Ex-ministro Henrique Meirelles se com Lula em ato com ex-presidenciáveis.| Foto: Ricardo Stuckert/PT
Planos de governo são peças que, se muitas vezes acabam esquecidas
por aqueles que são eleitos, não deixam de ser um indicador importante a
respeito da direção que um candidato pretende imprimir em seu mandato
caso vença as eleições. Durante a campanha, podem ser submetidos ao
escrutínio da imprensa, de especialistas em cada área e, principalmente,
do eleitor, que tem todo o direito de saber como os postulantes a um
cargo executivo pretendem governar. Todos os candidatos à Presidência da
República em 2022 entregaram seus planos ao Tribunal Superior Eleitoral
– menos Lula, que se contentou em apresentar à corte eleitoral apenas
diretrizes genéricas, desejando assim um “cheque em branco” do
brasileiro, de preferência ainda no primeiro turno para não ter de ver
suas ideias e sua biografia questionadas por mais quatro semanas.
Não que a sociedade não saiba as linhas gerais do programa
lulopetista: estatismo exacerbado, descontrole no gasto público,
controle da imprensa e da sociedade civil organizada, reversão de
avanços importantes no campo trabalhista, retomada da camaradagem com
ditaduras latino-americanas, hostilidade ao agronegócio e
recrudescimento dos conflitos no campo com o fortalecimento do “exército
de Stédile”, promoção do aborto e da pauta identitarista… tudo isso já
foi defendido pelo próprio Lula ou por outros líderes petistas ao longo
da campanha, mas sem a formalização que viria com o protocolo de um
plano no TSE.
Um desempenho de 20 anos atrás e o mero fato de não ser Jair
Bolsonaro não bastam para que Lula venha pedir voto ao brasileiro, muito
menos para convencer eleitores de outros candidatos a migrar para sua
candidatura já no primeiro turno
A estratégia, em primeiro lugar, é um enorme desrespeito ao eleitor e
a seu direito de conhecer com maiores detalhes o que cada candidato
propõe. Mas ela também serve a outro propósito: o de poder misturar o
discurso radical que mobiliza a militância com acenos que cooptam mais
apoios entre aqueles que não estão automaticamente alinhados ao petismo.
Ao tratar seu plano como uma “metamorfose ambulante”, sujeito a
alterações até o último momento, Lula consegue puxar para seu palanque
alguém como Henrique Meirelles – apesar de ele ser filiado a um partido
que tem candidato próprio ao Planalto –, o pioneiro do recente ajuste
fiscal que Lula quer deixar para trás.
Sem definir um plano de governo, Lula se limita a repetir indicadores
do período 2003-2010 e quer fazer o eleitor acreditar que basta apertar
seu número na urna que aqueles tempos retornarão. No entanto, o
contexto econômico em que Lula venceu sua primeira eleição, 20 anos
atrás, é radicalmente diferente do atual. Além disso, o petista esconde
um detalhe importante: se no início de seu período no Planalto o tripé
macroeconômico herdado de Fernando Henrique Cardoso foi respeitado,
garantindo a sensatez na política econômica, foi no fim da passagem de
Lula pela Presidência que foram lançadas as bases da “nova matriz
econômica” que o “poste” por ele escolhido para sucedê-lo aplicou à
risca, causando a pior recessão da história do país. Não há como
dissociar a era Lula da era Dilma, apesar dos esforços do PT em apagar
da história os anos finais do partido no poder.
Desprezo pelo povo
Um desempenho de 20 anos atrás e o mero
fato de não ser Jair Bolsonaro não bastam para que Lula venha pedir
voto ao brasileiro, muito menos para convencer eleitores de outros
candidatos a migrar para sua candidatura de forma a resolver a disputa
já no primeiro turno. Sem plano de governo, o petista quer que os
brasileiros embarquem em um voo cego, recorrendo ao proverbial “la
garantia soy yo”, demonstrando mais uma vez aquela arrogância de quem se
julga o único capaz de salvar o Brasil sem precisar dizer como o fará
caso volte ao Planalto.
Entre tantas falsas certezas, meu medo é o de que uma única
pessoa, Alexandre de Moraes, realmente saiba já o resultado das eleições
2022.| Foto: EFE
Vai dar Lula no primeiro turno. Que nada, vai
dar Bolsonaro no primeiro turno. Vocês são dois idiotas, vamos ter
segundo turno e o Lula ganha do Bolsonaro. Deixe de falar bobagem! Vai
dar Bolsonaro no segundo turno. Aposto que vai dar Lula no segundo
turno, margem apertada, convulsão social, o combo todo. Todo mundo está
errado e a Terceira Via vai surpreender. Ouvi dizer que, em caso de
empate, é o presidente do Tribunal Superior Eleitoral quem decide. É
verdade?
Por esses dias todo mundo camufla as dúvidas sob uma reluzente camada
de certezas baseadas em delírios e conspirações. As justificativas são
muitas e variadas. Para uns, Lula vai ganhar porque o povão está se
vingando. Para outros, a vitória de Lula representa é a vingança da
elite contra esse mesmo povão. Já os que têm certeza absolutíssima da
vitória de Bolsonaro falam em voto envergonhado e em Datapovo.
Só da Terceira Via é que realmente ninguém mais fala. Ninguém
acredita. A não ser que uma formiguinha resolva passear perigosamente
pelos sistemas do TSE, cause um curto-circuito na engrenagem infalível,
vire inseto frito e, assim, sacrifique sua vidinha em nome da
democracia. E de um resultado tão improvável quanto o arrependimento de
Alexandre de Moraes.
Não estou reclamando. De jeito nenhum. Nutro uma admiração genuína
por quem tem as certezas que me faltam. Aqui de onde contemplo a
humanidade, ou melhor, a brasilidade, ou melhor ainda, a curitibanidade
em todo o seu esplendor frio e úmido, vejo com especial interesse como
todo mundo é capaz de unir pontos que simplesmente escapam das minhas
mãos. As pessoas trocam dados e disse-me-disses e sinais esotéricos e
informações desencontradas que acabaram de receber e narrativas sem
sentido e, com essas coisas, cozinham o sopão que alimenta suas
certezas.
Como não admirar isso?! E depois ainda me dizem que o homem
contemporâneo enfrenta uma crise do imaginário. Que nada! A imaginação
nunca foi tão importante para os brasileiros, que a ela recorrem depois
de cada pesquisa, de cada declaração do candidato, de cada decisão do
TSE e de cada debate. Uma pena que toda essa imaginação não possa
aflorar na forma de livros ou filmes magistrais porque, primeiro, falta
talento aos artistas que têm acesso ao dinheiro e, segundo, é capaz de o
TSE mandar prender todo mundo por fake news.
Eu, sabendo só que nada sei, fico observando e colhendo muita opinião
bichada na esperança de encontrar o Argumento Perfeito que me dê
tranquilidade ou que me deixe apreensivo de uma vez por todas. Se me
dizem para ficar de olho no dólar, por exemplo, eu fico. Se me
aconselham a dar ouvido à minha intuição, está mais do que dado. Se me
sugerem pedir asilo político na Embaixada da Itália, vou logo procurando
o endereço. Se me mandam rezar, eu rezo, ué.
Me tranquiliza saber que está todo mundo exercitando a fantasia e
projetando felicidades para o já mítico Dia Seguinte. É sinal de que
ainda mantemos algo que nos torna essencialmente humanos: o sonho. Por
outro lado, o que me incomoda é a possibilidade de a certeza quanto ao
resultado das eleições de 2022 existir para uma única pessoa. Sim, ela
mesma: a autoridade que deveria garantir que a dúvida saudável, própria
do processo democrático, pairasse sobre toda a sociedade.
Segunda-feira (3) será o dia do “eu te disse!”, do “eu avisei!”, do
“eu já sabia!” e, porque vivemos numa época um tanto quanto perversa, do
“só você que é idiota não tinha percebido isso!”. Analistas dirão que a
vitória ou a derrota tem explicação nos astros ou na mais nova teoria
da comunicação de massa ou na mais recente tese da ciência política. Eu
mesmo escreverei algo, na esperança de nunca envergonhar o Paulo do
futuro. O que, convenhamos, é uma missão quase impossível.
Vitória de Romeu Zema em 2018 foi um dos casos de erros graves
cometidos por pesquisas de intenção de voto.| Foto: Gil
Leonardi/Imprensa MG
Esta quinta-feira é Dia Mundial do Coração. É um dia destinado à
prevenção de doenças cardíacas, porque o coração é o que mais mata no
planeta Terra, segundo a Organização Mundial de Saúde: são 18 milhões de
mortes por ano. Mas está difícil segurar o coração assim, dias antes da
eleição mais animada e mais polarizada que eu já vi. O segundo turno
entre Lula e Collor em 1989 foi bastante polarizado, mas agora está
mais, até porque o eleitorado é muito maior: 156 milhões de brasileiros
serão chamados às urnas obrigatoriamente.
Tem gente que está com coração aos pulos, porque acredita nas
pesquisas. Mas vi no Twitter do Vinícius Mariano um levantamento de 30
erros graves dos dois principais institutos de pesquisa na eleição de
2018 para senador. Fulano de Tal estava em quarto lugar três dias antes
da eleição e foi eleito. Outro, que estava em terceiro lugar, foi
reeleito. Um estava em primeiro, bem longe dos outros, coisa de 50% a
10%, mas foi o de 10% que ganhou a eleição.
Para governador aconteceu a mesma coisa; alguns citados por ele foram
Carlos Moisés, de Santa Catarina; Wilson Witzel, do Rio de Janeiro; e
Romeu Zema, de Minas: estavam todos lá atrás, não tinham a menor chance
cinco dias antes da eleição, segundo os grandes institutos de pesquisa.
Para a Presidência, aquele que acabou eleito presidente perdia para todo
mundo, só não perdia para Marina Silva, se não me engano. Ou seja, foi
tudo um fiasco em 2018.
Alguém me explique: por que ainda tem quem acredite? Por masoquismo?
Não sei. Muitos acreditam por interesse, pra usar como propaganda. Eles
me pegaram em 2018, vão me pegar de novo só se eu permitir. Muito
obrigado ao jornalista Vinícius Mariano, que fez esse levantamento para
nos lembrar do que aconteceu em 2018.
Moraes mostra sala de totalização de votos Na quarta-feira o
presidente da Justiça Eleitoral, ministro Alexandre de Moraes, mostrou a
sala de totalização ao ministro da Defesa, ao presidente do PL e a
representantes dos outros partidos. Na verdade não é bem a sala de
totalização; ali se monitora a chegada, porque depois há um computador
maior que vai somar tudo. Funciona no terceiro andar de um majestoso e
faraônico palácio, construído para abrigar uma Justiça Eleitoral que na
verdade é um órgão administrativo para organizar uma eleição a cada dois
anos. Por isso que outros países não têm Justiça Eleitoral, são
secretarias de Estado que fazem tudo, por exemplo, nos Estados Unidos,
mas essa é uma outra questão.
Agora todos sabem quem é o padre Kelmon Que estranho: peguei a
agenda dos candidatos na quarta-feira e só um candidato, o atual
presidente, candidato à reeleição, estava nas ruas: em Santos (SP),
fazendo motociata. Os outros todos tinham compromissos fechados.
Não resta dúvida de que o debate no SBT deu projeção ao padre Kelmon.
Ele não foi o grande vencedor, mas deu um salto. Todos passaram a saber
quem é esse tal padre, que era vice na chapa do Roberto Jefferson. Mas
Jefferson foi impedido de concorrer porque, mesmo sendo indultado,
continua ficha-suja, assim como Daniel Silveira, que também que foi
indultado e segue ficha-suja. O que não é o caso do ex-presidente, que
foi condenado, teve o processo anulado e depois virou um ficha-limpa;
segundo o Supremo, são questões diferentes.
São é coisas muito estranhas, que acabaram denunciadas no New York
Times, levando o jornalista Claudio Humberto a observar que tudo o que o
New York Times está denunciando não aparece na grande imprensa
brasileira. Que mico, não? Que omissão, que coisa incrível. Sempre vi a
grande imprensa brasileira se espelhar no New York Times, pois agora o
New York Times está mostrando como se faz jornalismo.
Por Fernanda Guimarães e Luciana Dyniewicz – Jornal Estadão
‘Campanha pelo voto útil é uma violência’, diz Candido Bracher
Total de dinheiro para os candidatos e partidos chegou a R$ 545 milhões e se aproximou do total registrado em 2018
Na reta final do primeiro turno das eleições, o empresariado colocou a
mão no bolso e aumentou as doações feitas para as campanhas. Em cerca
de duas semanas, o volume de recursos doados dobrou e já superou os R$
545 milhões. O valor se aproxima do total doado em 2018, considerando
também as quatro semanas entre o primeiro e segundo turno, quando
alcançou R$ 560 milhões no ano em que Jair Bolsonaro foi eleito, de
acordo com dados compilados pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE). Hoje, são 43 pessoas que doaram R$ 1 milhão ou mais às campanhas. Há 15 dias, eram 14.
O dono do grupo Cosan, Rubens Ometto,
segue na dianteira no ranking das doações por pessoas físicas, com R$
8,8 milhões, ultrapassando o total doado por ele em 2018, quando tirou
do bolso R$ 7,5 milhões. O empresário aumentou suas doações em R$ 3
milhões, ou 53%, em duas semanas. A principal beneficiária de Ometto, um
dos homens mais ricos do Brasil, foi a direção nacional do
Republicanos, que recebeu R$ 3 milhões. Há 15 dias, a direção nacional
do PSD era a maior beneficiária, com R$ 2 milhões – número que não foi
alterado.
Em nota, a assessoria de imprensa da Cosan afirmou que as “doações
eleitorais feitas por Rubens Ometto Silveira Mello são realizadas em
caráter pessoal e seguem as regras estabelecidas pelo Tribunal Superior
Eleitoral e demais normas aplicáveis”.
Desde a reforma eleitoral em 2015, as empresas foram proibidas de
doar para legendas e candidatos. Já as doações de pessoas físicas para
campanhas eleitoras podem ser feitas, segundo o TSE, por transferência
bancária, com a devida indicação do CPF do doador. O valor pode ser de
até 10% dos rendimentos brutos da pessoa no ano anterior à eleição.
Neste ano, o controlador do Grupo Cosan, Rubens Ometto, já doou mais do que nas eleições de 2022
Nos últimos dias antes da ida às urnas, o dono dacalçadista Grendene, Alexandre Grendene,
também ampliou o valor de suas doações, que agora somam R$ 5,9 milhões.
No começo do mês, Alexandre era o quarto maior doador do País, com R$
2,5 milhões. Hoje, ele ocupa a segunda colocação. O principal destino do
dinheiro do empresário segue sendo Roberto Argenta, que concorre ao
governo do Rio Grande do Sul pelo PSC e é dono da também calçadista
gaúcha Beira Rio. A campanha de Argenta recebeu R$ 1,9 milhão de
Alexandre, que é acionista minoritário da Beira Rio. Procurado, Argenta
preferiu não comentar.
O empresário do setor calçadista também destinou R$ 1 milhão para a
campanha de reeleição do presidente Jair Bolsonaro e R$ 1 milhão para o
candidato ao Senado pelo Ceará Camilo Santana (PT). Ainda no Ceará, Estado em que a Grendene tem unidades de produção, os candidatos ao governo Elmano de Freitas (PT) e Capitão Wagner (União)
receberam R$ 750 mil e R$ 375 mil do empresário, respectivamente. A
direção municipal do PDT na capital do Estado se beneficiou de R$ 750
mil.
O
empresário do setor calçadista Alexandre Grendene destinou R$ 1 milhão
para a campanha de reeleição do presidente Jair Bolsonaro
Pedro Grendene, cofundador da Grendene ao lado do
irmão, subiu, nos últimos dias pré-primeiro turno, para a terceira
colocação entre os maiores doadores. Duas semanas atrás, ele não
aparecia no ranking dos dez maiores doadores. Os dois primeiros
beneficiados são Camilo Santana, do PT, com R$ 1 milhão, e o presidente
Jair Bolsonaro, com o mesmo montante.
Pedro Grendene destinou o mesmo volume de recursos que seu irmão aos
candidatos ao governo do Ceará. No total, as doações do empresário
chegam a R$ 4,5 milhões. Procurada, a Grendene afirmou não comentar as
decisões pessoas de seus acionistas. A reportagem não conseguiu contato
com Pedro e Alexandre Grendene.
Outro nome ausente no ranking dos maiores doadores há duas semanas, Pedro de Godoy Bueno, controlador do grupo do setor de saúde Dasa,
aparece agora em quinto lugar. O empresário distribuiu a candidatos a
deputados estaduais e federais R$ 2,95 milhões. Quatro líderes indígenas
receberam R$ 150 mil cada um: Vanderlecia Ortega dos Santos (candidata da Rede à deputada federal pelo Amazonas), Maial Paiakan Kaiapó (candidata da Rede à deputada federal pelo Pará), Célia Xakriabá (candidata do Psol à deputada federal por Minas Gerais) e Almir Suruí (candidato do PDT à deputado federal por Rondônia). Procurado, o empresário não comentou.
Ex-secretário de Desestatização do governo Bolsonaro e controlador da Localiza, Salim Mattar é
o quarto maior doador pessoa física dessa eleição. O montante repassado
aos candidatos, no entanto, quase não se alterou nas últimas duas
semanas: passou de R$ 3,1 milhões para R$ 3,2 milhões. O empresário não
destinou, até o momento, recursos para Bolsonaro ou o atual partido do
presidente, o PL. Dentre os seus ex-colegas de governo, o ex-ministro do
Meio Ambiente Ricardo Salles recebeu R$ 250 mil.
Mattar afirmou, em nota, estar “apoiando predominantemente, mas não
exclusivamente, candidatos a governador, senador, deputado federal e
deputado estadual, pelo partido Novo, de cujos valores liberais
compartilha e que renunciou ao uso de verba do fundo eleitoral”.
Também aparecem na lista dos maiores doadores o empresário do setor agropecuário e sócio da consultora Dan-Hebert Valter Egidio da Costa (R$ 2,6 milhões), o vice-presidente da Calçados Beira Rio, Heitor Vanderlei Linden (R$ 2,6 milhões), o ex-presidente do Itaú Unibanco Candido Bracher (R$ 2,5 milhões).
Linden não ampliou os recursos repassados às campanhas nos últimos
dias, mas Costa não aparecia entre os dez maiores doadores antes. A
reportagem não conseguiu contato com Costa e Linden não quis comentar o
assunto.
Bracher aumentou as doações de R$ 1,5 milhão para R$ 2,5 milhões. Dos
beneficiários de Bracher, 27 são candidatos ao Senado e,
principalmente, à Câmara dos Deputados, sendo a maior parte deles do
PSDB. O executivo se diz preocupado com a situação do Legislativo brasileiro. Bracher ainda doou R$ 125 mil à direção nacional do MDB, R$ 100 mil ao candidato ao governo do Rio de Janeiro pelo PSOL, Marcelo Freixo, e R$ 50 mil ao do Acre pelo PT, Jorge Viana.
Erro na contabilidade
Na última terça-feira, 27, uma doação de R$ 800 bilhões surgiu no
ranking de doações do TSE: tratava-se de uma professora de uma
universidade federal. Procurada pela reportagem, a professora disse que
um erro havia ocorrido e que já havia entrado em contato com o TSE. Ela
chegou a enviar o comprovante à reportagem. Sua doação, de R$ 800, era
para uma candidata a deputada federal pelo Rio Grande do Sul. Na
quarta-feira, o erro havia sido corrigido.
Homens russos estão fugindo para países vizinhos para evitar a
convocação para lutar na guerra da Ucrânia; Kremlin vai parar de emitir
passaportes para convocados
As forças do Serviço Federal de Segurança da Rússia, a principal
agência sucessora do KGB, foram mobilizadas nas passagens de fronteira
para garantir que os reservistas não deixem o país “sem cumprir as
formalidades de fronteira”, disse o serviço em comunicado.
Muitos continuaram na fila mesmo tendo recebido a notificação, alguns deles desistiram de fugir, segundo a mídia estatal russa.
Russos
tentam passar de bicicleta pela fronteira com a Georgia: aumento de 80%
de russos tentando fazer a travessia após a convocação 300 mil
reservistas por Putin Foto: Irakli Gedenidze / Reuters
Na semana passada, Vladimir Putin assinou uma lei que endurece a pena
para soldados que se recusarem a combater e fugirem da convocação
obrigatória. As mudanças introduzem pela primeira vez no Código Penal do
país conceitos como “mobilização, lei marcial e tempo de guerra”.
Pela nova lei, a rendição voluntária é agora punível com 15 anos de
prisão, já o soldado que desertar durante o período de mobilização ou de
guerra (caso dos convocados agora), pode ser punido com até 10 anos de
prisão.
Segundo ONGs, manifestantes detidos em Moscou são obrigados a escolher entre ir para a guerra ou a cumprir a pena de prisão.
A corrida para as fronteiras começou horas depois do anúncio do
presidente Vladimir Putin, na semana passada, de uma convocação militar
afetando centenas de milhares de russos, e o fluxo só aumentou desde
então.
Embora o Kremlin tenha rejeitado relatos de que em breve poderá
proibir quase todos os homens em idade militar de deixar o país, muitos
russos não se arriscaram.
Na terça-feira, nas fronteiras da Geórgia, Casaquistão e até
Mongólia, seus números continuaram a aumentar, atingindo quilômetros de
fronteira.
No Casaquistão, respondendo aos pedidos de fechamento da fronteira de
quase 8 mil quilômetros com a Rússia, o presidente Kassim-Jomart
Tokaiev pediu “humanidade, paciência e organização”, dizendo que os
russos foram “forçados a sair por causa da atual situação
desesperadora”.
Com carros alinhados por quilômetros em sua fronteira e esperas de
mais de 48 horas, a Geórgia disse que permitiria que os visitantes
entrassem a pé. O número de pedidos de entrada quase dobrou na semana
passada, para cerca de 10.000 por dia, disse o ministro do Interior do
país.
Cenas como as da fronteira da Rússia com a Geórgia e com a Mongólia
também ocorreram nas divisas com o Casaquistão e a Finlândia. A Rússia
não fechou suas fronteiras, e os guardas, aparentemente, deixam as
pessoas saírem do país.
A fila de carros e caminhões tentando sair se formou em um ponto de
passagem no lado russo da fronteira, segundo a empresa norte-americana
Maxar Technologies, que divulgou as fotos na segunda-feira.
Imagem
de satélite mostra fila de mais de 16 quilômetros saindo da Rússia em
direção à Geórgia, onde a quantidade de homens russos tentando entrar no
país aumentou 80% Foto: Maxar Technologies/EFE/EPA
“O engarrafamento provavelmente continuou mais ao norte da área
fotografada”, disse a empresa com sede nos EUA. Fotos aéreas da empresa
mostram veículos serpenteando em outra longa fila perto da fronteira da
Rússia com a Mongólia.
Os carros também estão alinhados nas fronteiras da Rússia com a
Finlândia e o Casaquistão desde a semana passada, quando Putin anunciou a
convocação de pelo menos 300 mil reservistas para lutar na guerra na
Ucrânia. Foi a primeira mobilização de reservistas da Rússia desde a 2ª
Guerra.
A confusão sobre quem poderia ser convocado também levou milhares de
pessoas a fugir, juntamente com o medo de que as fronteiras da Rússia
pudessem ser fechadas para homens em idade militar.
Homens
russos com malas caminham ao longo da rodovia que liga a Geórgia à
Rússia na cidade de Verkhnii Lars: milhares tentam cruzar a
fronteira Foto: Zurab Kurtsikidze/EFE/EPA
Eles não têm muitas opções se não quiserem se deslocar para a
Ucrânia. As nações bálticas fecharam suas fronteiras terrestres. Nos
últimos dias, pilhas de bicicletas abandonadas perto de postos de
fronteira apareceram em imagens de mídia social.
Rússia vai parar de emitir passaportes para convocados
A Rússia não emitirá mais passaportes para pessoas convocadas para o
Exército, informou o portal de informações do governo nesta
quarta-feira, em um momento em que dezenas de milhares de pessoas já
deixaram o país fugindo da mobilização parcial anunciada pelo presidente
Vladimir Putin na semana passada.
“Se um cidadão já foi convocado para cumprir o serviço militar ou se
recebeu intimação (para mobilização ou alistamento), o seu passaporte
internacional será rejeitado”, diz o portal de informação. Nesse caso,
“será entregue uma nota ao cidadão para explicar o motivo da rejeição e o
prazo de validade da medida”.
Cidadãos russos precisam de um passaporte internacional para viajar
para a maioria dos países estrangeiros, com exceção de Armênia,
Bielorrússia, Casaquistão e Quirguistão para onde podem ir com o
passaporte interno, equivalente a um documento de identidade. Apesar
disso, encontrar voos para sair da Rússia ainda é uma tarefa complicada e
extremamente cara: um voo de Moscou para Baku, no Azerbaijão, podia ser
encontrado por até 665 mil rublos (R$ 61,6 mil).
Nos últimos dias, no entanto, países como a Noruega e a Turquia registraram um aumento de chegadas de cidadãos russos.
Depois de anunciar a mobilização parcial de 300 mil reservistas, o
governo estabeleceu uma série de restrições a quem poderia ser chamado,
como homens com mais de quatro filhos menores de idade, pessoas acima de
determinada idade, além de determinados profissionais, como professores
e do setor de Tecnologia da Informação.
Putin anuncia ‘mobilização parcial’ de russos em idade de combate
Medida foi tomada no país pela última vez na 2ª Guerra, quatro
regiões controladas por Moscou na Ucrânia anunciaram referendos para
integração a Rússia
No começo da semana, no entanto, o governo russo admitiu “erros” na
convocação de reservistas, após uma série de denúncias vindas de todas
as partes do país, e de críticas vindas até mesmo de aliados.
Vários estudantes disseram à AFP que foram convocados, apesar de as
autoridades terem prometido que seriam excluídos na campanha de
mobilização. No sábado, Putin assinou um decreto confirmando que os
estudantes de centros de formação profissional e de ensino superior
ficarão isentos.
Outra situação que criou polêmica é o caso de manifestantes contra a
ofensiva na Ucrânia que receberam ordens de mobilização durante sua
custódia. O Kremlin disse que, nesses casos, “não havia nada ilegal”.
Em meio às convocações, que em algumas áreas ocorrem no meio da
noite, as redes sociais foram inundadas de denúncias de violações das
próprias regras do Kremlin. Sob pressão, alguns aliados, como a chefe da
rede RT, Margarita Simonyan, estão expondo certos casos — cabe
ressaltar que Simonyan, uma das principais propagandistas do Kremlin,
defende ferrenhamente a chamada “operação militar especial”.
A presidente da Câmara Alta do Parlamento, Valentina Matviyenko,
também pediu no domingo atenção dos governadores, que supervisionam as
campanhas de mobilização. Um dia antes, a Rússia anunciou a substituição
de seu general de mais alta patente a cargo da logística, em plena
campanha de mobilização./ W.POST, NYT e AP
Por Mateus Feitosa – designer gráfico, professor do curso de Design
Gráfico da Faculdade Senac Goiás (go.senac.br), especialista em
processos e produtos criativos
O século XXI em seu primeiro quarto trouxe-nos avanços tecnológicos
antes apenas sonhados por nossas gerações passadas. As comunicações e as
formas com que geramos conexões foram revolucionadas para além do que
estávamos preparados no mercado. Teóricos do século XX se propuseram a
entender como estabelecemos nossas relações sociais neste período
pós-moderno, em que as estruturas de consumo são dadas pela volatilidade
e constante renovação. Zygmunt Bauman, filósofo polonês, estabeleceu
que nesta quadra da sociedade humana a modernidade é líquida, em
oposição à rigidez dos séculos passados. O consumo é individualizado,
personalizado, direcionado e influenciador de decisões.
O foco do consumo deixa de ser o desenvolver da oferta coletiva e
busca suprir demandas de grupos de nicho. A partir destes grupos, Henry
Jenkins, intelectual americano que se dedica a explorar os caminhos das
comunicações, vai estabelecer o conceito de cultura da conexão. Estamos o
tempo todo a nos conectarmos uns com os outros em diferentes níveis,
caracterizados pela sua instantaneidade. É neste choque entre liberdade
de escolha e influência de nicho que as redes sociais evoluem e se
multiplicam como representações da realidade.
Mídias sociais como Facebook, Instagram e Twitter, são formadoras e
disseminadoras de opinião que permitem ao indivíduo se sentir
pertencente a um grupo ao validar sua opinião de forma pública e
estabelecer posição contra suas discordâncias. Estas redes funcionam por
meio de reforço positivo, em que somos recompensados pelo engajamento
com likes e comentários.
As empresas desenvolveram suas formas de participar destas ágoras de
maneira efetiva e buscam reforçar suas imagens como reflexo dos
posicionamentos individualizados de seus consumidores. Sabemos nos
conectar com nossos clientes em uma relação horizontal, desde que
pública. Contudo, o nível privado de comunicação oferece desafios
diferentes.
Em plataformas privadas, como Whatsapp e Telegram, canais de
comunicação são criados de forma sigilosa, sem contrapontos. Se por um
lado estas redes permitem a troca instantânea de informação entre
pessoas e grupos, por outro, representa um desafio para as empresas que
não podem participar do debate sobre suas imagens, é o que conhecemos
como Dark Social.
Na Dark Social, as empresas estão no escuro, temos métricas de
compartilhamento, engajamento e feedback das repercussões em redes
sociais abertas, o que não se reflete em mensageiros instantâneos. O
desafio está no volume de engajamento não detectado pelas métricas
abertas e o impacto que este traz às estratégias de marketing.
Ainda que em um primeiro momento possa assustar a falta de controle
por parte das empresas, a Dark Social não representa necessariamente um
ponto negativo das nossas estratégias. Temos ferramentas que auxiliam,
ao fornecer informações importantes como o direcionamento do tráfego,
para quais plataformas foram compartilhados ou ainda, ao estabelecer a
relação entre os visitantes gerais e aqueles que vieram por link direto.
Conhecer estes dados é fundamental para melhor gerir o investimento
feito e analisar o retorno esperado. A gestão da comunicação nas mídias
não segue uma fórmula básica e exige estudo e investigação por parte de
nossas equipes para conhecermos nossa audiência e reconhecermos onde ela
está presente. Este é o desafio, como disse Sócrates, conhece-te a ti
mesmo!
ESCALANDO NEGÓCIOS DA VALEON
1 – Qual é o seu mercado? Qual é o tamanho dele?
O nosso mercado será atingir os 766 mil habitantes do Vale do
Aço e poder divulgar os produtos / serviços para vocês clientes,
lojistas, prestadores de serviços e profissionais autônomos e obter dos
consumidores e usuários a sua audiência.
A ValeOn atenderá a todos os nichos de mercado da região e
especialmente aos pequenos e microempresários da região que não
conseguem entrar no comércio eletrônico para usufruir dos benefícios que
ele proporciona. Pretendemos cadastrar todas as empresas locais com
CNPJ ou não e coloca-las na internet.
2 – Qual problema a sua empresa está tentando resolver? O mercado já expressou a necessidade dessa solução?
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disponibilizamos para utilização das Empresas, Prestadores de Serviços e
Profissionais Autônomos e para a audiência é um produto inovador sem
concorrentes na região e foi projetada para atender às necessidades
locais e oferecemos condições de adesão muito mais em conta que qualquer
outro meio de comunicação.
Viemos para suprir as demandas da região no que tange a
divulgação de produtos/serviços cuja finalidade é a prestação de
serviços diferenciados para a conquista cada vez maior de mais clientes e
públicos.
O nosso diferencial está focado nas empresas da região ao
resolvermos a dor da falta de comunicação entre as empresas e seus
clientes. Essa dor é resolvida através de uma tecnologia eficiente que
permite que cada empresa / serviços tenha o seu próprio site e possa
expor os seus produtos e promoções para os seus clientes / usuários ao
utilizar a plataforma da ValeOn.
3 – Quais métodos você usará para o crescimento? O seu mercado está propício para esse tipo de crescimento?
Estratégias para o crescimento da nossa empresa
Investimento na satisfação do cliente. Fidelizar é mais barato do que atrair novos clientes.
Equilíbrio
financeiro e rentabilidade. Capital de giro, controle de fluxo de caixa
e análises de rentabilidade são termos que devem fazer parte da rotina
de uma empresa que tenha o objetivo de crescer.
Desenvolvimento
de um planejamento estratégico. Planejar-se estrategicamente é como
definir com antecedência um roteiro de viagem ao destino final.
Investimento
em marketing. Sem marketing, nem gigantes como a Coca-Cola
sobreviveriam em um mercado feroz e competitivo ao extremo.
Recrutamento e gestão de pessoas. Pessoas são sempre o maior patrimônio de uma empresa.
O mercado é um ambiente altamente volátil e competitivo. Para
conquistar o sucesso, os gestores precisam estar conectados às demandas
de consumo e preparados para respondê-las com eficiência.
Para isso, é essencial que os líderes procurem conhecer (e
entender) as preferências do cliente e as tendências em vigor. Em um
cenário em que tudo muda o tempo todo, ignorar as movimentações externas
é um equívoco geralmente fatal.
Planeje-se, portanto, para reservar um tempo dedicado ao
estudo do consumidor e (por que não?) da concorrência. Ao observar as
melhores práticas e conhecer quais têm sido os retornos, assim podemos
identificar oportunidades para melhorar nossa operação e, assim,
desenvolver a bossa empresa.
4 – Quem são seus principais concorrentes e há quanto tempo
eles estão no mercado? Quão grandes eles são comparados à sua empresa?
Descreva suas marcas.
Nossos concorrentes indiretos costumam ser sites da área,
sites de diretório e sites de mídia social. Nós não estamos apenas
competindo com outras marcas – estamos competindo com todos os sites que
desejam nos desconectar do nosso potencial comprador.
Nosso concorrente maior ainda é a comunicação offline que é
formada por meios de comunicação de massa como rádios, propagandas de
TV, revistas, outdoors, panfletos e outras mídias impressas e estão no
mercado há muito tempo, bem antes da nossa Startup Valeon.
5 – Sua empresa está bem estabelecida? Quais práticas e procedimentos são considerados parte da identidade do setor?
A nossa empresa Startup Valeon é bem estabelecida e
concentramos em objetivos financeiros e comerciais de curto prazo,
desconsideramos a concorrência recém chegada no mercado até que deixem
de ser calouros, e ignoramos as pequenas tendências de mercado até que
representem mudanças catastróficas.
“Empresas bem estabelecidas igual à Startp Valeon devemos começar a pensar como disruptores”, diz Paul Earle,
professor leitor adjunto de inovação e empreendedorismo na Kellogg
School. “Não é uma escolha. Toda a nossa existência está em risco”.
6 – Se você quiser superar seus concorrentes, será necessário escalar o seu negócio?
A escalabilidade é um conceito administrativo usado para
identificar as oportunidades de que um negócio aumente o faturamento,
sem que precise alavancar seus custos operacionais em igual medida. Ou
seja: a arte de fazer mais, com menos!
Então, podemos resumir que um empreendimento escalável é
aquele que consegue aumentar sua produtividade, alcance e receita sem
aumentar os gastos. Na maioria dos casos, a escalabilidade é atingida
por conta de boas redes de relacionamento e decisões gerenciais bem
acertadas.
Além disso, vale lembrar que um negócio escalável também
passa por uma fase de otimização, que é o conceito focado em enxugar o
funcionamento de uma empresa, examinando gastos, cortando desperdícios e
eliminando a ociosidade.
Sendo assim, a otimização acaba sendo uma etapa inevitável
até a conquista da escalabilidade. Afinal de contas, é disso que se
trata esse conceito: atingir o máximo de eficiência, aumentando clientes, vendas, projetos e afins, sem expandir os gastos da operação de maneira expressiva.
Pretendemos escalar o nosso negócio que é o site marketplace da Startup Valeon da seguinte forma:
objetivo final em alguma métrica clara, como crescimento percentual em vendas, projetos, clientes e afins;
etapas e práticas que serão tomadas ao longo do ano para alcançar a meta;
decisões acertadas na contratação de novos colaboradores;
gerenciamento de recursos focado em otimização.
Nossos contatos: Fones: (31) 3827-2297 e (31) 98428-0590 (App)
O caos da semana passada pode ser incorretamente reconfortante.
Apesar de a Rússia continuar a lidar desastrosamente com a sua guerra na
Ucrânia, o momento mais perigoso do conflito pode estar a aproximar-se.
Em algum momento desta semana, o Kremlin irá provavelmente declarar
que os referendos “fictícios” em quatro áreas parcialmente ocupadas da
Ucrânia deram um mandato para a sua rápida assimilação no que Moscovo
chama de território russo.
Os referendos são ilegais à luz do direito internacional, e a
Ucrânia, os Estados Unidos e o resto da NATO já deixaram claro que esta
medida não terá estatuto legal e conduzirá a sanções.
Mas ainda assim isso acontecerá, e a Rússia irá provavelmente
aproveitar o momento para ampliar a ameaça central por detrás desta
charada, declarada abertamente pelo ministro dos Negócios Estrangeiros,
Sergey Lavrov, no fim-de-semana: que Moscovo se reserva o direito de
“proteger plenamente” áreas que se tenham tornado formalmente território
seu.
A ameaça de Moscovo é claramente nuclear. Putin apresentou a sua
retórica belicosa – avisando na semana passada que a Rússia “fará uso de
todos os sistemas de armas disponíveis”, se necessário – como resposta a
ameaças nucleares inexistentes da NATO.
Mas os seus funcionários oficiais têm sido assustadoramente claros:
querem que a utilização de armas nucleares seja considerada uma
possibilidade real e, como Putin disse, “não é um bluff”.
Isto levou a uma mudança arrepiante nas mensagens de Washington.
Durante meses, os oficiais ocidentais afastaram quaisquer sugestões
de que o conflito nuclear estava sequer em consideração. Agora o
Presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, e os funcionários do seu
gabinete, são forçados a enviar publicamente mensagens de dissuasão e
prontidão para tranquilizar os seus aliados – e quase todos os outros no
Planeta Terra.
É verdadeiramente desconfortável viver numa época em que o governo
dos EUA sente que tem de avisar publicamente uma Rússia em tempo de
guerra – uma Rússia que está a perder pesada e inesperadamente contra um
vizinho que sempre pensou poder subjugar à sua vontade – que usar armas
nucleares é má ideia. Os princípios da destruição mútua assegurada, que
trouxeram uma calma sombria à Guerra Fria, parecem ter caducado.
Estamos confrontados com uma Rússia que quer projetar a imagem de um
louco pronto a perder tudo – e para todos – se for confrontada com uma
derrota nesta guerra.
Putin está muito mais fraco agora
Este é um momento binário para Putin, que não tem nenhuma rampa de subida ou de saída suave disponível.
A mobilização parcial de civis russos tem sido tão desastrosa como
qualquer pessoa que tenha observado o recrutamento na Rússia ao longo
das décadas teria esperado: estão a ser recrutadas as pessoas “erradas”,
já que os ricos fogem e os pobres são em maior número do que todos os
outros.
Espingardas enferrujadas, cargas bêbadas de recrutas em autocarros, e
ainda nenhuma resposta à questão-chave sobre como estas dezenas de
milhares de soldados sem formação e talvez sem vontade serão abastecidos
e equipados na linha da frente, se Moscovo não conseguir sequer equipar
adequadamente o seu exército regular durante os últimos seis meses?
A crise na Rússia de Putin não teve de esperar que os
recém-mobilizados regressassem em caixões. O caos da mobilização já tem
líderes da propaganda do Kremlin, como Margarita Simonian, a chefe da
rede estatal RT, a agir no Twitter como uma tia agónica para os russos
cujos pais, filhos ou maridos foram incorretamente enviados para a linha
da frente.
Eles argumentam que funcionários locais demasiado zelosos são
culpados por erros de recrutamento, mas por baixo de tudo isto, é a
guerra, e a sua terrível continuação, que têm conduzido a Rússia até
aqui. O reconhecimento da catástrofe da mobilização pela elite de
Moscovo tresanda um pouco a críticas ao próprio chefe, o que é raro.
Tudo isto deixa Putin muito mais fraco do que quando ele estava
apenas a perder a guerra. Para agravar os seus pesares, Putin enfrenta
agora uma dissidência interna que talvez não tenha precedentes. A sua
posição depende da força, e isso falta-lhe agora, quase completamente. É
pouco provável que a mobilização forçada de homens mais velhos e jovens
pouco dispostos mude o cálculo do campo de batalha, onde o moral
ucraniano é altíssimo e o seu equipamento melhora lentamente.
Não procure a mudança dentro do círculo interno de Putin. Todos eles
estão cobertos pelo mesmo sangue desta guerra, e por detrás do lento
ritmo da repressão que transformou a Rússia numa autocracia distópica ao
longo dos últimos 22 anos. Putin não tem um sucessor óbvio; não espere
que alguém que finalmente o substitua inverta o rumo e siga pela paz e
pela recuperação económica. Qualquer sucessor pode tentar provar a sua
coragem com um exercício ainda mais imprudente do que a invasão original
da Ucrânia.
E a seguir?
Ficamos então com um Putin perdedor que não se pode dar ao luxo de
perder. Sem muita força convencional, ele poderá recorrer a outras
ferramentas para inverter esta posição desastrosa.
Aviões estratégicos podem bombardear partes da Ucrânia, embora em
muitas das suas cidades e vilas pareça que isso já aconteceu. Ele poderá
também recorrer a armas químicas ou biológicas, embora estas estejam
demasiado perto da sua própria fronteira para sanidade ou conforto, e
levariam a uma resposta internacional intensa.
E depois há a opção nuclear – uma opção outrora tão impensável que
parece uma loucura considera-la. Mas isso também traz riscos a Putin,
além da provável retaliação militar da NATO. Uma força militar que não
consegue pôr a voar o suficiente os seus aviões nem abastecer o
suficiente os seus tanques, tem problemas. E pode legitimar receios de
que não consiga realizar um ataque nuclear tático preciso, limitado e
eficaz.
O próprio Putin poderá recear que o seu fraco domínio do poder não
consiga manter uma cadeia de comando suficientemente sólida para
realmente obedecer à ordem de lançamento de uma arma nuclear. Esse
poderia mesmo ser o momento em que os melhores anjos da natureza russa
viessem à tona. Nos cinco anos que lá vivi, conheci um povo brilhante,
quente e cintilante, arruinado sobretudo por séculos de má governação.
No entanto, nos dias que se avizinham, será tentador desvalorizar as
amplas reivindicações de soberania e de guerra de Moscovo como sendo a
agonia moribunda de um império que se esqueceu de olhar para debaixo do
capô antes de ir de carro para uma tempestade. Este é um momento de
ganhar ou perder para Putin, e ele não vê um futuro em que perca.
“Vai dar canetada e me prender?”, diz Bolsonaro ao criticar Moraes por quebrar sigilo de auxiliar Por Gazeta do Povo
O presidente Jair Bolsonaro (PL).| Foto: Joédson Alves/EFE.
O
presidente Jair Bolsonaro (PL), candidato à reeleição, criticou o
presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), Alexandre de Moraes,
por determinar a quebra do sigilo telemático do ajudante de ordens da
Presidência, o tenente-coronel Mauro Cesar Barbosa Cid. Durante live,
nesta terça-feira (27), Bolsonaro chegou a desafiar Moraes a prendê-lo.
“Alexandre, você mexer comigo, é uma coisa. Você mexer com a minha
esposa você ultrapassou todos os limites, Alexandre de Moraes. Todos os
limites. Você está pensando o que da vida? Que você pode tudo e tudo
bem? Você um dia vai dar uma canetada e me prender? É isso que passa
pela sua cabeça?”, disse o presidente.
A declaração ocorreu porque após a quebra do sigilo, determinada por
Moraes, a Polícia Federal teria começado a investigar despesas da
primeira-dama, Michelle Bolsonaro, que teriam sido pagas por Cid. A
quebra do sigilo telemático do ajudante de ordens ocorreu no âmbito da
investigação sobre o vazamento do inquérito sigiloso da PF em uma live
do presidente.
Nesta segunda-feira (26), o assunto se tornou público, quando a Folha
de S. Paulo divulgou uma reportagem afirmando que a PF considerou as
movimentações suspeitas. Após verem o conteúdo das mensagens, os
investigadores pediram a quebra do sigilo bancário de Cid, para
investigar a origem do dinheiro utilizado nos pagamentos, e foram
atendidos por Moraes. Bolsonaro acusou o ministro de “vazar” o inquérito
para o jornal.
“Já está errado porque o Alexandre de Moraes vazou. Foi o Alexandre
de Moraes que vazou. Não vem com papinho que foi a PF não porque esse
pessoal da PF, Alexandre de Moraes, come na tua mão. Então foi você que
vazou. Pra quê? Na reta final [da campanha], criar clima”, afirmou o
presidente.
Bolsonaro disse ainda que não iria “adjetivar” as ações do ministro
porque tem “vergonha” de falar o adjetivo que ele “merece”. O mandatário
disse que o suposto vazamento do inquérito por Moraes ocorreu para
constrangê-lo.
“Ele pega isso tudo, que tem a ver com minha vida particular, e
difama. Eu não vou adjetivar aqui porque eu tenho vergonha de falar o
adjetivo que merece o Alexandre de Moraes… Alexandre, fazer um pedido
para você. Esqueça a minha esposa. Esqueça a minha esposa. Isso é
comportamento de pessoas vis”, declarou o presidente, exaltado.
Manutenção do valor atual do Auxílio Brasil é promessa dos principais candidatos ao Planalto.| Foto: Divulgação/Governo Federal
Na campanha dos principais candidatos à Presidência da República,
infelizmente falta realismo e sobra a fé na geração espontânea de
dinheiro público quando se trata das propostas que têm impacto sobre o
orçamento federal. Sem exceção, os acenos dos presidenciáveis às classes
mais baixas têm se caracterizado pela ausência completa de explicações a
respeito de como os benefícios prometidos seriam viabilizados – e menos
ainda se fala de como esses novos gastos se encaixariam dentro das
atuais ferramentas de ajuste fiscal.
A Gazeta do Povo realizou um levantamento considerando os planos de
governo dos cinco principais candidatos – à exceção de Lula, que
entregou ao TSE apenas um punhado de diretrizes, escondendo o verdadeiro
plano de governo para não atrapalhar a cooptação de apoios fora da
esquerda – e outras propostas que têm aparecido na propaganda eleitoral.
Pelo lado da despesa, os presidenciáveis prometem Auxílio Brasil
“turbinado”, programas de renda mínima que superam os valores pagos
atualmente, “poupanças sociais” e construção de moradias populares. Pelo
lado da receita, eles acenam com o reajuste (há muito necessário) da
tabela do Imposto de Renda Pessoa Física, outras isenções de IR e
alíquota zero para o Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI).
Uma economia em ordem é a melhor forma de ajudar os mais pobres, pois
contém a inflação e os juros, estimulando investimentos que geram
emprego e renda
Elevar despesas e cortar receitas ao mesmo tempo já é o tipo de conta
que obviamente não fecha; e, mesmo nos poucos casos em que os
candidatos mencionam possíveis fontes de financiamento para suas
propostas de gastos mais elevados, o brasileiro tem motivo para se
preocupar. Isso porque tais fontes ainda não existem – trata-se de
impostos que ainda teriam de ser aprovados pelo Congresso Nacional, como
tributações sobre lucros e dividendos ou sobre grandes fortunas.
Levando em conta que mesmo uma simplificação tributária já tramita com
enorme dificuldade no Legislativo, a instituição de novos impostos é
algo que encontraria ainda mais resistência dos futuros parlamentares.
De qualquer forma, apenas indicar fontes de financiamento não basta.
Ainda que a arrecadação federal começasse a bater recordes sucessivos,
ainda que um governo levantasse centenas de bilhões de reais com
privatizações, a despesa total da União continuaria limitada pelo
mecanismo do teto de gastos. E os candidatos que se comprometeram com a
manutenção do teto – pois há os que não escondem a intenção de
derrubá-lo – são incapazes de explicar o que cortariam para encaixar as
novas despesas. Isso apesar de ser evidente que o orçamento tem uma
série de imoralidades, desperdícios, gastos ineficientes e
engessamentos; eles poderiam muito bem ser atacados para permitir novos
gastos sem romper o teto, mas isso exigiria fazer uma série de escolhas
que deixariam muitos insatisfeitos.
O socorro aos brasileiros mais vulneráveis é uma urgência
nacional. Mas elevar gastos com programas de ajuda sem preocupação com a
responsabilidade fiscal terá as consequências que já conhecemos,
especialmente na forma de recessão, desemprego e inflação – esta última,
“a principal consequência de medidas eleitoreiras de gastos
irresponsáveis”, na descrição de Alexandre Chaia, economista e professor
do Insper. Ele ainda acrescenta que “a inflação é o pior tipo de
‘imposto’ para quem tem pouca renda, porque a pessoa não consegue se
proteger, tudo sobe mais rápido do que o salário e ela fica sempre
correndo atrás”.
Combinar uma maior rede de proteção aos brasileiros mais pobres com
saúde fiscal é mais trabalhoso, embora factível. Uma economia em ordem é
a melhor forma de ajudar os mais pobres, pois contém a inflação e os
juros, estimulando investimentos que geram emprego e renda. Este é o
objetivo que todo candidato deveria buscar, empregando todos os meios ao
alcance para tal, especialmente uma racionalização do orçamento e das
atuais regras que deixam uma porcentagem mínima dos recursos públicos
para que os governantes executem os programas vencedores nas urnas. Crer
que é possível esticar ilimitadamente o gasto público sem que isso
cobre seu preço na forma de desordem econômica é puro terraplanismo
orçamentário.
Ex-presidente Lula, candidato à Presidência da República nas eleições deste ano.| Foto: Ricardo Stuckert/PT.
O
ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Gilmar Mendes concedeu na
noite desta terça-feira (27) uma liminar em favor do ex-presidente Luiz
Inácio Lula da Silva (PT) suspendendo a cobrança de R$ 18 milhões em
impostos à Receita Federal. Nesta segunda (26), o petista recorreu à
Corte contra uma determinação do procurador da Fazenda Nacional Daniel
Wagner Gamboa que cobrava o montante. O valor seria referente às
atividades do Instituto Lula e a LILS, empresa de palestras do político.
Gamboa fez a cobrança baseado em provas da extinta operação Lava
Jato. No ano passado, o STF declarou a 13ª Vara Federal de Curitiba,
responsável pela Lava Jato, incompetente para julgar o ex-presidente e
com isso invalidou as provas obtidas. A Corte também declarou a
suspeição do então juiz Sergio Moro.
A defesa do petista argumentou que todas as provas produzidas no
âmbito da operação “estão maculadas irremediavelmente por nulidade
absoluta e, assim, devem ser declaradas ilícitas”. Mendes criticou a
atuação do procurador no caso e suspendeu a cobrança de forma
provisória, até que a reclamação apresentada por Lula seja julgada
definitivamente.
Para o ministro, que é relator da ação, “os autos trazem indícios
claros de que agentes públicos estão se valendo de expediente
flagrantemente ilegal, com claro prejuízo ao patrimônio jurídico do
Reclamante [Lula], e evidente repercussão no processo eleitoral”.
O procurador alegou que “o STF não inocentou o réu Luiz Inácio Lula
da Silva” e “não tratou do mérito da condenação”. “Não foi afirmado, em
hora nenhuma, que o réu é inocente, mas considerou-se que não cabia à
Justiça Federal do Paraná julgá-lo naqueles processos específicos. Para o
STF, a sentença dada no Paraná foi irregular e, por isso, inválida”,
disse Gamboa.
O ministro rebateu a alegação do procurador, a quem chamou de
“incauto parecerista” na decisão. “A distinção entre ‘sentença
irregular’ e ‘inocência’, tecida pelo incauto parecerista, é de
cristalina leviandade. Tal manifestação do Procurador da Fazenda
Nacional, encampada parcialmente pelo ato reclamado, ostenta nítidos
contornos teratológicos e certa coloração ideológica”, escreveu Mendes.
“Quanto não demonstra, antes, alguma fragilidade intelectual, por
desconsiderar algo que é de conhecimento de qualquer estudante do
terceiro semestre do curso de Direito: ante a ausência de sentença
condenatória penal qualquer cidadão conserva, sim, o estado de
inocência”, completou o ministro.
Prédio do triplex Lula busca na Justiça devolução de R$ 815 mil pagos por apartamento no Guarujá
Por Renan Ramalho – Gazeta do Povo Brasília
Edificio
Solaris, na praia das Asturias, no Guaruja, litoral de Sao Paulo –
Edificio Solaris na Avenida General Monteiro de Barros 638, virou ponto
turistico e passou a ser chamado de Triplex do Lula. O predio Solaris
levou o ex-presidente Lula a condenacao em primeira instancia.
Lula quer receber de volta valores pagos por Marisa Letícia por
apartamento no edifício Solaris, no Guarujá, litoral de São Paulo| Foto:
Arquivo/Gazeta do Povo
Desde setembro do ano passado, o
ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) tenta obrigar a OAS
Empreendimentos a devolver a ele R$ 815.344,30, pagos pela
ex-primeira-dama Marisa Letícia, falecida em 2017, para aquisição de um
apartamento em Guarujá (SP). O imóvel fica no mesmo condomínio do famoso
triplex, que levou o petista a ser condenado por corrupção e lavagem de
dinheiro – sentença anulada em 2021 pelo Supremo Tribunal Federal
(STF).
Em 2005, quando Lula era presidente, a então primeira-dama reservou,
na planta, a unidade 141 do futuro Edifício Navia, apartamento de três
quartos e 82,5 metros quadrados. Deu uma entrada de R$ 20 mil e pagou
parcelas mensais até setembro de 2009. O empreendimento, então batizado
como Mar Cantábrico, era de responsabilidade da Bancoop, cooperativa
habitacional dos bancários, e deveria ter sido concluído até fevereiro
de 2007.
A obra atrasou e, em outubro de 2009, sem condições de mantê-la, a
Bancoop passou o prédio, que passou a se chamar Solaris, para o grupo
OAS. Caberia à construtora terminá-lo, o que ocorreu só em 2013, com a
entrega das unidades.
Marisa Letícia decidiu devolver o apartamento em 2015. Na época, Lula
era investigado pelo Ministério Público de São Paulo pela suspeita de
ocultar a propriedade do triplex, unidade bem maior, de 297 metros
quadrados, localizada entre o 16º e o 18º andar do mesmo prédio. Os
promotores paulistas sustentavam que ele havia sido reservado e
reformado pela OAS para Lula. Em 2016, o caso foi transferido para a
Lava Jato em Curitiba e, em setembro do mesmo ano, o Ministério Público
Federal denunciou Lula por corrupção e lavagem de dinheiro.
O ex-presidente sempre disse que nunca foi dono do triplex, apenas
que ele lhe foi oferecido, mas que nunca aceitou comprá-lo. De fato, não
há escritura da propriedade em nome de Lula. O MPF sustentou, com base
nas provas colhidas pelo MP-SP, que o imóvel era do ex-presidente, mas
não foi registrado em seu nome para ocultar uma vantagem indevida de R$
2,4 milhões, que corresponderia à diferença entre o apartamento antes
adquirido por Marisa e o triplex reformado. Seria uma contrapartida por
contratos bilionários firmados entre a OAS e a Petrobras – relação que a
defesa de Lula também sempre contestou.
As acusações levaram o ex-juiz Sergio Moro a condenar Lula a 9 anos e
11 meses de prisão. A sentença foi confirmada pelo Tribunal Regional
Federal da 4ª Região (TRF-4) e pelo Superior Tribunal de Justiça (STJ),
que reduziu a pena para 8 anos e 10 meses.
Ao anular a condenação, no ano passado, o STF não adentrou no mérito
do caso, apenas invalidou a sentença por entender que o processo deveria
ter tramitado em Brasília, não em Curitiba. Depois a Corte acabou
anulando boa parte das provas por considerar que Moro foi parcial na
condução do caso. Em Brasília, o processo foi arquivado em 2022 por
prescrição.
Viúvo, Lula é inventariante do espólio de Marisa Letícia Lula
hoje figura no processo contra a OAS por ser o inventariante do espólio
de Marisa Letícia. A OAS e a Bancoop foram condenadas em abril de 2019 a
devolver os R$ 815 mil, dois anos após o ajuizamento da ação. O STJ já
rejeitou um recurso da construtora para se livrar da dívida e, agora, a
defesa de Lula batalha numa outra ação, de execução, para forçá-la a
pagar. Em dezembro do ano passado, o juiz Adilson Aparecido Rodrigues
Cruz, da 34ª Vara Cível de São Paulo, bloqueou contas bancárias da OAS
para reter o valor e efetivar o pagamento a Lula.
A OAS, no entanto, está em recuperação judicial e nada foi encontrado
em suas contas. Lula passou, então, a cobrar a dívida da Metha, uma
nova empresa formada pela maioria dos antigos sócios da OAS e que
assumiu parte dos negócios do grupo.
Em abril, a OAS pediu no processo que a dívida não fosse cobrada da
Metha. Alegou que o caso ainda não transitou em julgado, pois teria
recursos judiciais pendentes, e que todos os ativos da OAS “estão
tomados por dívidas preferenciais ou estão atrelados ao cumprimento das
obrigações previstas no plano de recuperação judicial”.
“A OASE [OAS Empreendimentos] continua em processo de recuperação
econômica, passando por longos anos de dificuldades financeiras, que a
levaram, inclusive, a um processo de recuperação judicial e, se não
bastasse, na reta final de sua recuperação, se viu obrigada a encarar
uma pandemia que assolou o mundo”, alegou, acrescentando que a
recuperação judicial “ainda demandará anos para ser cumprida”.
“Não é nada simples – para não falar impossível que uma empresa, que
ainda passa por severa dificuldade financeira, tenha bens ou ativos
livres para fazer frente a um vultoso débito”, disseram os advogados.
Em junho, a defesa de Lula protestou contra a tentativa da OAS de
livrar a Metha do caso, e também pediu o bloqueio de suas contas. Alegou
que a construtora passou a operar contas em nome da sucessora para
escapar das dívidas e ocultar seu patrimônio, o que deveria levar a
Justiça a aplicar-lhe uma multa, que pode chegar a R$ 163 mil (20% do
valor da causa), além do imediato pagamento da restituição a Lula.
“Não reconhecer a sucessão é autorizar conduta fraudulenta, ao não
responsabilizar a Metha, que assumiu o controle do Grupo Econômico da
OAS, inclusive passando a representá-lo judicialmente e notoriamente
constituída para suceder a OAS, mas sem honrar suas obrigações”,
disseram os advogados de Lula, acrescentando que, no último balanço
divulgado, de 2018, a empresa declarava receita de R$ 28 milhões. “Não é
factível que uma empresa deste porte, que propaga diversos
empreendimentos, não tenha um real em suas contas”, completou.
Desde essa manifestação da defesa de Lula, em junho, não houve mais movimentações no processo de execução da dívida.
Quem ficou com o triplex? O triplex foi confiscado em 2017, logo
após a condenação de Lula. Desde então, passou por dois novos donos. Em
2018, o empresário Fernando Gontijo arrematou o imóvel num leilão da
Justiça Federal no Paraná por R$ 2,2 milhões. Neste ano, ele foi
sorteado numa rifa pela internet para um morador de São Paulo.