sábado, 30 de janeiro de 2016

MORRE UM ÍCONE DO CINEMA



Morre o diretor francês Jacques Rivette aos 87 anos

Estadão Conteúdo 

 
Para a atriz Anna Karina, ex-mulher de Jean-Luc Godard, Jacques Rivette foi um dos "mais livres e maiores inventores cineastas da nouvelle-vague." E o próprio presidente François Hollande disse que ele foi um dos maiores diretores da França, "cuja obra fora dos padrões lhe valeu admiração internacional." Rivette morreu na manhã desta sexta-feira (29), em Paris. Sofria de Alzheimer.

Rivette tornou-se conhecido e admirado por filmes como Paris nos Pertence, A Religiosa (com Anna Karina) e A Bela Intrigante (com Emmanuelle Béart). Ex-crítico, pertencia à geração que revolucionou o cinema francês na segunda metade dos anos 1950. Como Godard, François Truffaut e Eric Rohmer, escrevia na Cahiers du Cinéma. Como o célebre artigo de Truffaut, contestando o cinema francês de qualidade, causou repercussão, na época, o texto que chamou De la Abjéction.

O que causava abjeção em Rivette era o travelling (movimento de câmera) do cineasta italiano Gillo Pontecorvo em direção a Emmanuelle Riva numa cena decisiva de Kapò, de 1960. A personagem era uma mulher judia internada num campo de concentração dos nazistas. Lançava-se contra a câmera eletrificada. O plano plástico buscava sua mão estendida, detalhe que Rivette considerou imoral. A nouvelle vague, diziam seus autores, era uma questão de travelling (um cinema da liberdade). E o travelling, uma questão moral.

Você encontra o texto de Rivette na internet. E também seus desdobramentos, inclusive outro texto famoso do crítico Serge Daney retomando o debate. Rivette demorou muito para concluir Paris Nos Pertence, sobre garota que integra grupo de teatro numa montagem de Shakespeare. A Religiosa, adaptado de Diderot, teve problemas com a censura (na França!) e permaneceu anos proibido. A Bela Intrigante, adaptado de histórias curtas de Honoré de Balzac e Henry James, é sobre um velho artista que retoma quadro inacabado, submetendo sua modelo (Emmanuelle Béart, esplendorosamente nua) a posições incômodas e situações de dominação.

Filmes como Paris nos Pertence e A Bela Intrigante dissecam o processo criativo. São longos (mais de quatro horas cada). Em 2007, apresentou em Berlim o que talvez seja seu mais belo filme, Ne Touchez Pas la Hache, adaptado de A Duquesa de Langeais, de Balzac. O general De Montriveau reencontra num convento, numa ilha espanhola, a mulher que amou no passado. A narrativa retrocede cinco anos. É um filme romanesco, suntuosamente narrado, sobre maquinações políticas e a natureza do desejo, que tanto atraía Rivette. Jeanne Balibar e Guillaume Depardieu são magníficos. Ele, filho de Gerard Depardieu, tinha uma relação estremecida com o pai. Morreu prematuramente, de uma pneumonia, no ano seguinte (2008).

sexta-feira, 29 de janeiro de 2016

TOMAR DINHEIRO EMPRESTADO ´PARA COMPRA DE DOLAR DA NISSSO AÍ



Sem função para reservas, país corre risco de jogar dólares fora
Solange Srour 



Nos últimos anos, vários países emergentes acumularam um enorme volume de reservas internacionais, entre os quais se destaca o Brasil. As reservas provêm um seguro contra choques negativos que desestabilizam os fluxos de capitais e podem levar a uma grave crise de balanço de pagamentos e, consequentemente, a uma instabilidade financeira.
A literatura econômica é repleta de estudos sobre qual seria o nível ótimo de reservas, o que depende fundamentalmente da tolerância do país aos riscos externos, do custo de carregar tal seguro e dos efeitos secundários que o acúmulo de reservas possa gerar na economia. No entanto, as mesmas reservas podem ser uma ameaça em um país que não consegue controlar o gasto.
Entre 2006 e 2008, o Banco Central do Brasil comprou no mercado à vista cerca de US$ 120 bilhões e, entre 2010 e 2011, cerca de US$ 90 bilhões. Obviamente, durante todo esse processo, discutiu-se bastante se estávamos mesmo adquirindo um seguro ou se estávamos tentando frear o movimento de apreciação cambial gerado pelo enorme influxo de capitais do momento.
A literatura não traz nenhum tipo de certeza com relação à eficácia das intervenções esterilizadas no nível da taxa de câmbio, quando o Banco Central se endivida para comprar reservas, impedindo que a sobra de dinheiro na economia acabe gerando inflação.
Especialmente após 2010, quando o Brasil possuía um nível de reservas de US$ 300 bilhões, as intervenções pareciam bastante custosas diante do aumento marginal na nossa proteção e ao mesmo tempo não pareciam diminuir significantemente a volatilidade cambial, principal justificativa do Banco Central na época.
O que pouco chamou atenção dos analistas foi o efeito que tal acúmulo teve na dívida pública e nas relações do Banco Central com o Tesouro Nacional. Um aspecto bem conhecido das intervenções cambiais é que elas têm como contrapartida um forte aumento do estoque de operações compromissadas. Nessas operações, o Banco Central vende títulos do Tesouro que estão na sua carteira ao mercado, títulos esses que são de curto prazo e indexados à Selic.
Mas, além da piora do perfil da dívida, existe outro aspecto muito importante do acúmulo de reservas. A legislação atual trata de maneira diferenciada os repasses do lucro ou prejuízo do Banco Central ao Tesouro, resultante da variação cambial das reservas.
De acordo com a regra em vigor, os ganhos do Banco Central são depositados na conta única do Tesouro em moeda corrente. Já as perdas são compensadas com aportes de títulos do Tesouro na carteira do Banco Central. Essa prática levou a conta única do Tesouro a deter mais de R$ 1 trilhão, valor muito acima do que se encontra em outros países.
Pagamento das pedaladas
Esse caixa, inflado pela valorização das reservas cambiais, acabou de ser usado para o pagamento das chamadas "pedaladas". Em vez de o governo pagar gastos atrasados emitindo dívida no mercado, preferiu usar um caixa construído em grande parte pela valorização das reservas.
Se, em algum momento futuro, as reservas gerarem grandes perdas ao Banco Central, o caixa do Tesouro não terá que ser usado. Este emitirá títulos para o Banco Central diretamente, sem mesmo afetar as taxas de mercado. Com os pagamentos das pedaladas resolvido, o governo espera que o dinheiro injetado nos bancos públicos continue gerando crédito subsidiado em um país praticamente sem demanda e com as contas fiscais completamente desajustadas.
Tudo isso é condizente com a legislação atual, mas tal prática não passa mais despercebida pelos analistas e pelos investidores. Assim como não passam mais em branco as propostas de usar as reservas para dar crédito a determinados setores ou para custear nosso enorme deficit da Previdência.
Parece que chegamos ao ponto em que as reservas deixaram de ser um seguro e passaram a ser uma ameaça. Torna-se urgente dar-lhes uma função, sob o risco de jogarmos nossos dólares fora. Vamos piorar o problema fiscal com mais subsídios ou fingir que não precisamos reformar a Previdência?
Hoje as reservas estão de alguma forma financiando o pagamento do gasto público e são fonte de inspiração para ideias que aprofundam cada vez mais a crise de confiança atual. Não temos uma crise de balanço de pagamentos e sim uma crise fiscal de difícil solução. A única forma de as reservas contribuírem nesse quadro é abatendo a dívida pública, que cresce de forma acelerada e sem freio.
Mas é importante entender que gastar nossas reservas para diminuir o estoque da dívida não evita que esta continue crescendo por conta de um gasto público completamente descontrolado. Ao abater a dívida, as reservas podem gerar uma valorização do câmbio, muito bem-vinda para um país que não vê a sua inflação cair mesmo vivendo a maior recessão de sua história.
Com menos dívida e menos inflação podemos ver as taxas de juros reais recuarem, sem precisarmos recorrer a voluntarismos, como no passado. Mas, não custa repetir, tudo isso só será sustentável se for apenas uma ponte para a chamada reforma fiscal.

SE GRITAR PEGA LADRÃO NÃO FICA UM MEU IRMÃO



Mais cinco vereadores de Centralina são presos por desvio de verbas

Ezequiel Fagundes - Hoje em Dia 







O Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco) de Uberlândia, no Triângulo Mineiro, deflagrou na manhã desta quinta-feira (28) a segunda fase da operação “Viagem Fantasma” e prendeu mais cinco vereadores de Centralina, cidade com pouco mais de 10 mil habitantes a 665 km de Belo Horizonte.
Há nove dias, já haviam sido detidos quatro parlamentares, incluindo o presidente da Câmara, Eurípedes Batista Ferreira, o Baianinho. Nesta quinta, foi preso o restante dos políticos da Casa. Estão atrás das grades o vice-presidente da Casa, Ismael Pereira Peres (PT), o segundo secretário Rodrigo Lucas (SDD), Cleison Vieira (PDT), Wandriene Ferreira de Moura (PR) e Sônia Martins de Medeiros Rosa (PP). A vereadora é irmã do prefeito da cidade, Elson Martins de Medeiros, o Elsinho (PP).
Os parlamentares são acusados de desvio de recursos públicos. Além de fraudarem o uso de diárias de viagens, desviaram dinheiro com empréstimos consignados fraudulentos, falsificando e extraviando folhas de cheques do Legislativo, e com gastos abusivos com combustível e material de limpeza. Ironicamente, o slogan da Câmara diz “Transparência: um compromisso assumido”.
Delação premiada
As novas prisões foram efetuadas após os primeiros detidos terem decido fechar um acordo de delação premiada com o Gaeco de Uberlândia. Após a homologação do acordo, que previu a renúncia do mandato parlamentar, os investigadores prenderam o restante do grupo.
Por determinação da Justiça, os quatro primeiros vereadores a serem presos foram liberados e estão respondendo o processo em liberdade. Os detidos nesta quitna-feira  foram levados para o presídio Professor Jacy de Assis, em Uberlândia. Ninguém da Câmara atendeu aos pedidos de entrevista até o fechamento deste texto.



APLAUDIR OU NÃO?




Luciano Luppi

  
Acabou o espetáculo. Acendem-se as luzes da plateia. Todos que estão na sua frente levantam-se e aplaudem de pé. Você, que chegou a dar uma cochilada e ficou com a sensação que poderia ser melhor, não tem vontade de levantar, apenas dar um aval de que valeu o esforço e a dedicação, através de umas poucas palmas. Olha em volta, só você está sentado. Começa a se sentir um pouco desajustado, fora do clima.
Será que, por causa do cansaço do dia, deixou de perceber o espetáculo com um olhar mais apurado? Será que aquela plateia é formada, na sua maioria, por amigos e parentes dos artistas? Será que é você que está ficando extremamente exigente e mal-humorado, e não consegue absorver a arte de forma mais descompromissada, sem se ater a determinados critérios e padrões de qualidade?

Então, você se levanta e bate palma, mesmo sem estar com vontade. Pode? Claro que sim, afinal você não quer se parecer com um chato de galochas ou um intelectual ranzinza que não gosta de nada, mesmo que isso não corresponda à maneira com a qual você, internamente, percebeu e sentiu aquele espetáculo.

Você é apenas mais uma vítima da ditadura do comportamento do espectador. Sim, isso mesmo. A palavra ditadura pode soar um pouco forte (e realmente é) mas como, na maioria dos casos, acabamos assumindo uma postura adotada pela maioria para não nos sentirmos inadequados e antipáticos, deixamos de expressar com total liberdade a nossa verdadeira sensação. E neste tipo de jogo comportamental, se não é favor – é contra. Então, levantamos e batemos continência.

São poucas, muito poucas, as apresentações artísticas onde a plateia se divide e cada um se manifesta à sua maneira, sem qualquer tipo de constrangimento. Na sua grande maioria, um determinado comportamento é adotado pela maior parte dos espectadores e os indecisos acabam ficando com a facção predominante.

Os espetáculos de rua conseguem fugir um pouco desse comportamento opressivo, pois a rua concentra uma variedade imensa de costumes, valores e ideologias, e quem está em trânsito sente-se à vontade para manifestar a sua opinião, pois afinal, “a praça é do povo”.

Mesmo assim, também nos espetáculos de rua aparecem comportamentos padronizados e estigmatizados, bastando para isso que o evento se repita por algumas vezes.

Com uma sociedade que aposta cada mais na diversidade, com uma profusão enorme de tribos e ideologias que surgem e indivíduos que se posicionam veemente, não parece natural esse comportamento opressivo.
Então, quem sabe (me inspirando e me apropriando de pensamentos de Ken Wilber) seria uma forma de glorificar a tribo etnocentricamente? Nossa, agora fiquei chato e intelectualóide. Então, por favor, não aplaudam, fiquem à vontade para se expressarem livremente.

GOVERNO E EMPRESAS CHEGAM A UM ACORDO PARA REONERAR A FOLHA DE PAGAMENTO

  Bom senso para reonerar a folha de pagamento d...