quinta-feira, 5 de fevereiro de 2015

ENTENDER OPERAÇÃO LAVA-JATO



Quer entender o que acontece na Petrobras? Veja este resumo

Com investigação sobre corrupção, renúncia de diretores, processos, sobe e desce de ações, queda do preço do petróleo no mercado internacional, a Petrobras passa por uma fase turbulenta. O UOL separou nove perguntas e respostas que podem ajudar a entender melhor a situação da estatal. 





1- Entenda o que é a operação Lava Jato

A operação Lava Jato, conduzida pela Polícia Federal (PF), teve início em março do ano passado, para apurar suposto esquema de corrupção na Petrobras, relativo a desvio e lavagem de dinheiro envolvendo diretores da estatal, grandes empreiteiras e políticos. O esquema pode ter desviado mais de R$ 10 bilhões. A operação recebeu este nome, pois um dos grupos envolvidos no esquema fazia uso de uma rede de lavanderias e postos de combustíveis para movimentar o dinheiro ilícito.

2- Esquema de corrupção pode ter desviado R$ 10 bi 

Segundo a PF, a Petrobras contratava empreiteiras por licitações fraudadas. As empreiteiras combinariam entre si qual delas seria a vencedora da licitação e superfaturavam o valor da obra. Parte desse dinheiro "a mais" era desviada para pagar propinas a diretores da estatal, que, em troca, aprovariam os contratos superfaturados. O desvio é estimado em mais de R$ 10 bilhões pela PF.
O repasse era feito pelas empreiteiras ao doleiro Alberto Youssef, que distribuiria o suborno. De acordo com a investigação, políticos dos partidos PMDB, PP e PT também se beneficiariam do esquema, recebendo de 1% a 3% do valor dos contratos. Os políticos negam o envolvimento.

3- Entre os suspeitos, estão ex-diretores da Petrobras





Da esquerda para a direita, Paulo Roberto Costa, Nestor Cerveró e Alberto Youssef

Paulo Roberto Costa: ex-diretor de Abastecimento da Petrobras (2004-2012). É suspeito de chefiar o esquema de desvio de dinheiro, superfaturando contratos e recebendo propinas. Fez acordo de delação premiada com o Ministério Público Federal (MPF), que prevê a redução de pena em troca de informações sobre os crimes. Foi o principal delator do esquema.

Nestor Cerveró: ex-diretor da área Internacional da Petrobras (2003-2008) e diretor financeiro da BR Distribuidora (2008-2014). O ex-diretor é acusado de receber US$ 40 milhões em propina para favorecer a contratação da empresa Samsung Heavy Industries para fornecimento de navios-sonda.

Alberto Youssef: era o doleiro responsável pela "lavagem do dinheiro". Recebia o dinheiro das empreiteiras e ajudava a fazer a distribuição das propinas. 
4- Balanço atrasou e não foi aprovado por especialistas independentes 

O balanço do terceiro trimestre de 2014, que deveria ser divulgado em novembro, foi adiado duas vezes devido às investigações. No dia 28 de janeiro, a Petrobras divulgou os resultados, mas sem revisão e aprovação dos auditores independentes. O balanço também não incluiu nenhuma perda relacionada às denúncias, decepcionando o mercado.  As ações desabaram,

5- Petrobras é processada por investidores no Brasil e nos EUA

Investidores processam a Petrobras sofre processos no Brasil e nos Estados Unidos. Aqui, a ação é contra o presidente e os membros do conselho de administração da empresa à época das denúncias, que respondem com seu patrimônio pessoal. Nos EUA, a Petrobras tem processo movido pela Prefeitura de Providence, capital do Estado de Rhode lsland, e também sofre outras três ações coletivas iniciadas por fundos de investimentos e grupos de investidores.

6- Perdas totais da Petrobras chegariam a R$ 90 bi? 

A estimativa da PF é que o desvio pode ter passado de R$ 10 bilhões, mas o prejuízo total da empresa, incluindo investimentos errados por causa da corrupção, pode ser bem maior. A estatal não chegou a uma conclusão. No entanto, contas apresentadas inicialmente pela ex-presidente da Petrobras Graça Foster ao conselho de administração apontavam perdas de R$ 88,6 bilhões nos ativos da companhia, de acordo com o jornal "Folha de S.Paulo". A metodologia dos cálculos, no entanto, foi considerada indevida, e os dados foram descartados.

7- Presidente Graça Foster e diretores renunciam

Graça Foster renunciou ao cargo de presidente, junto com diretores da estatal. Ela foi a primeira mulher a ocupar o posto, assumindo em fevereiro de 2012, substituindo José Sergio Gabrielli. O nome da executiva foi diretamente envolvido nas denúncias de corrupção na estatal em dezembro, quando a ex-gerente de Abastecimento da Petrobras Venina Velosa da Fonseca disse, em entrevista, que alertou pessoalmente a presidente da empresa sobre irregularidades de que teve conhecimento.

8- Ações da empresa tiveram fortes quedas

A imagem da Petrobras foi muito prejudicada e as ações despencaram. Com a renúncia de Graça Foster, analistas esperam melhora. Para Pedro Paulo Silveira, economista-chefe da TOV Corretora, são muito grandes os desafios que nova diretoria irá encontrar, mas a mudança já representa um passo positivo. "Ainda que seja um fato modesto para o tamanho do problema, já é alguma coisa", diz.
Leandro Martins, analista-chefe da Walpires Corretora, também diz que a mudança foi positiva. "A expectativa é de alta nos papéis, pois a ação caiu muito e a mudança mostra que os rumos da companhia devem mudar", afirma.

9- A exploração do pré-sal pode ser afetada?

Além das dificuldades causada por prejuízos com a corrupção,o pré-sal enfrenta o atual preço baixo do petróleo no mercado internacional. O valor do barril vem sofrendo fortes quedas. De acordo com Leandro Martins, analista-chefe da Walpires Corretora, o petróleo mais barato pode ser um bom negócio para a Petrobras por um lado, mas, por outro, poderia até inviabilizar a exploração do pré-sal.
No ano passado, a estatal chegou a ter prejuízos, pois comprava petróleo e derivados do exterior e revendia-os no Brasil por um valor mais baixo. Isso porque o preço é controlado pelo governo, na tentativa de segurar a inflação. Por isso, a queda do preço do barril no exterior pode ser boa no curto prazo, pois reduziria os gastos com importação.
No longo prazo, no entanto, a queda poderia prejudicar a estatal. "O petróleo é o produto principal da empresa; se o preço cai, o ganho da Petrobras vai junto", diz Martins. O barril abaixo de US$ 45 poderia, inclusive, tornar a exploração do pré-sal inviável, já que o ganho não compensaria o custo de produção. 



 

quarta-feira, 4 de fevereiro de 2015

AUMENTO CONTA DE LUZ



EM PAÍSES CIVILIZADOS UM AUMENTO IGUAL A ESSE NÃO SERIA TOLERADO PELA POPULAÇÃO

Conta de luz subirá menos de 40% este ano, estima ministro
Na terça, no entanto, Aneel autorizou altas maiores para distribuidoras.
Eduardo Braga espera renegociação de financiamento às empresas. 

Fábio Amato
 
O ministro de Minas e Energia, Eduardo Braga, afirmou nesta quarta-feira (4) que mantém a previsão de que as contas de luz em 2015 terão reajuste médio inferior a 40%. No mês passado, ele já havia dito acreditar que o reajuste ficaria abaixo desse patamar.
Na terça-feira, no entanto, a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) aprovou os primeiros reajustes do ano, que em alguns casos, superaram os 40%. Além disso, existe a previsão de que a agência vá aplicar uma revisão extraordinária que deve gerar um novo aumento nas contas de luz de até 26% nas contas de luz de consumidores do Sul, Sudeste e Centro Oeste.
“Houve alguns reajustes ordinários anteriores ao processo de renegociação daquele contrato do financiamento. Portanto, ao longo dos 12 meses, nós continuamos acreditando que o impacto será aquele que nós havíamos falado [inferior a 40%]”, disse o ministro ao chegar à sede do Tribunal de Contas da União em Brasília para a posse de Vital do Rego como novo ministro da corte.
Braga se refere à tentativa de renegociar com bancos a taxa de juros e o prazo de pagamento do empréstimo de R$ 17,8 bilhões tomado no ano passado para socorrer as distribuidoras. Esses empréstimos já estão encarecendo as contas de luz em 2015, pois estão sendo repassados aos consumidores.

segunda-feira, 2 de fevereiro de 2015

ALAN TURING



UM EXEMPLO A SER SEGUIDO PELA IMPORTÂNCIA DAS SUAS INVENÇÕES

Leida Reis
Leida Reis
lreis@hojeemdia.com.br
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Há algumas coisas surpreendentes no filme “O Jogo da Imitação”, um dos gratificantes concorrentes ao Oscar. Nenhuma choca tanto quanto a informação que aparece nos letreiros finais de que em 2013 – só em 2013 – a rainha Elizabeth II concedeu perdão a Alan Turing, pelo “crime” de ter sido homossexual. Reconheceu também o mérito de simplesmente ter encurtado a II Guerra Mundial em cerca de dois anos e salvo a vida de 14 milhões de pessoas.
Turing, o precursor de Steve Jobs e Bill Gates, o inventor do computador, o mestre da criptografia, não era um herói nem um bom mocinho. Ele aparentava nem ter sentimento, não viveu um grande amor e supostamente acabou optando pelo suicídio por ingestão de cianureto. Mas a decisão que tomou de deixar morrer civis e militares para que o segredo da decodificação de Enigma, o código usado pelos alemães para comunicar às tropas os ataques-surpresa, não viesse a público e se revertesse a favor dos nazistas, foi de quem sabe usar o dom da inteligência. Estou contando muito do filme, mas essa não é uma crítica de cinema. O que pretendo ressaltar é a beleza da inteligência, no caso aplicada à matemática, e de como ela transforma o mundo.
Alan Turing foi um obstinado. Em 1936, aos 24 anos, publicou um artigo que, na teoria, criava os computadores digitais e a ideia da inteligência artificial. É o pai da Ciência da Computação e um dos retratos mais nítidos de que a matemática, tão temida ou mesmo odiada por boa parte dos estudantes, está a favor da evolução do planeta.
Personagens como Turing são excêntricos, ímpares, não habitam o nosso cotidiano. Mas os gestores da educação, imbuídos do dever de elevar a patamares dignos a qualidade do ensino, precisam pegar esses personagens, reais e incríveis, como modelos para incentivar crianças e adolescentes. Está mais do que claro que a educação no Brasil precisa melhorar. Se o governo do PT conseguiu, de fato, criar vagas, ampliar o ensino técnico e superior em quantidade, deve ainda, e muito, no quesito qualidade. Temos alunos ignorantes em assuntos básicos levando para casa seus canudos de formatura. Será que não estamos ainda, em pleno século 21, sufocando a criatividade, impedindo o desenvolvimento de excelentes ideias como as trazidas pelo cérebro privilegiado de Turing? No filme do diretor Morten Tyldum, o sentimento de esperança nos governantes tem um alento quando o próprio primeiro-ministro Winston Churchill, em resposta a uma carta escrita e enviada por Alan, concede ao matemático o posto de chefe da equipe responsável por decifrar o Enigma dos alemães. Fazendo do seu jeito, ele constrói a vitória da inteligência – que infelizmente nos faz ainda tanta falta.