segunda-feira, 2 de fevereiro de 2015

ALAN TURING



UM EXEMPLO A SER SEGUIDO PELA IMPORTÂNCIA DAS SUAS INVENÇÕES

Leida Reis
Leida Reis
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Há algumas coisas surpreendentes no filme “O Jogo da Imitação”, um dos gratificantes concorrentes ao Oscar. Nenhuma choca tanto quanto a informação que aparece nos letreiros finais de que em 2013 – só em 2013 – a rainha Elizabeth II concedeu perdão a Alan Turing, pelo “crime” de ter sido homossexual. Reconheceu também o mérito de simplesmente ter encurtado a II Guerra Mundial em cerca de dois anos e salvo a vida de 14 milhões de pessoas.
Turing, o precursor de Steve Jobs e Bill Gates, o inventor do computador, o mestre da criptografia, não era um herói nem um bom mocinho. Ele aparentava nem ter sentimento, não viveu um grande amor e supostamente acabou optando pelo suicídio por ingestão de cianureto. Mas a decisão que tomou de deixar morrer civis e militares para que o segredo da decodificação de Enigma, o código usado pelos alemães para comunicar às tropas os ataques-surpresa, não viesse a público e se revertesse a favor dos nazistas, foi de quem sabe usar o dom da inteligência. Estou contando muito do filme, mas essa não é uma crítica de cinema. O que pretendo ressaltar é a beleza da inteligência, no caso aplicada à matemática, e de como ela transforma o mundo.
Alan Turing foi um obstinado. Em 1936, aos 24 anos, publicou um artigo que, na teoria, criava os computadores digitais e a ideia da inteligência artificial. É o pai da Ciência da Computação e um dos retratos mais nítidos de que a matemática, tão temida ou mesmo odiada por boa parte dos estudantes, está a favor da evolução do planeta.
Personagens como Turing são excêntricos, ímpares, não habitam o nosso cotidiano. Mas os gestores da educação, imbuídos do dever de elevar a patamares dignos a qualidade do ensino, precisam pegar esses personagens, reais e incríveis, como modelos para incentivar crianças e adolescentes. Está mais do que claro que a educação no Brasil precisa melhorar. Se o governo do PT conseguiu, de fato, criar vagas, ampliar o ensino técnico e superior em quantidade, deve ainda, e muito, no quesito qualidade. Temos alunos ignorantes em assuntos básicos levando para casa seus canudos de formatura. Será que não estamos ainda, em pleno século 21, sufocando a criatividade, impedindo o desenvolvimento de excelentes ideias como as trazidas pelo cérebro privilegiado de Turing? No filme do diretor Morten Tyldum, o sentimento de esperança nos governantes tem um alento quando o próprio primeiro-ministro Winston Churchill, em resposta a uma carta escrita e enviada por Alan, concede ao matemático o posto de chefe da equipe responsável por decifrar o Enigma dos alemães. Fazendo do seu jeito, ele constrói a vitória da inteligência – que infelizmente nos faz ainda tanta falta.
 

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