segunda-feira, 3 de fevereiro de 2025

TARIFAS DE TRUMP VÃO AUMENTAR O PREÇO DOS PRODUTOS NOS EUA

 

História de Danielle Kaye – Jornal Estadão

As tarifas do presidente Donald Trump têm como alvo países que são grandes fornecedores de uma ampla gama de produtos para os Estados Unidos. Para as famílias americanas, o resultado provável são preços mais altos em quase todos os lugares: corredores de supermercados, concessionárias de automóveis, lojas de eletrônicos e na bomba de combustível.

No sábado, Trump assinou ordens executivas impondo tarifas aos três maiores parceiros comerciais do país. Elas entrarão em vigor às 12h01, horário do leste dos EUA, na terça-feira, 4. Todos os produtos importados do Canadá e do México estarão sujeitos a uma tarifa de 25%, exceto os produtos energéticos canadenses, que estarão sujeitos a uma tarifa de 10%, segundo as ordens executivas. As ordens também impuseram uma tarifa de 10% sobre os produtos chineses.

Embora Trump tenha reconhecido no domingo que suas novas tarifas poderiam causar “alguma dor”, ele insistiu que elas não aumentarão substancialmente os preços para os americanos e que os países estrangeiros arcarão com o ônus.

Tarifas de Trump devem aumentar os preços que os consumidores americanos pagam por novos automóveis Foto: Ian Willms/NYT

Tarifas de Trump devem aumentar os preços que os consumidores americanos pagam por novos automóveis Foto: Ian Willms/NYT

No entanto, dados comerciais e estudos econômicos sugerem que os consumidores dos Estados Unidos provavelmente verão preços mais altos em uma ampla gama de produtos, desde vegetais e carne até celulares e carros. Embora algumas empresas possam optar por não repassar o custo da tarifa, muitas provavelmente aumentarão os preços de seus produtos.

“Devido à combinação desses três países, será difícil passar por um corredor de um supermercado e não ver algum tipo de efeito inflacionário”, disse Jason Miller, professor de gestão da cadeia de suprimentos da Michigan State University.

Veja a seguir o que você deve saber sobre os preços que podem subir:

O que os compradores devem esperar nos corredores dos supermercados?

Os produtos frescos, muitos dos quais são importados do México, são uma das primeiras categorias nas quais os compradores podem notar um aumento nos preços, possivelmente dentro de algumas semanas após a entrada em vigor das tarifas. Esses itens, incluindo abacates, tomates e morangos, têm uma vida útil curta. Os supermercados não têm estoques substanciais, o que significa que os consumidores encontrarão rapidamente produtos sujeitos às tarifas de Trump.

Os aumentos de preços também devem atingir os corredores de bebidas, especialmente cerveja e tequila. Em 2023, quase três quartos das importações agrícolas dos EUA provenientes do México consistiam em vegetais, frutas, bebidas e destilados, segundo o Departamento de Agricultura dos EUA.

Os Estados Unidos também importam uma série de produtos agrícolas do Canadá, incluindo carne e grãos. A tarifa de 25% imposta por Trump sobre a maioria das importações de seu vizinho do norte poderia aumentar os preços de varejo da carne bovina, caso os supermercados repassassem os custos aos consumidores. O xarope de bordo também pode se tornar mais caro. O Canadá é responsável por cerca de 70% da produção global e, em 2023, mais de 60% das exportações de maple do país foram para os Estados Unidos, de acordo com dados do governo canadense.

Esse ônus adicional ocorre em um momento em que muitos americanos já estão passando por um choque de preços em seus supermercados locais. Dados do Departamento do Trabalho mostraram que, em dezembro, os preços dos alimentos, que estavam relativamente estáveis no final de 2023 e início de 2024, subiram novamente, liderados pelo preço dos ovos.

Os preços dos carros também podem aumentar?

Sim, espera-se que as tarifas aumentem os preços que os consumidores americanos pagam por novos automóveis. Isso ocorre porque os fabricantes enviam dezenas de bilhões de dólares em automóveis acabados, motores, transmissões e outros componentes a cada semana através das fronteiras dos EUA com o Canadá e o México. Outros bilhões de dólares são importados de fabricantes de peças na China.

Carros e caminhões novos já estão sendo vendidos por preços quase recordes. As tarifas de Trump podem aumentar os desafios para os consumidores que desejam comprar um carro.

A General Motors, a maior montadora dos EUA, provavelmente sentirá o impacto das tarifas de forma mais aguda do que outras montadoras. As fábricas da GM no Canadá e no México produziram quase 40% de todos os veículos fabricados pela empresa no ano passado na América do Norte.

Porém, em comparação com os alimentos, a forma como as tarifas afetam os preços dos automóveis provavelmente será mais variada, disse Miller, da Michigan State University. Os veículos montados em Estados como Michigan, Ohio, Kentucky e Indiana tendem a depender muito de autopeças importadas do Canadá, disse ele, o que não é o caso em toda a região.

“Há muito mais complexidade para entender os aumentos de preços que os consumidores poderiam eventualmente ver”, disse Miller.

Que outros produtos podem ser afetados?

Os motoristas dos EUA, principalmente no Meio-Oeste, poderão ver preços mais altos na bomba. A tarifa de 10% imposta por Trump sobre a energia canadense não é tão alta quanto ele inicialmente indicou que seria, e é menor do que as tarifas sobre outros produtos canadenses. No entanto, o imposto ameaça perturbar o setor de petróleo e gás dos EUA, altamente dependente do petróleo canadense. Cerca de 60% do petróleo que os EUA importam vem do Canadá.

Os analistas esperam que os custos adicionais sejam suportados por uma combinação de produtores de petróleo do Canadá e do México, refinarias dos EUA e consumidores americanos. A repercussão das tarifas no mercado dependerá, em parte, de quanto tempo elas permanecerão em vigor.

Os produtos eletrônicos de consumo — entre os principais produtos importados da China para os EUA no ano passado — também podem ficar mais caros. De telefones celulares e computadores a videogames, os compradores poderão ver os preços começarem a subir dentro de alguns meses.

Outro produto que provavelmente será afetado é a madeira serrada, cerca de 30% da qual é importada do Canadá. As tarifas sobre a madeira serrada de coníferas podem aumentar o custo da construção de casas, o que corre o risco de piorar a crise de acessibilidade de moradias que já está afetando milhões de famílias americanas. Mais de 70% das importações de dois materiais essenciais dos quais os construtores de casas dependem — madeira serrada de fibra longa e gesso, que é usado para drywall — vêm do Canadá e do México, segundo a National Association of Home Builders.

“As tarifas sobre a madeira serrada e outros materiais de construção aumentam o custo da construção e desestimulam novos empreendimentos, e os consumidores acabam pagando pelas tarifas na forma de preços mais altos das casas”, disse Carl Harris, presidente da associação, em um comunicado no sábado.

Com que rapidez os preços podem subir?

Isso depende do produto. Os consumidores poderão ver um rápido aumento nos preços de bens não duráveis, inclusive mantimentos. Mas pode levar mais tempo para que os preços subam para bens duráveis, como carros, graças ao estoque existente, ou se as empresas esperam que as tarifas sejam temporárias, disse Felix Tintelnot, professor associado de economia da Duke University.

Ainda não se sabe com que rapidez as empresas estão dispostas e são capazes de aumentar seus preços, disse Peter Simon, professor de economia da Northeastern University, no sábado. Embora alguns aumentos de preços possam representar uma resposta legítima ao aumento dos custos para as empresas, há também o risco de preços oportunistas, o que significa que as empresas podem usar as tarifas como uma desculpa para aumentar os preços ainda mais do que o necessário, disse Simon.

E quanto à inflação generalizada?

Os analistas do Goldman Sachs afirmaram que, se Trump continuasse com as tarifas generalizadas, isso aumentaria os preços nos Estados Unidos e desaceleraria o crescimento econômico. A maioria dos economistas espera que as novas barreiras comerciais possam levar a uma explosão temporária de inflação mais alta.

A inflação voltou a se aproximar da meta de 2% do Federal Reserve (Fed, o Banco Central americano) depois que ele aumentou agressivamente as taxas de juros nos últimos anos e as manteve em níveis elevados. Mas o Fed continua atento a qualquer coisa que impeça o progresso em direção a essa meta — inclusive as tarifas de Trump.

Este conteúdo foi traduzido com o auxílio de ferramentas de Inteligência Artificial e revisado por nossa equipe editorial. Saiba mais em nossa Política de IA.

DIA DE SÃO BRÁS E CURIOSIDADES

 

Karla Neto – Colunista Correspondente

Nesta segunda-feira (03), é celebrado o Dia de São Brás, é celebrado pelos fiéis da Igreja Católica o ‘Dia de São Brás’, padroeiro dos laringologistas e pedreiros. Na data, é comum os devotos irem à igreja para a tradicional benção contra os males na garganta, em que o sacerdote encosta duas velas cruzadas no pescoço das pessoas e realiza uma oração.

A festa em honra ao santo é no dia 3 de fevereiro, justamente porque é a data em que se acredita que ele tenha sido martirizado, morto por decapitação, no longínquo ano de 316. E é justamente essa distância temporal que não nos permite ter muitas informações biográficas sobre o personagem.

A bênção não é privilégio para os filhos. Adultos também a recebem. Para famílias que praticam o catolicismo e se apegam às práticas que passam de geração para geração, esse ritual tem um significado prático: segundo a fé, os benzidos pela intercessão de São Brás não terão nenhuma inflamação de garganta até o ano seguinte. Ou, se tiverem, as doenças serão leves.

Nesses séculos de antiguidade, profissões não eram bem definidas como hoje —o que nos permite compreender, portanto, que um estudioso de fisiologia cuidasse tanto da saúde de seres humanos como da de bichos.

Essa história é recuperada pela própria oração a São Brás, que lembra que ele restituiu “a perfeita saúde a um menino que, por uma espinha de peixe atravessada na garganta, estava prestes a expirar” e pede que todos tenhamos “a graça de experimentarmos a eficácia” de seu “patrocínio em todos os males da garganta”.

Por fim, conforme detalha padre Lima, a prece pede para que o santo ajude a conservar “a nossa garganta sã e perfeita para que possamos falar corretamente e, assim, proclamar e cantar os louvores de Deus”.

Fonte: Karla neto
Foto: Divulgação

CURIOSIDADES – KARLA NETO

Você sabe como usar o chuchu para baixar a pressão?

O chuchu é rico em vitaminas essenciais, minerais e fibras e pode ser consumido no formato cozido, refogado – com tempero de pimenta-do-reino – ou em receitas como sopa e chuchu refogado.
O Chuchu é uma fruta de nome científico Sechium edule, também conhecida popularmente como machucho, caiota e pimpinela. Existe em abundância na ilha da Madeira, principalmente junto aos cursos de água (ribeiras e nascentes).
O chuchu se destaca por ser uma fonte de potássio; vitaminas A, B e C; e sais minerais como cálcio, fósforo e ferro. De fácil digestão, rico em fibras e pobre em calorias, o chuchu é uma boa alternativa para quem quer emagrecer. Além disso, sua composição com potássio ajuda a controlar o alto nível de pressão arterial.
As fibras também ajudam a controlar os níveis de açúcar no sangue – sendo particularmente importantes para os diabéticos – e reduzem o colesterol, proporcionando o bom funcionamento do sistema cardiovascular. As fibras presentes no chuchu ajudam a amenizar a prisão de ventre e a normalizar os movimentos intestinais. Cada fruto contém cerca de 3,5 gramas de fibra, o que contribui com 14% da necessidade diária de consumo de fibras (25 gramas).
Você pode fazer chá de chuchu! Basta colocar algumas folhas do fruto para ferver na água e deixar até que o líquido assuma cor de chá. Depois disso, deixe esfriar um pouco e faça o consumo da bebida durante o dia. Para pessoas que preferem fazer o consumo do chuchu em receitas, o efeito diurético também pode ser alcançado.

Qual o poder nutritivo do chuchu?
Um chuchu inteiro tem apenas 38,6 calorias e 0,1 gramas de gordura. O alto teor de água e fibras geram sensação de saciedade por mais tempo, o que ajuda a evitar o consumo de mais calorias. Devido à textura suave da fruta, você pode usar o chuchu em saladas e smoothies.

O chuchu é uma hortaliça abundante em folato e vitamina C. O folato é uma vitamina hidrossolúvel essencial para a fertilidade feminina e para a prevenção do câncer. Tomada antes e durante a gravidez, reduz o risco de defeitos congênitos no tubo neural do feto. Um fruto inteiro contribui com 189 microgramas de folato para a dieta, o que equivale a cerca de 50% da dose diária recomendada de folato.
O chuchu contém zinco, magnésio, cálcio, fósforo e potássio, minerais que compõem os hormônios e enzimas do corpo. Um fruto fornece 1 miligrama de zinco – 7% do valor diário necessário. O zinco desempenha um papel na cicatrização de feridas. O cálcio e o magnésio mantém os ossos fortes e o potássio dá suporte a função nervosa e muscular.
A vitamina C é um importante antioxidante que ajuda a combater os radicais livres, que podem aumentar o risco de doenças cardíacas e algumas formas de câncer. Um chuchu contém 15,6 microgramas de vitamina C, o equivalente a 26% da sua ingestão diária recomendada.

O chuchu pode ser ingerido cru ou cozido, sem restrições de partes que podem ser consumidas. Isso significa que a casca, a polpa e os brotos da fruta podem complementar a sua refeição.

Saiba como da adeus pulgas e carrapatos: 2 plantas cheirosas e fáceis de cultivar em casa vão manter o seu pet longe desses parasitas

Duas plantas extremamente cheirosas e ótimas de sempre ter em casa são o alecrim e a hortelã. Além de perfumar o ambiente e temperar os pratos, essas duas ervas ainda ajudam a afastar pulgas e carrapatos graças ao odor forte. Para esses parasitas, o cheiro que a gente tanto adora é extremamente desagradável, o que faz com que eles fiquem longe de ambientes com essas plantas.
Para quem fica com dúvidas porque o pet tem o costume de mastigar qualquer planta que ver pela frente, pode ficar despreocupado: gatos e cães podem comer alecrim e hortelã, desde que não seja em grandes quantidades. Para isso, você pode escolher locais em que eles não acessem com facilidade, como em cima de móveis ou estantes.
Além disso, vale ressaltar que o alecrim ainda funciona como repelente natural para insetos como formigas, baratas e mosquitos. Ou seja, é perfeito para ter em casa.

Você sabia que o envelhecimento do cérebro varia de acordo com estilo de vida?

A velocidade com que processamos informações pode diminuir, e a capacidade de lembrar nomes ou acontecimentos pode se tornar mais lenta. Porém, essas alterações naturais diferem de condições mais graves, como a demência, que impactam de forma significativa a qualidade de vida. A boa notícia é que a perda grave de memória pode ser prevenida ou minimizada com ações que promovem a saúde do cérebro”.
Com o envelhecimento, essa habilidade diminui, mas não desaparece. É nesse contexto que os hábitos saudáveis e os estímulos cognitivos desempenham um papel essencial, ajudando a preservar e até melhorar a saúde do cérebro.
Existem diversas causas para a perda de memória, sendo que a principal é a ansiedade, mas também pode estar associada a diversas condições como a depressão, alterações do sono, uso de remédios, hipotireoidismo, infecções ou doenças neurológicas, como doença de Alzheimer.

A maioria das causas da perda de memória são preveníveis ou reversíveis, com hábitos de vida como meditação, técnicas de relaxamento e treino da memória, mas em caso de dúvidas, é importante consultar-se com um neurologista ou geriatra para investigar as possíveis causas da perda de memória e iniciar o tratamento correto.
De acordo com a causa dessa condição, a perda de memória também pode ser acompanhada de outros sintomas, como sono excessivo, irritação, dores no corpo, sensação de vazio e formigamento nas mãos, pernas ou pés, por exemplo.

Falta de atenção
A simples falta de atenção em alguma atividade ou situação, faz com que se esqueça muito mais rápido de alguma informação, portanto, quando se está ou se é muito distraído, é mais fácil esquecer de detalhes como um endereço, o número de telefone ou onde se guardou as chaves, por exemplo, não sendo necessariamente um problema de saúde.

Estresse e ansiedade
A ansiedade é a principal causa de perda da memória, principalmente em jovens, pois momentos de estresse causam a ativação de muitos neurônios e regiões do cérebro, o que o torna mais confuso e dificulta sua atividade mesmo que para uma tarefa simples, como se lembrar de algo.

Por esse motivo, é comum haver uma perda de memória repentina, ou um lapso, em situações como uma apresentação oral, uma prova ou após uma acontecimento estressante, por exemplo.

Como tratar: o tratamento da ansiedade faz com que a memória volte ao normal, o que pode ser feito com atividades relaxantes, como meditação, yoga, prática de exercícios físicos ou com sessões de psicoterapia. Para casos de ansiedade intensa e frequente, pode ser necessário o uso de remédios, como ansiolíticos, prescritos pelo psiquiatra.

Falta de atenção
A simples falta de atenção em alguma atividade ou situação, faz com que se esqueça muito mais rápido de alguma informação, portanto, quando se está ou se é muito distraído, é mais fácil esquecer de detalhes como um endereço, o número de telefone ou onde se guardou as chaves, por exemplo, não sendo necessariamente um problema de saúde.
Como tratar: a memória e a concentração podem ser treinadas, com exercícios e atividades que ativam o cérebro, como a leitura de um livro, fazer um curso novo ou, simplesmente, um jogo de palavras

cruzadas, por exemplo. A meditação também é um exercício que estimula e facilita a manutenção do foco.
Depressão
A depressão e outras doenças psiquiátricas como síndrome do pânico, ansiedade generalizada ou transtorno bipolar são doenças que podem causar déficit de atenção e afetar o funcionamento dos neurotransmissores cerebrais, sendo uma importante causa para alteração da memória e, até, podem confundir-se com a doença de Alzheimer.

Como tratar: deve ser iniciado o tratamento com antidepressivos ou medicamentos orientados pelo psiquiatra para melhora dos sintomas. A psicoterapia também é importante para auxiliar no tratamento.

VENDA DE CAFÉ FAKE PREOCUPA A INDÚSTRIA BRASILEIRA

 

História de Por Roberto Samora – Reuters

Garçonete coloca grãos de café em um moedor antes de preparar um expresso em cafeteria de São Paulo 08/02/2011 REUTERS/Nacho Doce

Garçonete coloca grãos de café em um moedor antes de preparar um expresso em cafeteria de São Paulo 08/02/2011 REUTERS/Nacho Doce© Thomson Reuters

Por Roberto Samora

SÃO PAULO (Reuters) – A venda de produtos preparados com “sabor café”, mas que não são o tradicional café, tem preocupado a indústria brasileira no momento em que o pó do grão torrado e moído verdadeiro é comercializado a preços altos nos supermercados, na esteira de recordes das cotações no mercado global.

O chamado “café fake” ou “cafake” é uma “clara e evidente tentativa de burlar e enganar o consumidor”, disse o diretor-executivo da Associação Brasileira da Indústria de Café (Abic), Celírio Inácio da Silva, em entrevista à Reuters.

Recentemente, a Abic identificou a venda do pó com sabor café, que pode ser produzido a partir de cascas, palha, folhas, paus ou qualquer parte da planta exceto a semente do café, em Bauru, no interior de São Paulo.

Um produto denominado Oficial do Brasil traz em sua embalagem os dizeres “bebida sabor café tradicional”.

Segundo Silva, embora possa haver indicação de que o produto não é o café torrado e moído, há o risco de o consumidor ser enganado, já que a embalagem é muito semelhante, além de o custo ser menor.

O café arábica negociado na bolsa de Nova York renovou uma máxima histórica na sexta-feira, batendo 3,8105 dólares por libra-peso, com o mercado internacional precificando uma frustração de safra no Brasil, maior produtor e exportador global, entre outros fatores.

A fabricante do Oficial do Brasil, a Master Blends, com sede em Salto de Pirapora (SP), afirmou à Reuters que criou um “subproduto” do café, deixando claro isso na embalagem, e que não aceita que digam que a companhia está enganando os consumidores.

“Em momento algum falamos que é café, criamos apenas um subproduto para atender uma classe que está sofrendo a cada dia que passa, este produto é composto de café e polpa de café torrado e moído, está escrito ‘bebida à base de café’ na frente e também atrás da embalagem…”, afirmou a Master Blends, em uma nota.

“Somos uma empresa que está no mercado há 32 anos, jamais enganamos o consumidor.”

A companhia citou casos semelhantes em outros setores.

“O que foi feito é o mesmo já feito por outras empresas conhecidas e grandes no mercado, o que era leite condensado virou mistura láctea, antes havia bombom com cobertura de chocolate e agora está com cobertura sabor chocolate”, ressaltou.

PREÇOS ALTOS

Desde o ano passado, a indústria de café torrado e moído está repassando os custos da matéria-prima aos consumidores.

A alta dos preços é terreno fértil para a comercialização de tais produtos “fakes”, disse o diretor-executivo da Abic.

“Estamos passando por um momento de muita tensão, o café cru, base do torrado e moído, até na geada de 1979 não achei preços tão elevados. Quando isso acontece faz com que a matéria-prima fique cada vez mais disputada e os industriais que adquirem a matéria-prima com esses preços vão repassar esses preços”, disse Silva.

Neste contexto, a entidade está preocupada com aqueles que podem “surfar nesta onda (do fake) e dizer: ‘vou inventar um produto'”.

A entidade ressaltou que já denunciou o caso ao Ministério da Agricultura e à Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), porque há preocupação com a saúde dos consumidores, além da questão mercadológica.

“É preciso ter autorização da Anvisa, tem que comprovar a segurança alimentar”, afirmou ele, acrescentando que a Abic já alertou o setor supermercadista que tal produto não deve existir.

A Master Blends afirmou que tem a autorização da Anvisa para a comercialização do seu produto. E que não precisa do aval do Ministério da Agricultura para comercializá-lo.

Segundo a coluna Café na Prensa, publicada na sexta-feira pelo jornal Folha de S.Paulo, meio quilo do produto “sabor café” tem sido vendido em supermercados por 13,99 reais, valor muito inferior à média atual do café tradicional no varejo, que sai por cerca de 30 reais.

Essa não é a primeira vez que a Abic identifica o chamado “cafake” no mercado. No entanto, os levantamentos da entidade não registravam o pó com sabor café no mercado desde 2022, segundo o executivo da associação.

O dirigente da Abic lembrou ainda que a comercialização desse produtos com sabor café vai na direção contrária de iniciativas da entidade, que no passado lançou um selo de pureza para evitar a venda de grãos moídos misturados com milho torrado, por exemplo.

“O Brasil mostrou que café não é tudo igual, tirando esse ranço de que nós não bebemos bons cafés… Se não combatermos isso, as pessoas vão começar a beber este ‘café’ e dizer que não gostam… elas podem diminuir o consumo.”

(Por Roberto Samora)

META APOSTA ALTO EM IA E PODEM MUDAR O JOGO

 

Por Junior Borneli, CEO da StartSe
O CEO da Meta disse agora que vai investir pesado em IA, fazendo quatro grandes anúncios. Claramente isso vem na esteira do Projeto Stargate, na qual foram envolvidos Oracle, OpenAI e SoftBank: Disse que vai transformar a IA da Meta no principal assistente de IA do mundo e disponibilizado para 1 bilhão de pessoas ainda em 2025. Ele deve lançar também algo que chamou de “engenheiro de IA”. Afirmou que vai terminar o ano com 1,3 milhão de GPUs em operação e que vai investir mais de US$ 60 bilhões em infraestrutura, que vão garantir o crescimento da companhia nos próximos anos. Prometeu que o Llama 4 vai se tornar em breve o modelo de IA mais avançado do mundo, superando os modelos até então disponíveis, num esforço para garantir que a Meta esteja sempre na fronteira. Construção de um gigantesco data center, tão grande que seria capaz de ocupar grande parte de Manhattan, e o consequente aumento do time de engenharia focado no desenvolvimento da IA. Alguns comentários a respeito: A Meta tem mais 43% da população global usando seus aplicativos. Então, o objetivo de levar seu assistente de IA para tanta gente assim não é nenhum absurdo. O desafio será fazer com que as pessoas utilizem. Essa quantidade de GPUs anunciada é algo absurdo! Quem sorri com essa informação é a NVIDIA, que continua sendo a grande protagonista em oferecer o hardware que sustenta todo o movimento da IA. Aqui existe uma ambição, que pode ou não acontecer. Afirmar hoje que um modelo vai ser melhor do que outro é difícil, já que a cada nova versão o salto de performance é exponencial. Construção de data centers, ampliação da infraestrutura energética… estou batendo nessa tecla aqui há 1 ano. Não há como a IA evoluir sem que investimentos enormes sejam feitos na sua base. É isso amigos. A cada minuto, um fato novo. Ninguém quer sair dos holofotes quanto o assunto é IA. Ah, e como as palavras têm poder, a Meta neste momento opera no seu maior valuation da história.

domingo, 2 de fevereiro de 2025

DAVI ALCOLUMBRE NOVO PRESIDENTE DO SENADO MANDA RECADO PARA O STF E O EXECUTIVO

 

História de Leticia Martins CNN Brasil

Alcolumbre manda recado ao STF durante discurso no Senado

Alcolumbre manda recado ao STF durante discurso no Senado

O senador Davi Alcolumbre (União-AP) mandou um recado ao Supremo Tribunal Federal (STF), neste sábado (1º), durante seu discurso de candidatura à presidência da Casa Legislativa. Favorito para assumir o cargo, Alcolumbre afirmou que é “essencial respeitar as decisões judiciais e o papel do Judiciário em nosso sistema democrático. Mas é igualmente indispensável respeitar as prerrogativas do Legislativo e garantir que este Parlamento possa exercer seu dever constitucional de legislar e representar o povo brasileiro”. O recado foi sobre a relação entre dois Poderes e as emendas parlamentares. No fim de 2024, o ministro Flávio Dino bloqueou a liberação de emendas de comissão do Senado. “Hoje, mais uma vez, enfrentamos desafios. O relacionamento entre os Poderes, embora seja regido pela Constituição e pela harmonia, tem sido testado por tensões e desentendimentos. Entre esses desafios, destaco a recente controvérsia envolvendo as emendas parlamentares ao orçamento, que culminou em debates e decisões e com o Supremo Tribunal Federal e o Poder Executivo”, prosseguiu. O parlamentar ressaltou ainda que, para ele, “acordo firmado é acordo cumprido”. “Estou falando ao cumprimento dos acordos aqui firmados, porque sem confiança uns nos outros e sem a obediência ao que foi acordado, este Parlamento se transforma em um campo de guerra e as boas ideias se perdem numa eterna e infrutífera disputa entre antagonistas”, disse. O discurso ocorreu antes da votação para a escolha do próximo presidente da Casa. Ele disputa o cargo contra os senadores Astronauta Marcos Pontes (PL-SP) e Eduardo Girão (Novo-CE).

LULA TERÁ NOVOSA DESAFIOS COM O CONGRESSO COM A ELEIÇÃO DE NOVO PRESIDENTE

 

História de Daniel Carvalho – Bloomberg

(Bloomberg) — O presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que já vinha tendo de encarar os elevados preços dos alimentos, o crescente ceticismo dos investidores e a queda nas taxas de aprovação, agora tem outro desafio pela frente: uma mudança no comando do Congresso que irá testar sua capacidade de navegar pelo conservador parlamento brasileiro.

A Câmara e o Senado elegeram neste sábado os novos presidentes, ambos de partidos do chamado centrão, que mantém relações instáveis com o governo. O já conhecido senador Davi Alcolumbre foi eleito por 73 dos 81 votos. Lula telefonou a Alcolumbre logo após a eleição, segundo o líder do governo no Congresso, senador Randolfe Rodrigues. O presidente o parabenizou publicamente em um comunicado.

“Caminharemos juntos na defesa da democracia e na construção de um Brasil mais desenvolvido e menos desigual, com oportunidades para todo o povo brasileiro”, afirmou Lula em nota.

O deputado Hugo Motta também foi eleito como o novo presidente da Câmara numa votação ainda neste sábado.

Sem maioria em nenhuma das Casas, as relações de Lula com o Congresso — e com o atual presidente da Câmara, Arthur Lira, em particular — têm se mostrado muitas vezes difíceis nos últimos dois anos. Agora ele precisará construir laços com novos líderes dos quais dependerá fortemente enquanto navega por obstáculos, como o desconforto do mercado sobre os gastos públicos e suas próprias propostas que visam impulsionar o apoio popular antes da eleição presidencial de 2026.

Isso não será fácil. A agenda já está atribulada e, ao mesmo tempo que o PT de Lula apoia os dois favoritos, eles também desfrutam do apoio do PL do ex-presidente Jair Bolsonaro, que também telefonou para parabenizar Alcolumbre.

Mas Lula não espera sentado para fazer suas próprias incursões, já que os parlamentares retomam o trabalho com o Orçamento 2025 no topo da lista de prioridades. O petista quer se reunir com os novos presidentes na próxima semana, disse uma pessoa familiarizada com a situação, antes de iniciar uma aguardada reforma ministerial, que visa ampliar apoio ao governo no Legislativo.

Bolsonaro Wins A Senate Ally With Brazil's Reforms On The Line

Bolsonaro Wins A Senate Ally With Brazil’s Reforms On The Line© Source: Bloomberg

Em Alcolumbre, Lula encontrará um rosto familiar: o congressista de 47 anos, que comandou o Senado de 2019 a 2020, atuou como uma figura poderosa sob a gestão do agora ex-presidente da Casa Rodrigo Pacheco e escolheu ao menos três ministros de Lula. O senador também era o responsável pela negociação de emendas parlamentares para seus colegas.

A equipe de Lula espera que as negociações com Alcolumbre sejam mais difíceis do que foram sob Pacheco, que atuou sempre como aliado, disseram duas pessoas familiarizadas com a situação, pedindo anonimato para discutir assuntos sensíveis.

Motta, 35 anos, é uma tela em branco. Ele está no cargo desde 2011, ganhou destaque na CPI da Petrobras e já foi muito próximo de Eduardo Cunha — o ex-presidente da Câmara que liderou o impeachment da presidente Dilma Rousseff.

Inicialmente hesitante em apoiar a candidatura de liderança do jovem deputado, Lula foi convencido por aliados e pelas conversas iniciais com Motta, segundo um dos aliados a par do processo.

Essas conversas provavelmente ajudarão a manter os canais abertos com Motta, disse Paulo Gama, coordenador de análise política da XP Investimentos. Ele acrescentou que o deputado já atuou como relator de matérias relevantes para o mercado financeiro e “demonstrou capacidade” tanto para o diálogo quanto para questões técnicas.

A familiaridade com Alcolumbre, por sua vez, provavelmente levará à “continuidade do modelo atual nas negociações” entre o Senado e o governo, disse Gama. “Ele é alguém que está disposto a ouvir os argumentos do governo, mas sem alinhamento automático com todos os pontos da agenda.”

Orçamento e medidas fiscais

O primeiro item da agenda será o Orçamento de 2025, que o governo está ansioso para aprovar porque os gastos estão limitados até que a peça orçamentária seja aprovada. Isso não deve acontecer antes o carnaval, em março, de acordo com o senador Angelo Coronel, relator do projeto.

Lula também quer garantir a aprovação da isenção de imposto de renda para salários de até R$ 5.000, uma proposta que o PT vê como chave para reforçar o apoio entre os eleitores da classe trabalhadora. Mas o custo desse plano, que provocou a ansiedade dos investidores sobre o compromisso de Lula com a disciplina fiscal no final do ano passado, também precisa ser compensado.

A ideia inicial do governo é fazê-lo aumentando os impostos sobre os super ricos, mas isso pode não ganhar amplo apoio. A oposição liderada por Bolsonaro é contra a ideia, embora o ex-presidente tenha os instruído a evitar criticar a proposta já na largada por receio de que sejam rotulados de defensores dos ricos, disse ele em uma entrevista.

As batalhas sobre a regulamentação das grandes empresas de tecnologia e inteligência artificial também estão em andamento este ano. E há o potencial de medidas adicionais para reforçar a situação fiscal do país, em meio aos temores do mercado sobre o déficit e a trajetória da dívida do Brasil.

Isso só virá mais tarde, se é que virá. Em uma recente entrevista, a ministra do Planejamento, Simone Tebet, disse que o governo vai esperar pela divulgação do primeiro relatório bimestral do ano, em março, “para ver se novas medidas serão necessárias”.

TARIFAS DE TRUMP VÃO PREJUDICAR O COMERCIAL MUNDIAL

 

Jornal Estadão

Outras tarifas devem vir em 18 de fevereiro, com a taxação de petróleo e gás importados, e no início do próximo mês com aço e alumínio

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Por David J. Lynch (The Washington Post)Mary Beth Sheridan (The Washington Post) e Amanda Coletta (The Washington Post)

Na sexta-feira, 31, o presidente Donald Trump expandiu dramaticamente seus planos para uma guerra comercial global, confirmando que irá impor tarifas sobre o Canadá, México e China neste sábado, 1º, e anunciando planos para impostos de importação adicionais em produtos europeus, semicondutores, produtos farmacêuticos, aço, alumínio, cobre e petróleo e gás.

A extensa lista de produtos que em breve podem se tornar notavelmente mais caros para consumidores e empresas americanas vai desde metais industriais e commodities até vinho, cerveja, madeira e medicamentos.

Falando no Salão Oval, Trump negou que seu entusiasmo por tarifas representasse um dispositivo de negociação
Falando no Salão Oval, Trump negou que seu entusiasmo por tarifas representasse um dispositivo de negociação Foto: Evan Vucci/AP

Falando no Salão Oval, o presidente negou que seu entusiasmo por tarifas representasse um dispositivo de negociação ou que estivesse buscando concessões específicas de outros países.

Ele repetiu suas reclamações familiares de que China, Canadá e México são responsáveis por uma enxurrada de fentanil nos Estados Unidos, que ele disse estar matando “centenas de milhares” de americanos a cada ano.

Tomados em conjunto, os comentários de Trump representaram o mais extenso menu de ameaças comerciais feitas por um presidente dos EUA em décadas. Se implementadas como medidas permanentes, elas remodelariam dramaticamente os laços comerciais dos EUA com outros países e prejudicariam a economia global.

O presidente reconheceu que tais tarifas extensas poderiam causar aos americanos “alguma disrupção temporária de curto prazo”, mas acrescentou, “As pessoas vão entender isso.”

Ele descartou preocupações de que a imposição de impostos elevados sobre muitos bens estrangeiros levaria à renovação da inflação nos Estados Unidos, onde os preços ainda estão subindo mais rápido do que a meta do Federal Reserve.

“Tarifas não causam inflação. Elas trazem sucesso,” disse o presidente.

A única concessão de Trump para o possível choque de preços de seus planos para impostos de importação mais altos foi dizer que ele “provavelmente” definiria a tarifa sobre importações de petróleo canadense em 10% em vez de 25%.

O presidente criticou particularmente a União Europeia, dizendo que ele “absolutamente” imporia tarifas sobre suas remessas para os Estados Unidos.

“Somos tão mal tratados que eles não levam nossos carros, eles não levam nossos produtos agrícolas, essencialmente, eles não levam quase nada. E temos um déficit enorme com a União Europeia. Então, vamos fazer algo muito substancial com a União Europeia,” ele disse.

Detalhes

Como é seu costume, o presidente forneceu poucos detalhes de seus planos para novas barreiras comerciais. Mas ele disse que colocaria novos impostos sobre petróleo e gás importados em 18 de fevereiro e pretendia fazer o mesmo com aço e alumínio este mês ou no próximo mês.

“Será uma quantidade tremenda de dinheiro para nosso país, uma quantidade tremenda,” disse o presidente, repetindo sua alegação errônea de que estrangeiros pagam as tarifas dos EUA. “Tarifas vão nos tornar muito ricos e muito fortes.”

Na verdade, os importadores americanos pagam tarifas à Alfândega e Proteção de Fronteiras dos EUA quando coletam seus bens importados nos portos dos EUA.

Finalmente, o ônus desse imposto é compartilhado pelo importador americano, pelo produtor estrangeiro e pelo cliente final, e varia de acordo com condições específicas do mercado.

Mas na maioria dos casos, os custos das tarifas são “quase inteiramente suportados por empresas e consumidores dos EUA,” de acordo com um estudo de 2020 por economistas do Banco da Reserva Federal de Nova York, da Universidade de Princeton e da Universidade de Columbia.

O salvo retórico do presidente na sexta-feira à noite ocorreu enquanto empresas nos Estados Unidos, Canadá e México se preparavam para um anúncio formal de tarifas. Mais cedo, a secretária de imprensa da Casa Branca, Karoline Leavitt, confirmou que o presidente imporá tarifas de 25% sobre bens do Canadá e México e 10% sobre produtos da China.

Taxas devem provocar desaceleração nas economias de México e Canadá
Taxas devem provocar desaceleração nas economias de México e Canadá Foto: Judi Bottoni/AP

Os americanos compraram no ano passado aproximadamente US$ 1,3 trilhão (R$ 7,57 trilhões) em mercadorias desses três países, de acordo com o Bureau do Censo.

Economia

Os novos impostos esperam agitar a economia da América do Norte, arriscando a reignição da inflação nos Estados Unidos, uma possível recessão no Canadá e um aprofundamento da desaceleração no México.

Principais cadeias de suprimentos industriais que se estendem pelas fronteiras norte e sul dos EUA enfrentam interrupção iminente. A indústria automobilística é particularmente vulnerável, com peças e veículos semiacabados cruzando as fronteiras norte-americanas várias vezes antes de serem completados.

Conforme Trump ampliou suas ameaças comerciais, Wall Street mostrou pouco sinal de preocupação. O Dow Jones Industrial Average caiu menos de 1% na sexta-feira e os investidores permanecem convencidos de que as tarifas do presidente serão usadas como alavanca de negociação em conversas com o Canadá e México sobre imigração e contrabando de drogas, de acordo com economistas do Barclays Bank.

Na Cidade do México, a presidente Claudia Sheinbaum disse que o México estava preparado para retaliar.

A presidente Claudia Sheinbaum disse que o México estava preparado para retaliar
A presidente Claudia Sheinbaum disse que o México estava preparado para retaliar Foto: Alfredo Estrella/ALFREDO ESTRELLA

“Temos o Plano A, Plano B, Plano C, dependendo do que o governo dos Estados Unidos decidir,” ela disse em sua coletiva de imprensa diária na sexta-feira. “É muito importante que os mexicanos saibam que sempre defenderemos a dignidade do nosso povo, o respeito pela nossa soberania e um diálogo entre iguais (com os EUA), não com subordinados.”

Ela não forneceu detalhes, mas disse que o México estava preparado para mirar produtos dos EUA com contramedidas.

O México tem se esforçado para negociar com Washington, mas tem sido difícil porque muitos nomeados de Trump ainda não foram confirmados. O governo usou intermediários da comunidade empresarial para enviar mensagens à Casa Branca, disseram autoridades.

Sheinbaum observou que o México esteve aberto para receber seus cidadãos enviados de volta sob o plano de Trump para deportação em massa de migrantes não autorizados e que estava preparado para aceitar alguns de outros países, o que representava uma concessão.

O México é o parceiro comercial número 1 dos Estados Unidos e envia 80% de suas exportações para o norte. Autoridades enfatizaram o quanto as tarifas vão prejudicar a empresas e consumidores dos EUA.

O maior exportador do México para os Estados Unidos é a General Motors, uma empresa com sede nos EUA, disse o ministro do Comércio, Marcelo Ebrard, na sexta-feira.

O México é a principal fonte de carros, computadores, televisões e geladeiras vendidas nos Estados Unidos, ele disse. Um a cada três refrigeradores comprados por americanos é fabricado no México, que também é o principal fornecedor de telas para computadores e televisões, ele disse.

“Se essas tarifas forem impostas, seus consumidores vão enfrentar preços mais altos,” ele disse, dirigindo-se aos americanos. “Vamos ser claros. O maior impacto cairá sobre as famílias nos Estados Unidos, que terão que pagar 25% a mais.”

O México também fornece cerca de metade das frutas importadas pela América e dois terços dos vegetais importados, em termos de dólar – tomates, frutas, pimentões, pepinos. E é a maior fonte de cerveja importada. O México também é o principal fornecedor de dispositivos médicos para hospitais e consultórios médicos americanos, de luvas cirúrgicas a bisturis.

O Canadá também tem lutado para decifrar os planos de Trump. Após as eleições presidenciais de novembro, o primeiro-ministro Justin Trudeau e líderes provinciais apareceram em redes de televisão dos EUA para promover a importância do comércio transfronteiriço. Vários ministros do gabinete estiveram em Washington esta semana em uma última tentativa de parar as tarifas.

Mas as justificativas múltiplas de Trump para as tarifas deixaram o governo canadense confuso sobre a melhor resposta.

“Determinar exatamente o que é que o presidente Trump quer não é uma coisa simples,” disse Jonathan Wilkinson, ministro da energia do Canadá, esta semana.

Após Trump vincular tarifas ao que ele chamou de uma “invasão” de migrantes e fentanil, autoridades canadenses revelaram em dezembro um plano de fronteira de US$ 900 milhões (R$ 5,2 bilhões). Apenas 1,5% dos migrantes detidos pela Alfândega e Proteção de Fronteiras dos EUA no ano fiscal de 2024 e 0,2% do fentanil apreendido nas fronteiras dos EUA vieram do Canadá.

O pequeno número de migrantes e fentanil cruzando a fronteira, juntamente com as frequentes reclamações de Trump sobre o déficit comercial dos EUA com o Canadá e especulações sobre o uso de tarifas para aumentar a receita e relocalizar a fabricação, alimentou preocupações de que as queixas de fronteira são um pretexto.

Autoridades canadenses disseram que retaliariam com suas próprias tarifas em bilhões de dólares em bens dos EUA. Eles não descartaram impor impostos de exportação sobre o petróleo bruto canadense ou restringir as exportações de energia, uma ideia que é controversa nas províncias ricas em petróleo.

“Se o presidente optar por implementar quaisquer tarifas contra o Canadá, estamos prontos com uma resposta – proposital, enérgica, mas razoável e imediata,” disse Trudeau na sexta-feira. “Não vamos desistir até que as tarifas sejam removidas e, claro, tudo está sobre a mesa”.

SITUAÇÃO FISCAL PRECÁRIA PREJUDICA AS AMBIÇÕES ECOLÓGICAS DO BRASIL

 

História de The Economist – Jornal Estadão

Os visitantes do Porto do Açu podem ter dificuldade em identificar sua natureza industrial. Nenhum armazém ou pilha de contêineres bloqueia a vista do Oceano Atlântico. Faixas de restinga restaurada, uma floresta local de folhas largas, abraçam a costa repleta de tartarugas cabeçudas. Uma história diferente é sugerida apenas pelos navios gigantescos que pontilham o horizonte do mar.

O porto, a 320 km a nordeste do Rio de Janeiro, é a maior instalação de apoio do mundo para extração de petróleo em alto-mar. Idealizado há uma década por um excêntrico bilionário brasileiro como uma forma de atender à demanda chinesa por commodities, o Açu está atualmente entre os maiores portos privados do mundo. Ele movimenta mais de 30% das exportações de petróleo bruto do Brasil e 7% de seu minério de ferro.

Mas o foco do Açu está mudando. Nos últimos três anos, o porto assinou contratos no valor de cerca de US$ 5 bilhões (aproximadamente R$ 29 bilhões) para arrendar terras para fábricas que produzirão turbinas eólicas, bem como instalações para a produção de amônia, combustível de aviação sustentável (SAF) e ferro metálico puro, principal ingrediente para a produção de aço de baixo carbono. O investimento em infraestrutura verde no porto agora supera o investimento em combustíveis fósseis.

Limpo e cada vez mais limpo

O porto é um microcosmo das aspirações econômicas do Brasil. Há muito tempo um grande exportador de grãos e matérias-primas, o país agora quer usar sua abundância de energia renovável para atrair empresas que buscam reduzir sua pegada de carbono e fabricar e exportar produtos de maior valor agregado. É um plano decente.

Foco do Porto do Açu está mudando para a economia verde Foto: Pedro Kirilos/Estadão

Foco do Porto do Açu está mudando para a economia verde Foto: Pedro Kirilos/Estadão

A redução das emissões de carbono dos setores mais intensivos em energia da economia — aviação e transporte marítimo, ou a fabricação de cimento, aço e produtos químicos — exige enormes quantidades de energia limpa e barata, bem como biomassa abundante.

Poucos países têm tanto desses recursos quanto o Brasil. Mais de 85% de sua eletricidade é gerada sem a queima de combustíveis fósseis, uma parcela quase três vezes maior do que a média global. A maior parte vem da energia hidrelétrica, mas a energia eólica e, principalmente, a solar estão se crescendo rapidamente. Até 2040, espera-se que os custos de produção de energia solar e eólica caiam 46% e 27%, respectivamente.

Isso tornaria o Brasil um dos lugares mais baratos do mundo para produzir hidrogênio verde, que é criado pelo uso de energia renovável para dividir a água em suas moléculas componentes de hidrogênio e oxigênio.

De acordo com Felipe Diniz, da Mirow, uma empresa de consultoria do Rio de Janeiro, custaria cerca de US$ 4,50 por quilograma para produzir o material no Brasil atualmente. Ele diz que esse valor pode cair para US$ 1,70 em uma década, à medida que a energia eólica e solar se tornarem mais baratas. Os custos de produção do Brasil estariam alinhados com locais como a Arábia Saudita, o norte da África e o Chile.

A queima de hidrogênio é uma das poucas maneiras de descarbonizar os setores com maior consumo de energia. O aço, por exemplo, é produzido pela queima de carvão de coque em um alto-forno para aquecer e reduzir o óxido de ferro em ferro metálico, que é então lavado com oxigênio para purificá-lo. Mas esse processo libera grandes emissões de dióxido de carbono. Isso pode ser evitado com a queima de hidrogênio em vez de carvão.

O Brasil é o segundo maior produtor mundial de minério de ferro, que exporta para países como China, Japão e Coreia do Sul. O país quer processar mais desse minério em casa. A Vale, a maior mineradora de minério de ferro do mundo, deve inaugurar uma usina de processamento de minério limpo no Porto do Açu em 2028.

As exportações de aço podem não estar muito longe. A consultoria McKinsey estima que a produção de ferro metálico limpo no Brasil poderá custar US$ 465 (R$ 2.710) por tonelada até 2030, em comparação com US$ 560 (R$ 3.264) para um processo semelhante na União Europeia. A Global Efficiency Intelligence (GEI), uma consultoria de energia sediada em São Francisco, avalia que será mais barato produzir aço verde no Brasil do que na China, no Japão, nos Estados Unidos, na Coreia do Sul, na Austrália ou na UE, principalmente devido ao custo mais baixo do hidrogênio verde.

O Brasil também quer fazer SAF. Suas empresas florestais e agroindustriais geram 2 bilhões de toneladas de resíduos orgânicos por ano, que são matéria-prima em potencial. A UE e a Organização Internacional de Aviação Civil, um órgão que estabelece padrões, estão incentivando as companhias aéreas a usar SAF. A partir deste ano, todos os voos com origem na UE — cerca de um terço do total global — devem conter pelo menos 2% de SAF em sua mistura de combustível; esse percentual aumentará para 20% até 2035 e 70% até 2050.

De acordo com Thiago Sinzato, da Rystad Energy, uma consultoria norueguesa, espera-se que a demanda global por SAF atinja 5 milhões de barris por dia até 2050. O Brasil poderia responder por 1,3 milhão de barris desse total. “Seria fácil para o Brasil se tornar o maior produtor de SAF do mundo”, diz ele. Desde 2022, as empresas brasileiras anunciaram mais de US$ 4 bilhões em investimentos em biocombustíveis, inclusive em SAF.

Problemas financeiros

Suas bases técnicas para um boom de produção verde podem ser sólidas, mas as dificuldades econômicas do Brasil são um obstáculo. O alto custo do financiamento está adiando investimentos maiores em projetos de capital intensivo. O real foi a moeda principal com o pior desempenho do mundo no ano passado, perdendo mais de 20% de seu valor em relação ao dólar.

A queda foi alimentada pelo pânico em relação aos planos de gastos de Luiz Inácio Lula da Silva, o presidente de esquerda. Os mercados acreditam que ele não está falando sério sobre o equilíbrio das contas, mesmo com o déficit orçamentário do Brasil atingindo 10% do PIB e a dívida bruta com previsão de se aproximar de 90% do PIB. Um programa de política industrial anunciado no ano passado, que envolveu bilhões de reais, corroborou essa crença. Mesmo com a maioria dos Bancos Centrais cortando as taxas de juros, em 28 de janeiro a do Brasil foi elevada para 13,25%, uma das mais altas do mundo.

O cenário pode não melhorar em 2025. As políticas mais queridas de Donald Trump, presidente dos Estados Unidos, para deportar imigrantes e impor tarifas, provavelmente fortalecerão o dólar. O real cairá ainda mais, e os investidores poderão procurar outro lugar. O Brasil tem grandes expectativas quanto ao seu papel na descarbonização do mundo. Mas se não conseguir convencer os investidores a manterem o dinheiro no país, suas esperanças não darão em nada.

EFEITOS CLIMÁTICOS FAZ BELÉM PARA CAMINHAR PARA UM DESTINO CLIMÁTICO INFERNAL

 

História de Redação – Revista Planeta

Mudanças climáticas já são sentidas na capital amazônica que recebe Conferência do Clima da ONU em 2025. Cenário prevê mais dias de calor extremo e menos chuva no futuro impactando principalmente população mais carente.Poderia ser um dia comum de trabalho para as mulheres extrativistas da ilha do Combu, em Belém, no Pará. Mas há meses elas não conseguem mais colher a mesma quantidade de andiroba que colhiam antes. O calor extremo e a estiagem prolongada na região estão mudando essa produção.

“Este ano que a gente começou a sentir o impacto. Na verdade, é o aquecimento global, que há anos a gente falava, mas agora já estamos sentindo. A produção era bem mais intensa, esse ano já deu uma baixa. Estamos sentindo essa diferença agora”, conta à DW Dayse Soares, da Associação das Mulheres Extrativistas do Combu (AME).

A andiroba é uma semente típica da Amazônia e o seu óleo é utilizado para fins medicinais. Devido à baixa produção atual, as extrativistas do Combu tiveram que se adaptar e começaram trabalhar com recursos menos escassos na floresta, como a folha de cacau, que a AME desidrata e transforma em embalagens.

“Um calor que nunca sentimos antes”

O Combu integra a região ribeirinha da capital paraense, que conta com dezenas de ilhas e possui cerca de 40 mil habitantes, segundo as autoridades municipais. O artesão Charles Teles faz parte dessa população e diz estar preocupado com o “calor desordenado” que está sentindo.

“Apesar de estarmos no meio da floresta, numa ilha, rodeados de água, percebemos que o calor esse ano foi desordenado mesmo. Tinha tempo de a gente entrar quase em desespero de tanto calor. Um calor que nunca sentimos antes”, afirma o artesão.

Tanto nas ilhas como na parte continental de Belém, a sensação da população é a mesma: “a cidade ficou muito mais quente”. É o que diz a pesquisadora Marlucia Martins, do Museu Paraense Emílio Goeldi, que explica que “os efeitos das mudanças climáticas, já estão acontecendo há sete, oito anos, mas se intensificaram nos dois últimos anos”.

“2023 e 2024 foram os anos mais quentes. E mesmo a região das ilhas, que é uma região de temperatura e de clima muito mais ameno, já está muito mais quente. E isso é interessante porque é perceptível por todos”, observa Martins.

Um dos aspectos que intensifica a sensação de calor é a quantidade de árvores por metro quadrado, que nessa capital amazônica está aquém do tamanho da população – que já passa de 1,3 milhão. Levando em consideração os municípios do entrono, o número de habitantes ultrapassa os 2,2 milhões.

O professor e coordenador do curso de Geografia da Universidade do Estado do Pará (UEPA), Rodrigo Rafael, afirma que Belém tem uma média de 2,5 árvores por metro quadrado para cada morador, o que “traz um desconforto térmico muito grande”.

Segundo o professor, o índice de cobertura vegetal por habitante preconizado pela Organização Mundial da Saúde (OMS) fica em torno de 9 e 12 árvores por metro quadrado.

Injustiça ambiental

O calor é intenso mesmo no centro da cidade, onde a falta de arborização passa despercebida devido aos famosos túneis verdes de mangueiras de Belém – conhecida como “Cidade das Mangueiras”. A sensação térmica é ainda pior na periferia, onde o verde está menos presente.

“São os bairros onde temos um alto índice, por exemplo, de criminalidade, de pobreza. É o que a gente fala de injustiça ambiental. Temos uma população que é vulnerável economicamente e que também está mais exposta a esses eventos climáticos extremos, como ondas de calor excessiva e formação de ilhas de calor”, afirma Rafael.

A ativista ambiental Waleska Queiroz, dos movimentos COP das Baixadas e Observatório das Baixadas, diz que as periferias são “zonas de sacrifício” e também defende que problemas como a falta de saneamento e de arborização se agravam na crise climática.

“Por isso, hoje pautamos justiça climática através dessas pessoas que mais sofrem no seu cotidiano todas essas problemáticas e são as últimas que conseguem se restabelecer quando um evento extremo chega na comunidade”, diz.

Cacila Bastos, moradora do bairro da Terra Firme, na periferia da cidade, vive esse cenário na pele. Ela diz que o calor está cada vez mais intenso e que a chuva da tarde – que em Belém costumava cair quase todos os dias entre às 14h e 16h – já não é frequente.

“Agora que começou a cair a chuva, no mês de dezembro. Mas durante o ano mesmo foram poucas chuvas. Mudou”, lamenta Bastos.

Também na Terra Firme, outro morador relata à DW como é viver numa área da cidade com baixa cobertura vegetal: “Aqui tem o meu pai, minha mãe, meu irmão, minha tia. E basicamente tem dois ventiladores. É o que sustenta a gente no período do verão, na seca. É esse ventilador, tem outro lá no quarto, então são dois. Às vezes a gente recorre a deitar na lajota, que é onde está mais gelado. É essa estratégia que usamos, e o banho. Só que a aqui na nossa casa temos uma problema: o sol pega direto no banheiro, então não tem como escapar, porque a água está sempre quente”, conta Andrew Leal.

Chuvas mais intensas e alagamentos

Na mesma casa em que passa calor, Leal e a família enfrentam outro problema: o alagamento. A área em que vivem há cerca de 40 anos passou por uma obra recente de saneamento, que deixou as casas em um nível mais baixo que o da rua.

“A obra veio com essa promessa para a população de que iria, de fato, resolver o problema das inundações das casas. Porém eles subiram o nível da rua e deixaram todas as casas afundadas. Acabaram não resolvendo e criaram outro problema, porque as casas viraram verdadeiras piscinas”, critica Leal, que teve a casa alagada no dia 25 de dezembro após uma forte chuva na capital paraense.

Em nota, a Secretaria de Obras Públicas do governo do Pará disse à DW que ainda vai concluir a obra de saneamento e que vai direcionar o escoamento da água da chuva para os sistemas de drenagem.

A estiagem foi prolongada em Belém no ano passado. Mas o período chuvoso na cidade, que deveria ter começado entre outubro e novembro, começou apenas em meados de dezembro. No entanto, apesar do atraso, Leal diz perceber que as chuvas estão mais intensas.

Futuro infernal

Belém será o segundo centro urbano mais quente do mundo até 2050, de acordo com um estudo da ONG CarbonPlan em parceria com o jornal americano The Washington Post, divulgado em 2023. A projeção é de que a cidade terá até lá 222 dias de calor extremo ao ano.No início dos anos 2000, Belém tinha 50 dias anuais de calor extremo.

O climatologista do Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais (Cemaden), José Marengo, afirma que os “extremos estão virando mais extremos”, com o início da estação chuvosa mais tarde, e a estação de estiagem mais longa e mais quente.

“Mas para cenários mais futuros, como 2050, além de aumento das temperaturas e número de dias com ondas de calor, também se está prevendo reduções na precipitação na região leste da Amazônia, segundo vários modelos. Claro, isso não impede que, apesar de a precipitação estar diminuindo, ainda possamos ter dias com muita chuva, aquela que produz inundações”, explica Marengo.

Uma cidade mais resiliente até 2050?

A capital do Pará tenta melhorar a sua infraestrutura e se tornar mais resiliente para evitar um futuro climático infernal. A cidade, que vai sediar em novembro a próxima Conferência do Clima das Nações Unidas, a COP30, realiza no momento mais de 30 obras estruturais, segundo o governo estadual. Só o governo federal está investindo mais de R$ 4 bilhões.

Além dos investimentos governamentais, a própria sociedade civil está engajada para evitar os prognósticos para 2050. A ativista Waleska Queiroz afirma que a pressão popular conseguiu aprovar no final de 2024 o primeiro Fórum Municipal sobre Mudanças Climáticas de Belém.

“Hoje é um fórum que integra pessoas das periferias, quilombolas, indígenas, para discutir as pautas climáticas e para construir também as políticas climáticas pensadas para Belém”, acrescenta.

Segundo o ex-coordenador do Fórum Climático de Belém e assessor especial da COP 30 Sérgio Brazão, o fórum será mantido pelas próximas gestões até 2050. “Ele não é um plano de um prefeito A, nem B, nem C; é um plano de todos os prefeitos que se sucederão na administração da cidade até 2050 e é fundamental que esse plano seja seguido”.

“É prioridade combater a injustiça climática que ocorre nas áreas de alagamento da cidade de Belém e combater de uma forma que traga arborização”, afirma Brazão

Apesar de todos os esforços na capital paraense, a pesquisadora Marlucia Martins afirma que “não há solução para Belém sem uma solução internacional, porque os efeitos climáticos são globais”. “Atmosfera não tem território, você não define, você define território na Terra, na atmosfera, não”, conclui.

QUAL É O MELHOR? LEITE DE VACA OU LEITE VEGETAL?

 

História de Redação – Revista Planeta

Será que bebidas produzidas com soja, amêndoa, arroz, ervilha ou castanha de caju são melhores para o meio ambiente e para a saúde?Com 75% da população global sendo intolerante à lactose e as preocupações com o meio ambiente em alta, os leites à base de plantas surgiram como uma alternativa viável aos produtos lácteos nos últimos anos. É um setor global de 20 bilhões de dólares (R$ 113,3 bilhões), com vendas que devem dobrar na próxima década.

As alternativas vegetais, constituem o maior segmento do mercado à base de plantas nos EUA, com vendas de 2,9 bilhões de dólares (R$ 16,4 bilhões) no ano passado. As bebidas à base de plantas representaram cerca de 15% do total das vendas de leite nos EUA, e quase metade dos lares do país comprou leite à base de plantas em 2023.

No entanto, em um estudo recente com 219 tipos de leites vegetais, cientistas do Centro de Coordenação de Nutrição da Universidade de Minnesota descobriram que eles oferecem menos benefícios nutricionais do que o leite de vaca. Incluindo menos cálcio e vitamina D.

Pegadas de carbono diferentes

Como a criação de gado está ligada ao desmatamento e às emissões de metano, o consumo de produtos lácteos também tem implicações ambientais e climáticas.

A média das emissões de gases de efeito estufa por litro associadas aos leites de soja, aveia, amêndoa, espelta, ervilha e coco é de 62% a 78% menor do que a do leite de vaca, segundo os autores de um estudo intitulado Dairy and Plant-Based Milks: Implications for Nutrition and Planetary Health (Leites de origem vegetal e lácteos: implicações para a nutrição e a saúde planetária).

Qual o melhor para o planeta e a saúde?

“É um pouco difícil responder à pergunta sobre qual é o melhor”, reconhece Brent Kim, pesquisador do Johns Hopkins Center for a Livable Future e um dos autores do estudo.

“Estamos nos referindo ao menor impacto na mudança climática? Falamos do leite mais nutritivo, o leite mais acessível ou talvez estejamos mais preocupados com a quantidade de água usada para produzir esse leite? Ou talvez com a quantidade de terras agrícolas que tiveram de ser ocupadas para produzir esse leite?”

O que está claro é que os alimentos à base de vegetais têm uma pegada de carbono muito menor, e isso não se refere apenas ao CO2.

Kim diz que, embora a embalagem e o transporte sejam responsáveis por algumas dessas emissões, grande parte dos gases de efeito estufa já é gerada antes de as plantações saírem da fazenda.

Compensações ambientais

Há diferentes compensações ambientais quando se trata de leites vegetais. Embora o leite de amêndoas esteja próximo ao leite de vaca no que diz respeito às emissões de gases de efeito estufa, a situação não é tão boa se levarmos em conta sua pegada hídrica. O leite de amêndoas é o leite vegetal mais vendido nos EUA, respondendo por três quartos das vendas totais.

Kim afirma que uma das melhores opções seria o leite feito de proteína de ervilha, por emitir menos gases de efeito estufa e ter bons níveis de proteína.

“E se estivermos preocupados com o uso de água, preocupação que devemos ter, o leite de ervilha tem uma dos menores consumos de água de todos os leites”, ressalta, acrescentando que o leite de soja também preenche todos esses requisitos. Embora alguns estudos tenham mostrado que a soja tem um impacto climático ligeiramente maior em comparação com a ervilha. Ele frisa que foram feitos mais estudos sobre o leite de soja, mas o veredicto ainda não foi dado. E o leite feito de proteína de ervilha ainda não está amplamente disponível.

Então, qual é o melhor leite para a saúde?

Com todas as marcas e tipos diferentes no mercado, é possível dizer qual é o melhor?

Isso é difícil, diz Abby Johnson, diretora associada do Centro de Coordenação de Nutrição da Universidade de Minnesota na Escola de Saúde Pública e principal autora do estudo que analisou mais de 200 leites vegetais diferentes.

“Há muita variedade. Cada leite vegetal, ao que parece, é formulado de forma diferente”, explica a especialista.

Os laticínios são considerados uma boa fonte de três dos cinco nutrientes importantes identificados nas Diretrizes Dietéticas dos EUA para 2020-2025: cálcio, potássio e vitamina D.

“A dieta do americano médio excede em muito a quantidade de proteína necessária para uma dieta saudável”, sublinha o pesquisador Brent Kim. Mas essa proteína extra dos laticínios é importante para alguns grupos.

“Especialmente para crianças em fase de crescimento, em áreas onde as pessoas têm dificuldade de ter uma variedade de alimentos, os laticínios são realmente importantes, porque fornecem uma boa quantidade de proteínas”, diz Becky Ramsing, profissional de nutrição de saúde pública e nutricionista do Johns Hopkins Center for a Livable Future.

“A aveia não é necessariamente um alimento rico em proteínas”, acrescenta. “E não se engane pensando também que o leite de amêndoas é rico em proteínas só porque é feito de nozes”.

“Na maneira como os leites são feitos, há muita água adicionada a eles, portanto, o teor de proteína é, na verdade, muito baixo”, conclui.

Leia o rótulo!

“Você não pode simplesmente escolher um leite vegetal da prateleira e presumir que ele se encaixará em um perfil. Cada pessoa é muito diferente”, diz Ramsing, lembrando ser importante ler o rótulo para descobrir o que há no produto.

Ramsing conta que ela mesma passou por isso quando descobriu que seu leite de soja favorito não era enriquecido com cálcio. E você pode se surpreender ao descobrir a quantidade de açúcar adicionado em alguns leites.

Obtendo todos os nutrientes do leite

Uma vantagem dos leites vegetais em relação ao leite de vaca é a fibra extra. Johnson diz que há alguns leites vegetais que fornecem mais de 10% do valor diário de fibras, enquanto o leite de vaca não tem nenhuma.

Por outro lado, o leite de vaca é rico em vitamina B2 ou riboflavina, que são importantes para o crescimento celular e a produção de energia, e o fósforo, que é importante para ossos e dentes.

“Mas você ainda pode beber leite vegetal se obtiver seus nutrientes em outro lugar”, diz Abby Johnson.

“Tenha uma dieta diversificada com muitas frutas e vegetais e você não precisará se preocupar com a deficiência de vitamina B2 ou de fósforo”, afirma.

“Os leites à base de plantas podem, com certeza, fazer parte de uma dieta saudável.”

AS ARMADILHAS DA INTERNET E OS FOTÓGRAFOS NÃO NOS DEIXAM TRABALHAR

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