Márcio Doti
Nossa quem? Nossa, povo brasileiro,
apesar de todas as coisas feias e tristes que nos foram exibidas durante esse
tempo de vitoriosas operações da Polícia Federal e do Ministério Público
Federal. Apoiados, claro, pelo determinado juiz federal Sérgio Moro, que
transformou o Paraná em centro das esperanças brasileiras de um novo ambiente
de vida. E vida sob todos os aspectos: político, econômico e moral. A luta é
nossa porque somos nós que pagamos a conta, que enxergamos as grandes jogadas e
o jogo rasteiro, ambos praticados por mais de uma década, destruindo nosso
patrimônio, nossos sonhos, jogando no lixo a estabilidade econômica que
havíamos alcançado e já começava permitir melhor qualidade de vida, rendia respeito
internacional, distanciava a nossa moeda daquelas surradas constantemente pelo
dólar.
E o desafio que está diante de nós é o
de combater o profundo desânimo que tomou conta de boa parte da população. Há
os que confiaram muito em Lula, Dilma e no PT e viram, sem querer, que o sonho
apregoado não era a realidade plantada nas sombras, às escondidas ou a poder da
incompetência. Outros tantos, espantados com tantas evidências e descobertas de
manobras feias e sujas que, ainda assim, não são suficientes para vencer o
caradurismo, a hipocrisia, a desfaçatez dos que trabalham em cima da mentira. A
despeito disso, se atrevem a pregar um Brasil novo e melhor, apesar de serem
autores desse país envergonhado perante o mundo e seus filhos, pelas
monstruosidades praticadas com as forças da mentira, da desonestidade, em tudo
animada por uma impunidade empurrada pela certeza de iludir.
Tal e qual nos confrontos eleitorais
de 2014, as oposições não têm sido capazes de enfrentar e vencer as pregações
mentirosas, as dissimulações, os contra-ataques maquiavélicos. Um pouco porque
foi tão intenso o sonho que se reluta em aceitar que esteve longe da realidade.
Mas o desafio de agora é justamente não desanimar e partir para um imenso
cordão em que a somatória faz a força para exigir o fim das mentiras, a punição
para quem merece. E, mais que tudo, um recado para os que foram tão longe com
as tramoias e a audácia de se acharem tão espertos ao ponto de se tornarem tão
tolos. É com o empenho, o ânimo, o entusiasmo e a determinação dos brasileiros
que acharemos de novo o caminho do bem, da arrumação, da reconstrução. Isto
levará algum tempo. Não o tempo para mais mentiras, mais disfarces, mas o
suficiente para que o país demonstre a sua vontade, recuse tanto desrespeito na
forma de enganação. O dinheiro que foi embora na lama da corrupção é o preço
que estamos pagando para aprender a confiar desconfiando.