Três cenários para a
Petrobras em 2015
O que se afigura para a maior empresa do País e
quais cuidados os investidores devem tomar
Cláudio
Gradilone
Quando se
pensava que as más notícias dariam uma trégua no fim do ano, em plena véspera
de Natal, a Petrobras está sendo processada por uma cidade inteira. O município
de Providence, capital do estado americano de Rhode Island, o menor dos Estados
Unidos, entrou com um processo conta a presidente da Petrobras, Graça Foster, o
diretor financiero Almir Barbassa e 15 bancos de investimento que participaram
da distribuição das ações da empresa em 2010, entre eles Itaú BBA, Bradesco,
Morgan Stanley, Citigroup, Santander e JP Morgan.
Se a
História ensina algumas lições, o precedente não é bom. Embora pequeno, Rhode
Island é um celeiro de encrencas. Foi a primeira das 13 colônias americanas a
declarar sua independência da Inglaterra, em 4 de maio de 1776, dois meses
antes do restante do país e, paradoxalmente, a última a assinar a Constituição
dos Estados Unidos. Em sua petição inicial, o município acusa a empresa de
inflar seus ativos para sobrevalorizar os preços das ações. Como conseqüência
disso, os papéis da estatal amargam quedas de 3,5% em um pregão fraco,
imprensado entre o Natal e o fim de semana.
Apenas
mais uma notícia ruim ou algo mais sério? Para os analistas, é difícil
responder essa questão com segurança. No entanto, é possível traçar três
cenários básicos, em ordem crescente de probabilidade:
1)
cenário pessimista. A estatal permanece com a atual diretoria e com Graça
Foster no cargo, e não consegue publicar suas demonstrações financeiras
auditadas até o dia 31 de janeiro de 2015. Isso pode levar alguns dos credores
a executar as covenants que antecipam o vencimento das dívidas. A Petrobras
terá seu caixa drenado, e poderá até ter problemas para honrar alguns de seus
compromissos financeiros, embora não seja provável uma perda do grau de
investimento, devido a um eventual socorro do Tesouro. A probabilidade é baixa
e as ações assumirão um perfil ainda mais especulativo.
2)
cenário otimista. A presidência da empresa é assumida por algum executivo que
reconquista a confiança do mercado. A Petrobras consegue publicar um balanço
auditado, normalizando a rolagem de suas dívidas. As ações devem iniciar um
lento, mas irregular, período de recuperação. A probabilidade é baixa, mas um
pouco maior do que a pessimista.
3)
cenário intermediário. A estatal permanece com a atual diretoria, mas consegue
publicar um balanço auditado, normalizando sua situação financeira e a rolagem
das dívidas. Haverá uma postergação ou redução dos investimentos em prospecção,
tornando mais lenta e mais volátil a recuperação das ações.
Nesses
três casos, o que fazer? As ações da Petrobras estão baratas, mas não quer
dizer que elas não possam vir a ficar ainda mais baratas. Ou seja, só são
recomendadas para investidores com gosto pela especulação, que acompanham o
mercado em tempo real e são capazes de comprar e vender rapidamente, ou então
para investidores com disposição para comprar as ações e esperar até três ou
quatro anos para embolsar algum lucro. A recomendação para quem não se enquadra
em nenhum desses perfis é ficar fora do mercado.
COMENTÁRIO:
Sempre o PT falava que a Petrobras é
nossa e eu não sabia mais era mesmo (deles) e nós o povo só ficamos com as dividas.