segunda-feira, 30 de dezembro de 2024

ESPECIALISTAS TÊM COLOCADO A SOLIDÃO NA CATEGORIA DE EMPIDEMIA GLOBAL

História de Zinnia Lee e James Simms – Forbes Brasil

Já faz algum tempo que muitos especialistas têm colocado a solidão na categoria de epidemia global, mas, no final de 2023, a Organização Mundial da Saúde (OMS) deu um passo além: disse que ela é uma ameaça global à saúde e deve ser tratada como um problema de saúde pública.

Sim, a falta crônica de conexão social tem o potencial de afetar não só a saúde física, como a emocional e a mental. Solidão não é sinônimo de estar sozinho, mas é ficar sem estabelecer qualquer tipo de relação afetiva de forma duradoura, e isso vale para família, amigos, colegas de trabalho, amores.

Getty Images

A cada ano que passa, mais e mais pesquisas vêm mostrando o impacto dela em todas as áreas da nossa vida.

Para começar, a saúde mental. Pessoas solitárias têm maior probabilidade de ficarem deprimidas. Além disso, solidão e depressão compartilham sintomas comuns, como o desamparo e a angústia. Também aumentam as chances de abuso de álcool. Sem uma rede de apoio, há maior risco de que o consumo de bebidas alcoólicas ultrapasse o razoável.

A solidão é também fonte permanente de estresse, sendo ainda associada à baixa energia, fadiga e má qualidade do sono.

Algumas pesquisas têm sugerido que, ao longo do tempo, ela pode fazer aumentar os níveis de certas substâncias inflamatórias que levariam a uma queda na capacidade cognitiva, fazendo crescer a probabilidade de surgirem vários tipos de demência.

Assim, a solidão de fato tem a capacidade de reduzir o nosso bem-estar físico e emocional. Como então, manejá-la de forma a que ela não nos adoeça?

1. Primeiro, criando oportunidades para interação social. A minha dica são os esportes coletivos. Pode ser vôlei, futebol e por aí vai. Como essas atividades dependem do grupo atuando juntos, acabam por estimular o convívio social e o estreitamento dos laços. Outro esporte que propicia essa oportunidade é a corrida. Não tem nada mais estimulante e gostoso do que correr ao lado de alguém.

2. Procure sair do mundo virtual e vá para o real. Nada contra as interações sociais feitas pelos aplicativos e pelos apps de vídeo, mas já há provas de que a qualidade dos contatos não é tão boa quanto no cara a cara, além de haver uma tendência a que as pessoas fiquem mais distraídas e concentrem-se menos naqueles com os quais interagem.

3. Invista em ações em projetos sociais e em cursos ou encontros. Fazer trabalho de voluntariado e ajudar o outro é uma maneira maravilhosa de participar da sua comunidade e estabelecer novas conexões. Além dessa dica, a outra é que depois da pandemia, muitos encontros presenciais voltaram a ser oferecidos, como grupos que discutem livros e até jantares que reúnem desconhecidos em um restaurante bacana.

4. As organizações também podem (e devem) tornar os laços sociais uma prioridade, em todos os níveis. Uma maneira é promover encontros presenciais regularmente, a fim de integrar ao resto do time, por exemplo, terceirizados que trabalham apenas “na rua” ou profissionais exclusivamente “home office”. Afinal, eles também são parte da organização, não é mesmo?

Dr. Arthur Guerra é professor da Faculdade de Medicina da USP, da Faculdade de Medicina do ABC e cofundador da Caliandra Saúde Mental.

 

ALICE NO PAÍS DAS ARBITRARIEDADES

 

Por Aldir Guedes Soriano[1]

“Repentinamente, a paz pode ser substituída pelo conflito, pela guerra ou por alguma forma de totalitarismo. O excesso de regulamentação legal pode pavimentar o caminho para a erosão das nossas liberdades de pensar ou de dizer alguma coisa.”

Alice no País das Maravilhas, obra-prima da literatura inglesa, é um dos livros que mais me incomodam. Mergulhar nesse universo surrealista envolvendo sonhos, pesadelos, fantasias, delírios insanos e psicodélicos me irrita como se tivesse grãos de areia nos olhos. Por outro lado, assim como as ostras do mar produzem as suas pérolas em torno dos irritantes grãos de areia, talvez a presente releitura do mencionado livro também possa produzir algum resultado satisfatório. Como seres humanos, somos todos vulneráveis e estamos sujeitos a pesadelos, comédias e tragédias.

Lembre você leitor amigo que Alice, em sua aventura no estranho país das maravilhas, se depara com o seu próprio julgamento, marcado pela inversão da lógica e das regras jurídicas do mundo real. Inusitadamente, a rainha, autoridade tirânica desse insano lugar, assim determinou: “— Primeiro a execução, depois a sentença.” Isso é o contrário do que normalmente ocorre nos diversos países democráticos onde primeiro vem a sentença e depois a execução.

A inversão das regras e da lógica, que, obviamente, acontece tão somente no país das maravilhas, cria um ambiente de medo, insegurança, dor e sofrimento. Nesse contexto fantasioso, podemos imaginar que pessoas indiciadas por algum crime poderiam ser arbitrariamente presas até mesmo sem sentença condenatória ou mesmo inexistindo acusação formal. Meros indiciados poderiam ser apenados com o cancelamento de salários e aposentadorias ou, ainda, com a retenção de seus passaportes. Também podemos supor que as penas poderiam ser impostas por autoridade incompetente, atuando como delegado de polícia, promotor de justiça e juiz. Isso é pura ficção, que acabei de acrescentar ao livro de Lewis Carroll. Tais arbitrariedades, evidentemente, jamais aconteceriam em um país democrático como o nosso em que o princípio da legalidade é sagrado.

No lendário país das maravilhas, o magistrado poderia antecipar a sentença ou voto para os meios de comunicação antes da denúncia ou julgamento. O advogado do cidadão indiciado, sem acesso aos autos do sigiloso inquérito, teria que se informar mediante a mídia, abastecida por informações convenientemente fornecidas pelo tribunal. O magistrado também poderia continuar negando o acesso da defesa aos autos mesmo no curso do processo. Essas coisas somente ocorrem na ficção. Apesar de absurdas, servem para demonstrar a importância da ampla defesa e do devido processo legal. Felizmente podemos contar com inúmeras garantias constitucionais do mundo real.

Na nossa realidade democrática, se alguém ousasse violar regras constitucionais de competência atuando como juiz e vítima, certamente seria duramente criticado pela imprensa livre e independente. As nossas associações de advogados e de magistrados não admitiriam esse nível de desatino autoritário. Esse tipo de desvio ético e legal também não seria tolerado pelo Congresso Nacional. 

Violações de direitos humanos com o encarceramento em massa de idosos, mulheres e crianças, seguido por maus tratos e tortura foram observadas tão-somente nas bárbaras eras do nazismo alemão e, também, nas revoluções comunistas. Encarceramentos em massa sob perfídia e com graves violações dos direitos humanos jamais aconteceriam no território nacional, evidentemente. Ademais, não temos no nosso meio presos políticos nem jornalistas exilados, parlamentares indiciados por crime de opinião, nem qualquer tipo de censura das redes sociais. Não temos perfis de usuários de redes sociais derrubados ou desmonetizados, nem muito menos pessoas comuns asil adas em outros países. Jamais tivemos uma rede social banida ou sequer temporariamente suspensa.

Em 2009, juristas brasileiros protestaram em face da perseguição religiosa e o encarceramento de 36 bahá’ís no Irã, sem acusação formal. Se algo assim ocorresse no Brasil, legiões de ativistas e de associações de direitos humanos se levantariam imediatamente. É de dar dó quando pensamos nos nossos ociosos e entediados defensores de direitos humanos. Que marasmo; eles devem se contentar em denunciar as repetidas violações que ocorrem em ditaduras distantes como China, Venezuela, Cuba, Irã e Coreia do Norte. Não há registro recente de perseguições políticas ou religiosas no Brasil.

Felizmente, vivemos em um Estado Democrático de Direito. Nossas instituições preservam fielmente as garantias consagradas na Constituição de 1988. Assim, podemos dormir em paz. Acordaremos em segurança porque estamos em uma democracia. Conforme a Constituição, temos liberdade de expressão. Temos o direito de associação e de reunião pacífica. “Ninguém é obrigado a fazer ou deixar de fazer senão em virtude da lei.” “Não há crime sem prévia cominação legal.” Os nossos magistrados são guardiões do devido processo legal; são discretos; falam apenas nos autos; não se intrometem em assuntos políticos; são imparciais; respeitam o princípio do juiz natural; levam a jurisprudência da Corte a sério, não atuam casuisticamente e sob nenhuma hipótese violariam a liberdade de expressão do cidadão. Jamais veríamos nossos ministros antecipando os seus julgamentos ou votos diante da televisão aberta.

No livro mencionado, a rainha determina a execução de Alice por decapitação.  Nesse trágico momento, a menina desperta do sono ao ouvir a voz da irmã. Já experimentei algo parecido. Em uma bela manhã do século passado, eu sonhava que a minha cidade estava sofrendo um ataque aéreo. Enquanto o bombardeio prosseguia, escutava as explosões das bombas. Era 02 de setembro, dia do aniversário da cidade, e o que eu estava ouvindo, na realidade, era a salva comemorativa de tiros. No momento de maior temor ouvi a voz de minha mãe: “acorda, hoje você deve ir ao desfile na avenida.” Que alívio! Como é bom acordar de um pesadelo.

            Mesmo vivendo em um país tropical e edílico como o nosso, não podemos ficar totalmente descuidados. Repentinamente, a paz pode ser substituída pelo conflito, pela guerra ou por alguma forma de totalitarismo. O excesso de regulamentação legal pode pavimentar o caminho para a erosão das nossas liberdades de pensar ou de dizer alguma coisa. A propósito disso, vale lembrar Thomas Jefferson para quem “o preço da liberdade é a sua eterna vigilância.” Precisamos permanecer despertos!

[1] Aldir Guedes Soriano –  escritor, advogado e jurista com destacada atuação em direitos humanos e liberdade religiosa. Possui publicações relevantes sobre direito constitucional e liberdades individuais. Foi o primeiro presidente da Academia Venceslauense de Letras & ndash; AVL.

DIA DE SÃO SABINO E CURIOSIDADE

Karla Neto – Colunista Correspondente

Nesta segunda-feira (30), é celebrado o Dia de São Sabino, o nome do santo é originário de Sabina, a região situada a nordeste da então Roma Imperial, que era um dos locais preferidos pelos primeiros cristãos. Alguns idiomas ainda adotam o nome de Saviana, considerando esse o nome original, que foi suavizado pelo idioma italiano e transformado em Sabina, nome que se perpetuou.

São Sabino foi bispo de Piacenza durante 45 anos e, ainda de acordo com a tradição, sua vida foi longa, tendo chegado próximo aos 110 anos de idade.
A história, que é parca em registros de sua vida, o distingue pelo seu conhecimento, pelo seu zelo pastoral e pelas suas virtudes, que foram lembradas mais tarde pelo Para Gregório Magno, atribuindo-lhe um milagre que teria salvado a cidade por ocasião de uma enchente do rio Pó.

Com o bispo Ambrósio, seu amigo, teria mantido farta correspondência, sempre tratando dos assuntos da Igreja, defendendo a doutrina católica contra a apostasia dos arianos.
De sua vida, a Igreja Católica guarda registros de sua passagem por diversos sínodos, como o de Aquileia em 381, o de Milão em 387 e o de Roma em 390.

Canonizado muitos anos depois de sua morte, a data escolhida para venera-lo foi 30 de dezembro, dia de seu falecimento, mas a cidade de Piacenza o celebra com grande festa solene em 17 de janeiro, data em que suas relíquias foram transferidas para a Igreja dos Apóstolos, dedicada a São Sabino na época.
A igreja onde estão seus restos guarda seu crânio e alguns pedaços de ossos, que repousam abaixo do altar. 

Fonte: Karla Neto
Foto: Divulgação

CURIOSIDADES  – Karla Neto

Você sabia que aquela xícara de café pela manhã pode fazer muito mais do que apenas despertar sua energia?

Estudos recentes revelam que o consumo moderado dessa bebida tão amada pode ser um verdadeiro aliado para a saúde, ajudando a reduzir o risco de doenças cardiometabólicas, como o diabetes tipo 2 e problemas cardíacos.

De acordo com o estudo, duas a três xícaras diárias são o ponto ideal para colher os benefícios protetores do café. Alternativamente, o consumo de 200 a 300 mg de cafeína por dia, seja de café ou de outras fontes, também mostrou efeitos positivos semelhantes.

“Nossas descobertas destacam que doses moderadas de café ou cafeína podem oferecer benefícios de longo alcance”.

O segredo está nos compostos bioativos do café, como os polifenóis e antioxidantes. Eles desempenham um papel importante na proteção cardiovascular, combatendo inflamações e melhorando a saúde dos vasos sanguíneos. Essa combinação reduz significativamente o risco de infartos e derrames.

Quem bebe de duas a três xícaras por dia apresenta menor propensão a doenças cardiometabólicas, incluindo ataques cardíacos, derrames, diabetes tipo 2 e até mesmo doenças hepáticas.

Estudos mostram que o café regular pode diminuir a incidência de diabetes tipo 2. Como? A cafeína parece melhorar a sensibilidade do corpo à insulina, reduzindo a resistência ao hormônio. Quando combinado a um estilo de vida saudável, o café se torna uma poderosa ferramenta de prevenção.

E os benefícios não param por aí! Pesquisas indicam que o consumo moderado de café pode proteger o cérebro contra doenças neurodegenerativas, como a demência, e também o fígado, prevenindo condições como o fígado gorduroso.

Então, da próxima vez que saborear uma xícara, lembre-se: além de deliciosa, ela pode estar fazendo maravilhas pelo seu corpo. Claro, tudo com moderação!

 

NA GESTÃO DE PESSOAS HOJE SÃO INCLUÍDOS SAÚDE MENTAL DIVERSIDADE E INCLUSÃO NO UNDO DO TRABALHO

 

Daniela Diniz é jornalista, especialista no mundo do trabalho, e autora dos livros Grandes Líderes de Pessoas e 25 Anos de História da Gestão de Pessoas e Negócios nas Melhores Empresas para Trabalhar. É também Diretora de Conteúdo & Relações Institucionais no Ecossistema Great People & Great Place to Work.

Em alguns momentos parece que foi ontem que assistimos a uma onda de trabalhadores migrando do mundo físico para o remoto e não só aprendendo a trabalhar à distância como tirando o melhor proveito dessa nova vida. Em outros momentos – especialmente para quem já voltou ao modo presencial há mais tempo – essa cena parece que faz parte de outro século. O fato é que 2025 marca cinco anos do início da pandemia da Covid-19, evento que promoveu mudanças sociais e impactou também as relações de trabalho. Cinco anos depois, alguns assuntos entraram na pauta de gestão de pessoas com mais vigor (saúde mental, por exemplo); outros parecem ter perdido um pouco a força (diversidade & inclusão talvez). E, entre os desafios e as prioridades dessa agenda, identificamos – com base no movimento do mercado e das nossas pesquisas – cinco temas que devem orbitar o mundo do trabalho em 2025.

    A volta ao modelo presencial e a fuga de talentos

Desde que a pandemia foi arrefecendo passamos a observar o movimento de retorno das pessoas aos escritórios físicos, no Brasil e no mundo, a ponto de questionarmos se, cinco anos após termos experimentado uma vida quase 100% virtual, estaríamos assistindo ao fim do modelo remoto. Não, esse não é o fim. Apesar de o ano de 2024 ter sido marcado por várias empresas anunciando o retorno aos escritórios cinco dias por semana, sendo a Amazon o caso famoso mais recente, ao olharmos para a série histórica do pré e pós pandemia não podemos ignorar que a flexibilidade ganhou um lugar de destaque na gestão de pessoas – seja por meio dos regimes híbridos ou remoto. Segundo dados do US Bureau of Labor Statistics a porcentagem de pessoas que trabalhavam de casa nos Estados Unidos – seja um ou mais dias na semana – em 2003 era de aproximadamente 18%, subindo timidamente nos anos seguintes até atingir um patamar de 24% em 2018. Com a pandemia, o pico do trabalho remoto chega a quase 40% em 2021 e, de 2023 para cá, se estabilizou em 35%. No Brasil, uma pesquisa que fizemos sobre modelos de trabalho também revelou que a maioria mudou seu regime da pandemia para cá, mas o híbrido mantem-se presente em boa parte das empresas. Nas grandes (acima de 10 mil funcionários, por exemplos) 55% opera nesse modelo; 40% está no presencial e 5% no remoto. Ou seja, não voltamos à era pré-pandemia e nem vamos voltar. Porque as empresas sabem – e há toda uma nova geração deixando isso bem claro – que sem flexibilidade o risco de fuga de talentos aumenta. A Pinterest, por exemplo, que mantém o regime de trabalho remoto para suas 4 500 pessoas, recebeu um aumento de 90% nos pedidos de emprego, uma semana após o anúncio feito pela Amazon de que mandaria todos seus profissionais voltarem ao modelo presencial a partir de 2025. Até então o mercado vinha observando as mudanças adotadas pelas empresas em relação ao modelo de trabalho praticado e tentando identificar tendências nesses movimentos. Em 2025 será a vez de olhar para o impacto que essas decisões terá no engajamento e na rotatividade das pessoas.

    Saúde mental como cultura

Não há uma roda de conversa de gestão de pessoas que esse assunto – e essa preocupação – não apareça. Fortalecida pela pandemia, a pauta Saúde Mental e seus desdobramentos vêm ganhando força no mundo corporativo. Primeiro veio o reconhecimento pela OMS do burnout como uma doença ocupacional, tornando a síndrome oficialmente uma doença relacionada ao trabalho. Mais recentemente, a Norma Regulamentadora número 1 (NR-1) passou a exigir que as empresas identifiquem, avaliem e controlem riscos psicossociais no ambiente de trabalho, como sobrecarga de trabalho, falta de apoio organizacional, assédio moral e jornadas extensas. Toda essa luz vinda de fora sobre o tema provoca um movimento interessante: a busca por implementar medidas para minimizar riscos (e prejuízos) futuros. As áreas ligadas à saúde ocupacional, medicina do trabalho e todos os profissionais (internos e externos) que trabalham diretamente com o assunto serão chamados cada vez mais a pensar de forma estratégica as políticas de bem-estar e qualidade de vida das empresas para que as práticas deixem de ser pontuais e passem a fazer parte de uma cultura. Sairão na frente, como sempre, quem souber mostrar dados e análises efetivas de quanto um trabalho realmente estratégico (e holístico) nessa esfera traz resultados para as pessoas e para os negócios.

    Diversidade & Inclusão: mais estratégia e menos ativismo

O ano de 2024 trouxe à tona uma polêmica sobre o tema diversidade & inclusão no mundo corporativo. Após várias empresas anunciarem o fim de suas áreas de D&I (Jonh Deere, Ford, Boeing, X, por exemplo) a pergunta que fica é a seguinte: será que vamos viver um retrocesso nessa agenda? A resposta é não. Da mesma forma que observamos o pêndulo nos modelos de trabalho adotados, no caso da pauta diversidade & inclusão devemos olhar para o “filme” e não apenas para a “foto” como bem explica Alexandre Kiyohara, líder de diversidade, equidade e inclusão na B3. E quando olhamos para o filme (ou seja, para a jornada dessa agenda no mundo do trabalho) podemos ver o copo mais cheio. Ao longo de quase trinta anos, por exemplo, as melhores empresas para trabalhar saíram de zero preocupação sobre esse assunto (década de 90) para ter indicadores reais que medem o avanço em suas políticas de D&I e como esses dados impactam seus negócios. E é isso que deve acontecer em 2025. Menos barulho e mais indicadores. Se preocupar menos com o marketing e mais com o impacto. E isso passa por termos discursos menos ativistas, que muitas vezes contribuíram para um esfriamento desse assunto, e a ter diálogos mais construtivos, permitindo que a discussão ganhe maturidade.

    Inteligência Artificial e a transição de talentos

Uma pesquisa da Mcksinsey revelou que até 2030, 30% das horas trabalhadas podem ser automatizadas, impulsionando milhares de transições ocupacionais. O que isso exatamente significa? Não, não se trata do fim do emprego, mas sim do fim do emprego como estamos ainda acostumados a pensar. A jornada na carreira já há tempos vem se mostrando menos linear e muito menos previsível – uma formação de psicólogo ou técnico em enfermagem não necessariamente levará você a se aposentar nessas funções. O que a Inteligência Artificial vai provocar é uma necessidade ainda mais intensa de requalificação por parte dos profissionais e de reciclagem por partes das empresas, provocando um novo olhar sobre talentos. No lugar de pensar em “jobs descriptions”, por exemplo, será cada vez mais necessário pensar em “skills descriptions”. Porque não importa tanto onde você vai se encaixar no organograma, mas como você pode se encaixar neste momento da empresa.  Ou seja, menos cargo e mais habilidade – um novo tipo de gestão que vai permitir a fluidez de talentos e não o aprisionamento que até então estamos acostumados a assistir.

    Liderança em rede: menos hierarquia e mais colaboração

O perfil do líder que deve transitar neste século XXI após cinco anos de pandemia ainda será muito discutido em 2025. Nas nossas últimas três pesquisas sobre tendências de gestão de pessoas, o desenvolvimento/capacitação da liderança foi apontado como principal prioridade do RH. E quando conversamos com nossos clientes percebemos o quanto essa dor é latente: “o mundo mudou, mas a liderança não”, dizem os líderes de RH das principais empresas no Brasil. O problema é que não basta desenvolver o líder ou a líder, mas é preciso criar uma nova mentalidade de liderança, que se preocupe menos com títulos e cargos (como já vimos acima), menos em reter a informação para si e que se liberte do poder. Chamamos isso de liderança em rede, que – ao contrário da velha liderança hierárquica (feita para poucos mandarem nos muitos) – permite que muitos contribuam com todos. Ou seja, substituir o poder que poucos têm pela influência (e habilidades, competências) de muito mais pessoas. O papel da liderança hoje é dar menos respostas e fazer mais perguntas, o que descontrói também a figura do líder super-herói e mulher maravilha que por anos sustentou as relações corporativas. Se livrar de todos os atributos que o cargo ou o título de líder trouxe não é nem será uma tarefa simples, mas é um exercício necessário para obter o melhor das pessoas e encontrar as melhores soluções em negócios que mudam cada vez mais rapidamente.

CARACTERÍSTICAS DA VALEON

Perseverança

Ser perseverante envolve não desistir dos objetivos estipulados em razão das atividades, e assim manter consistência em suas ações. Requer determinação e coerência com valores pessoais, e está relacionado com a resiliência, pois em cada momento de dificuldade ao longo da vida é necessário conseguir retornar a estados emocionais saudáveis que permitem seguir perseverante.

Comunicação

Comunicação é a transferência de informação e significado de uma pessoa para outra pessoa. É o processo de passar informação e compreensão entre as pessoas. É a maneira de se relacionar com os outros por meio de ideias, fatos, pensamentos e valores. A comunicação é o ponto que liga os seres humanos para que eles possam compartilhar conhecimentos e sentimentos. Ela envolve transação entre pessoas. Aquela através da qual uma instituição comunica suas práticas, objetivos e políticas gerenciais, visando à formação ou manutenção de imagem positiva junto a seus públicos.

Autocuidado

Como o próprio nome diz, o autocuidado se refere ao conjunto de ações que cada indivíduo exerce para cuidar de si e promover melhor qualidade de vida para si mesmo. A forma de fazer isso deve estar em consonância com os objetivos, desejos, prazeres e interesses de cada um e cada pessoa deve buscar maneiras próprias de se cuidar.

Autonomia

Autonomia é um conceito que determina a liberdade de indivíduo em gerir livremente a sua vida, efetuando racionalmente as suas próprias escolhas. Neste caso, a autonomia indica uma realidade que é dirigida por uma lei própria, que apesar de ser diferente das outras, não é incompatível com elas.

A autonomia no trabalho é um dos fatores que impulsionam resultados dentro das empresas. Segundo uma pesquisa da Page Talent, divulgada em um portal especializado, 58% dos profissionais no Brasil têm mais facilidade para desenvolver suas tarefas quando agem de maneira independente. Contudo, nem todas as empresas oferecem esse atributo aos colaboradores, o que acaba afastando profissionais de gerações mais jovens e impede a inovação dentro da companhia.

Inovação

Inovar profissionalmente envolve explorar novas oportunidades, exercer a criatividade, buscar novas soluções. É importante que a inovação ocorra dentro da área de atuação de um profissional, evitando que soluções se tornem defasadas. Mas também é saudável conectar a curiosidade com outras áreas, pois mesmo que não represente uma nova competência usada no dia a dia, descobrir novos assuntos é uma forma importante de ter um repertório de soluções diversificadas e atuais.

Busca por Conhecimento Tecnológico

A tecnologia tornou-se um conhecimento transversal. Compreender aspectos tecnológicos é uma necessidade crescente para profissionais de todas as áreas. Ressaltamos repetidamente a importância da tecnologia, uma ideia apoiada por diversos especialistas em carreira.

Capacidade de Análise

Analisar significa observar, investigar, discernir. É uma competência que diferencia pessoas e profissionais, muito importante para contextos de liderança, mas também em contextos gerais. Na atualidade, em um mundo com abundância de informações no qual o discernimento, seletividade e foco também se tornam grandes diferenciais, a capacidade de analisar ganha importância ainda maior.

Resiliência

É lidar com adversidades, críticas, situações de crise, pressões (inclusive de si mesmo), e ter capacidade de retornar ao estado emocional saudável, ou seja, retornar às condições naturais após momentos de dificuldade. Essa é uma das qualidades mais visíveis em líderes. O líder, mesmo colocando a sua vida em perigo, deve ter a capacidade de manter-se fiel e com serenidade em seus objetivos.

Nossos contatos: Fones: (31) 3827-2297 e (31) 98428-0590 (Wpp)

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domingo, 29 de dezembro de 2024

ERROS E ALUCINAÇÕES DA IAs SÃO BENÉFICOS PARA A CIÊNCIA

 

História de William J. Broad – Jornal Estadão

inteligência artificial (IA) é frequentemente criticada porque inventa informações que parecem ser factuais, conhecidas como alucinações. Os erros têm perturbado não apenas as sessões de chatbot, mas também processos judiciais e registros médicos. No ano passado, por algum tempo, uma afirmação claramente falsa de um novo chatbot do Google ajudou a reduzir o valor de mercado da empresa em cerca de US$ 100 bilhões.

No universo da ciência, entretanto, pesquisadores estão descobrindo que as alucinações podem ser extremamente úteis. As máquinas inteligentes, ao que parece, estão sonhando com uma série de irrealidades que ajudam os cientistas a rastrear o câncer, projetar medicamentos, inventar dispositivos médicos, descobrir fenômenos climáticos e até mesmo ganhar o Prêmio Nobel.

Cientistas enxergam erro das IAs como possibilidade de aprimoramento de pesquisas Foto: Sergio Barzaghi /Estadão

Cientistas enxergam erro das IAs como possibilidade de aprimoramento de pesquisas Foto: Sergio Barzaghi /Estadão

“O público acha que tudo isso é ruim”, diz Amy McGovern, cientista da computação que dirige um instituto federal de IA. “Mas, na verdade, ela está dando novas ideias aos cientistas. Está dando a eles a chance de explorar ideias que, de outra forma, talvez não tivessem pensado.”

A imagem pública da ciência é friamente analítica. De forma menos visível, os estágios iniciais da descoberta podem estar repletos de palpites e suposições. “Vale tudo” é como Paul Feyerabend, um filósofo da ciência, certa vez caracterizou o processo.

Agora, as alucinações da IA estão revigorando o lado criativo da ciência. Elas aceleram o processo pelo qual cientistas e inventores sonham com novas ideias e as testam para ver se a realidade concorda com elas. É o método científico – só que superalimentado. O que antes levava anos agora pode ser feito em dias, horas e minutos. Em alguns casos, os ciclos acelerados de pesquisa ajudam os cientistas a abrir novas fronteiras.

“Estamos explorando”, disse James J. Collins, professor do MIT que recentemente elogiou as alucinações por acelerarem sua pesquisa sobre novos antibióticos. “Estamos pedindo aos modelos que criem moléculas completamente novas.”

As alucinações da IA surgem quando os cientistas ensinam modelos de computador generativos sobre um determinado assunto e, em seguida, deixam as máquinas retrabalharem essas informações. Os resultados podem variar de sutis e equivocados a surreais. Às vezes, eles levam a grandes descobertas.

Em outubro, David Baker, da Universidade de Washington, recebeu o Prêmio Nobel de Química por sua pesquisa pioneira sobre proteínas – as moléculas complicadas que fortalecem a vida. O comitê do Nobel o elogiou por ter descoberto como construir rapidamente tipos completamente novos de proteínas não encontradas na natureza, chamando sua façanha de “quase impossível”.

Em uma entrevista antes do anúncio do prêmio, Baker citou as explosões de imaginação da IA como fundamentais para “criar proteínas do zero”. A nova tecnologia, acrescentou ele, ajudou seu laboratório a obter cerca de 100 patentes, muitas delas para assistência médica. Uma delas é para uma nova maneira de tratar o câncer. Outra busca ajudar na guerra global contra infecções virais. Baker também fundou ou ajudou a iniciar mais de 20 empresas de biotecnologia.

David Baker na cerimônia do Nobel de Química Foto: Jonathan Nackstrand/AFP

David Baker na cerimônia do Nobel de Química Foto: Jonathan Nackstrand/AFP

“As coisas estão se movendo rapidamente”, disse ele. “Até mesmo os cientistas que trabalham com proteínas não sabem o quanto as coisas avançaram.” Quantas proteínas seu laboratório já projetou? “Dez milhões, todas novinhas em folha”, respondeu ele. “Elas não ocorrem na natureza.”

Apesar do fascínio que as alucinações da IA exercem sobre as descobertas, alguns cientistas consideram a própria palavra enganosa. Eles veem as imaginações dos modelos generativos de IA não como ilusórias, mas prospectivas – como tendo alguma chance de se tornar realidade, não muito diferente das conjecturas feitas nos estágios iniciais do método científico. Eles consideram o termo alucinação impreciso e, portanto, evitam usá-lo.

A palavra também é mal vista porque pode evocar os velhos e maus tempos das alucinações causadas pelo LSD e outras drogas psicodélicas, que assustaram cientistas de renome durante décadas. Uma última desvantagem é que as comunicações científicas e médicas geradas pela IA podem, assim como as respostas dos chatbots, ser obscurecidas por informações falsas.

Em julho, a Casa Branca divulgou um relatório sobre a promoção da confiança pública na pesquisa de IA. Sua única referência a alucinações era sobre encontrar maneiras de reduzi-las.

O comitê do Prêmio Nobel parece ter seguido esse manual. Ele não disse nada sobre alucinações em uma análise detalhada do trabalho de Baker. Em vez disso, em um comunicado à imprensa, simplesmente creditou à sua equipe a produção de “uma criação imaginativa de proteína após a outra”. Cada vez mais, partes do establishment científico parecem ver as alucinações como algo inominável.

Mesmo assim, os especialistas disseram em entrevistas que a imaginação da IA científica tem grandes vantagens em comparação com as alucinações dos chatbots e seus semelhantes. O mais importante, segundo eles, é que as explosões criativas estão enraizadas nos fatos concretos da natureza e da ciência, e não nas ambiguidades da linguagem humana ou na indefinição da internet, conhecida por seus preconceitos e falsidades.

“Estamos ensinando física para a IA”, disse Anima Anandkumar, professora de matemática e ciências da computação no Instituto de Tecnologia da Califórnia, que anteriormente dirigiu a pesquisa de inteligência artificial na Nvidia, a principal fabricante de chips de IA.

Para a ciência, acrescentou Anima, a base física em fatos confiáveis pode produzir resultados altamente precisos. Ela disse que os grandes modelos de linguagem dos chatbots não têm nenhuma maneira prática de verificar a exatidão de suas declarações e afirmações.

A verificação final, disse ela, ocorre quando os cientistas comparam os voos digitais da fantasia com os detalhes sólidos da realidade física.

“Você precisa testar”, disse Anima sobre os resultados da IA. “Algo recém-projetado por alucinações de IA precisa ser testado.”

Recentemente, Anima e seus colegas usaram alucinações de IA para ajudar a projetar um novo tipo de cateter que reduz muito a contaminação bacteriana – uma praga global que anualmente causa milhões de infecções do trato urinário. Ela disse que o modelo de IA da equipe imaginou milhares de geometrias de cateteres e, em seguida, escolheu a mais eficaz.

As paredes internas do novo cateter são revestidas com pontas semelhantes a dentes de serra que impedem que as bactérias ganhem tração e nadem rio acima para infectar a bexiga dos pacientes. Anima disse que a equipe está discutindo a comercialização do dispositivo.

Assim como outros cientistas, Anima disse que não gosta do termo alucinação. O artigo de sua equipe sobre o novo cateter evita a palavra.

Por outro lado, Harini Veeraraghavan, chefe de um laboratório do Memorial Sloan Kettering Cancer Center, em Manhattan, citou o termo em um artigo sobre o uso de IA para aprimorar imagens médicas borradas. Seu título, em parte, dizia: “Hallucinated MRI”, abreviação de imagem por ressonância magnética.

Os pesquisadores da Universidade do Texas, em Austin, também adotaram o termo. “Aprendendo com a alucinação”, diz o título de seu artigo sobre o aprimoramento da navegação de robôs.

E o chefe da divisão de ciências da DeepMind, uma empresa do Google em Londres que desenvolve aplicativos de IA, elogiou as alucinações como promotoras de descobertas, fazendo isso logo depois que dois de seus colegas dividiram o Prêmio Nobel de Química deste ano com Baker.

“Temos essa ferramenta incrível que pode demonstrar criatividade”, disse o funcionário da DeepMind, Pushmeet Kohli, em uma entrevista.

Um exemplo, disse ele, foi como um computador da DeepMind em 2016 venceu o campeão mundial de Go, um complexo jogo de tabuleiro. O ponto de virada do jogo foi a jogada 37, bem no início da disputa. “Achamos que era um erro”, disse Kohli. “E as pessoas perceberam, com o decorrer do jogo, que foi um golpe de gênio. Portanto, esses modelos são capazes de produzir essas percepções muito, muito novas.”

Amy, diretora do instituto de IA, também é professora de meteorologia e ciência da computação na Universidade de Oklahoma. Ela disse que as alucinações da IA podem ser descritas de forma menos colorida como “distribuições de probabilidade” – um termo muito antigo no mundo da ciência.

Os detetives do clima, acrescentou Amy, agora usam a IA rotineiramente para criar milhares de variações sutis de previsão ou faixas de probabilidade. Ela disse que a imaginação rica permite que eles descubram fatores inesperados que podem gerar eventos extremos, como ondas de calor mortais. “É uma ferramenta valiosa”, disse ela.

Baker, recente ganhador do Prêmio Nobel, adotou a abordagem franca. “Design de proteína de novo por alucinação de rede profunda”, diz o título de um de seus artigos de 2021, publicado na Nature, uma importante revista científica.

A frase de novo – que significa “desde o início” em latim – faz um forte contraste com a forma como os cientistas no início da década de 1980 começaram a ajustar as estruturas de proteínas conhecidas que ocorrem na natureza.

Em 2003, Baker e seus colegas atingiram uma meta muito mais ambiciosa: criar a primeira proteína totalmente nova do mundo a partir do zero. Eles a chamaram de Top7. Sua realização foi vista como um grande avanço porque as proteínas são superestrelas da complexidade. Os especialistas comparam a estrutura do DNA a um colar de pérolas e a das proteínas grandes a bolas de pelo. Suas estruturas são tão complicadas que até mesmo as representações gráficas detalhadas são aproximações grosseiras.

À medida que a IA se tornava uma nova e poderosa tecnologia, Baker se perguntava se ela poderia acelerar o design de novo. Seu artigo de 2021 na Nature citou a inspiração do Google DeepDream – um modelo que transforma imagens existentes em psicodelia. Quando as pessoas olham para a lua cheia e veem o rosto de um homem, isso é chamado de pareidolia, uma peculiaridade perceptiva que transforma padrões ambíguos em imagens significativas. Uma versão dessa tendência é o que a DeepDream usa para criar suas fantasias surreais.

O plano de Baker era verificar se a IA poderia impor o efeito de pareidolia em conjuntos ambíguos de aminoácidos, os blocos de construção das proteínas. Sua equipe inseriu sequências aleatórias de aminoácidos em um modelo treinado para reconhecer as características estruturais de proteínas reais. Funcionou – em grande escala.

O artigo afirma que a execução do teste criou milhares de proteínas virtuais. Ele as comparou à explosão de imagens de gatos de IA na internet. “Assim como as imagens simuladas de gatos geradas pela alucinação de redes profundas são claramente reconhecíveis como gatos”, disse o artigo, as estruturas artificiais de proteínas também ‘se assemelham, mas não são idênticas’ às estruturas naturais.

Em seguida, a equipe de Baker procurou transformar as proteínas imaginadas em algo real – uma etapa não muito diferente de dar vida a gatos digitais. Primeiro, a equipe pegou as informações sobre as moléculas alucinadas e as usou como um modelo para produzir as fitas de DNA que formam os genes. Em seguida, conforme relatado no artigo de 2021, o momento eureca ocorreu quando os genes foram inseridos em micróbios e os minúsculos organismos produziram 129 novos tipos de proteínas desconhecidas pela ciência e pela natureza.

Posteriormente, no início de 2022, Baker descreveu esse momento como “a primeira demonstração” de como a IA pode acelerar o design de novas proteínas. Seus artigos de acompanhamento de 2022 e 2023 mais uma vez usaram a palavra alucinação em seus títulos.

Em uma entrevista, Baker disse que seu laboratório havia dado um novo passo à frente na imaginação criativa com um método de IA conhecido como difusão. É isso que dá poder ao DALL-E, à Sora e a outros geradores populares de imagens.

Baker elogiou o fato da difusão ser melhor do que a alucinação na criação de novos designs de proteínas. “É muito mais rápida e a taxa de sucesso é maior”, disse ele.

Nos últimos anos, alguns analistas têm se preocupado com o fato de a ciência estar em declínio. Eles apontam para uma queda nas últimas décadas no número de avanços e descobertas importantes.

Os defensores da IA argumentam que suas explosões de criatividade estão chegando para o resgate. No horizonte do design, Baker e seus colegas veem ondas de catalisadores de proteínas que colherão a energia da luz do sol, transformarão fábricas antigas em elegantes economizadores de energia e ajudarão a criar um novo mundo sustentável.

“A aceleração continua acontecendo”, disse Ian C. Haydon, membro da equipe de. Baker. “É incrível.”

Outros concordam. “É incrível o que será lançado nos próximos anos”, disse Kohli. Ele vê a IA como a revelação dos segredos mais profundos da vida e o estabelecimento de uma nova e poderosa base para curar doenças, melhorar a saúde e prolongar a vida.

“Quando decifrarmos e compreendermos de fato a linguagem da vida”, disse ele, ‘será mágico’.

DÍVIDA DO GOVERNO BRASILEIRO NÃO PARA DE SUBIR

 

História de Notas & Informações – Jornal Estadão

A Instituição Fiscal Independente (IFI) do Senado projetou, em sua última edição do Relatório de Acompanhamento Fiscal, que a tendência de aumento da Dívida Bruta do Governo Geral (DBGG) é bem mais acentuada que aquela estimada pelo Tesouro Nacional, e que superávits primários de 2,4% ao ano seriam necessários para que a relação dívida/PIB se estabilize no patamar de 2023 (73,8%)

Em junho de 2024, a mesma IFI havia calculado que, para estabilizar a dívida, seriam necessários superávits primários da ordem de 1,4% ao ano, ou seja, em um curto espaço de tempo, as condições do endividamento público agravaram-se de forma expressiva.

De acordo com o órgão vinculado ao Senado, a DBGG deve encerrar 2024 em 78,3% e seguirá subindo nos dois últimos anos do atual mandato de Lula da Silva: para 81,4% em 2025 e para 86,3% em 2026.

Embora o próprio Tesouro, em seu Relatório Fiscal, aponte para a piora dos níveis de endividamento, a projeção de patamar da DBGG em 77,7% do PIB para 2024 é inferior à da IFI. Além disso, o cenário traçado pelo Tesouro pode ser mais róseo que a realidade, uma vez que tomou por base, por exemplo, uma Selic média de 10,7% em 2025, que, além de inferior à taxa atual de 12,25%, ignora a sinalização do próprio Comitê de Política Monetária (Copom) de que promoverá mais duas elevações, de 1 ponto porcentual cada uma, nas reuniões agendadas para janeiro e março de 2025.

Sem compromisso fiscal firme – e o desidratado pacote aprovado pelo Congresso no apagar das luzes de 2024 mostra isso –, a DBGG alcançará alarmantes 116,3% do PIB no cenário base da IFI para 2034, um incremento de quase 16 pontos porcentuais em relação ao relatório de junho da própria instituição.

As projeções, das mais amenas às mais preocupantes, convergem em um ponto: a trajetória da dívida do governo é explosiva e precisa ser encarada com firmeza, o que exige que o governo Lula da Silva realmente se empenhe em apresentar propostas que revertam o descontrole nas contas públicas.

No cenário atual, já incorporado o tímido pacote fiscal, a IFI projeta déficit primário de 0,4% do PIB em 2024 e de 0,7% do PIB em 2025. A partir de 2026, as perspectivas tornam-se sombrias. De 2026 em diante, os déficits tendem a se agravar consideravelmente, chegando a 1,6% do PIB em 2032.

Não à toa, o debate sobre dominância fiscal, quadro em que a política monetária perde eficácia no combate à inflação, ganhou corpo nas últimas semanas do ano. Embora, de um modo geral, economistas avaliem que a situação ainda seja não tão grave, há sinais de alerta. Apesar de o Copom ter indicado que será agressivo contra a inflação, as expectativas cambiais e inflacionárias seguem piorando, o que só reforça a necessidade de um ajuste fiscal contundente.

Não há sinais, contudo, de que o Executivo vá se empenhar neste sentido. O presidente Lula, que afirma que jamais houve alguém com mais responsabilidade fiscal que ele, é o primeiro a sabotar os esforços de seu ministro da Fazenda, Fernando Haddad, em intermináveis provocações ao mercado financeiro, o vilão ideal do lulopetismo.

Também é preocupante que o próprio Haddad, ao comentar a aprovação do pacote, tenha afirmado que as medidas encaminhadas ao Congresso não foram desidratadas e que havia a expectativa que houvesse o que chamou de “hidratação” (medidas de ajuste mais contundentes) na apreciação das medidas pela Câmara e pelo Senado.

Ora, não é segredo para ninguém, e o Congresso não tem desapontado em dar demonstrações disso, que os parlamentares não estão preocupados com a sustentabilidade fiscal do País, e sim com a manutenção de emendas de caráter eleitoreiro.

Tampouco adianta, especialmente após toda a frustração gerada com a apresentação do pacote recente, afirmar que novas medidas de ajuste serão apresentadas ao longo de 2025. Ou Lula, seus ministros e o PT se comprometem com um ajuste de fato, e deixam de sabotar o visivelmente exausto Haddad, ou a dívida, num horizonte não tão longínquo, superará com folga os 100% do PIB.

GOVERNO BRASILEIRO SUSPENDE VISTOS TEMPORÁRIOS PARA CHINESES DA BYD

 

História de Mariana Carneiro – Jornal Estadão

BRASÍLIA – O governo brasileiro suspendeu a concessão de novos vistos temporários para trabalhadores chineses que atuam na construção da fábrica da BYD em Camaçari, na Bahia. A informação é do Ministério de Relações Exteriores.

No último dia 23, uma força-tarefa de órgãos federais interditou a obra após identificar 163 operários chineses em condições análogas à escravidão.

Eles trabalhavam para a Jinjiang Group, uma das empreiteiras contratadas pela BYD para realizar a obra.

Na ocasião, a BYD afirmou não tolerar “desrespeito à lei brasileira e à dignidade humana” e que decidiu “encerrar imediatamente” o contrato com a empreiteira responsável por parte da obra na fábrica de Camaçari, além de estudar “outras medidas cabíveis”. A BYD também afirmou ter transferido os trabalhadores resgatados para hotéis da região.Obras na fábrica da BYD em Camaçari, na Bahia Foto: Werther Santana/Estadão

Obras na fábrica da BYD em Camaçari, na Bahia Foto: Werther Santana/Estadão

O visto de trabalho concedido aos trabalhadores chineses que vieram ao País para a obra é do tipo Vitem V, concedido a estrangeiros com qualificações e/ou experiência compatíveis com as atividades a serem realizadas no Brasil.

A suspensão de novos vistos foi objeto de instrução do Itamaraty enviada aos postos brasileiros na China no dia 20, até que a apuração sobre a denúncia de trabalho escravo seja concluída

O Ministério da Justiça e Segurança Pública é o responsável pela análise da documentação e pela concessão dos vistos de trabalho.

Em nota, a pasta informou que tem acompanhado as fiscalizações do Ministério Público do Trabalho e do Ministério do Trabalho.

“Caso a apuração comprove o desrespeito à legislação migratória, inclusive no que concerne ao tipo de vínculo trabalhista entre a empresa e os empregados migrantes, as autorizações de residência concedidas serão canceladas, conforme prevê a legislação brasileira”, informou o Ministério da Justiça. “Por enquanto, as emissões de autorização de residência seguem em análise, mas o ministério tem acompanhado com cautela o desenrolar do caso.”

CÂMARA DOS DEPUTADOS RESPONDE AO STF SEM JUSTIFICATIVA PLAUSÍVEL

História de Levy Teles – Jornal Estadão

BRASÍLIA – A Câmara dos Deputados informou ao Supremo Tribunal Federal (STF), na noite desta sexta-feira, 27, que agiu “sob orientação jurídica” de pastas do governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva ao indicar R$ 4,2 bilhões em emendas apadrinhadas por 17 de líderes de bancada. Esse recurso foi bloqueado por determinação do ministro da Corte Flávio Dino, na segunda-feira, 23.

Em ofício enviado ao STF, a Câmara não apresenta as atas que identificam os deputados que apadrinharam a destinação de verbas por meio de emendas e alega que não havia previsão de que as indicações “tivessem que ser votadas pelos respectivos colegiados”.

A Casa diz que há legalidade no procedimento adotado e também um “estranhamento” em participar sozinha do diálogo institucional com a Suprema Corte”, sem que haja cobrança igual ao Senado.

BRASILIA (DF) 19/12/2024 NACIONAL ARTHUR LIRA CAMARA 19/12/2024 - Plenário - Sessao Deliberativa Discussao e votacao de propostas legislativas. Presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP - AL) FOTO BRUNO SPADA AGENCIA CAMARA Foto: BRUNO SPADA AGENCIA CAMARA

BRASILIA (DF) 19/12/2024 NACIONAL ARTHUR LIRA CAMARA 19/12/2024 – Plenário – Sessao Deliberativa Discussao e votacao de propostas legislativas. Presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP – AL) FOTO BRUNO SPADA AGENCIA CAMARA Foto: BRUNO SPADA AGENCIA CAMARA

“Daí o estranhamento de que apenas a Câmara dos Deputados esteja participando neste momento de diálogo institucional com a Suprema Corte, para fins de aprimoramento do processo orçamentário das emendas parlamentares, quando a competência para a matéria é do Congresso Nacional, quando o Senado da República adotou rito rigorosamente idêntico ao da Câmara dos Deputados e quando ambas as Casas se limitaram a seguir orientações técnicas prévias do Poder Executivo, para fins de mero encaminhamento de indicações que sequer são impositivas”, diz o ofício assinado pela Advocacia da Câmara.

Segundo esse documento, a orientação jurídica partiu dos ministérios da Fazenda, do Planejamento e Orçamento, da Gestão e Inovação, da Secretaria de Relações Institucionais e da Casa Civil da Presidência da República, da Advocacia-Geral da União, que fundamentou a ação dos deputados e senadores. “Caso não houvesse a orientação em questão, não haveria qualquer ofício de indicação”, diz o texto.

Embora tenha respondido, argumenta a Advocacia da Câmara, a Casa não apresentará recurso à decisão, por entender que isso competiria ao Congresso Nacional e à Advocacia-Geral da União.

Nesse mesmo texto, a Câmara diz que essas emendas bloqueadas não são impositivas, que o Congresso limita-se a apenas encaminhar ao Executivo “indicações para execução de emendas de comissão”, e que o Senado seguiu processo idêntico ao da Casa.

Na manhã desta sexta-feira, Dino considerou as primeiras respostas enviadas pela Câmara insuficientes e fez novas perguntas que deveriam ser respondidas até às 20h ainda desta sexta-feira. O ministro também pediu para que a Câmara juntasse as atas que comprovam a indicação das emendas de comissão.

 

A CERVEJA NUNCA SAI DE MODA SEJA INDUSTRIAL OU ARTESANAL

 

História de Radar – Jornal Estadão

Cerveja nunca sai de moda. Cada vez mais, as indústrias investem em produções que visam tanto aumentar a quantidade de rótulos quanto participar ou criar tendências. Seja como for, uma dúvida que pode surgir sobre o tema é se vale a pena trocar a cerveja industrial pela artesanal?

Paladar conversou com Fernanda Ueno, da Japas Cervejaria, para responder essa questão. Ela menciona que as cervejarias artesanais, que também são industriais, exploram mais as possibilidades de estilos e tem tempo maior de produção pelos processos pouco similares, o que resulta em uma bebida complexa.

A industrial, por sua vez, produz mais estilos tradicionais, como lagers, e conta com menor tempo até a chegada ao mercado, até porque as bebidas são feitas de modo tradicional e não levam tantos meses. E qual é a melhor? Vale a pena trocar?

Na verdade, as respostas para essas perguntas são muito particulares, pois depende do gosto individual de cada pessoa. Sabendo das diferenças entre os dois tipos, você pode escolher a da sua preferência. Gostou e quer saber mais sobre cerveja? Confira o Youtube Paladar Estadão, que aborda esse e outros temas com especialistas.

Existe jeito certo para degustar cerveja?

Outro assunto respondido por Ueno foi sobre a degustação da cerveja. E a resposta para a pergunta é sim, especialmente quando for uma análise da bebida, que começa já pela latinha ou garrafa. Nesse formato, é necessário considerar aroma, sabor, aparência e muitos outros detalhes, diferente de uma degustação informal. Confira detalhes.

Cerveja e comida: como encontrar a melhor combinação?

Sabemos que cerveja combina com comida, mas com qual tipo de comida? A verdade é que dá para considerar diferentes estilos com distintas combinações com comida. Ueno cita, em mais um episódio de perguntas, que a cerveja sour, por exemplo, vai bem com fruta e com sobremesa. Você sabia?

Cerveja e comida: como encontrar a melhor combinação?

Especialista ensina como combinar cerveja com diferentes pratos

Cerveja. Foto: stokkete - stock.adobe.com

Foto: stokkete – stock.adobe.com

Por Radar

cerveja é uma das bebidas alcoólicas mais populares do mundo e muito consumida pelos brasileiros. É ideal para acompanhar petiscos, mas você já pensou que ela pode ficar boa com qualquer tipo de comida?

Quais cervejas harmonizam com comida?

Com tantas opções de estilos disponíveis no mercado, é possível achar cervejas que combinam com os mais diversos pratos.

Ao Paladar, Fernanda Ueno, das Japas Cervejaria, explicou como cada cerveja deve ser harmonizada com determinados tipos de comida. Veja abaixo:

“Tem as combinações mais clássicas, como as IPAs, que combinam com carnes e comidas mais gordurosas”, explica Fernanda. “Eu gosto muito de harmonizar Witbier ou Pilsen com sushi, com comidas mais leves ou até saladas”, sugere ela.

“A cerveja sour, por exemplo, vai bem com fruta e com sobremesa. Então para todos os pratos a gente consegue achar uma combinação para harmonizar a cerveja.”

Tipos de cerveja

A profissional cita alguns tipos principais de cerveja no vídeo. Confira as especificações de cada estilo da bebida:

Embora apresentem baixo teor alcoólico, as session IPAs são para aqueles que apreciam uma boa dose de amargor na bebida.

Witbier

As cervejas dessa categoria são à base de trigo, muito leves e apresentam notas de casca de laranja e sementes de coentro.

Lager

Entre as citadas, as cervejas da família lager, em especial as american lager e pilsen, são as mais leves, com alta drinkability (termo que indica a facilidade de beber).

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Sour

Com sabor ácido e azedo, a cerveja tipo Sour apresenta notas mais frutadas.

Como degustar cerveja da forma correta?

De acordo com a especialista, para fazer uma análise sensorial correta de uma cerveja, você começa desde o momento em que a latinha ou a garrafa é aberta.

“Você já escuta o barulhinho do gás saindo e segue para analisar visualmente: a cor da cerveja, se ela é turva, se ela é brilhante, se a espuma é estável, se as bolhas são pequenas ou grandes. Você também vai para o aroma, então vai cheirar, vai perceber quais aromas a cerveja tem. E, só aí, você segue para o primeiro gole”, afirma Fernanda.

OS JUROS SÃO O VALOR PELO QUAL O DINHEIRO É NEGOCIADO E A SELIC É PARA CONTER A ALTA DOS PREÇOS DOS PRODUTOS

 

História de João Nakamura – CNN Brasil

O que são juros e como a Selic se relaciona com a inflação?

O que são juros e como a Selic se relaciona com a inflação?

Proteger o valor do real é a missão estabelecida por lei ao Banco Central (BC). O conjunto de medidas que a autarquia adota para cumprir esse objetivo é o que chamamos de política monetária. E a principal ferramenta adotada pelo BC no combate à inflação é a Selic, a taxa básica de juros da economia brasileira. O nome vem da sigla do Sistema Especial de Liquidação e de Custódia, uma estrutura do mercado financeiro administrada pela autarquia, pela qual são movimentados os títulos públicos federais.​ Os juros são o valor pelo qual o dinheiro é negociado. Quando fechamos empréstimos, financiamentos ou aplicações financeiras, é definido no contrato o quanto esse pagamento vai valorizar ao longo do tempo. O banco é a parte responsável por intermediar o negócio entre o investidor que dispõe o dinheiro e quem precisa dele. O tomador recebe o valor solicitado, que será devolvido com a soma aos juros cobrados. A instituição financeira fica com parte do pagamento como remuneração, e devolve a aplicação ao investidor com os juros combinados no futuro. Como a Selic e a inflação se relacionam? A inflação tende a subir em momentos nos quais a economia está aquecida, ou seja, quando o dinheiro está circulando, quando há demanda pela moeda. Para conter a alta dos preços, o Comitê de Política Monetária (Copom) do BC então sobe a Selic. O resultado: o custo para se realizar as operações financeiras encarece e a demanda por dinheiro se controla. Quando o Banco Central sobe os juros, ele esfria principalmente a demanda por bens e serviços, de modo a reduzir a demanda da economia, enquanto mantém a mesma oferta de dinheiro. Assim, os preços tanto de bens quanto os de serviços tendem a se acomodar e ficarem menos pressionados, explica Luiz Fernando Figueiredo, ex-diretor de Política Monetária do BC. “Quando eu aperto o custo do dinheiro, eu acabo esfriando a demanda por produtos e serviços. Porque fica mais caro para investir, e assim reduzindo o investimento. Também fica mais caro para tomar empréstimos, uma vez que as prestações ficam mais caras com o juro mais alto, então eu faço menos ou não tomo empréstimo”, diz Figueiredo. “Do outro lado, quem tem recursos tende a gastar menos e a poupar mais, porque o juro está pagando uma taxa maior”, conclui. O economista e especialista em inflação da FGV/Ibre, André Braz, aponta que o BC dispõe de outros mecanismos à mão para lidar com a inflação. Porém, uma vez que a Selic serve de referência para as transações realizadas no mercado e influencia diretamente nas perspectivas e expectativas dos investidores, o remédio amargo se faz mais efetivo. “Tem várias formas [de o BC controlar a inflação], mas a mais comum é via Selic mesmo. É ela que tem maior força dentre as outras opções, que teria o efeito mais rápido ao diminuir a demanda”, comenta Braz. Porém, a política monetária sozinha não é suficiente para conter a alta dos preços. Outros fatores macroeconômicos também ajudam a ditar o ritmo e o comportamento da variação dos preços. https://www.youtube.com/watch?v=jBDjhLY9JM0 Por que os juros estão altos no país? Ao tomar sua decisão de política monetária, o BC olha para uma coisa chamada taxa de juros neutra, um nível no qual a Selic nem esfria e nem a movimenta a economia. O Copom estima que os juros neutros do Brasil sejam de 4,75% mais a inflação. No mercado, há cálculos que apontam um valor ainda maior. “Em função do grande endividamento público e por conta das incertezas que a gente tem no Brasil, – como o sistema tributário – o nosso juro de equilíbrio é muito alto em termos reais [descontado a inflação]”, aponta Figueiredo. “Dadas as incertezas que nós tivemos recentes – que cresceram bastante -, primeiro associadas ao orçamento do governo federal deste ano e do ano que vem, segundo pela briga do presidente Lula com o Banco Central, isso gera dúvida nas pessoas. E essas duas dúvidas juntas fizeram com que o câmbio se desvalorizasse e as expectativas das pessoas com relação à inflação para frente também subissem muito”, conclui.

AS ARMADILHAS DA INTERNET E OS FOTÓGRAFOS NÃO NOS DEIXAM TRABALHAR

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