Público Federal se antecipou ao pedido da relatora do caso, Rosa Weber, e apresentou a argumentação espontaneamente. Após o recebimento da manifestação, a ministra Rosa Weber determinou o envio das informações prestadas pelo MPF à defesa do ex-presidente, para manifestação. O ofício foi repassado ao STF pelo procurador-geral da República, Rodrigo Janot, mas é assinado por Dallagnol e outros dez membros da força-tarefa.



PODE SER UM TEATRO ARMADO PELO PT



'Choque' entre Dilma e o PT mostra fragilidade do governo

Bruno Moreno - Hoje em Dia 




A saída de José Eduardo Cardozo (PT) do Ministério da Justiça é a mais recente marca do isolamento do governo Dilma Rousseff (PT) em relação ao Partido dos Trabalhadores. Se a presidente já dava sinais de que governa sem considerar os pedidos do partido dela, agora pode se distanciar ainda mais.

Cardozo era o último petista dentre os seus aliados mais próximos. Em função da operação “Lava Jato”, sofreu forte pressão do partido para limitar a atuação da Polícia Federal, mas não atendeu aos pedidos.

Sua saída (veja infográfico e matéria ao lado) e os recentes desentendimentos de Dilma com o PT, assim como os agravantes da crise econômica, trarão uma nova configuração para o cenário político nacional.

O deputado federal Julio Delgado (PSB/MG), oposição a Dilma, avalia que a saída de Cardozo é um sinal do enfraquecimento do PT no governo dela. Mas ele até mesmo acredita que essas movimentações podem ser um sinal de que Dilma quer diminuir a importância do PT no governo federal.

“Emaranhado”

“A Dilma pode até encontrar um ponto de chamar a sociedade para fazer um governo de União nacional, e mudar algumas coisas que ela está segurando por conta deles (PT). Ela pode aproveitar a oportunidade para ter governabilidade, com estabilização econômica, fazer as reformas estruturantes, a da Previdência, o ajuste fiscal, a ponto de sair desse emaranhado”.

Já o deputado Rodrigo de Castro (PSDB/MG) avalia que a liberdade com que os delegados da Polícia Federal atuam na operação “Lava Jato” é um dos principais motivos para o racha entre Dilma e o PT.

“Dilma está com uma agenda desconectada do ideário petista por conta das crises política e econômica que o PT ajudou a criar. Nesse momento, o PT era parceiro. Quando ‘a casa caiu’, o PT não quer mais. É como um noivo que só quer os bons momentos”, avalia.

Nesse cenário, o deputado acredita que será ainda mais difícil a aprovação das medidas do ajuste fiscal, como a reforma da Previdência e a CPMF.

Em relação à troca no comando no Ministério da Justiça, Rodrigo de Castro acredita que a liberdade com que os investigadores trabalham será mantida. “Se até agora não exerceram um controle sobre a Polícia Federal, não será agora que conseguirão colocar essa pressão”, avalia.

Já o deputado federal por São Paulo Paulinho da Força (Solidariedade) avalia que a troca no Ministério da Justiça pode impulsionar o processo de impeachment. “Se Dilma permitir isso (o cerceamento do trabalho da PF na 'Lava Jato'), o impeachment ganha mais força. Não vamos aceitar que um partido político trabalhe para livrar o Lula e a Dilma”, afirmou em nota.

Lealdade

Na opinião do deputado federal Reginaldo Lopes (PT/MG), não há distanciamento entre Dilma e o PT e essa crise entre a presidente e o partido seria alimentada pelo PSDB e pelos oposicionistas do PMDB.

No entanto, ele reconhece que há interesses dissonantes entre eles e, indiretamente, cobra maior participação de ideias petistas no governo Dilma.