UM EXEMPLO A SER
SEGUIDO PELA IMPORTÂNCIA DAS SUAS INVENÇÕES
Leida Reis
Leida Reis
lreis@hojeemdia.com.br
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Há algumas coisas
surpreendentes no filme “O Jogo da Imitação”, um dos gratificantes concorrentes
ao Oscar. Nenhuma choca tanto quanto a informação que aparece nos letreiros
finais de que em 2013 – só em 2013 – a rainha Elizabeth II concedeu perdão a
Alan Turing, pelo “crime” de ter sido homossexual. Reconheceu também o mérito
de simplesmente ter encurtado a II Guerra Mundial em cerca de dois anos e salvo
a vida de 14 milhões de pessoas.
Turing, o precursor
de Steve Jobs e Bill Gates, o inventor do computador, o mestre da criptografia,
não era um herói nem um bom mocinho. Ele aparentava nem ter sentimento, não
viveu um grande amor e supostamente acabou optando pelo suicídio por ingestão
de cianureto. Mas a decisão que tomou de deixar morrer civis e militares para
que o segredo da decodificação de Enigma, o código usado pelos alemães para
comunicar às tropas os ataques-surpresa, não viesse a público e se revertesse a
favor dos nazistas, foi de quem sabe usar o dom da inteligência. Estou contando
muito do filme, mas essa não é uma crítica de cinema. O que pretendo ressaltar
é a beleza da inteligência, no caso aplicada à matemática, e de como ela
transforma o mundo.
Alan Turing foi um
obstinado. Em 1936, aos 24 anos, publicou um artigo que, na teoria, criava os
computadores digitais e a ideia da inteligência artificial. É o pai da Ciência
da Computação e um dos retratos mais nítidos de que a matemática, tão temida ou
mesmo odiada por boa parte dos estudantes, está a favor da evolução do planeta.
Personagens como
Turing são excêntricos, ímpares, não habitam o nosso cotidiano. Mas os gestores
da educação, imbuídos do dever de elevar a patamares dignos a qualidade do
ensino, precisam pegar esses personagens, reais e incríveis, como modelos para
incentivar crianças e adolescentes. Está mais do que claro que a educação no
Brasil precisa melhorar. Se o governo do PT conseguiu, de fato, criar vagas,
ampliar o ensino técnico e superior em quantidade, deve ainda, e muito, no quesito
qualidade. Temos alunos ignorantes em assuntos básicos levando para casa seus
canudos de formatura. Será que não estamos ainda, em pleno século 21, sufocando
a criatividade, impedindo o desenvolvimento de excelentes ideias como as
trazidas pelo cérebro privilegiado de Turing? No filme do diretor Morten
Tyldum, o sentimento de esperança nos governantes tem um alento quando o
próprio primeiro-ministro Winston Churchill, em resposta a uma carta escrita e
enviada por Alan, concede ao matemático o posto de chefe da equipe responsável
por decifrar o Enigma dos alemães. Fazendo do seu jeito, ele constrói a vitória
da inteligência – que infelizmente nos faz ainda tanta falta.
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