O ministro queria impor contrapartidas dos estados, assim como seus
colegas antecessores. Nenhum deles conseguiu, e tudo indica que Haddad
também ficará sem o sacrifício dos governadores pelo equilíbrio das
contas públicas
Ministro da Fazenda, Fernando Haddad, durante cerimônia no Palácio da Alvorada, em Brasília02/05/2023REUTERS/Ueslei Marcelino
A renegociação da dívida dos estados com a União está pronta para virar a próxima pedra no caminho de Fernando Haddad.Playvolume
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O projeto apresentado pelo presidente do Congresso, Rodrigo Pacheco,
prevê aos estados todos os benefícios, mas ao Tesouro Nacional, a conta.
A briga não é nova. Vem do final dos anos 90, quando o governo
federal liquidou os bancos estaduais – todos quebrados –, federalizou as
dívidas e repactuou o pagamento com juros abaixo do mercado.
A trégua durou até 15 anos atrás, quando os estados passaram a contar
com a benevolência do Congresso e do Supremo Tribunal Federal para
conseguir redução de juros e até a suspensão do pagamento dos débitos
com a União.
A proposta de Pacheco tem o mérito de induzir investimentos nas áreas
mais carentes dos estados, como educação, infraestrutura e saneamento
básico.
Mas tem como premissa e incentivo o aumento de gastos, e não o
controle das despesas – um problema grave tanto no governo federal
quanto nos maiores estados brasileiros, exatamente aqueles mais
endividados.
A pedra que surge no caminho de Haddad é o aumento da dívida pública
se a proposta passar no Congresso como está. A União já paga mais juros
na dívida soberana do que aquele que recebe dos estados, subsidiando os
devedores. Imagine se a cobrança for zerada, como prevê a proposta no
Senado.
O ministro queria impor contrapartidas dos estados, assim como seus
colegas antecessores. Nenhum deles conseguiu, e tudo indica que Haddad
também ficará sem o sacrifício dos governadores pelo equilíbrio das
contas públicas.
Ao decidir esse número, o Banco Central influencia boa parte de todas as transações com dinheiro na economia
O gerente do seu banco trabalha para proteger o teu dinheiro. Em
Brasília, o Banco Central (BC) é um banco um pouco diferente porque não
lida necessariamente com depósitos e
saques.Playvolume00:00/01:00TruvidfullScreen
A principal função é proteger o valor da moeda, o real. Para isso, é preciso combater o grade inimigo do dinheiro: a inflação.
Como o BC pode agir contra a alta dos preços se eles são decididos na
própria economia? Já que quem decide aumentar valores muitas vezes são
indivíduos ou empresas, como um fazendeiro, uma indústria ou mesmo o
dono do supermercado do bairro.
Para isso, entra o principal instrumento da política monetária: o juro básico da economia, que no Brasil é a taxa Selic.
Ao decidir esse número, o BC influencia boa parte de todas as
transações com dinheiro na economia, especialmente — mas não apenas —
aquelas que têm juros, como empréstimos e investimentos.
A cada 45 dias, o Comitê de Política Monetária (Copom) se reúne para
definir o novo patamar da Selic. E o processo é similar ao de um maestro
que rege uma orquestra.
A partitura desse maestro econômico é a meta de inflação. Esse é o grande norte da autoridade monetária.
A meta é definida pelo Conselho Monetário Nacional (CMN) e atualmente
está fixada em 3% no acumulado de 12 meses, com margem de tolerância de
1,5 ponto percentual para cima ou para baixo.
A meta determina o ritmo que a música chamada inflação pode tocar.
Antes de definir a Selic, o BC faz um minucioso exame da sinfonia
econômica. São coletados dados de diversos setores da economia, como
indústria, serviços, mercado de trabalho e especialmente o comportamento
dos preços, além do cenário externo.
Assim, os diretores do BC conseguem compor um panorama abrangente do ritmo da economia do país.
Juros altos, como um tom mais baixo, desaceleram a atividade
econômica, enquanto taxas baixas, impulsionam. Essa modulação tem como
objetivo influenciar o ritmo da atividade econômica e dos preços.
A conexão é simples: se a economia acelera e cresce, há mais espaço
para aumento de preços. Já se a economia reduz o passo e encolhe, os
preços tendem a aumentar menos.
As reuniões do Copom são cercadas de sigilo. Bloqueadores de celular e
comunicação restrita a recados escritos garantem que os membros do
Comitê baseiem suas decisões apenas nas informações disponíveis e no
debate técnico aprofundado. E, principalmente, não vazem nada para fora
daquela sala no 20º andar do edifício-sede em Brasília.
Apesar do sigilo durante as reuniões, as decisões do Copom são
amplamente anunciadas. A cada atualização da Selic, o BC emite um
comunicado detalhando os fatores considerados e as perspectivas para a
economia, buscando esclarecer os rumos da política monetária
O presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), anunciou ontem o
projeto de lei que define as novas regras de tratamento para as dívidas
dos Estados com a União. Segundo ele, o projeto prevê que os entes
possam entregar ao governo federal ativos – por exemplo, estatais – como
forma de pagamento de seus passivos.
“O eixo principal é isso. Há uma dívida do Estado com a União, e o
Estado pode usar ativos que detenha para pagamento dessa dívida”, disse
Pacheco. Entre os tipos de ativos citados pelo parlamentar estão os
recebíveis, créditos judiciais e participação acionária em empresas.
Estatais poderão ser federalizadas em favor da União, destacou Pacheco.
Minas Gerais, terra de Pacheco e um dos Estados mais endividados, tem
planos de repassar ao governo federal ativos como as participações na
Companhia Energética Minas Gerais (Cemig), na Copasa e na Codemig. Esse
montante ajudaria a reduzir uma parte da dívida bilionária do Estado. A
opção de federalização de empresas estaduais já havia sido defendida por
Pacheco.
O senador disse também que outra novidade do projeto é prever que
créditos inscritos em dívida ativa do Estado possam ser cedidos também
para a União. “Há artigo específico sobre essa possibilidade, obviamente
dependente do aceite da União”, disse.
Pelo projeto, o governo federal pode não ser remunerado com juros no
pagamento desses passivos. Segundo Pacheco, a proposta foi alinhada
antes com o Executivo. Hoje, o indexador das dívidas é o IPCA acrescido
de 4% de juros. O texto apresentado por Pacheco, por sua vez, abre
caminho para que esses 4% sejam revertidos para os próprios Estados ou
até mesmo perdoados.
AS ALTERNATIVAS. São quatro possibilidades de redução:
1) Um ponto porcentual poderia ser perdoado se o Estado entregasse
como pagamento e amortização os seus ativos numa monta de 10% a 20% do
valor da dívida. Haveria um abatimento de 1 ponto porcentual sobre os
juros do estoque.
2) Se o Estado entregasse 20% a mais de ativos para o pagamento do
passivo, o abatimento nos 4% seria de 2 pontos, explicou Pacheco. “Ou
seja, é um perdão de 50% do valor dos juros, que cairia de 4% para 2%”,
disse.
3) Além dessas opções, 1 ponto dos 4% de juros poderia ser para
investimentos no próprio Estado – o que se assemelha à ideia original do
Ministério do Fazenda apresentada no programa Juros Por Educação. Nesse
caso, os investimentos poderiam ser em educação e ensino
profissionalizante, mas também em infraestrutura e segurança pública.
4) Por fim, 1 ponto dos juros seria para um fundo de equalização,
criado pelo projeto, para atender todos os Estados, inclusive os não
endividados.
“Desse modo, a configuração dos juros teria parte de perdão, com o
esforço do Estado de entrega de ativos, outra parte usada para
investimentos no Estado, e parte para fundo de equalização. Isso garante
a responsabilidade fiscal e que os Estados se organizem para pagamento
da dívida e redução muito significativa do indexador. E com a União
abrindo mão para si dos juros”, disse Pacheco.
SEM USO DO FUNDO
O presidente do Senado explicou que a pretensão dos governadores de
utilizar o Fundo de Desenvolvimento Regional, previsto na reforma
tributária, como uma antecipação para o pagamento da dívida, não pode
ser atendida. “Infelizmente sob o ponto de vista jurídico e
constitucional há uma vedação expressa sobre esse uso. Ele pode ser
usado naturalmente nas contrapartidas: uma vez aderindo ao programa de
pleno pagamento, o Estado terá de cumprir ao longo da relação com a
União”, explicou.
Pacheco indicou que o projeto pode ficar para agosto, diante da
necessidade de debater o texto com senadores e governadores. “Vamos
fazer o maior esforço possível para ser antes do recesso. Mas,
eventualmente, se necessário for passar para agosto, não tem problema
algum”, afirmou.
As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.
O Conselho Nacional de Justiça (CNJ) concluiu que o fim das saídas
temporárias de presos, as chamadas saidinhas, para evitar o aumento da
criminalidade não “encontra amparo em evidências”.
A conclusão consta em um relatório no qual o conselho avaliou a Lei
14.836/2024, norma que acabou com as saidinhas de presos. Em maio deste
ano, o Congresso derrubou o veto parcial do presidente Luiz Inácio Lula
da Silva e manteve a proibição do benefício.
Antes da nova lei, presos que estavam no regime semiaberto, que já
tinham cumprido um sexto do total da pena e com bom comportamento,
poderiam deixar o presídio por cinco dias para visitar a família em
feriados, estudar fora ou participar de atividades de ressocialização.
Com a rejeição do veto pelos parlamentares, os detentos ficam
impedidos de deixar as prisões em feriados e datas comemorativas, como
Natal e Dia das Mães.
Na avaliação do CNJ, apenas 4% dos presos não retornam às
penitenciárias, fato que não traz “qualquer consequência negativa à
segurança pública”.
“A redução das oportunidades de reconstrução e fortalecimento das
relações familiares e comunitárias de pessoas em cumprimento de pena vai
de encontro ao objetivo desproporcionar condições para a harmônica
integração social do condenado e acaba por fazer aumentar a pressão
dentro dos estabelecimentos prisionais, incrementando a deterioração de
um sistema que opera em modo de violação estrutural de direitos
fundamentais”, avalia o conselho.
O CNJ também acrescentou que a realização de exames criminológicos
para concessão da progressão de pena, conforme está previsto na norma,
vai gerar custos de R$ 6 bilhões para a administração pública e
triplicar o déficit de vagas nos presídios.
“O prolongamento do tempo de encarceramento a decorrer dos
inevitáveis atrasos nas futuras progressões de regime diante da nova
exigência aponta que, em 12 meses, 283 mil pessoas deixarão de progredir
regularmente, o que irá acarretar um custo anual e adicional de R$ 6
bilhões de reais para os cofres públicos”, concluiu o CNJ.
Em maio, o ministro André Mendonça, do Supremo Tribunal Federal (STF), reconheceu que o fim das saidinhas não pode retroagir para
alcançar detentos que tinham direito ao benefício. O ministro ressaltou
que a Constituição prevê que a lei penal não pode retroagir, exceto
para beneficiar o réu.
Nikola Tesla (1856-1943) foi um homem a frente do
seu tempo. O sérvio-americano demonstrou desde cedo paixão pela ciência e
é considerado até hoje um dos grandes gênios da contemporaneidade. Esse
reconhecimento todo, no entanto, não veio de maneira pontual. Ainda que
estivesse envolvido em inúmeros projetos pioneiros, como a invenção do
rádio e das correntes elétricas, o nome de Tesla foi frequentemente
ofuscado por outros mais influentes e bem posicionados na sociedade ao
longo de sua carreira.
Os principais pontos de destaque do seu legado têm a ver com a sua grande descoberta: o campo magnético rotativo.
De forma bem simplificada, ele é a base pela qual a energia elétrica
pôde ser convertida em movimento mecânico nos motores de indução. A
partir dessa descoberta – que foi apenas uma entre as mais de 40
patentes registradas pelo cientista –, Tesla deixou um rastro de
contribuições eternas para a humanidade.
Podemos citar como exemplos o sistema de corrente elétrica alternada,
utilizado até hoje em fios de alta tensão a longa distância; o
transformador e a bobina de Tesla; o motor de indução de
eletrodomésticos; o sistema de ignição dos carros; os sistemas
polifásicos; o rádio; o controle remoto; a iluminação fluorescente,
entre outros.
O GUIA DO ESTUDANTE separou 6 curiosidades para você conhecer Nikola Tesla.
1. Guerra com Thomas Edison
Briga de gigantes! Nikola Tesla se mudou para os Estados Unidos em
1884, na esperança de ser contratado por Thomas Edison, que na época já
era um inventor estabelecido e famoso nos estudos da eletricidade. O
imigrante não apenas foi contratado, como foi designado a melhorar e
resolver os problemas técnicos dos sistemas de iluminação de Edison. A
relação, no entanto, azedou rapidamente: enquanto Edison defendia a
adoção da corrente contínua (CC), Tesla insistia na corrente alternada
(CA). As diferenças técnicas e filosóficas dos dois afastaram a
possibilidade de uma relação saudável, e a rivalidade entre os dois só
aumentou quando Tesla deixou a empresa de Edison para seguir sua própria
trajetória. A diferença nas visões ficou conhecida como “Guerra das
Correntes”.
2. Dormia somente 2 horas por noite
Com severos problemas de insônia e uma mente inquieta, não era raro
Tesla dormir somente duas horas por noite. A falta de sono não era,
porém, apenas uma questão biológica, o cientista defendia que sono
excessivo era prejudicial a sua produtividade e criatividade, preferindo
dormir poucas horas à noite, mas tirar algumas sestas durante o dia,
com pequenos cochilos de 20 minutos. Um workaholic nato, não é mesmo?
3. Foi reconhecido como inventor do rádio antes de morrer
Em 1891, Tesla construiu um sistema de transmissão sem fio que podia
ser controlado remotamente, com a capacidade de enviar sinais a curta
distância. Para provar sua ideia, controlou um barco utilizando somente
ondas de rádio. Obviamente, não se tratava do aparelho de rádio que
conhecemos hoje, mas foi a partir da tecnologia de Tesla que o italiano
Guglielmo Marconi criou um sistema prático e comercialmente viável,
ficando conhecido como o inventor do rádio. Tesla e Marconi se
enfrentaram legalmente por anos na busca pelo título de inventor do
aparelho, mas foi somente no ano de sua morte, 1943, que Tesla foi
reconhecido pela Suprema Corte dos Estados Unidos como o verdadeiro
inventor da tecnologia usada por Marconi.
4. Obcecado por numerologia
Assim como para outros grandes gênios das Exatas, os números
representavam para Tesla muito mais do que apenas objetos de trabalho. O
cientista acreditava em diversos preceitos da numerologia e tinha uma
verdadeira obsessão em ditar sua rotina e projetos a partir dos números
que acredita lhe trazerem sorte ou harmonia. Acreditava, principalmente,
nos diviseis por 3, uma vez que via no número uma universalidade
natural. Além disso, costumava prezar pela simetria e estética em todos
os seus projetos, afirmando que estas características influenciavam
diretamente na sua eficiência e funcionalidade.
5. Apesar das contribuições para a sociedade, não enriqueceu
Este talvez seja um dos motivos pelos quais o nome de Tesla tenha
ficado ofuscado por tanto tempo na História. Imigrante, o cientista
vinha de origens humildes e nunca almejou uma vida de luxos. Um peixe
fora d’água na sociedade intelectual – que historicamente foi composta
exclusivamente pelos mais ricos –, não iniciava projetos visando lucros,
apenas avanços científicos. Tinha um estilo de vida modesto, gastava o
que ganhava nas suas invenções cada vez mais ousadas – e que, por vezes,
falhavam ou não promoviam retorno financeiro. Na velhice, dependeu de
apoiadores e amigos para pagar as despesas médicas.
6. Quis transmitir energia sem fio para todo mundo
A Torre de Wardenclyffe, também conhecida como Torre de Tesla, foi um
dos projetos mais ambiciosos de Nikola Tesla – mas que, infelizmente,
não foi concluído. Iniciado em 1901, o projeto visava a construção de
uma torre que pudesse transmitir energia elétrica sem a necessidade de
fios condutores. Segundo o cientista, a torre seria capaz de transmitir
energia pelo ar, permitindo assim o acesso à energia em qualquer lugar
do mundo. O projeto recebeu investimentos milionários no início, mas as
constantes mudanças e aprimoramento influenciaram no tempo da obra e
consequente desistência do projeto. Em 1917, a torre foi destruída para
vender as peças.
Os grandes avanços na ciência, na arte e na tecnologia são geralmente
atribuídos à genialidade, mas isso ignora todo o trabalho que há por
trás.Mozart queixou-se, em uma carta, de ser considerado um prodígio,
quando a verdade era que, segundo ele, ninguém no mundo tinha trabalhado
mais a técnica musical do que ele. Em outra carta, ele destacou sua
predisposição para trabalhar em vez de ficar ocioso e lamentou ter
ficado 14 dias sem escrever uma única nota. “Não por preguiça ou
descuido, mas porque era impossível para mim.” Isso vindo de um dos
compositores mais prolíficos e criativos da história da música. Mas
então, o que é criatividade?
“É criar, criar algo novo”, diz o artista Cristóbal Toral, para quem
“a criatividade vem de uma vocação”. Uma vocação inicial que “é um
mistério” e que, no seu caso, foi a pintura. Você precisa de habilidades
e de preparação, mas isso não é suficiente, afirma ele em entrevista à
DW. “Porque você pode pintar muito bem, mas não contribuir com nada.”
“A criatividade, em suma, é uma luta constante na qual é preciso
estar muito alerta” e “com vontade de inovar e de se renovar”, resume.
Toral, um dos mais reconhecidos pintores espanhóis em atividade,
também viveu “momentos de bloqueio e momentos difíceis”. “Mas é claro
que isso se resolve pintando, pintando e cometendo erros na tela, e é
assim que as coisas surgem… Como disse Picasso, a inspiração deve pegar
você trabalhando.”
“Lembro-me de quando Botero, que era um grande amigo, convidou-me
para ir ao seu barco no verão. Um dia eu disse a ele: ‘Mas Fernando,
você viu o barco maravilhoso que você tem, o desenho dele…? Uma beleza,
uma obra de arte!’… E ele riu”, lembra, embora o escultor colombiano
recentemente falecido tenha concordado com ele.
“Quero dizer com isso que a criatividade se expressa não só na arte,
mas em uma infinidade de coisas”, diz Toral, declarando-se um
“apaixonado por design” e citando exemplos que vão de calotas de carros a
cafeteiras.
A principal pesquisadora da criatividade é a psicóloga americana
Teresa Amabile, que não leciona em escola de artes, mas na Harvard
Business School, a escola de negócios de maior prestígio do mundo. A sua
investigação, que abrange mais de 40 anos de experiências clínicas e
observações em setores como as novas tecnologias, centra-se atualmente
em como aumentar a criatividade no ambiente de trabalho. Empresas como
Pixar ou Apple a convidaram para explicar suas ideias, assim como o
Fórum de Davos. Não lhe faltam referências ilustres.
Mais de mil invenções e mais de mil tentativas
Para ilustrar o surgimento de uma ideia, geralmente usa-se uma
lâmpada. Não é por acaso. Foi uma invenção de Thomas Alba Edison, que
registrou mais de mil patentes ao longo de sua vida profissional. Quando
apresentou a invenção, em 1879, já a pesquisava há mais de um ano e
disse ter feito mais de mil tentativas. Perguntaram-lhe se ele não havia
desanimado depois de tanto fracasso e ele respondeu que não houve
fracasso, que simplesmente aprendeu mil maneiras de como não fazer uma
lâmpada.
“Grande parte dos freios à criatividade surgem das convenções
sociais, de preconceitos e estereótipos, aprendizados anteriores,
sistemas educacionais repetitivos e mecânicos, tendência ao conformismo,
insegurança e medo da rejeição, do fracasso ou do ridículo”, enumera o
psicólogo Guillermo Ballenato Prieto. “A crítica costuma ser uma grande
inimiga da criatividade, é aconselhável reduzi-la nas organizações, bem
como limitar ao máximo as sanções quando se comete um erro”, aconselha,
em entrevista por e-mail à DW.
Thomas Edison, por exemplo, além de possuir outros truques criativos,
procurou estimular a criatividade de seus funcionários e impôs em sua
oficina uma cota de uma descoberta menor a cada dez dias e uma grande a
cada seis meses.
É um dos exemplos que Ballenato dá nos cursos para desenvolver a
criatividade que oferece na Universidad Carlos III de Madrid. O objetivo
de Edison era que todos os seus funcionários aceitassem o desafio. Um
de seus alunos mais avançados, Henry Ford, aprendeu com suas técnicas
organizacionais e acabou se tornando um dos industriais mais importantes
dos Estados Unidos como fundador da empresa automobilística Ford.
“Sentir que podemos superar as adversidades nos ajuda a superá-las”,
afirma Ballenato. Ford expressou isso em outras palavras em uma de suas
declarações mais citadas. Amabile diz que, quando começou a abordar a
criatividade como objeto de estudo, as pesquisas se concentravam na
personalidade do gênio e não no trabalho por trás dele, mas que, na
realidade, as pessoas comuns também podem ser criativas, incluindo as
crianças. Ballenato segue essa linha.
“É possível treinar a mente para desenvolver a criatividade”, afirma.
“É uma ginástica mental que pode incorporar diversas estratégias. Entre
elas destaco o valor de quebrar hábitos, dar voto de confiança ao
absurdo, olhar além do aparente, ampliar a perspectiva, investigar e
enriquecer a mente com novas informações, manter um registro das
ideias…”
Assim como Amabile, Ballenato destaca a importância da motivação e da
colaboração em equipe. “Com a troca de ideias ocorre uma fecundação
cruzada que se nutre de novas informações, perspectivas, relações e
associações de ideias”, afirma.
Também faz diferença a organização do trabalho: “Estruturas mais
horizontais e igualitárias tendem a potencializar mais a criatividade do
que hierarquias excessivamente verticais”, resume. “Paralelamente, é
preciso premiar iniciativas, contribuições e ideias”, acrescenta.
“O bom ambiente de trabalho e a alta motivação são excelentes
catalisadores” da criatividade, afirma. Ele também recomenda
desconectar-se e o ócio para superar bloqueios. Nesses casos, Cristóbal
Toral procura inspiração na natureza e na sua diversidade ilimitada.
“Não existem dois verdes iguais nem duas folhas iguais”, diz o pintor
com admiração. “Criatividade implica inconformismo, abertura à mudança,
‘ir além’ do convencional. É um estado de consciência e, em última
análise, uma atitude perante a vida” conclui Ballenato.
Alda Marina de Campos Melo, especialista em desenvolvimento de
liderança, lista pensamento generativo, business case convincente,
negociação com o sistema, construção de comunidade, desbloqueio de
recurso e resiliência pessoal como fatores importantes para
intraempreender. Veja os detalhes!
(Foto: Unsplash)
Na última sexta-feira, o escritório da StartSe recebeu algumas alunas do WLP, nosso curso de liderança feminina em parceria com a Nova School of Business and Economics.
O encontro foi marcado por uma conversa sobre relações humanas, colaboração, protagonismo e intraempreendedorismo.
Mas no texto de hoje, vou separar as dicas sobre intraempreendedorismo, compartilhadas por Alda Marina de Campos Melo, especialista em desenvolvimento de liderança (veja mais adiante).
1 – Pratique o pensamento generativo
Enxergue oportunidades de inovação e melhorias na empresa, busque
soluções criativas para problemas e desafios. Questione o status quo e
pense fora da caixa, explorando novas perspectivas e possibilidades.
2 – Faça um business case convincente
Apresente sua visão com clareza. Argumente de forma clara e concisa
os benefícios da sua ideia, quantificando os impactos positivos
(financeiros, operacionais, etc.) e demonstrando sua viabilidade e
retorno do investimento.
3 – Negocie com o sistema
Construa uma rede de apoio. Crie relacionamentos com stakeholders
(líderes, colegas, etc.), apresente sua proposta de forma persuasiva e
respeitosa, adaptando-se às necessidades e prioridades da empresa.
4 – Construa sua comunidade
Tenha pessoas que são suas parceiras. Junte-se às pessoas que apoiam e
acreditam na sua ideia, criando um ambiente colaborativo e de troca de
conhecimentos. Compartilhe desafios e aprendizados com o grupo,
construindo uma comunidade de apoio mútuo.
5 – Desbloqueie recursos
Seja estratégico na busca por recursos. Identifique os recursos
necessários para implementar sua ideia, utilizando sua rede de contatos e
buscando alternativas criativas. Seja persistente na busca por apoio,
demonstre o valor da sua iniciativa.
6 – Cultive resiliência pessoal
Acredite em você. Mantenha a motivação diante de desafios e
obstáculos, aprendendo com os erros e buscando aperfeiçoamento contínuo.
A paixão pelo que faz e a persistência em seus objetivos são
ferramentas essenciais para o sucesso.
Por que importa?
Para você ter uma noção, 69% das empresas entrevistadas possuem um
programa de ideias contínuo, no qual os profissionais apresentam
projetos, segundo um estudo conduzido pela Aevo, empresa de gestão de
inovação.
E isso não é à toa. Em um mundo em constante transformação,
onde a criatividade e a adaptabilidade são as chaves para o sucesso, o
intraempreendedorismo se torna ainda mais importante para impulsionar o
crescimento das empresas e das carreiras. Assim, além de você ser uma
pessoa intraempreendedora, estimule o seu time a fazer o mesmo.
Leitura recomendada
O Women’s Leadership Program
tem como objetivo alavancar o desenvolvimento profissional das mulheres
– com protagonismo e destaque – a partir dos desafios que elas
enfrentam. Além de aprimorar sua liderança em posições estratégicas
relevantes nos mais diferentes setores e organizações. Confira!
As 3 características de uma mente inovadora
Igor Lopes – Innova
Primeiro, inovar não é sobre criar coisas novas, mas também encontrar
soluções que, embora já existentes, nunca foram adotadas em seu
projeto.
Um caso real que comprova a minha tese é o Sr. Valdir Novaki, conhecido como “O pipoqueiro mais famoso do Brasil”.
Valdir era um pipoqueiro como os outros, mas ele sentia que precisava inovar em seu mercado.
Diante disso, Sr. Valdir adotou medidas de higiene e atendimento que
ninguém fazia, mas que impactava diretamente na experiência do
consumidor:
• Quem chegava no carrinho de pipoca do Valdir recebia uma dose de álcool em gel nas mãos antes de pegar a pipoca.
• Ele também limpava toda a bancada (de inox) do carrinho com álcool na frente dos clientes, deixando tudo impecável.
• Em cada dia da semana Sr. Valdir utilizava um uniforme
(impecavelmente branco e limpo) do qual havia um bordado sinalizando o
dia da semana.
• Ao receber a pipoca, os clientes de Valdir ganhavam uma balinha de brinde, para refrescar o hálito após o lanche.
Perceba que ele inovou, sem reinventar a roda, mas apenas trazendo abordagens simples que seus concorrentes não ousavam fazer.
Por conta disso, digo que a primeira e maior característica de uma mente inovadora é questionar o tempo todo.
Afinal, ao questionar situações e circunstâncias você encontra:
• Novos problemas;
• Oportunidades;
• E soluções.
Esse loop cria um mecanismo de descobertas que leva você (e o seu projeto) a novos resultados no caminho da inovação.
No entanto, trilhar este caminho não é fácil, por isso, toda mente
inovadora tem a habilidade de ser constante, sem perder o ânimo.
Sem isso, é impossível levantar todos os dias e garimpar soluções em
meio às frustrações causadas pelos fracassos que surgem no caminho da
inovação.
Se olharmos para a história do Sr. Valdir, você notará que o sucesso
dele não foi repentino. Mesmo inovando, as coisas levaram tempo para
acontecer.
Por fim, a última característica de uma mente inovadora é o desconforto.
Imagina só:
Se homens como Steve Jobs, Jeff Bezos, Elon Musk e Sr. Valdir fossem
pessoas satisfeitas e confortáveis com seus resultados, será que eles
teriam conquistado tudo o que conseguiram?
Provavelmente não. Sr. Valdir, por exemplo, não só recebeu a alcunha
de “Pipoqueiro Mais Famoso do Brasil”, como também já viajou boa parte
do país dando palestras sobre empreendedorismo.
Ok, sabemos que não inovar é ruim.
Agora, será que inovar em excesso é bom?
Os limites da inovação
Pela minha experiência empreendendo no campo da tecnologia, esses são os dois maiores erros quando o assunto é inovação:
01 – Tentar reinventar a roda.
02 – Omissão.
Quem não se lembra do Google Glass, um típico exemplo de quem tentou inovar demais e precisou recuar.
Ou então a Playstation com o PS Vita, um videogame portátil que
prometia grande desempenho e resolução, mas, no final, não teve adesão
dos grandes desenvolvedores e, consequentemente, dos clientes.
Ainda no mundo dos games, a Microsoft lançou o Xbox Kinect, um sensor
de movimentos exclusivo que prometia substituir os controles
tradicionais do videogame.
Após alguns anos de insistência e baixa adesão dos desenvolvedores e gamers, o Kinect foi descontinuado pela Microsoft.
Inovação demais, utilidade de menos.
Por outro lado, temos alguns exemplos clássicos de empresas omissas que esperaram demais e perderam o bonde.
Blackberry
A primeira empresa de celulares a proporcionar conexão Wireless em
seus aparelhos, dando origem à era dos Smartphones — uma inovação que
acertaram de mão cheia.
Há 20 anos, ter um Blackberry era mais exclusivo, chique e estiloso do que ter um iPhone de última geração.
Na boa, sempre gostei dessa marca.
Realmente é uma pena que a empresa mãe dos smartphones tenha ficado para trás e hoje não ser nem a sombra do que já foi.
Também temos os exemplos clássicos, né? Nokia, Kodak, etc. Que você já cansou de ver por aí.
Todas essas foram empresas que, por arrogância, excesso de confiança ou medo, ficaram na mesma e sumiram do mapa por não inovar.
Mas, há também as empresas que inovaram na medida certa:
• Microsoft: vendia software de caixinha e hoje é uma potência tecnológica tanto em produtos como em serviços.
• Toyota: uma empresa tradicional do mercado automotivo, mas que
nunca perde o timming em inovação. Da era do motor a combustão aos
motores híbridos, a Toyota sempre está no topo do ranking em qualidade,
confiabilidade, tecnologia e conforto.
• Amazon: de e-commerce de garagem a uma potência de varejo e tecnologia.
• Nvidia: a empresa que surfou a onda dos games (quando ainda era uma
marola ignorada por todos), aproveitou o boom das criptomoedas e hoje é
a maior fabricante de GPUs utilizadas no desenvolvimento de IAs.
Sabe o que todas essas empresas têm em comum?
Elas não inovaram por moda, mas para resolver problemas concretos na vida de seus consumidores.
Você não pediu, mas eu dou: minha opinião
Sabe qual é o grande problema desse papo de inovação?
Ela é uma faca de dois gumes que pode:
• Fazer você se perder em meio ao vício de inovar.
• Fazer você perder pela falta de inovação.
Então, fica a pergunta:
Como inovar mesmo que você não tenha uma mente inovadora?
Tenha dados e informações concretas na sua mão. Sempre.
Se você tem dados, você enxerga gargalos que precisam ser resolvidos.
Se você enxerga os gargalos, você precisa de soluções — e é aqui onde a
inovação se esconde.
Na maioria das vezes, inovar é ser como o Sr. Valdir, e não necessariamente como Elon Musk.
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A defesa do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) se manifestou nesta
segunda-feira (8), após a retirada do sigilo do inquérito da Polícia
Federal (PF) que apura possíveis desvios das joias sauditas, recebidas
como presente em visita ao Oriente Médio. Bolsonaro e outras 11 pessoas
foram indiciadas por crimes relacionados ao caso. Segundo a PF, o grupo
que atuou na suposta venda ilícita das peças milionárias teria agido
para enriquecimento ilícito do ex-presidente. Os advogados de Bolsonaro
afirmam que os presentes ofertados à Presidência da República “obedecem a
um rígido protocolo de tratamento e catalogação”, sobre o qual “o Chefe
do Executivo não tem qualquer ingerência, direta ou indireta”. De
acordo com a defesa, o Gabinete Adjunto de Documentação Histórica
(GADH), que é o responsável por definir se o bem será destinado ao
acervo público ou ao acervo privado de interesse público da Presidência,
é composto por servidores de carreira que vinham de gestões anteriores.
O documento chama o inquérito das joias de “insólito”, por voltar-se
“só e somente ao Governo Bolsonaro, ignorando situações idênticas
havidas em governos anteriores”. A defesa diz ainda que Bolsonaro
compareceu de forma espontânea, após ser noticiado da necessidade da
restituição, e decidiu que os bens fossem devolvidos. No parecer, os
advogados do ex-presidente defendem que em momento algum ele pretendeu
ter para si “bens que pudessem, de qualquer forma, serem havidos como
públicos”. Confira abaixo a íntegra da nota da defesa de Bolsonaro no
caso das joias: A defesa de Jair Messias Bolsonaro, diante da decisão
proferida nesta data, tornando públicos os autos da Pet 11645, que versa
sobre bens do acervo de presentes oferecidos ao ex-Presidente durante
seu mandato, vem esclarecer o seguinte: Os presentes ofertados a um
Presidência da República obedecem a um rígido protocolo de tratamento e
catalogação e sobre o qual o Chefe do Executivo não tem qualquer
ingerência, direta ou indireta, sendo desenvolvido pelo “Gabinete
Adjunto de Documentação Histórica” (“GADH”), responsável por analisar e
definir, a partir dos parâmetros legais, se o bem será destinado ao
acervo público ou ao acervo privado de interesse público da Presidência
da República. Referido Gabinete, esclareça-se, é composto por servidores
de carreira e que, na espécie, vinham de gestões anteriores. Note-se,
ademais disso, que todos os ex-Presidentes da República tiveram seus
presentes analisados, catalogados e com sua destinação definida pelo
“GADH”, que, é bem de se ver, sempre se valeu dos mesmos critérios
empregados em relação aos bens objeto deste insólito inquérito, que,
estranhamente, volta-se só e somente ao Governo Bolsonaro, ignorando
situações idênticas havidas em governos anteriores. No curso desta mesma
investigação — repita-se, estranhamente direcionada apenas ao
ex-Presidente Bolsonaro —, houve representação para a inclusão do atual
Presidente da República, tendo em vista as próprias declarações do mesmo
de que, quando no exercício de mandato, havia recebido um relógio da
sofisticada marca Piaget, presenteado pelo ex-Presidente da República
Francesa, Jacques Chirac. A despeito de tratar-se de situação
absolutamente análoga, inclusive quanto a natureza e valor expressivo do
bem, o Ministro Alexandre de Moraes, na condição de relator da presente
investigação, determinou o pronto arquivamento da representação, em 6
de novembro de 2023, sem declinar as razões que tornariam aquela
situação legítima e a do ex-Presidente Bolsonaro não. Importa, ainda,
lembrar que o ex-Presidente Bolsonaro, desde que foi noticiado, em março
do ano passado, que o Tribunal de Contas da União havia aberto
procedimento voltado a avaliar a destinação dos bens aqui tratados para o
acervo privado de Presidência da República, antes mesmo de qualquer
intimação ou ciência oficial, compareceu de forma espontânea aos autos e
requereu que os referidos bens fossem, desde logo, depositados naquela
Corte de Contas. A iniciativa visava deixar consignado, ao início da
menor dúvida, que em momento algum pretendeu se locupletar ou ter para
si bens que pudessem, de qualquer forma, serem havidos como públicos. Se
naqueles autos colocou-se em discussão o status legal de tais itens,
dada a complexidade das normas que teoricamente disciplinam a dinâmica
de bens dessa ordem, requereu-se, ad cautelam, que desde logo ficassem
sob a custódia do poder público, até a conclusão da discussão sobre sua
correta destinação, de forma definitiva. A presente investigação — assim
como as demais que colocam hodiernamente o ex-Presidente como
protagonista —, ressente-se, ainda, da evidente incompetência do Supremo
Tribunal Federal e da inexistência de qualquer prevenção do Ministro
Alexandre de Moraes enquanto relator, aspecto sobre o qual a
Procuradoria Geral da República, já em agosto de 2023, expressamente
declinou da competência para a tramitação da apuração, indicando o MM.
Juízo de 1.ª instância em Guarulhos. Como sói acontecer nos feitos que
envolvem o ex-Presidente, a apuração permaneceu tramitando na Suprema
Corte, ignorando-se a manifestação da PGR. Por último, a defesa
manifesta sua completa indignação com o fato de que o relatório
apresentado pela Polícia Federal, imputou — de forma temerária e despida
de quaisquer fundamentos factuais ou mercadológicos —, que o
ex-presidente teria tentado beneficiar-se de valores contabilizados na
absurda ordem de R$ 25.000.000,00, afirmação que, somente após enorme e
danosa repercussão midiática, foi retificado pela Polícia Federal.
Bravo Motor Company desistiu de erguer um complexo em Minas Gerais e vai investir R$ 1,27 bilhões no estado baiano
O Brasil finalmente começará a produzir baterias. A Bravo Motor
Company, empresa de mobilidade elétrica fundada pelo arquiteto argentino
Miguel Angel Bravo, assinou na sexta-feira uma parceria estratégica com
o Estado da Bahia para instalar a primeira gigafábrica de baterias de
lítio da América Latina. O anúncio foi feito logo depois que a gigante
automotiva chinesa BYD também escolheu a Bahia para instalar sua nova
fábrica de carros elétricos.
O anúncio da parceria estratégica ocorreu na tarde de sexta-feira
(5), em Salvador, com a presença de Eduardo Javier Muñoz, CEO da Bravo
Motor Company. ” Esse marco representa um avanço significativo na
transição energética e no desenvolvimento econômico sustentável do
Brasil”, disse Muñoz.
A assinatura do acordo também contou com a presença das autoridades
do município de São Sebastião do Passé, onde a fábrica de baterias será
construída. A cidade fica a 35 km de Camaçari, onde a BYD terá a sua
fábrica. Porém, a fabricante chinesa não deve usar as baterias da Bravo,
pois também terá sua linha de montagem para este componente – a BYD
nasceu como uma produtora de baterias e só depois começou a desenvolver
veículos.
O plano inicial da Bravo era ter uma fábrica de baterias e carros
elétricos em Nova Lima, na região metropolitana de Belo Horizonte (MG),
em parceria com a ABB. O anúncio foi feito em 2021 com
a presença do governador do estado Romeu Zema (NOVO). Em conversa com o
Diário do Comércio, Muñoz explicou que a decisão de trocar de estado
foi tomada por uma diferença na atitude entre a Bahia e Minas Gerais
sobre as políticas econômicas e financeiras.
“Nossa proposta de negócio encontrou maior apoio e convergência na
Bahia, onde as diretrizes em relação à eletromobilidade e ao hidrogênio
são claras, segmentadas e específicas. Essa clareza é fundamental para o
desenvolvimento e o avanço da indústria nesse setor”, explica o
executivo. Em 2023, Zema criticou os carros elétricos e disse que “são uma ameaça aos nossos empregos”, o que mostra a diferença de posicionamento.
A fábrica produzirá células de bateria de lítio para veículos
elétricos e Sistemas de Armazenamento de Energia por Bateria (BESS):
“Esses produtos são essenciais para garantir a liderança do Brasil na
transição energética e na descarbonização da economia”, disse a empresa.
A assinatura do acordo incluiu a doação pelo município de um terreno de
400.000 metros quadrados, localizado a 50 quilômetros da cidade de
Salvador, na rodovia BR324. A fábrica será chamada de “Colossus
Cluster”.
A capacidade de produção estimada da fábrica será de 1 GWh por ano. A
meta é atingir 5 GWh por ano até 2027. A Bravo Motor Company estima que
o setor automotivo da América Latina demandará 45 GWh por ano até 2030.
Os principais clientes serão veículos pesados (caminhões e ônibus), mas
também carros de passeio leves. O investimento nessa primeira etapa é
de US$ 110 milhões (R$ 548,3 milhões) e serão criados 450 empregos. O
aporte total será de R$ 1,27 bilhões.
A Bravo Motor Company fabricou protótipos de carros elétricos na
Argentina, mas cancelou seus planos em nosso país devido a obstáculos
políticos de diferentes governos. Em 2012, Miguel Angel Bravo decidiu
estabelecer sua empresa nos Estados Unidos e depois expandiu para o
Brasil. Hoje, a empresa conta com a associação de parceiros
reconhecidos, como Rockwell Automation, SMC Automação do Brasil, ABB,
AI-Bess Technology e EVE Energy Co Ltda.
História de CATIA SEABRA, BRUNO BOGHOSSIAN E IDIANA TOMAZELLI – Folha de S. Paulo
BRASÍLIA, DF (FOLHAPRESS) – Ministros do governo Lula têm se reunido
com dirigentes do PT, partido do presidente, com o objetivo de aplacar
resistências internas a possíveis cortes de despesas que atinjam
benefícios da área social.
Há cerca de duas semanas, os ministros da Fazenda, Fernando Haddad, e
do Desenvolvimento Social, Wellington Dias, debateram medidas
econômicas com a cúpula petista durante um jantar oferecido pela
tesoureira do PT, Gleide Andrade, em Brasília.
À mesa, os dirigentes da maior corrente interna da sigla a CNB
(Construindo um Novo Brasil) ouviram da dupla argumentos favoráveis às
ações adotadas em seus ministérios.
A conversa passou pelo pente-fino em benefícios pagos pelo governo,
medida anunciada pelo ministro da Fazenda com o aval de Lula para
reduzir despesas.
Diante de Haddad, a presidente nacional do PT, deputada Gleisi
Hoffmann (PR), reafirmou suas críticas ao ajuste fiscal promovido pela
Fazenda. Segundo relatos de participantes, Gleisi foi incisiva ao dizer
que a fixação de uma meta de déficit zero foi um erro cometido pelo
governo.
Durante o jantar, Gleisi também reclamou da hipótese de uma
flexibilização de pisos constitucionais para Saúde e Educação, aventada
pela equipe econômica e desautorizada publicamente por Lula. De acordo
com relatos, ela afirmou que essa medida seria a frustração de
compromissos históricos do partido.
Haddad, por sua vez, defendeu o ajuste fiscal como garantidor de
previsibilidade econômica. Ele apontou a aprovação do arcabouço fiscal
em substituição ao teto de gastos como um avanço da atual gestão.
Ainda segundo relatos, Gleisi dirigiu suas críticas à revisão de
beneficiários do Bolsa Família, a cargo da pasta de Wellington Dias. Ela
se queixou especificamente da reavaliação dos benefícios concedidos às
chamadas famílias unipessoais, compostas por uma única pessoa.
A revisão conduzida pelo governo Lula já tirou do programa quase 2
milhões de pessoas que recebiam o benefício irregularmente ou integravam
uma família maior, mas fizeram uma opção indevida pela divisão do
cadastro. A Fazenda quer que o ministério de Dias aprofunde essa
reavaliação.
No jantar, Gleisi disse que a atualização cadastral afeta a base
social do governo Lula. Ela disse já haver reação entre apoiadores do
presidente e recomendou cuidado para que não sejam cometidas injustiças.
Wellington alegou que a averiguação cadastral analisa indícios de
inconsistências. O ministro afirmou ainda que outros benefícios estão
sendo concedidos no lugar dos suspensos.
Descrevendo a reunião como bastante cordial, Wellington disse que
pediu para fazer nas próximas semanas uma apresentação das ações do
ministério às bancadas do PT na Câmara e no Senado, além do Diretório
Nacional da legenda.
O corte de despesas com benefícios sociais foi anunciado oficialmente
por Haddad na última quarta-feira (3), após uma reunião com Lula. Ao
seu lado estavam os ministros Rui Costa (Casa Civil), Simone Tebet
(Planejamento), Esther Dweck (Gestão) e Alexandre Padilha (Relações
Institucionais).
Em 2025, o governo espera poupar pelo menos R$ 25,9 bilhões com essas
ações. As medidas incluem revisões cadastrais no BPC (Benefício de
Prestação Continuada), pago a idosos e pessoas com deficiência de baixa
renda, no seguro-defeso, pago a pescadores artesanais no período em que a
atividade é suspensa, e em benefícios por incapacidade, como
auxílio-doença e aposentadoria por invalidez.
Em entrevista recente ao UOL, Lula afirmou que o governo trabalhava
para conter gastos excessivos e tentaria identificar “pessoas que não
deveriam receber e que estão recebendo”.
As medidas foram definidas sob a coordenação da equipe econômica, mas
a estratégia é que o anúncio dos detalhes de cada revisão sejam
anunciados pelos ministérios finalísticos Desenvolvimento Social e
Previdência Social entre eles.
A intenção é dar uma demonstração pública de coesão do governo em
torno do plano, depois de as próprias pastas resistirem inicialmente ao
pente-fino.
Além de dirigentes do PT, integrantes da equipe econômica têm
conversado com parlamentares da sigla para esclarecer dúvidas. O diálogo
é considerado importante, dado que parte da revisão dependerá de
medidas legislativas.
Um dos argumentos do time da Fazenda para aplacar as resistências é
que não está em pauta a desvinculação dos benefícios à correção
concedida ao salário mínimo, nem a flexibilização dos pisos
constitucionais de Saúde e Educação.
Aliados de Haddad não veem razão para o PT ficar incomodado com as
medidas de revisão e argumentam que o governo garantiu um “colchão
social” importante com a retomada da política de valorização do salário
mínimo, que assegura ganhos reais (acima da inflação) e não será
modificada pelo Executivo.
Na reunião de quarta, integrantes da equipe econômica inclusive
afirmaram ao presidente que sua promessa de campanha, de “incluir o
pobre no Orçamento e o rico no Imposto de Renda”, está sendo cumprida
com a valorização do salário mínimo, de um lado, e a taxação de fundos
de super-ricos e em paraísos fiscais, de outro.
Auxiliares do presidente reconhecem, em caráter reservado, que a
oposição deve explorar os cortes para acusar Lula de abandonar uma
plataforma de campanha. Por isso, dizem, é necessário que o PT esteja na
linha de frente da defesa do ajuste.
Essa agenda também busca evitar obstáculos no Congresso Nacional,
como o enfrentado em maio, quando a bancada do PT se rebelou contra a
taxação de importações de até US$ 50.
Os parlamentares petistas também reclamaram a Padilha por terem sido
surpreendidos por propostas encaminhadas ao Congresso, sem prévio debate
com as bancadas.
Procurada para falar sobre as críticas à política econômica, Gleisi
não quis se manifestar. Outro participante do jantar disse que as
ressalvas da deputada são de conhecimento público e que essas reuniões
permitem que dúvidas sejam esclarecidas, em âmbito restrito, antes que
cheguem ao público.